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Advocacia Pública. Fonte: LENZA e Dizer o Direito

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Academic year: 2021

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Advocacia Pública

Fonte: LENZA e Dizer o Direito

Inicialmente cumpre salientar que a Advocacia Pública é o termo utilizado para designar a função essencial à justiça, por meio do Advogados Públicos, selecionados por concurso (regra) para a defesa dos entes públicos.

A Constituição não faz vedação ao exercício da advocacia fora das funções, motivo pelo qual cabe ao ente público disciplinar a matéria. A nossa CRFB trata do tema apenas em relação ao âmbito federal e estadual. Vejamos:

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.

§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da

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Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

É importante notar que o AGU chefe não precisa ser de carreira, bem como o mesmo acontece com os Procuradores Gerais dos Estados. Vejamos o seguinte precedente do STF:

"O cargo de Procurador Geral do Estado é de livre nomeação e exoneração pelo Governador do Estado, que pode escolher o Procurador Geral entre membros da carreira ou não." [ADI 291, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 7-4-2010, P, ​DJE ​de 10-9-2010.] Outro ponto importante é a obrigatoriedade de se estabelecer ou não as Procuradorias em âmbito municipal, sendo que o STF já se manifestou no seguinte sentido:

Não há na Constituição Federal previsão que os

Municípios a instituírem Procuradorias Municipais,

organizadas em carreira, mediante concurso público. Não existe, na Constituição Federal, a figura da advocacia pública municipal. Os Municípios não têm essa obrigação constitucional. STF. Plenário. RE 225777, Rel. Min. Eros Grau, Rel. p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 24/02/2011. STF. 2ª Turma. RE 893694 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 21/10/2016.

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Para garantir a qualidade e a isenção na manifestação, o STF entende que o cargo de Procurador não pode ser exercido por servidores meramente comissionados. Vejamos:

É inconstitucional lei estadual que crie cargos em comissão de “consultor jurídico”, “coordenador jurídico”, “assistente jurídico” etc. e que tenham por função prestar assessoria jurídica para os órgãos da Administração Pública. Essa norma viola o art. 132 da CF/88, que confere aos Procuradores de Estado a representação exclusiva do Estado-membro em matéria de atuação judicial e de assessoramento jurídico, sempre mediante investidura fundada em prévia aprovação em concurso público. STF. Plenário. ADI 4843 MC-Referendo/PB, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/12/2014 (Info 771).

  

Outro tema bastante importante se relaciona com o princípio da unicidade da

representação judicial nos Estados. Vejamos interessante julgado do Dizer o Direito:

A Constituição do Estado do Ceará previa que o Governador deveria encaminhar à ALE projetos de lei dispondo sobre a organização e o funcionamento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias autárquicas.

O STF decidiu que essa regra é inconstitucional. Isso porque a CF/88 determina que a representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita pela PGE, nos termos do art. 132 da CF/88. O art. 132 da CF/88 consagra o chamado “princípio” da unicidade da representação judicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal e, dessa forma, estabelece

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competência funcional exclusiva da Procuradoria-Geral do Estado.

Exceções

As exceções à regra da unicidade orgânica da Procuradoria Geral do Estado são reconhecidas pelo STF de forma bastante restritiva.

​Exceção 1: é o caso da possibilidade de criação de procuradorias vinculadas ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas, para a defesa de sua autonomia e independência perante os demais Poderes, hipótese em que se admite a consultoria e assessoramento jurídico dos órgãos por parte de seus próprios procuradores. Nesse sentido: é constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de Tribunais de Contas estaduais, vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio tribunal (STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016).

​Exceção 2: cargos efetivos de advogados no quadro administrativo do Poder Judiciário com finalidade de assessoramento jurídico e também postulatória, quando o objetivo for zelar pela independência funcional e as prerrogativas inerentes ao Poder (STF. Plenário. ADI 5024, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/09/2018).

• Exceção 3: art. 69 do ADCT.

Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da

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Constituição, tenham órgãos distintos para as respectivas funções.

O art. 69 do ADCT é, portanto, uma exceção momentânea ao princípio da unicidade orgânica da Procuradoria estadual. Exceção esta destinada apenas a garantir a continuidade do serviço de auxílio jurídico da Administração Pública no momento logo em seguida à promulgação da CF/88 quando algumas Procuradorias estaduais ainda não estavam totalmente estruturadas (ADI 484/PR).

Outro tema importante é sobre as garantias dos Procuradores. O STF já tem várias decisões sobre o tema. ​In verbis​:

É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que

confere foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça,

para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE,

Defensores Públicos e Delegados de Polícia. A CF/88, apenas

excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as

autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se

pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário.

ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.

Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).

É constitucional lei estadual que preveja o cargo em comissão

de Procurador-Geral da universidade estadual. Esta previsão

está de acordo com o princípio da autonomia universitária (art.

207 da CF/88). STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935)

A garantia da inamovibilidade conferida pela Constituição

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aos membros da Defensoria Pública (artigos 93, VIII; 95, II;

128, § 5º, b; e 134, parágrafo único) não pode ser estendida

aos procuradores de estado. STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.

Os princípios institucionais e as prerrogativas funcionais do

Ministério Público e da Defensoria Pública não podem ser

estendidos às Procuradorias de Estado, porquanto as

atribuições dos procuradores de estado – sujeitos que estão à

hierarquia administrativa – não guardam pertinência com as

funções conferidas aos membros daquelas outras instituições. STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.

Em relação aos polêmicos honorários advocatícios, o STF decidiu essa semana pela sua constitucionalidade. Vejamos:

 

A maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela constitucionalidade do pagamento de honorários de sucumbência aos advogados públicos. Os ministros se manifestaram no julgamento da ​ADI 6053​, que foi realizado no plenário virtual da corte. Nove dos 11 membros do STF votaram pela validade de dispositivos do CPC e da Lei 13.327/2016 que garantem o pagamento dos valores para as carreiras da advocacia pública.

 

Vale ressaltar que os valores devem se submeter ao teto do funcionalismo, bem como ainda não há acórdão no tema. Devemos esperar para ver como vai ficar definido, mas é um tema muito importante para a Advocacia Pública.

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Questões sobre o tema:

1) (CESPE) Aos procuradores do estado, assim como aos membros das defensorias públicas, é garantida, institucionalmente, a inamovibilidade. ​R:

Falso!​ Como vimos, essa garantia não é estendida aos Procuradores.

2) (PGM-FOR) De acordo com o entendimento do STF, são garantidas ao advogado público independência funcional e inamovibilidade. ​R: Falso! Como vimos, não são estendidos.

 

Bons Estudos! Equipe CTPGE

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