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Categoria: Artigo Original. Raquel de Souza Philippi 1,2 Giovana Zarpellon Mazo 3 Adilson Sant Ana Cardoso 4 Aline Huber da Silva 4.

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QUALIDADE DE VIDA E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE

MULHERES IDOSAS DE FLORIANÓPOLIS

LIFE QUALITY AND PHYSICAL ACTIVITY LEVEL OF OLDER

WOMEN IN FLORIANÓPOLIS

Categoria: Artigo Original

Raquel de Souza Philippi 1,2

Giovana Zarpellon Mazo 3 Adilson Sant’Ana Cardoso 4 Aline Huber da Silva 4

1

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID;

2

Endereço: Rua Douglas Seabra Levier, 163 – Bl D; apt 304 – CEP: 88040-410 – Florianópolis – SC - Brasil

3

Orientadora

4

Membro da Banca

Artigo apresentado a Coordenadoria de Trabalhos Monográficos do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina para obtenção de grau de Licenciado em Educação Física.

Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética da UDESC em 30/08/2007, processo nº. 95/2007.

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QUALIDADE DE VIDA E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE

MULHERES IDOSAS DE FLORIANÓPOLIS

LIFE QUALITY AND PHYSICAL ACTIVITY LEVEL OF OLDER

WOMEN IN FLORIANÓPOLIS

Resumo

O objetivo deste estudo foi identificar a qualidade de vida (QV) subjetiva e sua relação com o Nível de Atividade Física (NAF) e as características sócio-demográficas. A amostra foi composta por 198 mulheres idosas com 65 anos ou mais de idade, que participaram de Grupos de Convivência de idosos na cidade de Florianópolis, SC. O instrumento de coleta de dados deste estudo foi os resultados do banco de dados da Tese de Doutorado de Giovana Zarpellon Mazo (2003), onde utilizou os seguintes instrumentos: 1) Formulário com os dados de identificação quanto ao sexo, idade, escolaridade e estado civil; 2) Questão sobre a percepção subjetiva de QV; 3) Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão 8, forma longa e semana normal. Os dados foram analisados através da estatística descritiva e de testes não-paramétricos. Da análise da QV, emergiram sete categorias, destas a categoria Relações Afetivas, Sociais com a Família apresentou estatística significativa na relação com as atividades físicas (AFs) no transporte (p=0,029) e com as AFs de Lazer (p=0,045). A categoria Lazer também apresentou estatística significativa na relação com as AFs no transporte (p=0,023). Verificou-se também que as categorias Aspectos Pessoais e Espirituais e, Condições de Vida apresentaram significância na relação com o estado civil (p=0,009 e p=0,046, respectivamente). Já na análise das categorias da QV com o NAF não foi encontrada estatística significativa. Concluiu-se que na relação da QV com o NAF apenas duas categorias apresentaram estatística significativa, assim não se pode afirmar que idosas mais ativas apresentam melhor QV.

Palavras-chave: Qualidade de vida, nível de atividade física, idosas. Abstract

This study’s objective was to identify the subjective life quality (LQ) and its relation with the Physical Activity Level (PAL) and the social and demographic characteristics. The sample consisted of 198 older women, 65 years-old or more, who participated in aged people Companionship Groups in the city of Florianópolis, SC. This study’s data collection instrument was composed by Giovana Zarpellon Mazo’s Doctorate Thesis data base results (2003), where the following instruments were used: 1) Form with the identification data regarding sex, age, education and civil state; 2) Question on the LQ subjective perception; 3) International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), version 8, long form and normal week. The data were analyzed through descriptive statistics and not-parametric tests. From the LQ analysis, seven categories emerged, of these the Affective, Social Relations with the Family category presented significative statistics in relation with the PAs in transportation (p=0,029) and with the Leisure-time physical activities (PAs) (p=0,045). The Leisure-Leisure-time category also presented significative statistics in relation with the PAs in transportation (p=0,023). It was also verified that the Personal and Spiritual Aspects and Life Conditions categories presented significance in relation with the civil state (p<0,009 and p=0,046, respectively). In the LQ categories with the PAL analysis, no significative statistics was found. One concluded that relation LQ with the NAF elderly in two of the categories presented significative statistics. Therefore, it is not possible to affirm that old women who are still in activity have a better life quality.

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial. Este fenômeno reflete não apenas na esperança média de vida, mas também na proporção do número de sujeitos idosos, devido a fatores tais como a redução da fecundidade e mortalidade1. As pessoas estão vivendo mais, ocasionando um aumento da expectativa de vida. Estima-se que em 2050 existirão dois bilhões de pessoas idosas no mundo, sendo que dois terços delas estarão vivendo em países em desenvolvimento. Embora inicialmente possa parecer distante, esse período equivale a não mais que uma geração, é muito pouco tempo em termos de reorganização social2.

Em 2000, dos 14 milhões de idosos, 55% eram do sexo feminino, isso porque a mortalidade da população feminina diminuiu. Conseqüentemente, quanto “mais velho” for o contingente estudado, maior a proporção de mulheres neste. Isso leva a constatação de que “o mundo dos muito idosos é um mundo das mulheres”. No Brasil a predominância feminina entre os idosos é um fenômeno tipicamente urbano. Na zona rural, predominam os homens3.

As mulheres correspondem aproximadamente a dois - terços da população acima de 75 anos em países como o Brasil e África do Sul. Elas têm a vantagem da longevidade, mas são vítimas mais freqüentes da violência doméstica e de discriminação no acesso a educação, salário, alimentação, trabalho significativo, assistência a saúde, heranças, medidas de seguro social e poder político. Essas desvantagens cumulativas significam que as mulheres, mais do que os homens, tendem a ser mais pobres e a apresentar mais deficiência em idades mais avançadas4.

Tal diferença é explicada pelos diferenciais de expectativa de vida entre os sexos, fenômeno mundial, mas que é bastante intenso no Brasil, haja visto que, em média, as mulheres vivem oito anos mais que os homens. A relação entre gênero e envelhecimento baseia-se nas mudanças sociais ocorridas ao longo do tempo e nos acontecimentos ligados ao ciclo de vida. A maior longevidade feminina implica transformações nas várias esferas da vida social, uma vez que o significado social da idade está profundamente vinculado ao gênero2.

Assim, não se pode dizer que o incremento da expectativa de vida está diretamente associado à melhoria da qualidade de vida das pessoas5. De fato, estamos envelhecendo, e isto ocorre a cada dia, sendo assim a qualidade de vida é uma questão fundamental para um envelhecer saudável.

O conceito de qualidade de vida é um termo complexo e amplo. Sendo afetado pela saúde física do indivíduo, estado psicológico, relações sociais, nível de independência e pelas suas relações com as características mais relevantes do seu meio ambiente. Assim, a Organização Mundial da Saúde definiu como a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais se insere e em relação com os seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações6.

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Um dos fatores que contribui para melhorar a qualidade de vida, principalmente a do idoso, é a prática regular de atividade física que, adequada e orientada corretamente, pode diminuir ou retardar os efeitos deletérios do processo de envelhecimento, como a evolução de doenças crônico-degenerativas e infecto contagiosas, perda de autonomia dentre outros, melhorando o estado de saúde do indivíduo7.

O processo de envelhecimento inclui muitas conseqüências sociais, algumas das quais possuem particular relevância para os programas de exercício e condicionamento físico. Uma vez que muitas pessoas idosas levam vidas muito solitárias. Assim os exercícios em grupo vêem ao encontro de atender as necessidades de um maior número de contatos sociais8.

Estudos realizados sobre a prática de atividade física para os idosos deixaram evidenciados os efeitos positivos de uma atividade motora regular e contínua. Tais melhoras se referem não só na capacidade de resistência ao exercício e, portanto, ao esforço, que é determinada pelo treinamento físico, como também nas capacidades intelectuais, com vivacidade intelectual e estado de desenvolvimento psíquico superior a media verificada nos idosos9.

Perante esses fatos importa desenvolver meios para melhor atender as dificuldades do crescente grupo de idosos. Parece que a obtenção de dados de caracterização da qualidade de vida e bem estar dos idosos, do ponto de vista dos próprios, é um dado que pode ser fundamental para dinamizar medidas adequadas a essa população que permitam o alcançar de um envelhecimento bem sucedido10.

Em um estudo realizado por Mazo11 com mulheres idosas, em síntese, pode-se dizer que o panorama da qualidade de vida e bem-estar de idosas é bastante positivo. O nível de atividade física das mesmas através do IPAQ considerou que 66,2% são mais ativas, como também avaliaram como boa a qualidade de vida e que também estão satisfeitos com sua saúde. Assim o estudo mostrou que muitas idosas alcançam um envelhecimento bem sucedido.

Assim, justifica-se e destaca-se a relevância social e científica desse estudo de se verificar a relação do nível de atividade física com a qualidade de vida subjetiva de mulheres idosas participantes de Grupos de Convivência para Idosos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Método

Este estudo caracteriza-se por ser descritivo correlacional, por estar baseada na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação, análise e descrições objetivas e completas, neste caso, a qualidade de vida subjetiva de mulheres idosas de Grupos de Convivência12.

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Amostra

A amostra foi composta por 198 mulheres idosas, de diferentes estratos etários (65 a 69 anos = 57; 70 a 74 anos = 58; 75 a 79 anos = 48; 80 e mais anos = 35 anos) que participavam de 33 Grupos de Convivência para Idosos, no ano de 2001, na cidade de Florianópolis, SC, Brasil. Essas idosas fazem parte do banco de dados da Tese de Doutorado de Giovana Zarpellon Mazo intitulada “Atividade Física e Qualidade de Vida de Mulheres Idosas”. A fim de preservar a identidade das idosas, quando relatada a percepção subjetiva das idosas nos resultados, a denominação delas foi descrita a partir do nome de flores.

Instrumento e fonte de dados

Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética da UDESC em 30/08/2007, processo nº. 95/2007.

Os dados foram coletados a partir do banco de dados da Tese de Doutorado de Giovana Zarpellon Mazo11, realizado no ano de 2003. No qual a pesquisadora autorizou a utilização dos dados de identificação e sócio-demográficos, nível de atividade física e percepção de qualidade de vida, para a realização desta pesquisa.

Na coleta dos dados, realizados pela pesquisadora, utilizou–se os seguintes instrumentos:

- Formulário com os dados de identificação quanto ao sexo, idade, escolaridade e estado civil.

- Questão sobre a percepção subjetiva de qualidade de vida: Foi elaborada uma questão aberta sobre “O que é bem estar para você?”.

- Questionário Internacional de Atividade Física (International Physical Activity Questionnaire - IPAQ), versão 8, forma longa e semana normal;

O IPAQ é um instrumento que permite estimar o dispêndio energético semanal de atividades físicas relacionadas com o trabalho, transporte, tarefas domésticas, lazer e tempo sentado, com intensidade vigorosa, moderada e leve, realizadas, pelo menos, 10 minutos contínuos, durante uma semana normal. As atividades físicas vigorosas são aquelas que necessitam de um grande esforço físico e que fazem respirar com muito mais intensidade do que o normal; as moderadas são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar um pouco mais forte que o normal; e as leves são aquelas onde o esforço físico é normal, fazendo com a que respiração seja normal, conforme orientação do IPAQ13.

O IPAQ apresenta 19 questões relacionadas com as atividades físicas realizadas numa semana normal, com intensidade vigorosa, moderada e leve, com a duração mínima de 10 minutos contínuos, distribuídas em cinco domínios e/ou seções:

Domínio 1- Atividade Física no Trabalho: apresenta cinco questões sobre as atividades físicas no trabalho remunerado ou voluntário, fora de casa.

Domínio 2- Atividade Física no Transporte: apresenta cinco questões sobre as atividades físicas realizadas na deslocação de um lugar para o outro, através de meios de transporte

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(ônibus, carro, metrô, bicicleta...) ou a pé.

Domínio 3- Atividade Física Doméstica: apresenta três questões sobre as atividades físicas realizadas dentro e ao redor da habitação (casa ou apartamento)

Domínio 4- Atividade Física de Lazer: apresenta quatro questões sobre as atividades físicas de recreação, desporto, exercício ou lazer.

Domínio 5- Tempo Sentado: apresenta duas questões sobre o tempo em que a pessoa permanece sentada, em diferentes locais, durante um dia da semana e fim-de-semana. Não será incluído o tempo passado sentado em meios de transporte.

Tratamento Estatístico dos Dados

Os dados foram tratados conforme cada instrumento, apresentados a seguir:

- Formulário com os dados de identificação: Estatística descritiva, mediante a freqüência de ocorrências e percentuais relativos e absolutos.

- Questão sobre a percepção subjetiva de qualidade de vida: Para analisar a percepção subjetiva do que é viver bem para as idosas, os dados foram agrupados, de acordo com o conteúdo temático, resultando em sete categorias/variáveis [Ter Saúde (1); Aspectos Pessoais e Espirituais (2); Comportamento Social nas Relações Sociais (3); Relações Afetivas, Sociais com a família (4); Condições de Vida (5); Lazer (6); Aspecto Financeiro (7)].

- Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão 8, forma longa e semana normal: Para a interpretação do nível de atividade física das idosas através do IPAQ, utilizou-se o critério bautilizou-seado em recomendações atuais de limiares de atividades físicas que resultam em benefícios para a saúde, classificando como “ativos” os indivíduos que praticavam, pelo menos, 150 minutos por semana (min/sem) de atividade física, no mínimo moderada.

Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS versão 11.0. No estudo foi realizado o Teste do Qui-Quadrado e, quando necessário o Teste Exato de Fisher entre as variáveis categóricas - nível de atividade física (menos e mais ativo) e as categorias da percepção subjetiva de qualidade de vida das idosas, com um nível de significância de 5 %.

RESULTADOS

Nas Tabela 1 e 2, apresenta-se a análise das respostas das 198 idosas estudadas acerca da sua compreensão sobre qualidade de vida, onde emergiram sete categorias (ter saúde; aspectos pessoais e espirituais; comportamento social nas relações sociais; relações afetivas, sociais com a família; condições de vida; lazer; aspecto financeiro) com seus significados, e a relação dessas com os Domínios do IPAQ (AF no trabalho, AF no transporte, AF doméstica, AF no lazer) e o nível de atividade física das idosas (menos e mais ativos).

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Tabela 1 Freqüência (F), porcentagem (%) e teste Qui-quadrado (X²) entre o domínio do IPAQ AF no Transporte (menos e mais ativos) e as categorias da Qualidade de Vida da amostra que apresentou estatística significativa, Florianópolis, SC, Brasil, 2007

Atividade Física no Transporte

Menos Ativo Mais Ativo X²

Categorias da Qualidade de Vida

F % F % Valor p

Relações Afetivas, Sociais com a Família Sim Não 68 113 86,1 95,0ª 11 6 13,9ª 5,0 4,772 0,029 Lazer Sim Não 8 173 72,7 92,5ª 3 14 27,3ª 7,5 5,182 0,023 TOTAL 181 17

ª Valor do resíduo ajustado >[2]

Tabela 2 Freqüência (F), porcentagem (%) e teste Qui-quadrado (X²) entre o domínio do IPAQ atividade física de lazer (menos e mais ativos) e as categorias da Qualidade de Vida da amostra que apresentou estatística significativa, Florianópolis, SC, Brasil, 2007

Atividade Física de Lazer

Menos Ativo Mais Ativo X²

Categorias da Qualidade de Vida

F % F % Valor p

Relações Afetivas, Sociais com a Família Sim Não 47 87 59,5 73,1ª 32 32 40,5ª 26,9 4,024 0,045 TOTAL 134 64

ª Valor do resíduo ajustado >[2]

Para as idosas ter saúde significa ter bom sono e bons hábitos de vida. Como para a Margarida, que significa “ter bastante saúde, levantar, caminhar, fazer tudo o que quer, não adianta ter dinheiro, o importante é saúde, a saúde em primeiro lugar”. No domínio AF no lazer, percebeu-se que 73,7% das idosas menos ativas relataram que não ter saúde não influencia nas atividades físicas de lazer (p=0,083).

Para elas, os aspectos pessoais e espirituais são significantes para a qualidade de vida, que é ter paz, amor, afeto, carinho, tranqüilidade, alegria, disposição, autonomia, aceitação de si mesmo, valorização pessoal, religião, ter fé em Deus, estar de bem com a vida e amar ela, estar seguro de si e ser feliz. Assim para Camélia “é estar feliz com todo mundo, com amor, paz, carinho, viver bem com os familiares e os amigos”. No domínio AF doméstica, 42,5% das idosas mais ativas, a categoria aspecto pessoal e espiritual apresenta relação com esse domínio, mas estatística significativa (p=0,240).

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O comportamento social nas relações sociais significa ser compreensivo, honesto, sincero, verdadeiro, que saiba dialogar, perdoar, ouvir os outros, ajudar quando puder, viver em harmonia, em união e em grupo. As unidades que compõem essa categoria foram agrupadas de tal maneira, que para a idosa Violeta é relatada como “viver honestamente, não se preocupar com a vida alheia, cuidar de si, ser uma pessoa humana com os que te rodeiam e não incomodar ninguém”. As idosas que consideram essa categoria, 45,7% delas, ser mais ativa têm relação com o domínio AF no lazer, no entanto não apresenta estatística significativa (p=0,062).

As idosas relataram que as relações afetivas, sociais com a família que significa, ter família, viver bem, ter um bom casamento, são unidades que contribuem para a qualidade de vida das idosas, tal como pode ser percebido na idosa Flor de Liz, que disse: “ter saúde, paz na família, união e bom casamento”. No domínio AF no transporte, para as idosas mais ativas (13,9%) a categoria relações afetivas, sociais com a família apresenta estatística significativa, ou seja, p=0,029. Assim como, houve diferença estatisticamente significativa (p=0,045) no domínio AF de lazer, pois, 40,5% das idosas são mais ativas e consideram as relações afetivas, sociais com a família contribuem para a qualidade de vida.

As condições de vida, que significa ter uma boa moradia, ter roupas, trabalho, educação, organização, alimentos, segurança, e outros que possam colaborar nas necessidades gerais, parecem que contribuem na qualidade de vida delas. Percebe-se que para Dália isso pode ser importante; “ter dinheiro para comer, se vestir, ter saúde, não brigar com ninguém, estar com a família e com amigos...”. No domínio AF doméstica 45,8% das idosas mais ativas, a categoria condições de vida apresenta relação, no entanto sem estatística significativa (p=0,475).

O lazer, que significa poder passear, viajar, dançar e caminhar colaboram para a qualidade de vida das idosas, como para Exória: “é viajar, passear, dançar e estar com os amigos”. No domínio AF no transporte, as idosas menos ativas (92,5%) relataram que a categoria lazer não tem influência no domínio, e assim, apresenta uma estatística significativa, com p=0,023.

O Aspecto Financeiro significa que, ao longo da vida, a pessoa precisa ir conquistando e reunindo bens que possam contribuir durante a sua senectude. Para tanto, acham necessário ter um salário bom para não depender da família. Assim Rosa definiu a qualidade de vida como sendo “ter saúde, dinheiro para viver melhor, viver bem sem ajuda financeira dos filhos”. Na categoria aspecto financeiro, as idosas que relataram ser importante essa categoria (100%) no domínio AF no trabalho, e no domínio AF no transporte (100%), são menos ativas, no entanto sem estatística significativa (p=0,484 e p=0,376 respectivamente).

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Quando analisado o formulário dos dados de identificação, sócio-demográfico das idosas, o estado civil da amostra apresentou uma estatística significativa com as categorias da Qualidade de Vida; Aspectos Pessoais e Espirituais e também com as Condições de Vida. Tabela 3. Freqüência (F), porcentagem (%) e teste Qui-Quadrado (X²) entre o Formulário de identificação (Estado Civil) e as categorias da Qualidade de Vida da amostra que tiveram diferença estatisticamente significativa, Florianópolis, SC, Brasil, 2007.

ª Valor do resíduo ajustado >[2]

Percebeu-se que a maioria das idosas eram viúvas representando 60,6% (120), 28,2% (56) casadas e as solteiras e separadas somam 5,6% cada. Assim pode-se verificar a relação das categorias com o estado civil na Tabela 3.

Na categoria Aspecto Pessoal e Espiritual, as idosas viúvas (120), relataram que essa categoria apresenta relação (60,2%) com a qualidade de vida. Já para as casadas, essa categoria apresenta relação somente para 34,5%. Assim, analisando essa categoria pode-se dizer que existe uma estatística significativa com o estado civil (p=0,009).

As condições de vida das idosas, seja para aquelas que relataram essa categoria importante ou para aquelas que não a consideraram, apresentou estatística significativa na relação com o estado civil (p=0,046).

Analisando a relação entre as categorias da Qualidade de Vida com o Nível de Atividade Física (mais ativo e menos ativo), no qual utilizou-se os critérios baseado em recomendações atuais de atividades físicas que resultam em benefícios para a saúde, classificados como “ativos” os indivíduos que praticavam, pelo menos 150 minutos por semana (min/ sem) de atividade física, no mínimo moderada, verificou-se que elas são mais ativas em todas as categorias, observado na figura 1.

Pode-se perceber também que em todas as sete categorias da qualidade de vida, as idosas que relataram a categoria ser importante no nível de atividade física, ser mais ativa parece que apresenta uma relação com as categorias. No entanto sem apresentar estatística significativa. Como na categoria lazer, 72,3% das idosas consideram que ter saúde tem relação em ser mais ativa em comparação com 27,7% das menos ativas.

Estado Civil

Casada Solteira Viúva Separada X²

Categorias da Qualidade de Vida F % F % F % F % Valor p Aspectos Pessoais e Espirituais Sim Não 39 17 34,5ª 20,0 3 8 2,7 9,4ª 68 52 60,2 61,2 3 8 2,7 9,4ª 11,594 0,009 Condições de Vida Sim Não 12 44 20,3 31,7 3 8 5,1 5,8ª 37 83 62,7ª 59,7 7 4 11,9ª 2,9 7,991 0,046

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Figura 1. Porcentagem (%) entre os domínios do IPAQ (menos e mais ativo) e as categorias da Qualidade de Vida da amostra, Florianópolis, SC, Brasil, 2007.

Nínel de Atividade Física X Categorias da Qualidade de Vida

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Asp ecto s P esso ais e E spiri tuai s Laze r Asp ecto s Fi nanc eiro s Menos Ativo Mais Ativo DISCUSSÃO

Apesar da variabilidade individual do conceito de qualidade de vida, conseguiu-se no presente estudo, generalizar alguns aspectos considerados importantes pelas idosas da cidade de Florianópolis – SC para a conquista de uma vida feliz. Uma vez que existem grandes diferenças individuais entre os idosos, mais que em qualquer outro grupo etário; são diferenças em quase todos os tipos de características, as físicas, mentais, psicológicas, condições de saúde e sócio-econômicas, o que torna as conclusões a respeito da qualidade de vida e do cuidado necessário altamente individualizadas 14.

As categorias que emergiram na análise da qualidade de vida subjetiva coincidiram com os de outras populações idosas, pois, houve semelhanças entre aquilo que as entrevistadas consideram importante para obtenção da vida com qualidade e questões abordadas por instrumentos que se destinam à quantificação de qualidade de vida15.

Ao estudar mulheres idosas praticantes e não praticantes de exercício físico na cidade de Fortaleza-CE, Gordia et al.16 verificaram que mulheres idosas praticantes de exercícios físicos apresentaram melhores resultados em todos os domínios do WHOQOL-Bref, podendo sugerir que a prática de exercício físico pode estar influenciando também nesses domínios, seja direta ou indiretamente na Qualidade de Vida.

Neste contexto, no nosso estudo, as idosas participantes de Grupos de Convivência de Florianópolis também foram mais ativas. E na relação com as categorias da qualidade de vida, elas relataram que ter saúde; ter lazer; os aspectos pessoais e espirituais; o comportamento social nas relações sociais; as relações afetivas, sociais com a família; as condições de vida e os aspectos financeiros são significantes para o nível de atividade física.

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Em um estudo da qualidade de vida subjetiva de idosos com idade superior a 60 anos em Botucatu, foi feito a seguinte pergunta: “O que é qualidade de vida para o(a) Sr.(a)? Da análise das respostas dos 365 idosos emergiram onze categorias com seus significados em ordem decrescente quanto a ocorrência nos relatos. A categoria Preservando os relacionamentos interpessoais foi a de maior ocorrência, com 49%, ou seja 179 idosos. Mantendo uma boa saúde (142 idosos) e Mantendo o equilíbrio emocional ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. Já a categoria Tendo lazer, que significa entretenimento, conjunto de atos que promovem divertimento, distração e relaxamento ficou em quinto lugar, para 82 idosos 17.

Assim pode-se verificar que no estudo realizado por Vecchia et al. 17, que as categorias preservando os relacionamentos interpessoais, mantendo uma boa saúde, mantendo o equilíbrio emocional, acumulando bens materiais, tendo lazer, trabalhando com prazer, vivenciando a espiritualidade, praticando a retidão e a caridade, acessando o conhecimento, vivendo em ambiente favorável, são bastante semelhantes com o presente estudo, diferenciando na quantidade e conseqüentemente na descrição de cada categoria.

A análise desse estudo não ficou apenas na descrição da qualidade de vida das idosas, mas também na relação com o nível de atividade física, pois estudos indicam que níveis mais elevados de atividade física estão relacionados com a redução da morbidade e da mortalidade por diversas causas 16, 18, 19.

Nesta perspectiva, na relação das categorias da qualidade de vida com o nível de atividade física observou-se que as relações afetivas, sociais com a família apresentou relação com a AF no transporte (p=0,029) e no lazer (p=0,045) com estatística significativa. Como também a categoria lazer apresentou relação e estatística significativa com a AF no transporte (p=0,023).

Quando comparados os resultados da QV das idosas participantes deste estudo com outros estudos que utilizam ambos os sexos e com outras faixas etárias, pode-se afirmar que os níveis de atividade física de idosos mais ativos e independentes estão relacionados com melhores condições de QV 16, 18, 20, 21.

CONCLUSÃO

Em relação às categorias da qualidade de vida com o nível de atividade física (menos e mais ativo) utilizando os domínios do IPAQ (AF no trabalho, AF no transporte, AF doméstica, AF de lazer) observou-se que: as categorias Ter Saúde; Aspectos Pessoais e Espirituais; Comportamento Social nas Relações Sociais; Condições de Vida; não apresentaram estatística significativa. Já, a categoria Relações Afetivas, Sociais com a Família na relação com a AF no transporte e a AF de lazer; e a categoria Lazer na relação com a AF no transporte, apresentaram estatística significante.

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de Vida apresentaram estatística significativa com o nível de atividade física. Sendo as idosas “viúvas” que apresentaram maior porcentagem na relação, em ambas.

Em relação ao nível de atividade física com as categorias da QV, nenhuma das categorias apresentou estatística significativa. Mas, sempre que as idosas relataram tal categoria ser importante, em todas as categorias, as mais ativas sobressaíram na relação com as menos ativas.

Diante destas conclusões, constatou-se que na relação da qualidade de vida com o nível de atividade física apenas duas das sete categorias apresentaram estatística significativa, assim não se pode afirmar que idosas mais ativas apresentam melhor qualidade de vida. No entanto, existe uma carência de literatura sobre a análise da qualidade de vida de forma subjetiva, como também na relação com o nível de atividade física.

Em vista disto, sugere-se outros estudos sobre o assunto, e que na implementação de ações que objetivem melhorar a qualidade de vida do idoso, sejam consideradas as magnitudes e as diferenças de cada um sobre o que eles mesmos valorizam na busca do bem-estar na terceira idade. E possibilitar aos idosos a prática de atividades físicas e o esclarecimento de seus benefícios, contribuindo para a preservação da autonomia e na melhoria da qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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Referências

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