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Formação de professores a distância: em foco o curso de atendimento educacional especializado para surdos

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Formação de professores a distância: em foco o curso de atendimento educacional especializado para surdos

Marley Aparecida Duarte Teixeira Marisa Pinheiro Mourão Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Educação Eixo temático 11: Educação a Distância na Educação Especial

Comunicação Oral

RESUMO

Este trabalho é o resultado de um estudo sobre os cursos de formação continuada, oferecidos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por meio do Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE), em parceria com o Centro de Educação a Distância (CEaD) para professores da rede pública de ensino do Brasil. Dentro de uma abordagem de pesquisa quali-quantitativa, foram foco deste estudo as nove edições do curso de Atendimento Educacional Especializado para surdos, oferecidas no período de 2010 a 2015. Procurou-se identificar e analisar quais as contribuições deste curso para a formação e atuação desses professores na Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Os resultados apontaram que professores, de diversas localidades do País, inscreveram-se, voluntariamente no curso, na modalidade a distância, devido, especialmente, a indisponibilidade de tempo e a falta de cursos específicos em sua região. Nas nove edições do curso foram inscritos 11.029 professores. Desses 52% foram aprovados, 8% reprovados e 40% evadiram ou nunca acessaram o curso. Os resultados apontaram dificuldades iniciais dos professores em realizar um curso na modalidade EaD. Dos concluintes, 99,79%, demostraram uma avaliação satisfatória sobre a formação recebida por meio dos cursos da UFU, apontando aspectos relevantes sobre as contribuições do mesmo em sua formação continuada e também para a sua atuação na prática pedagógica da educação inclusiva.

Palavras-chave: Educação a Distância, Educação Especial.

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Diante da demanda cada vez mais crescente de profissionais especializados para atenderem as atuais exigências da realidade educativa inclusiva, surge a necessidade de uma rede de formação continuada de professores em educação especial. Desta forma, o Ministério da Educação (MEC) com base no Decreto nº. 6.094 de 24 de abril de 2007, por intermédio da Secretaria de Educação Especial, desenvolveu o Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial que tem por objetivo formar professores dos sistemas estaduais e municipais de ensino, por meio da constituição de uma rede nacional de instituições públicas de educação superior que ofertem cursos de formação continuada de professores na modalidade à distância.

Diante da necessidade de formação de professores especializados no contexto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a Universidade Federal de Uberlândia, no ano de 2007, passou a compor a rede de formação continuada de professores em Educação Especial na modalidade à distância, por meio das ações do Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE). Dentre seus objetivos estão:

Atender as atuais demandas legais em que indicam a necessidade de todos os cursos de formação de professores desenvolverem ações pedagógicas que contemplem a formação de um profissional sensibilizado e adequadamente preparado para uma prática pedagógica eficiente junto aos alunos com necessidades educacionais especiais inseridos na rede regular de ensino.

A partir dessa contextualização essa pesquisa parte dos seguintes questionamentos: como os professores têm buscado a formação continuada para atuar junto aos alunos público-alvo1 da Educação Especial? Os cursos de

1 O Decreto 7611 de novembro de 2011, considera público-alvo da educação especial as

pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação.

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formação continuada que os professores têm realizado têm contribuído para a sua atuação na Educação Especial na perspectiva da inclusão?

Diante do exposto, esse estudo tem como objetivo geral identificar e analisar o curso de Atendimento Educacional Especializado para surdos (AEE-Surdos), em suas nove ofertas, no período de 2010 a 2015, oferecido aos professores da rede pública de ensino do Brasil, por meio do CEPAE-UFU, na modalidade de educação a distância (EaD).

Desta forma, delimita-se como objetivos dessa pesquisa: identificar a quantidade de alunos que foram matriculados e que concluíram o curso; analisar o perfil de formação dos alunos matriculados; identificar se os alunos já atuaram com a educação especial e, por fim, identificar quais as contribuições do curso ofertado pelo CEPAE/UFU para a formação e atuação desses professores na Educação Especial na perspectiva da inclusão.

2. Metodologia

Esta pesquisa configura-se dentro da abordagem quali-quantitativa, por se fundamentar em hipóteses que podem ser, muitas vezes, alteradas, à medida que novas informações vão sendo colhidas e novas interrogativas vão sendo apontadas pelos sujeitos participantes.

O público-alvo da pesquisa foram os professores da rede pública de ensino, de diferentes regiões do Brasil, que manifestaram interesse em buscar a formação continuada por meio do curso de AEE-surdos, oferecido pelo CEPAE-UFU. A cada uma das nove edições do curso, foram disponibilizadas, aproximadamente, 1.000 (mil) vagas, com o quantitativo de vagas distribuído em 50 turmas, sendo aproximadamente, 20 alunos por turma.

Para discussão teórica, a pesquisa documental foi utilizada, com base nos registros das nove edições do Curso AEE-surdos, realizados no período de 2010 a 2015 e disponibilizados na plataforma Moodle. Os instrumentos utilizados para obtenção dos dados foram dois questionários aplicados nas

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nove edições do AEE-Surdos, sendo um questionário aplicado no início do curso e, outro, ao seu final.

O questionário inicial buscou coletar dados sobre o perfil dos participantes, sua formação acadêmica; realização de cursos de formação continuada; conhecimento a respeito da educação especial e atuação ou não nessa área. O questionário final buscou colher informações sobre as contribuições do curso para a formação dos cursistas e a suas implicações na prática pedagógica desses profissionais.

O critério de escolha dessa amostra foi aleatória simples. Sendo assim, em cada uma das nove edições do curso, analisamos um universo de dez participantes, totalizando 90 sujeitos investigados.

Posteriormente, foi feito o levantamento dos dados, por meio de leituras e análises das respostas dos questionários, sendo que, para as perguntas abertas foi utilizada uma matriz analítica, agrupando as respostas por significado e foco, a fim de permitir uma melhor consistência na análise posterior. Já as perguntas fechadas foram tratadas de forma quantitativa, por meio de gráficos e tabelas.

3. O curso de aperfeiçoamento em atendimento educacional especializado para alunos surdos

De acordo com Silva e Mourão (2013), dentre os objetivos do curso AEE-surdos estão: formar professores para atuar no AEE junto a alunos surdos inseridos em salas de aula de escolas da rede de ensino regular; discutir aspectos da metodologia de ensino e aprendizagem em situações de atendimento educacional especializado para alunos surdos dentro da perspectiva psicoeducacional da mediação pedagógica; contribuir para a melhoria da qualidade do AEE oferecido em escolas da rede pública do Brasil, objetivando a promoção do desenvolvimento psicoeducacional de alunos surdos e contribuir para a promoção da qualidade e eficiência educacional, com

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vistas a tornar mais participativo, autônomo e democrático o processo de inclusão escolar destes alunos.

O curso foi desenvolvido integralmente na modalidade EaD, por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, com uma carga horária de 180 horas/aulas, contando com uma equipe de 17 professores pesquisadores e formadores e 50 tutores distribuídos de acordo com os critérios do MEC/UAB. Sua elaboração e oferta se deu por meio do CEPAE-UFU, em parceria com o CEaD – Centro de Educação a Distância, que é o responsável pelo apoio e intermédio da criação e operacionalização de cursos na modalidade a distância na UFU.

A estrutura curricular do curso foi projetada em cinco módulos, sendo: Unidade 1 – Introdução a EaD – 20horas/aula, com objetivo de proporcionar aos alunos conhecimentos acerca dos aspectos históricos, conceituais e marcos legais da EaD.

Unidade 2– Marcos Legais e Políticos da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - 30horas/aula, com objetivo de assegurar que os alunos conheçam os fundamentos do paradigma da educação inclusiva a partir dos conceitos de educação especial e atendimento educacional especializado.

Unidade 3 – Atendimento Educacional Especializado para alunos surdos - 45horas/aula, com objetivo de possibilitar aos professores conhecer e aprofundar os conhecimentos referentes ao atendimento educacional especializado voltado para alunos surdos.

Unidade 4 – Noções básicas de Libras - 45h; com o objetivo de oportunizar aos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado conhecimentos acerca da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Unidade 5 - Noções básicas de Português como segunda língua - 40horas/aula, como o objetivo de viabilizar aos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado, conhecimentos acerca do ensino da língua portuguesa como segunda língua.

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4. Análise dos dados e discussão dos resultados

Para melhor entendimento e análise dos resultados, procuramos organizar a discussão dos resultados em três eixos de análise: 1. Perfil dos participantes do curso AEE-Surdos; 2. Considerações dos participantes do curso sobre as práticas de educação inclusiva e sobre a formação dos professores; 3. Relevância e contribuições do curso AEE-Surdos na formação continuada dos professores.

4.1 Perfil dos participantes do curso AEE-Surdos

O curso foi composto por um público formado por diferentes níveis de formação, desde a formação ainda em nível médio (magistério), como a pós-graduação, lato-sensu (especialização) e stricto-senso (mestrado e doutorado), conforme aponta os números do quadro abaixo:

Gráfico 1 – Perfil de formação acadêmica dos participantes do curso

Fonte: CEPAE-UFU - Dados coletados a partir dos questionários das 9 edições do curso AEE-Surdo

Os resultados apontam que a busca pela qualificação profissional está cada vez mais presente na vida dos professores, e a formação continuada tem se apresentado como um processo permanente de aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade profissional. Vários professores, de diversas localidades do País se inscreveram, voluntariamente, no curso de AEE-Surdos,

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oferecido pela UFU, com o intuito de aprimorar o conhecimento, buscando a preparação para a atuação na educação especial dentro da perspectiva da educação inclusiva. Esse apontamento pode ser observado nas repostas dos cursistas à pergunta “Quais motivos que o levaram a se inscrever no curso”?

Por trabalhar em uma escola que possui a proposta inclusiva, senti necessidade de realizar este curso para capacitar-me e ter melhores condições para atender meus alunos. (P. 8)

Desejo de fazer um trabalho de qualidade, pois tenho consciência que o sucesso escolar dos alunos que atendo em grande parte é de minha responsabilidade. (P.28)

Por não ser oferecido na cidade em que moro; 2- Por ser flexivo por conta do horário; 3- E por se reconhecido pelo MEC, ou seja, curso de qualidade. (P.64)

O estudo também relevou que o curso de AEE-Surdos não é o único curso de formação continuada que os cursistas já realizaram, e que, 82% deles já realizaram outros cursos de formação continuada nos últimos 5 anos.

Além disso, muitos professores tem buscado cursos de formação continuada na modalidade de educação a distância (EaD), devido, especialmente, a indisponibilidade de tempo, a falta de cursos específicos em sua região. Em linhas gerais, a EaD tem sido vista pelos cursistas como uma alternativa viável para a formação de professores, podendo auxiliar a resolver os problemas da formação continuada e de capacitação profissional, em regiões que não dispõem de cursos nessa área.

4.2. Considerações dos participantes do curso sobre as práticas de educação inclusiva e sobre a formação dos professores

Os depoimentos dos participantes do curso AEE-Surdos, mostram que o entendimento que se têm a respeito da educação inclusiva é que ela é um direito do aluno com deficiência, e que é dever da sociedade juntamente com seus representantes políticos, promover meios e formas para se cumprir esse direito, como pode ser observado dos depoimentos abaixo:

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A educação inclusiva tem a proposta onde a escola é que precisa se preparar para receber o aluno deficiente, muito diferente do processo de integração onde o aluno se adaptava as condições da escola. (P 7)

É um direito de todo e qualquer cidadão de estar na escola, independente de quais forem suas condições, e esta deve se adequar para melhor atendê-lo. (P 11)

A inclusão é uma proposta difícil, mas que está se construindo com as experiências diárias, reflexões e ajuste. (P 77)

Na educação inclusiva, não é o aluno que deve se adaptar às condições da escola, é a escola que deve estar preparada para receber o aluno. Em alguns depoimentos a educação inclusiva é vista como uma oportunidade dos excluídos se incluírem em uma sociedade mais justa, ao permitir a socialização e trazer ao aluno incluso a possibilidade de adentrar ao mundo do saber. É uma modalidade de ensino que perpassa desde a educação básica até o nível superior, que veio para quebrar regras, mostrando que todo ser humano pode aprender, desde que respeitado suas especificidades.

As repostas dos participantes mostram que há um entendimento da educação inclusiva como uma política educacional que diz respeito à nova visão de mundo e à forma de enfrentar os desafios da convivência em meio às diferenças, também, na fala de alguns se percebe a afirmação de que a educação inclusiva é um processo em construção, que precisa ser melhorado em alguns aspectos, e que não é uma tarefa fácil.

Outro aspecto investigado refere-se à porcentagem de cursistas que trabalham em escolas que tem alunos com outros tipos de deficiência. O estudo revelou que 83% dos professores atuam em escolas que vivenciam experiências com alunos com deficiências e somente 17% dos cursistas responderam que nas escolas onde atuam não tem alunos com deficiência.

4.3 Relevância e contribuições do curso AEE-surdos na formação continuada dos professores cursistas

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Na construção dos saberes, aliando teoria e prática é que o professor aprende a profissão de educador. Para Sousa (2008, p. 66) “[...] ser um profissional docente implica, portanto dominar uma série de saberes, capacidades e habilidades especializadas que o fazem competente no exercício da docência.”. Neste sentido, pensando nessas habilidades especializadas, capacidades e saberes que o professor precisa dominar, resolvemos por meio desta pesquisa, analisar como o curso de AEE-Surdos, tem contribuindo para a construção dos saberes que resultam em melhor preparo dos professores para o Atendimento Educacional Especializado.

O Curso AEE-Surdos ofertado nas nove edições, no período de 2010 a 2015, para os professores da educação básica da rede pública de ensino do Brasil, apresentou um quantitativo de alunos matriculados que variou de 1000 a 1446 em cada edição, cujas vagas foram disponibilizadas visando atender a demanda local ou regional de cada estado.

Por meio do quadro abaixo, pode-se visualizar o total de alunos matriculados, aprovados, reprovados e o total de alunos desistentes em cada uma das nove edições do curso:

Quadro 1 – Quadro geral de matriculados, aprovados, reprovados e desistentes do curso de AEE-Surdos SITUAÇÃO DO ALUNO 1ª EDIÇÃO 2ª EDIÇÃO 3ª EDIÇÃO 4ª EDIÇÃO 5ª EDIÇÃO 6ª EDIÇÃO 7ª EDIÇÃO 8ª EDIÇÃO 9ª EDIÇÃO APROVADO 575 731 705 789 883 753 376 548 413 REPROVADO 104 88 112 123 19 79 60 80 172 DESISTENTE 326 617 443 240 238 443 1010 650 452 TOTAL 1005 1436 1260 1152 1140 1275 1446 1278 1037

Fonte: CEPAE-UFU - Dados coletados a partir dos questionários das 9 edições do curso AEE-Surdo

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Apesar do curso AEE-surdos contemplar a formação de um número significativo de professores ao longo de suas nove ofertas, por meio do quadro síntese, pode-se verificar que nem todos os matriculados no curso foram aprovados. O estudo revelou também um número expressivo de alunos desistentes. Numa análise geral dos dados obtidos, foi possível verificar que nas nove edições ofertadas, foram inscritos 11.029 professores, desses 5.773 foram aprovados, 837 foram reprovados e 4.419 evadiram ou nunca acessaram o curso. Em síntese, temos 52% dos professores aprovados, 8% reprovados e 40% que evadiram ou nuca acessaram o curso.

Quanto ao número de reprovações, podemos dizer que é uma porcentagem aceitável, considerando o número de matriculados. Em contrapartida, os 40% de evasão é um dado preocupante que leva ao questionamento do por que da desistência, e induz a busca de respostas que venham justificar o fato dos professores não prosseguirem com o processo de formação.

Dentre as justificativas para as desistências apontadas pelos participantes está a falta de tempo; problemas com relação ao acesso à internet e/ou computador; dificuldades para acessar a plataforma; problemas de saúde, dificuldades no uso do computador ou falta de um para realizar o curso; falta de adaptação a EaD e motivos profissionais.

No entanto, dentre as causas da evasão, a questão do tempo apresentou-se como a principal justificativa dos participantes com impedimento para a conclusão do curso. Geralmente, os cursos são apresentados pelos sistemas de ensino em que os profissionais estão vinculados, como sendo necessários, mas eles devem ser feitos como atividade extra-turno, aumentando assim a carga de atividades do professor.

Embora exista a oferta de cursos pelas instituições de ensino, não há flexibilização do horário do professor para a sua participação nos cursos de formação continuada, é o que nos mostra a análise do questionário quanto ao seguinte questionamento “A escola que você trabalha disponibiliza tempo,

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durante sua jornada de trabalho, para você se dedicar aos cursos de formação continuada”. Os resultados apontam que dos 4.662 cursistas que responderam ao questionário, 74,3% não tem disponibilidade, somente 21% afirmam que a escola disponibiliza tempo durante a jornada de trabalho e 3,8% não responderam.

A disponibilidade de tempo do professor apresentada como um dos motivos que justificam a evasão e a desistência do curso de formação continuada nos leva a entender que “formação de professor” é um assunto que ainda demanda discussões, e que é necessário continuar buscando a efetivação de políticas públicas, para que de fato o professor seja reconhecido como o grande agente do processo educacional.

Sobre a relevância e contribuição do curso AEE-Surdos na formação continuada dos professores, procuramos verificar como foi considerado por eles, o próprio desempenho no curso, se satisfatório ou insatisfatório, verificando também os principais motivos que o levaram a conclusão.

Grande parte dos professores considerou o desempenho no curso satisfatório. Os principais motivos elencados para o bom desempenho no curso foram: as dificuldades referentes ao tema abordado pelo curso foram sanadas; o compartilhamento de conhecimentos; a integração com os grupos de estudo; a aquisição de informações que contribuíram para a atuação no ambiente de trabalho; o aprendizado com os colegas e com pesquisas; as trocas de experiências nos fóruns de discussão.

Em contrapartida, mesmo sendo em menor quantidade, alguns professores não avaliaram o seu desempenho satisfatoriamente. Outros participantes alegaram que não conseguiram acompanhar o curso por falta de dedicação própria e também pela falta de tempo para a realização das atividades.

Outro aspecto analisado diz respeito à avaliação dos cursistas quanto à qualidade do conteúdo apresentado no curso AEE-Surdos. Os resultados apontam que em relação ao objetivo de aperfeiçoamento 76,43% dos cursistas

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avaliaram como ótimo o conteúdo do material, 22,46% consideraram como bom, 1,09% avaliaram como regular e 0,02% avaliaram o conteúdo insuficiente para esse objetivo.

No gráfico abaixo está representado os dados que em parte reforça a relevância social e educacional do curso, pois os 52% de aprovação é uma porcentagem bem expressiva da quantidade de professores que tiveram por meio da formação continuada oferecida pela UFU a atualização de conhecimentos e conceitos que lhe servirão de aporte para a atuação junto ao aluno com deficiência auditiva, em números são 5773 (cinco mil setecentos e setenta e três) professores que ampliaram a sua condição de orientar e direcionar a aprendizagem de alunos surdos.

Em relação a avaliação do curso de formação continuada, na modalidade a distância, oferecidos pelo CEPAE-UFU, o resultado evidencia uma percepção positiva dos cursistas quanto a importância do curso, uma vez que a maioria dos professores, 99,79%, consideram importante a formação recebida, apenas 0,09% não atribuíram importância a estes cursos e 0,13% não souberam responder ao questionamento.

Finalizando a análise apresentamos a avaliação dos cursistas quanto a possível contribuição obtida por meio do curso realizado para a sua prática pedagógica na educação especial. Os dados indicam que os professores, em sua maioria, concordam que os cursos oferecidos pelo MEC, em parceria com o CEPAE-UFU, favoreceram o enriquecimento de sua prática pedagógica, sendo que 38,48% concordam com tal afirmativa, 59,71% concordam totalmente, 2,66% concordam parcialmente e, somente 0,15% dos professores discordaram.

Consideramos esse questionamento importante por nos permitir, por meio das respostas, avaliar as contribuições do curso AEE-Surdos em suas nove edições. Sendo assim, pode se dizer que os resultados apresentados reforçam a importância e a relevância deste curso para a formação continuada

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dos professores, ao passo que enriquecem as práticas pedagógicas dos mesmos.

Assim como evidencia um estudo anterior sobre o curso, realizado por Silva e Mourão (2013), o curso de AEE-Surdos possui um grande compromisso social, pois tem colaborado com os profissionais de diferentes localidades do país a terem progressão nos planos de cargo e salário, em contrapartida, melhorando sua renda familiar e suas condições de trabalho nas instituições educacionais públicas. Além disso, tem contribuído com a melhoria da qualidade do atendimento educacional especializado oferecido nas escolas públicas brasileiras, promovendo a qualidade e eficiência do processo de inclusão escolar de alunos surdos favorecendo lhes, assim a viabilização de uma inclusão social mais participativa, autônoma e democrática.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa partiu de questionamentos que almejavam responder como os professores têm buscado a formação continuada para atuar junto aos alunos público-alvo da Educação Especial, se os mesmos tinham interesse nessa formação e quais as contribuições dos cursos de formação continuada que realizavam para a sua atuação na Educação Especial na perspectiva da inclusão.

Neste sentido buscamos responder as questões e aos objetivos traçados, a partir da análise do curso de AEE-Surdos, oferecido pelo CEPAE-UFU, na modalidade EaD, aos professores da rede pública de ensino do Brasil, em suas nove edições, totalizando 11.029 professores inscritos.

O presente estudo evidenciou que os professores tem buscado a formação continuada para atuar junto aos alunos público-alvo da Educação Especial, e a EaD tem sido uma modalidade muito utilizada para essa formação, devido ao seu caráter flexível de tempo e espaço e a escassez de cursos em algumas regiões do País.

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Por meio dos dados obtidos foi possível identificar a quantidade de alunos que foram matriculados e os que concluíram o curso AEE-Surdos (52%), dados que revelam um expressivo público de professores atendidos, que certamente tiveram oportunidade de novas reflexões e trocas de experiências.

Os resultados deste estudo mostram que UFU, por meio das ações do CEPAE, tem contribuído com a formação específica para atuação docente, com a oferta de cursos de formação continuada, a vários professores de diversas localidades do Brasil. Esses dados nos levam a entender a importância da oferta desses cursos para a formação continuada dos professores, quando constatamos que a contribuição do curso não se limita somente a formação do professor, mas que, beneficia também o aluno, quando, a partir da formação recebida pelo professor, passa a ser mais bem atendido dentro das suas especificidades, tendo assim, a possibilidade de usufruir o direito de aprender.

Podemos afirmar que todo o processo formativo desenvolvido pelo CEPAE/UFU tem contribuído para a formação e atuação desses professores na Educação Especial na perspectiva da inclusão, possibilitando-lhes melhor acompanhamento escolar desse grupo de alunos. O questionário final apresenta informações importantes sobre as contribuições do curso para a formação dos cursistas e a suas implicações na prática pedagógica desses profissionais, trazendo resultados que mostram a discussão sobre a relevância do curso na sua formação continuada e como esta poderá contribuir para a atuação desse professor na prática pedagógica da educação inclusiva.

Consideramos, por fim, que a realização deste estudo foi de grande importância, pois possibilitou uma análise das possíveis contribuições dos cursos oferecidos pelo UFU-CEPAE, que faz parte da rede de formação de professores para a Educação Especial do MEC, apresentando as possibilidades de formação continuada aos profissionais da educação que

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almejam ampliar os estudos e que querem se preparar para lidar com as demandas no contexto da educação inclusiva.

Além disso, os resultados obtidos nos possibilitou tecer reflexões sobre a educação inclusiva, uma vez que, mesmo diante dos avanços obtidos e de todo o aparato legal existente que respalda a proposta educativa inclusiva, observa-se que muito ainda observa-se tem a fazer para que observa-se efetive na prática a verdadeira inclusão do aluno com deficiência, com todas as garantias e condições para a sua acessibilidade e dignidade, oportunizando seu desenvolvimento enquanto cidadão.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília, DF, nov., 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm. Acesso em: 15 fev. 2017

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SILVA, Maria Vieira: SOUZA, Vilma Aparecida de: Trabalho docente no espaço-tempo da EaD. In: SILVA, L. C. (Org.); DANELON, M. (Org.) MOURÃO, M. P. (Org.); Atendimento Educacional para Surdos: educação, discursos e tensões na formação continuada de professores no exercício profissional. Uberlândia/MG: EDUFU, 2013. v. 3. 214 p . p. 153-178.

SOUSA, M. G. S. A formação continuada e suas contribuições para a profissionalização de professores dos anos iniciais do ensino fundamental de Teresina - revelações a partir de histórias de vida. 2008, 130 f. Dissertação (Mestrado em Educação -UFPI.

Referências

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