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Universidade Federal do Espírito Santo Programa Institucional de Iniciação Científica Relatório Final de Pesquisa

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Academic year: 2021

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Grande área do CNPq: Ciências Agrárias Área do CNPq: Agronomia

Título do Projeto: Custos de produção na agricultura familiar de Alegre-ES Professor Orientador: Haloysio Miguel de Siqueira

Estudante PIVIC: Caio César Soares Biancardi

Resumo: O conhecimento dos custos de produção na agricultura é fundamental para a análise de sua viabilidade econômica, como condição necessária para que os estabelecimentos agrícolas possam continuar produzindo. Objetivo geral é proceder ao levantamento dos custos de produção dos alimentos comercializados pelos agricultores familiares, na feira livre e nos mercados institucionais (PAA/PNAE) do município de Alegre-ES, como base para avaliação da viabilidade econômica dos seus sistemas de produção. Foram calculados os custos operacionais (total e efetivo) de produção utilizando planilhas do programa Microsoft Excel. E foram abordados somente os agricultores familiares que se inserem em pelo menos dois dos três mercados referidos, analisando 15 diferentes alimentos que os mesmos produzem. Os resultados obtidos foram à obtenção de planilhas referenciais de custo de produção familiar agrícola, as quais poderão ser aplicadas em outras regiões capixabas, além da própria iniciação científica do estudante-bolsista.

Palavras-chave: custo de produção; agricultura familiar; alimentos.

Introdução

A agricultura familiar vem assumindo posição de destaque na sociedade brasileira, nos últimos 16 anos, devido tanto ao apoio recebido através dos programas governamentais, como também pela mudança de visão e hábitos de parte das famílias, em especial devido à conscientização quanto aos perigos dos agrotóxicos. Dessa forma, a agricultura familiar vem sendo encarada, cada vez mais, como a melhor alternativa para o desenvolvimento rural sustentável, visto que, mesmo cultivando uma área bem menor (24,3% do total da área agrícola) que o modelo patronal, contribui muito com a segurança alimentar nacional e a geração de trabalho e renda no campo. França, Del Grossi e Marques (2009), com base no Censo Agropecuário 2006, informam quede cada 10 pessoas ocupadas no campo, 07 estão na agricultura familiar, sendo que ela gera R$677,00/ha/ano contra R$358,00 no modelo patronal, produzindo a maior parte dos alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.

O conhecimento dos custos de produção na agricultura é fundamental para a análise de sua viabilidade econômica, como condição necessária para que os estabelecimentos agrícolas possam continuar produzindo. Em se tratando de agricultura familiar, há um “peso” ainda maior na obtenção desse conhecimento sobre os custos de produção agrícola, em especial no município de Alegre-ES, pois essa representa a principal, senão a única, fonte de renda dos agricultores e suas famílias. Isso foi confirmado por Kraychete, citado por Alves (2010, p.15), ressaltando que “um pressuposto primordial para alcançar a sustentabilidade é conhecer as condições necessárias para que atividade prática tenha chance de êxito, reforçando assim, a importância de um mínimo domínio do aspecto financeiro, para saber o quanto é necessário para aquisição de recursos, insumos e manutenção do empreendimento”.

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Com o presente estudo, espera-se conseguir dar visibilidade concreta aos agricultores familiares da importância do controle contábil, buscando ampliar e aprimorar a sua inserção na feira e nos mercados institucionais, os quais se referem ao Programa de Aquisição de Alimentos – PAA1 e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE2. Também se espera contribuir na elaboração de planilhas referenciais de custo de produção agrícola, com base nos sistemas produtivos usuais na região de Alegre, que poderão ser aplicadas em outras regiões capixabas mediante as devidas adaptações.

Objetivos

O objetivo geral deste estudo foi proceder ao levantamento dos custos de produção dos alimentos comercializados pelos agricultores familiares, na feira e nos mercados institucionais (PAA/PNAE) de Alegre-ES, tendo em vista a avaliação da viabilidade econômica dos seus sistemas de produção.

Os objetivos específicos foram os seguintes:

 Elaborar planilhas referenciais de custo de produção familiar agrícola, as quais poderão ser aplicadas em outras regiões capixabas;

 Incentivar os agricultores familiares a fazerem o controle contábil da produção e melhorarem a gestão de suas unidades produtivas, a partir das situações de custo de produção apuradas;  Possibilitar o aprendizado do estudante-bolsista, como futuro profissional, tanto na metodologia

da investigação científica quanto no aprofundamento das questões socioeconômicas que condicionam o desenvolvimento rural sustentável, a partir da interação e vivência com os agricultores familiares e suas associações.

1 Instituído pela Lei Federal nº 10.696, de 02 de julho de 2003, artigo 19. 2

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Metodologia

A pesquisa foi conduzida no município de Alegre, situado no Território do Caparaó, estado do Espírito Santo, de modo a disponibilizar a base de dados de custo de produção dos alimentos, comercializados pelos agricultores familiares nos mercados já referidos, que permitirá proceder à avaliação da viabilidade econômica dos seus sistemas de produção (projeto de pesquisa já referido).

Foram abordados somente os agricultores familiares que têm em comum o fato de estarem inseridos em pelo menos dois dos três mercados considerados (feira livre, PAA e/ou PNAE), o que torna a pesquisa uma modalidade de censo. E foram analisados 15diferentes alimentos, a saber: alface, agrião, almeirão, cheiro verde (cebolinha e salsa), couve, taioba, abóbora, chuchu, inhame, jiló, mandioca, palmito, quiabo, tomate, banana prata. Alem desses, também havia sido previsto analisar o caso da cenoura, mas que não foi possível porque os agricultores deixaram de produzir esse alimento em 2012.

Foi computado o valor médio, entre os agricultores entrevistados, de cada item de custo informado quanto à produção de cada alimento analisado. Os dados referentes aos alimentos produzidos em sistemas agroecológicos (ou em transição agroecológica) foram analisados separadamente.

Para efeito da análise de custo, foram calculados os custos operacionais (total e efetivo) de produção, conforme proposto por Matsunaga et al. (1976). Para o custo operacional total, são contabilizados quase todos os custos fixos, englobando os gastos com mão de obra permanente (incluindo a familiar), depreciação e impostos, bem como os custos variáveis, englobando os gastos com aquisição do capital circulante, manutenção/conservação do capital estável e mão de obra temporária. Já no cálculo do custo operacional efetivo, somente são considerados os recursos produtivos que exigem desembolsos por parte do produtor para sua utilização (custos diretos), o que exclui o valor da mão de obra familiar.

Os cálculos dos custos operacionais de produção foram feitos com o auxílio de planilhas do programa Microsoft Excel, pelo qual são fixadas as fórmulas de cálculo, de modo a facilitar sua aplicação com outras bases de dados.

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Resultados e Discussão

A figura 1 demonstra, como exemplo, a imagem de uma das planilhas (Microsoft Excel) utilizadas no levantamento dos custos de produção dos agricultores familiares do Município de Alegre-ES.

Figura 1 - Exemplo da planilha utilizada no levantamento dos custos de produção Fonte: Dados da pesquisa

As planilhas elaboradas no estudo poderão ser disponibilizadas para os agricultores familiares para um controle constante e efetivo dos custos de produção. Porém, isso ainda não foi possível por falta de tempo para viabilizar o suporte na web, o que deverá ser feito, a princípio, no próprio site do CCA-UFES, ainda em 2013. Por outro lado, se faz necessário uma capacitação das pessoas que ficarão responsáveis pelo preenchimento das mesmas, atualizando-as sempre. Em Alegre, isso será feito por meio de um projeto de extensão em andamento.

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Na tabela 1 são apresentados os valores dos Custos Operacionais Total e Efetivo (COT e COE) e do preço recebido nos diferentes mercados enfocados (PAA, PNAE e feira), para cada alimento estudado.

Tabela 1 – Custos operacionais da produção familiar de alimentos e preços recebidos em diferentes mercados de Alegre-ES, 2013

Alimento

Custo Operacional (R$/Kg) Preço Recebido (R$/Kg)

Total Efetivo PAA* PNAE** Feira***

Alface 0,65 0,13 1,45 1,50 1,67 Agrião 2,28 0,20 1,81 - - Almeirão 3,63 0,41 1,03 - - Abóbora 2,08 0,05 0,81 2,50 1,50 Banana Prata 1,04 0,14 1,25 1,25 1,50 Ceb. + Salsa 1,26 0,15 2,35 8,25 7,50 Couve 0,71 0,20 2,00 2,28 1,90 Chuchu 0,59 0,04 0,47 0,90 0,85 Inhame 2,61 0,56 1,27 3,00 2,50 Jiló 1,42 0,21 1,06 - - Mandioca 1,00 0,20 0,80 - - Palmito 3,14 1,19 1,10 - - Quiabo 5,11 0,29 1,85 - - Tomate 1,12 0,43 0,95 3,00 2,50 Taioba 2,90 0,11 2,76 - -

Fonte: Dados da pesquisa

*Cotação média dos últimos 36 meses na CEASA-GV/ES, corrigida pelo IGP-DI para abril/2013.

**Cotação média de quatro mercados varejistas locais (incluindo a feira), em 2012, a qual foi usada como base para a Chamada

Pública/2013 (preços vigentes até agosto/2013). Só abrange os alimentos incluídos nessa Chamada.

***Valor médio corrigido (03 feirantes) das cotações em agosto/2012, dezembro/2012 e abril/2013.

Comparando os dados da tabela 1 com os dados obtidos pela Conab (2013), nota-se, no caso da banana prata, que o valor do COT (R$1,04/kg) foi bem superior ao informado pela Conab para a região de Alfredo Chaves-ES (R$0,35/kg). Já a diferença entre o COT do tomate em Alegre (R$1,12/kg) e o encontrado em Domingos Martins-ES (R$0,76/kg), pela Conab, foi menor. E vale citar que tomate de Alegre foi produzido sem uso de agrotóxicos.

Na tabela 2 são apresentados os valores dos Custos Operacionais Total e Efetivo (COT e COE), referentes aos alimentos produzidos tanto no sistema convencional como no de transição agroecológica.

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Tabela 2 – Custos operacionais da produção familiar de alguns alimentos em sistemas comparados, convencional (C) e de transição agroecológica (T), em Alegre-ES, 2013

Alimento Custo Oper. Total (R$/Kg) Custo Oper. Efetivo (R$/Kg)

Alface T 0,16 0,06 Alface C 1,13 0,24 Couve T 1,11 0,29 Couve C 0,32 0,11 Banana Prata T 0,53 0,23 Banana Prata C 1,55 0,05 Ceb./Salsa T 1,44 0,15 Ceb./Salsa C 1,08 0,16

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando os alimentos mostrados na tabela 2, nota-se, quanto à alface, grande diferença, a menor, nos valores unitários de COT e COE em transição agroecológica. Na alface convencional, verificou-se que os gastos com agroquímicos e a baixa produtividade obtida pelo agricultor foram os fatores que elevaram os custos unitários. No caso da banana prata, a falta de adubação e o maior gasto de mão de obra na limpeza e manutenção do bananal justificam o maior COT do sistema convencional, ao contrário do sistema de transição que utiliza técnicas agroflorestais. O COE do sistema de transição foi maior por causa da contratação de mão de obra (complementar), pois a mão de obra familiar não é computada nesse custo.

Já para a couve e a cebolinha/salsa o quadro se inverte, ocorrendo considerável superioridade do sistema convencional devido, provavelmente, àmaior produtividade obtida e ao controle mais eficiente de pragas da couve nesse sistema.

Na tabela 3 são apresentados, para cada alimento estudado, os valores da Renda Líquida Operacional Total (RLOT) obtida nos diferentes mercados enfocados (PAA, PNAE e feira).

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Tabela 3 – Rentabilidade dos agricultores familiares, diante dos diferentes mercados de alimentos em Alegre-ES, 2013

Alimento

Renda Líquida Operacional Total (R$/Kg)

PAA PNAE Feira

Alface 0,80 0,85 1,02 Abóbora -1,27 0,42 -0,58 Banana Prata 0,21 0,21 0,46 Ceb. + Salsa 1,09 6,99 6,24 Couve 1,29 1,57 1,19 Chuchu -0,12 0,31 0,26 Inhame -1,34 0,39 -0,11 Tomate -0,17 1,88 1,38

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando os dados da tabela 3, pode-se constatar que alface, banana prata, cebolinha/salsa e couve são os alimentos que apresentaram rentabilidade operacional total positiva nos três mercados pesquisados, sendo que cebolinha/salsa ficaram num nível superior. E a inserção do agricultor familiar no PNAE foi, na maioria das vezes, a mais vantajosa, ao contrário do PAA. Em contrapartida, abóbora, chuchu, inhame e tomate são alimentos que necessitam de grande atenção na hora da comercialização, visto que em pelo menos um dos mercados pesquisados apresentaram rentabilidade operacional total negativa, tornando inviável a comercialização. No caso da abóbora e do inhame, somente foi viável a venda no PNAE.

Por outro lado, todos os nove alimentos apresentaram rentabilidade operacional efetiva positiva, o que significa que os preços recebidos nos três mercados cobrem os gastos com insumos/serviços, mas remuneram apenas parte da mão de obra familiar e não cobrem a depreciação.

Conclusões

Os resultados de custo de produção obtidos possibilitam visualizar, a partir do cruzamento dos dados, qual o melhor mercado para venda dos alimentos e qual(is) desses possibilitará(ão) o melhor retorno ao agricultor familiar. Verificou-se que alface, banana prata, cebolinha/salsa e couve são os alimentos que apresentaram rentabilidade operacional total positiva nos três mercados pesquisados, sendo que cebolinha/salsa ficaram num nível superior. No extremo oposto estão a abóbora e o inhame, cuja venda somente foi viável no PNAE.

A inserção do agricultor familiar no PNAE foi, na maioria das vezes, a mais vantajosa, ao contrário do PAA. Assim, é contraditório dizer que o PAA esteja executando modalidades de “compra direta” da agricultura familiar, na medida em que estabelece o mercado atacadista como base de preço, o que rebaixa o preço a ser pago, na maioria das vezes.

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Com essas informações, o agricultor familiar tem uma grande ferramenta para o controle contábil da produção e a escolha dos produtos mais rentáveis. Isso é confirmado por Nepomuceno (2004, p.91) que cita o orçamento rural como “uma ferramenta de aperfeiçoamento da administração na atividade rural, que permite trabalhar com os olhos voltados para o que vai acontecer”.

O próximo passo, derivado deste estudo, será disponibilizar as planilhas elaboradas aos agricultores familiares e demais interessados, as quais poderão servir como ferramenta auxiliar para o controle constante e efetivo dos custos operacionais de produção agrícola.

Espera-se que este estudo possa dar visibilidade, aos agricultores familiares, da importância do controle contábil e que também seja útil na negociação dos preços justos para os alimentos comercializados nos mercados institucionais, os quais vêm dando enorme contribuição para a soberania e segurança alimentar e nutricional da população beneficiada.

Referências

ALVES, C. A. Agricultura familiar e gestão de custos: um estudo de caso na região do Semi-árido baiano. 2010. 170p. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) Programa de Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural – Universidade Federal de São Carlos, 2010.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. ES-Custos PGPAF Maio 2013. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1286&t=2>. Acesso em: 08 jul. 2013. FRANÇA, C. G. de; DEL GROSSI; M. E.; MARQUES V. P. M. de A. O censo agropecuário 2006 e a agricultura familiar no Brasil. Brasília: MDA, 2009.

MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 23, t.1, p.123-39, 1976.

Referências

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