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AS EMOÇÕES E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EMOTIONS AND THEIR CONTRIBUTIONS IN THE LITERACY PROCESS

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Academic year: 2021

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AS EMOÇÕES E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

EMOTIONS AND THEIR CONTRIBUTIONS IN THE LITERACY PROCESS

ANA CLARA GONÇALVES SANTOS¹, BIANCA NASCIMENTO DE ALMEIDA², WENDINY SARAH LOURENÇO BRANDÃO³,

ROSÂNGELA APARECIDA CARDOSO⁴ RESUMO

O presente estudo tem como objetivo abordar as emoções, como elas interferem no processo de alfabetização e letramento e o quanto é importante considerá-las para benefício da aquisição da leitura e escrita. Perante o exposto, refletiu-se a partir do estudo das aulas de psicologia, a necessidade de se aplicar conteúdos escolares considerando os sentimentos envolvidos nessa relação. Sabendo que o meio em que o sujeito está inserido reflete em suas emoções, colaborando e/ou comprometendo a sua aprendizagem, torna-se necessário que as diversas disciplinas sejam apreendidas e sentidas pelo educando. Com base nos estudos, entende-se que as emoções são fundamentais e necessitam ser consideradas desde o plano de aula do educador até a sua prática pedagógica, fazendo com que o processo ensino-aprendizagem se torne significativo e seguro tanto ao professor quanto ao aluno.

Palavras-chave: Emoção. Aprendizagem. Alfabetização. Letramento. Professor.

ABSTRACT

Thisstudygoalisunderstandhowtheemotions interfere in theprocessliteracyandhowimportantistoconsiderthem for thebenefitoftheacquisitionofreadingandwritingskills. The ideasaboveexposedwasreflectedfromthestudyofpsychology classes, theneedtoapplyschoolsubjectsconsideringthe feelings involved in thisrelationship. Consideringthattheenvironment in whichthesubjectisinsertedreflectsonhisemotions, helpingand / orcompromisinghislearning, it makesnecessarythattheseveralsubjectsbelearnedandbefeltbythestudent.

Basedontheresearches, it isunderstoodthatemotions are fundamental

andtheyneedtobeconsideredfromtheteacher'slessonplantotheirpedagogicalpractice, makingtheteaching-learningprocessmeaningfuland safe for boththeteacherandthestudent.

Keywords:Emotion. Learning. Literacy. Literacy. Teacher.

¹ Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: anaclaragoncalvessantos3@gmail.com

² Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: biancanascimento.bianca1@gmail.com

³ Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: sarahwendiny@gmail.com

⁴ Professora Orientadora, Doutora em Letras e Linguística, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail: rosangelaacardoso@gmail.com

FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS – facUNICAMPS Recredenciada pela Portaria MEC n°262 de18/04/2016

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como principal objetivo esclarecer que o atual contexto educacional do século XXI demanda que as práticas pedagógicas sejam ressignificadas de modo que possam estabelecer não só competências cognitivas, mas, que, da mesma forma, sejam desenvolvidas competências socioemocionais. Estas encontram-se presentes nas discussões pedagógicas dos últimos anos devido à concepção de que quando os educandos aprendem a gerir as próprias emoções torna-se notável o impacto positivo na forma em que convivem em sociedade, enfrentam desafios cotidianos, consolidam as aprendizagens.

Segundo a neurociência, as emoções estão agregadas à aprendizagem devido ao fato de que a amígdala (parte do sistema límbico, relacionada aos aprendizados emocionais, memórias afetivas e medos, responsável pela associação entre estímulo e recompensa) atua de maneira ativa na cognição, memória, atenção e raciocínio (ESPERIDIÃO-ANTONIO, 2008). Quando as emoções são gerenciadas de forma equilibrada, propiciam uma aprendizagem benéfica e prazerosa, elementos essenciais para o desenvolvimento estudantil.

Durante a vida acadêmica do aluno, o processo de alfabetização é uma das fases mais importantes, uma vez que é a sustentação para todos os outros processos. Pensando nisso, é possível observar nos educandos a independência gerada através da conquista da leitura e escrita. Dessa maneira, esse período torna-se complexo, por ser nele que começam a aumentar as responsabilidades de um sujeito que se enxerga como aluno. E as experiências negativas ou positivas podem impulsionar ou frustrar o desenvolvimento.

Convém ao docente estar atento durante o movimento das aulas para que possa adquirir e transmitir ao educando segurança para juntos superarem os desafios presentes nessa ocasião. Com o fato de as emoções estarem presentes em todos os ambientes sociais, o papel do professor alfabetizador nesse momento torna-se essencial para mediar os sentimentos que permeiam esse período, sendo um ponto de apoio efetivo. E os professores mostram essa estabilidade aos seus alunos refletindo neles os proveitos em saber lidar com seus sentimentos. Através disso torna-se possível alcançar êxito no processo de alfabetização, norteando as crianças para que desenvolvam a inteligência emocional.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nas últimas décadas, o estudo das emoções vem ganhando mais atenção por profissionais das diversas áreas do conhecimento, caracterizando-se por ser um fator expressivo para o processo de desenvolvimento humano. As emoções proporcionam auxílio básico sentimental,

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essencial àsfinalidades executivas e cognitivas do aprendizado, causadores das formas de estruturar e processar as informações simbólicas e verbais. O equilíbrio emocional faz com que os alunos encarem os novos conflitos e desafios com entusiasmo e interesse, porém não garante extrema competência em relação aos conteúdos escolares. Porém o desequilíbrio emocional dificulta a compreensão e fixação desses conteúdos.

A princípio, buscam-se nos fundamentos de Wallon e Vygotsky ideias para compreender melhor como as emoções presentes no cotidiano do ser humano têm influência sobre a aprendizagem. Vygotsky afirma, ainda, que a educação sempre implica em mudanças nos sentimentos e a reeducação das emoções segue em direção à reação emocional inata (VYGOTSKY, 2003).

Sendo assim é possível observar que a emoção está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento e já está presente na vida da criança, refletindo a ideia do autor. Observa-se que a criança já chega até a escola com vivências e experiências emocionais que por consequência de seu histórico social cultural podem ser positivas ou negativas.

As emoções têm a função de dar significação à vida humana. À medida que o ser humano se adapta às situações em diversas áreas da sua vida, enquanto aprende, são constituídas relações, e se conquista algo. Do mesmo modo, elas também se mostram em momentos que afligem, magoam, prejudicam, enganam e frustram. Atitudes e ações correspondentes implicam mutuamente, constituindo uma maneira de reagir. “Opera-se então uma totalização indivisa entre as disposições psíquicas, orientados todas no mesmo sentido, e os incidentes exteriores” (WALLON, 1934, p. 123).

As emoções são, portanto, reações do comportamento que constituem ações e atitudes que interferem na maneira de reagir. Para o êxito da aprendizagem do aluno é essencial que ele queira e esteja instigado a aprender. A propensão a esse desejo vem junto a uma boa vivência afetiva de emoção, podendo ser boa e trazendo o sucesso do educando ou negativa, trazendo o insucesso do educando. “O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer.” (VYGOTSKY, 1978, p. 61).

Ou seja, é notório que não basta apenas o aluno sentir-se emocionalmente estável, é fundamental que o professor, ao apresentar conteúdos escolares, use ferramentas eficazes e metodologias que desenvolvam interações sociais e tragam a criança para a interação e compreensão com os demais. E essa boa convivência e compreensão dos sentimentos refletirá na fixação dos conteúdos ministrados.

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2.1 Concepção de Alfabetização e Letramento

O apoderamento da escrita é um procedimento complexo que abrange o conhecimento do processo alfabético e ortográfico quanto à percepção e ao uso autônomo da língua escrita. A alfabetização pode ser definida como o método preciso de apropriação do sistema de escrita, possibilitando o aluno ler e escrever com autonomia. Trata-se de um “método eficaz e correto de ensino prático e exige que a forma seja assimilada não no sistema abstrato da língua, isto é, como uma forma sempre idêntica a si mesma, mas na estrutura concreta da enunciação, como um signo flexível e variável” (VOLOCHÍNOV, 1988, p. 95).

Soares (2009) esclarece esse pensamento ao dizer que: Alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando pela integração e pela articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial da língua escrita é sem dúvida o caminho para superação dos problemas que vimos enfrentando nesta etapa da escolarização.No âmbito dessa questão, vale ressaltar que a palavra “alfabetizado”, segundo os relatórios da UNESCO, significa:

Uma pessoa capaz de ler e escrever, com compreensão, uma breve simples exposição de fatos relativos à vida cotidiana, formando indivíduos competentes para o exercício de todas as atividades em que a alfabetização é necessária para que ele atue eficazmente no seu grupo e na sua comunidade (UNESCO, 2002, p. 46).

Mesmo que a alfabetização e o letramento tenham definição própria, dentro do seu desenvolver na prática, não há possibilidade de trabalhar de modo desligado. Ambos caminham juntos dentro do processo de alfabetizar o educando como agente social participativo.

2.1.1 Alfabetização

Segundo Ferreiro (2011), a alfabetização se dá por um processo, não por um método pronto e acabado. Desde seu surgimento, ela passou por transformações fazendo com que a criança se tornasse agente participativo desse processo. Por meio do que lhe é apresentado, a criança cria, produz, reproduz, conforme sua individualidade, caminhando, assim, rumo à compreensão da escrita. Quando a criança se reconhece como agente social participativo, sua compreensão de escrita e leitura de mundo traz transformação à estrutura educacional. O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da criança que aprende. Segundo o pensamento de Ferreiro (2011, p. 4): “A criança constrói seu sistema interpretativo, pensa, raciocina e inventa, buscando compreender esse objeto social complexo que é a escrita”.

Ler é um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que formam a agregação de leitura e escrita. Entretanto, escrever também é um conjunto de habilidades,

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possuindo diferentes tipos e níveis de letramento, dependendo assim da necessidade do sujeito e da necessidade de seu meio. Soares (2009) defende que a alfabetização é um processo de aquisição da escrita e leitura, e que se tornam capacidades da compreensão do ler e escrever. Segundo a autora, o termo alfabetização ultrapassa o significado de aprender o alfabeto.

Para êxito no processo de alfabetização, é necessário aquisição das necessidades de desenvolvimento. A organização é descrita por letras (sendo elas maiúsculas, minúsculas e de diferentes formatos). Nesse sentido, considera-se sujeito alfabetizado aquele que compreende desde uma frase até uma obra grande, que consegue reunir e decifrar a língua.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC): “No processo de alfabetização, é preciso que os estudantes conheçam o alfabeto e a mecânica da escrita e leitura, tendo então a capacidade de codificar e decodificar os sons da língua (fonemas) em material gráfico (grafemas ou letras)” (BRASIL, 2018, p. 87-88).

Diante do avanço da alfabetização, através do convívio com a criança, é necessário esquematizar propostas para o êxito no processo da alfabetização inicial, tendo em vista que há por parte do alfabetizando uma resistência para receber tais conhecimentos. Conforme Ferreiro (1996, p. 24), “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças”. Em função disso, pode-se usar de estratégias como tornar a língua escrita uma ferramenta social, abordar variedades de contexto da língua escrita, fazendo com que a criança tenha livre acesso às mesmas, oferecer possibilidade da escrita do seu próprio nome desde os primeiros anos da vida escolar.

2.1.2 Letramento

O termo letramento é considerado bastante atual no âmbito da educação brasileira. Isso se dá devido ao fato de a mesma ter surgido no discurso dos especialistas apenas no ano de 1986 em um livro da autora Mary Kato. Desde então a palavra torna-se cada vez mais frequente no discurso de tais especialistas. Atualmente o letramento é visto como algo ramificado da alfabetização, deve-se levar em conta que, realmente, ambos caminham lado a lado, porém seus papéis são distintos. É possível observar, por meio da afirmação de Soares (2009), a individualidade do letramento, como um resultado das ações do ato de ensinar e de aprender a ler e escrever adquirido em um grupo social ou onde o indivíduo tem como consequência o social.

Sendo assim o letramento se faz pelo uso das práticas de linguagem social do dia a dia do indivíduo. Um claro exemplo são crianças não alfabetizadas que compreendem o funcionamento de smartphones sem que antes tenham tido domínio da leitura. Nessa circunstância, a criança

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aplica o conceito de letramento. Apesar de ser um conceito no âmbito educacional é possível ser observado claramente em diversas ações no meio social. Sobre esse aspecto, Mortatti (2004, p. 98) afirma: “Nesse sentido, cumpre acrescentar que o letramento está diretamente relacionado com a língua escrita e seu lugar, suas funções e seus usos nas sociedades letradas, ou, mais especificamente, grafocêntricas”.

Para Mortatti (2004), em sociedades grafocêntricas, a escrita possui um papel importante já que essas sociedades se organizam centradas no ato da escrita. Ao relacionar-se o letramento junto a essa temática, é possível observar que o letramento exerce influência na relação que o indivíduo tem com a sociedade, assim como a outros sujeitos que dividem o mesmo espaço. Levando em consideração o papel fundamental do letramento na leitura de mundo, o mesmo também está diretamente ligado à criticidade na formação do sujeito, sendo de extrema importância que saiba interpretar com clareza o mundo letrado que o rodeia.

2.2 Conceito de Emoção

A definição de emoção parece ser algo óbvio, tendo em vista sua naturalidade e frequência no cotidiano social. Porém ao observar-se por um olhar científico, a emoção não se mostra tão simples assim. A palavra emoção é derivada do latim EMOVER, que significa mover de dentro para fora; assim emoção é tudo aquilo que faz mover. Isto é, uma maneira de expressar-se os estados e necessidades internas, quando se sente movido ou estimulado a fazer algo ou algum comportamento. Vygotsky (2003) assegura que as emoções, sejam elas quais forem, possuem diversidades e dificuldades de compreensão. Sendo assim compreende-se que as emoções não são inatas, elas passam por transformações, mutações e até novas aparições.

De acordo com Silva (2007, p. 11), “a emoção traz, em si, a possibilidade de ser interpretada e de provocar no outro respostas correspondentes e complementares”. O autor enfatiza que as emoções despertam a forma de reagir e de se portar diante das variadas situações. É notório perceber quando alguém está passando por uma situação de stress, alegria, ansiedade, nervosismo, podendo afetar as relações de convívio social, professor-aluno, sujeito-família, sujeito-amigos. Com isso em cada sujeito pode acontecer de uma mesma emoção ter diferentes reações ao ser expressa, podendo ser somatório a outros aspectos do desenvolvimento de um mesmo sujeito.

A neurociência é um estudo recente. Essa ciência começou a ser estudada em 2012 e a partir de então ganhou visibilidade com as pesquisas integradas ao sistema límbico. Esse avanço permitiu a construção de teses e teorias sobre a emoção. Por se tratar de algo difícil de mensurar, existem diferentes conceitos de acordo com as concepções de diferentes autores. Mas o que

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importa é que os professores validem e deem importância aos sentimentos na sala de aula. Forçar a criança a omiti-los ou não ouvi-la, para que ela entenda que alguém se importa e se sinta acolhida só pode gerar uma sequela maior.

2.3 Emoção e Cognição

As emoções são um intermédio fundamental para a aprendizagem, tendo em vista que as pessoas (crianças, adultos, adolescentes e idosos) estão propensas a atividades e afazeres que façam com que elas se sintam bem. E, em contrapartida, evitam afazeres e situações que as façam se sentir mal. É necessário que a criança esteja em um ambiente seguro, de cuidado e conforto, para que a aprendizagem, relevante quanto à emoção e à cognição, ocorra conjuntamente. É impossível construir a cognição sem a emoção, levando em conta que o entendimento do indivíduo desempenha e executa constantemente num conjunto processual.

O nervo vago é um dos componentes que constituem o cérebro. Ele é capaz de ativar a área onde fica localizada a amígdala e o hipotálamo, regiões responsáveis pela função de resposta integrada entre a emoção e a cognição. De acordo com Esperidião-Antonio (2008, p. 62): “ As reações orgânicas fisiológicas diretas (respostas específicas, inibitórias ou excitatórias em vários tecidos e sistemas corporais) e também indiretas, por meio da estimulação paralela de outros nervos que se originem próximo ao centro vagal no sistema nervoso central”.

Existe um mecanismo chamado neurocepção, que desempenha a competência do sujeito em agir de acordo com a sua concepção de segurança ou ameaça referente ao local que ele se encontra. Essas competências podem ser percebidas pelo tom de voz, expressões e movimentos.

A escola é um ambiente cuja finalidade é desenvolver as potencialidades físicas, cognitivas, afetivas dos educandos. É necessário que professores, gestores e profissionais da educação reconheçam a importância de valorizar as emoções. Sendo um fator que contribui para o aprendizado, elas são tão relevantes quanto o intelecto:

A emoção não constitui uma ferramenta menos importante que o pensamento. A preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que seus alunos pensem profundamente e assimilem a geografia, mas também que a sintam. As reações emocionais devem constituir o fundamento do processo educativo (VYGOTSKY, 2003, p. 121).

É imprescindível que o aluno esteja atraído para o que está sendo ensinado. Os fatores externos que ocorrem fora da escola já influenciam muito no desempenho dele e estão fora do alcance do professor solucionar isso. Mas na sala de aula cabe a ele tentar fazer o possível para transmitir segurança e afeto para que o aluno se sinta bem.

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Para que a aprendizagem seja desenvolvida, necessita-se que a emoção e a cognição entrelacem-se. As emoções são os processos somáticos relacionados com o corpo e a cognição é a razão superior e pensamento racional (FONSECA, 2016). A emoção não ganha tanta atenção na sala de aula por se tratar de um sentimento imensurável, difícil de qualificar da mesma forma que o conhecimento. O pensamento emocional é um meio para se aprender trabalhando a autonomia, memória e a criatividade. As crianças estimuladas e cercadas por palavras de incentivo, apoio e carinho tendem a ter melhor desempenho.

Ao longo da vida, o ser humano perpassa por vários tipos de situações, agradáveis ou desagradáveis, negativas ou positivas e se tratando do percurso desenvolvimental pensamentos, ações, memórias, situações, ocorridas são coloridas e marcadas pela emoção. Quando o sujeito passa por algum momento constrangedor fica marcado em sua memória, e esse trauma o acompanha pelo resto da vida, podendo deixá-lo mais retraído, tímido, com dificuldades para socializar, entre diversas outras consequências.

3 METODOLOGIA

O presente Trabalho de Conclusão de Curso usa o processo de consultas a fontes bibliográficas, considerando as teorias de autores que enfatizam seus pensamentos na perspectiva do tema de estudo aqui abordado. A escolha do tema surgiu a partir das aulas de Psicologia aplicada e Psicologia comportamental, e a partir de então, nas vivências de estágios pelas educandas, associando as aulas recebidas como alunas à realidade vivida no dia a dia como professoras em sala de aula.

Nesse sentido, houve interesse em aprofundar o conhecimento sobre como as emoções interferem no processo de alfabetização e letramento e a importância de considerá-las para benefício do processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Mediante as análises estudadas, surgiram questionamentos sobre como compreender as emoções do educando como sujeito ativo no processo de aprendizagem; como tais emoções podem interferir no processo da alfabetização e letramento, e como entender que a inteligência emocional está interligada à cognição.

A partir da prática vivenciada nos estágios, presenciou-se diferentes realidades profissionais. Professores que usavam da inteligência socioemocional em sua prática de ensino e outros que não faziam uso dela. Mediante os resultados vividos aumentou o interesse pelo tema. Posto isso, o presente estudo se fundamenta nas teorias de Vygotsky (1978, 2003), Henri Wallon (1934), Emília Ferreiro (1996, 2000) e a Base Nacional Comum Curricular (2019).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante do constante crescimento educacional, além do desenvolvimento cognitivo do educando, é necessário que a escola assuma o papel de responsabilidade intelectual do educando, tornando-se responsável pelo desenvolvimento socioemocional do mesmo. Ao abordar a alfabetização no contexto atual, é necessário o professor entender que, além do educando compreender o alfabeto, há fatores externos e internos que interferem no êxito da alfabetização na idade certa, considerando que as emoções diárias, sejam elas no âmbito escolar ou no convívio familiar, trazem ao educando consequências ao seu aprendizado.

O desenvolvimento psicológico de cada indivíduo tem seu processo de maturação. Desde os primeiros anos de vida, há expressões de sentimentos e emoções sejam elas internas ou reflexo do seu meio externo. O cérebro humano é capaz de ser adaptado e desenvolvido durante toda a vida humana. Sendo assim, os comportamentos são capazes de mutação e aprendizado, podendo aperfeiçoar e amadurecer as emoções através das experiências. Os sentimentos se dão através das emoções e são uma representação cognitiva, seja consciente ou inconsciente. Portanto, o desenvolvimento intelectual e cognitivo necessário para o processo de alfabetização e letramento obtém maior sucesso quando consideradas as emoções em sala de aula.

Wallon e Vygotsky ressaltam maneiras para melhor entender-se as emoções no processo de aprendizagem. De acordo com Wallon (1934, p. 123), “as emoções são sistemas comportamentais com efeito de uma espécie de prevenção que depende do hábito dos indivíduos”, ou seja, as emoções precedem através do comportamento de cada ser humano.

Para Vygotsky (OLIVEIRA, 1999), o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento, isto é, o aluno não tem que se sentir só emocionalmente estável, ele precisa que o professor apresente conteúdos escolares eficazes, envolvendo interações sociais, e transmita estabilidade emocional para êxito desse processo.

Os professores alfabetizadores precisam abordar a mediação das emoções no processo de aquisição da leitura e da escrita, e associar a realidade do educando com sua atuação interacional das vivências do dia a dia, ressaltando como a emoção está presente na dinâmica do processo de alfabetização. Se os professores alfabetizadores exercem sua função, abordando e considerando as emoções em sua metodologia, o resultado será que há melhor aquisição da linguagem, da escrita e de tantos outros campos do conhecimento. Torna-se possível proporcionar ao aluno o aprender a pensar, a falar, a ler, a escrever no mesmo nível de importância do aprender a sentir, a se doar e se expressar.

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Vale ressaltar que “a emoção traz, em si, possibilidades de ser interpretada e de provocar no outro respostas” (WALLON, 1934, p. 123). Portanto, é possível identificar comportamentos na criança através da emoção que ela expressa, interpretar suas atitudes sem palavras propriamente ditas. E através desse reconhecimento é possível assimilar tanto o êxito do aprendizado quanto suas dificuldades, podendo propor mudança através da emoção expressa ou complementar.

Sabe-se que, as emoções possuem sua diversidade, seja alegria, tristeza, frustração, amor, dentre tantas outras. É complexo abordá-las e expressá-las, considerando que cada indivíduo dentro da sua particularidade não expressa a mesma emoção da mesma maneira. Assim, torna-se ainda mais necessário o professor compreender que a emoção faz parte do desenvolvimento humano. As emoções não são inatas, pois passam por transformações e até mesmo novas expressões e ao abordá-las no processo de alfabetização, é crucial entender que uma atividade proposta a uma mesma turma, pode gerar diferentes reações psíquicas, trazendo reflexos em seu aprendizado e comportamento atitudinal.

Vygotsky (1978) esclarece que as emoções têm caráter individual e são reflexos do meio, ou seja, o indivíduo expressa distintas emoções de diferentes formas através do social em que está inserido. Uma criança, na maioria das vezes, não expressa um mesmo sentimento na sala de aula que expressa em sua casa com seus familiares. Por isso, é importante o professor compreender seu meio social e relacioná-lo ao método de ensino.

Diante do olhar social, a escola é vista como um lugar de aprendizado de competências específicas (português, matemática, entre outras), quando na verdade é além disso. A escola é um ambiente de desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. É primordial entender que as emoções são elementos indispensáveis ao aprendizado e estão fortemente ligadas ao intelecto. Para Vygotsky (2003) a emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. A preocupação do professor deve ser que seus alunos assimilem conteúdo e o sintam, pois as emoções devem fazer parte do processo educativo.

Todas as ações do ser humano passam por desenvolvimento. Quando crianças, muitas vezes se reage à frustração com uma “birra”, ao crescer um pouco e chegar na adolescência pode acontecer o isolamento social, familiar e na vida adulta já tem uma outra maneira de expressá-la.

Sendo assim, torna-se claro que todas as ações humanas e pensamentos são dirigidos pelas emoções.

Quando se fala em alfabetizar considerando as emoções tanto do educador como do educando, é necessário entender o fundamento e significado dessa função, começando por compreender que é impossível alfabetizar sem letrar. Soares (2009, p. 20) diz que alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando é sem dúvida o caminho para superar os problemas na etapa de

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escolarização. Alfabetizar torna o cidadão capaz de se desenvolver; ensinar a ler e escrever palavras dá ao educando uma determinada independência, tornando-o capaz das atividades sociais como escrever o próprio nome, ler uma placa, um letreiro de um ônibus; não é apenas ler e escrever palavras, é leitura de mundo.

A alfabetização ocorre por meio de um processo, não há uma forma de ensiná-la como um método pronto e acabado e nem cabe ao professor determinar o momento que iniciará esse processo e quando terminará, sendo ela um processo nada mecânico.

4.1 Práticas Pedagógicas Ressignificadas

Alfabetizar consiste em um obstáculo para a instituição, para os educandos e para os educadores, por ser uma fase de suma importância no processo inicial de escolarização. São primordiais inúmeros aspectos metodológicos para desempenhar na criança competência para ler, escrever, interpretar textos e letramento matemático. Nessa perspectiva, é primordial, também, entender as novas organizações educativas que decorrem das transformações de novas tecnologias, compreensões que vêm impulsionando novas propostas para alfabetização, seja ao abordar ou criar novos materiais pedagógicos, acrescentar novas teorias e também abordar as emoções nessa nova ideia de práticas pedagógicas para alfabetizar e letrar.

Abordar as práticas pedagógicas exige identificar que é possível encontrar vários significados. Há muitos elementos envoltos no aspecto de uma aula: são os alunos, os professores, os materiais utilizados, o objeto de ensino, são conjuntos de coisas que qualificam o método de ensino e aprendizagem. E é nesse espaço, com essa ligação de atuações que alguns conceitos vêm sendo construídos e desconstruídos. Dentro disso, há diversidades de aspectos a serem observados, dentre eles, abordar a educação emocional nos planos de aula, em projetos e na metodologia, conciliando-a às práticas pedagógicas e, talvez, este deva ser o ponto de partida.

A Inteligência Emocional apresenta uma especificidade transformadora que permite aos indivíduos controlar suas emoções e ter a capacidade de entender as emoções dos outros. Ela é um conceito da Psicologia que vem sendo estudada desde a década de 1990. Seu principal papel é produzir recursos propostos por psicólogos ou psicopedagogos que possibilitam aos educadores conhecer as suas próprias emoções e de seus alunos para obter êxito em todo desenvolvimento educacional.

Ao longo do tempo manteve-se que o êxito profissional era algo estabelecido pelo conhecimento intelectual do sujeito, isto é, a capacidade da sua inteligência. Contudo, atualmente essa competência de dominar a si e conhecer o outro vem sendo relacionada a alguns métodos. Com o intuito de conhecer a Inteligência Emocional, é necessário entender que cada

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um pode oferecer estratégias de abordagens da emoção dentro do espaço escolar desde que as compreendam e as tornem como práticas de ensino.

Por meio da década de 1990, um psicólogo definiu o conceito sobre a inteligência e que é de suma importância, defendendo que todas as escolas incluíssem na sua metodologia essa percepção de emoção (ANTUNES, 2003); ele também dividiu a inteligência em conceito verbal e conceito lógico-matemático. Já Goleman (1995) defendeu o conceito de emoção como algo vinculado ao pensamento, facilitando as tomadas de decisões. Portanto, o pensamento encontra-se relacionado às capacidades cognitivas que ocorrem por meio de técnicas de ação dadas através de emoção do pensamento.

Antunes (2003) mostra os cinco passos da inteligência emocional apontado por Goleman (1995) que estão associados à prática docente, sendo: Autoconhecimento, que seria a capacidade de identificar seus próprios sentimentos. Administração das emoções, a habilidade de controlar impulsos, aliviar a ansiedade e controlar a raiva. Empatia seria a capacidade de se colocar no lugar do outro. Automotivação é a capacidade de preservar e conservar o otimismo; e a Capacidade de relacionamento, que é a habilidade em lidar com as reações emocionais de si e de outras pessoas (ANTUNES, 2003).

Se no processo de alfabetização é impossível trabalhar sem abordar o letramento, também não é possível falar da alfabetização emocional sem adentrar ao letramento emocional. De todos os âmbitos da vida humana, é complexo imaginar alguma parte que não seja tocada pelas emoções. Elas estão presentes em todos os aspectos do nosso dia a dia e não deixa de estar presente também na relação professor-aluno, na sala de aula.

O letramento emocional refere-se a ler e escrever o mundo emocionalmente em um contexto social. Diante disso, pode-se refletir sobre o valor de compreender não somente as emoções no processo de ensino-aprendizagem, mas saber trabalhá-las em sala de aula. Sendo assim, o letramento emocional, apresentado por Barcelos (2015), apresenta uma concepção de trabalho com as emoções em sala de aula que além de significativa, excede até mesmo o ambiente de convívio escolar.

Mesmo as emoções sendo diversas e de diferentes expressões em cada indivíduo, dentro do método de ensino da alfabetização, a emoção e a cognição andam de mãos dadas. Não é possível separar os elementos afetivos da nossa psicologia e da nossa mente e das interações com outras pessoas (WILLIAMS et. al., 2015). Ao abordar as emoções em sala de aula, referem-se às ações e reações cerebrais, sejam elas inconscientes ou instintivas como também a reações cerebrais que envolvem a individualidade e juízo de valor cada indivíduo.

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4.2 Competências Cognitivas e Socioemocionais

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta que assim como o desenvolvimento cognitivo, as competências socioemocionais devem ser essenciais nas salas de aula. De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018), é essencial que os estudantes sejam capazes de: respeitar os sentimentos, emoções e saber expressá-los, atuando com autonomia emocional; saber também atuar em grupo e demonstrar interesse em novas relações, respeitando a diversidade e sendo solidário com os outros; saber conhecer e respeitar regras, manifestando respeito pelo outro.

Acerca dessas conjunções de aprendizado é que se deve orientar o educando para o momento e para a vida. São indispensáveis abordar as competências existentes no aprendizado socioemocional, sendo elas: autoconsciência, autogerenciamento, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável; identificar emoções, desenvolver autoconfiança; saber olhar as coisas com perspectiva, ter empatia, ter disciplina, buscar objetivos, construir habilidades; identificar problemas, analisar situações, solucionar problemas, refletir, ter responsabilidade e ter ética. Ao executar as habilidades propostas pela BNCC em sala de aula, as competências socioemocionais geram resultados positivos na vida e aprendizado do aluno.

A BNCC desde sua criação vem se reformulando, e em abril de 2017 passou a agregar à sua formulação a competência socioemocional, dando prazo às instituições para que até o ano de 2019 todas estivessem preparadas a tais mudanças e com capacidade fundamental de desenvolvê-las com flexibilidade e exatidão, sendo estas essenciais para o trabalho escolar. As novas competências se centralizam em habilidades não cognitivas, porém, defendem coisas que caminham juntas. Pode-se assim associá-las à alfabetização e ao letramento, que também são indissociáveis.

Essa ideia tem ganhado força através de teóricos e profissionais da área educacional e psicológica ao defender que as características relacionadas ao comportamento humano estão diretamente associadas às emoções, e quando consideradas e bem trabalhadas podem gerar impacto positivo no aprendizado individual de cada aluno e no resultado final de toda a turma como um todo. A proposta da BNCC é articular a competência socioemocional à aprendizagem de outras habilidades relacionadas às áreas de conhecimento nela contidas. Contudo, aplicar tal proposta no dia a dia é um desafio diário, pois são necessárias diversas adaptações, desde o espaço físico ao preparo e prática das aulas. Entretanto mesmo as dificuldades não tornam essa missão impossível, trazendo êxito e bons resultados no processo de ensino e de aprendizagem (BNCC, 2018).

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Abordar o processo de ensino-aprendizagem, com exatidão, exige que o ensino das habilidades socioemocionais seja trabalhado por etapas, dando início a ele na mudança do currículo da escola, depois na formação docente, logo após, adequar o plano de aula de acordo com cada turma e necessidade e, por fim, organizar e preparar todo o material didático. A BNCC é um procedimento de suma importância para a qualidade e equidade da educação brasileira. E, além disso, ela representa um avanço no desenvolvimento social e nas propostas pedagógicas (BNCC, 2018).

4.3 Importância do Papel do Professor na Mediação das Emoções

Quando a criança ingressa na vida escolar já leva consigo o conhecimento de mundo ao qual está inserida e nessa perspectiva está também sua vida afetiva. O mesmo ocorre ao fim de cada ciclo educacional, a criança que sai da educação infantil para o início da alfabetização e letramento, carrega consigo diversos sentimentos. A escola e o professor, de mesmo modo, exercem um papel fundamental na formação social, cognitiva e psíquica do indivíduo.

Portanto é necessário que o professor conheça o desenvolvimento emocional de si e do seu alunado, levando em consideração, para essa nova etapa, os conteúdos apreendidos nas fases anteriores. Assim, ao unir o emocional, provavelmente, o professor conseguirá quebrar o circuito perverso em que vem envolvido a reagir cordialmente. Em outras palavras, que conheça os seus alunos no aspecto não somente objetivo, mas também emocional. Para muitos, o afeto da professora pode significar a continuação e até a permanência na escola, pois a entrada na escola sempre é uma situação delicada e difícil, pois representa o primeiro afastamento da família. E a escola, como aspecto legítimo para a educação da criança, deve procurar articular a união dessa vida afetiva com a escolar.

A formação do professor se inicia antes mesmo do curso de pedagogia, dá-se a partir do contato físico e emocional. Um professor que considera o socioemocional de seus alunos cria com eles uma conexão, dando resultados satisfatórios no aprendizado e bem estar no espaço da escola. Por isso é importante que ele se reconheça como agente ativo na abordagem das emoções no contexto escolar.

As manifestações de emoções estão presentes em todas as questões e aspectos abordados pelo professor, principalmente nas que envolvem a sensação de bem-estar de seus alunos. Dar a devida importância ao socioemocional em sala de aula torna as experiências um resultado afetivo positivo com relação à alfabetização. Com relação à escola, é importante que seja um espaço que promove cultura e que considere os aspectos cognitivos, tornando-os indissociáveis, fazendo com que o desenvolvimento integral do indivíduo obtenha êxito.

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A escola é o espaço onde devem expor aprender e reaprender conteúdos e também de construir e reconstruir sentimentos e emoções. E esses sentimentos quando estimulados, incentiva o sujeito a se perceber como agente de valor social, motivando-o a sair do senso comum. A emoção contribui para a formação e desenvolvimento de um pensamento crítico, possibilitando melhor desenvolvimento cognitivo, resultando em menos defasagem de aprendizagem e técnicas para o procedimento em sala de aula.

A prática docente como processo relacional exige do professor capacidade de se relacionar interpessoalmente, saber ser gestor de suas próprias emoções e do outro. Dessa forma, o desenvolvimento da inteligência emocional representa o elemento principal para melhor desenvolvimento social e de aprendizagem, possibilitando também melhor relação interpessoal e profissional entre professor e aluno.

É pertinente ao sucesso educacional a prática de capacitar os professores na dimensão emocional, sendo uma necessidade sentida tanto pelos educadores quanto pelos educandos. Estrela (2010) referiu-se aos professores como profissionais que possuem necessidade de autorregulagem das suas emoções, para evitar o descontrole e o desgaste emocional. Professor que trabalha suas ações emocionais é capaz de enxergar no educando as necessidades socioemocionais, evitando reflexos negativos em sua ação pedagógica. Fernández-Berrocal e Extremera (2002) conceituam que

é importante refletir sobre os desafios que a transformação educacional nos traz, dentro delas, a inclusão das competências socioemocionais de uma maneira mais explícita dentro da vivência escolar. Eles ainda defendem que é necessário o professor ter que ser capacidade de ensinar a matemática do coração e a gramática das relações sociais (FERNÁNDEZBERROCAL; EXTREMERA, 2002, p. 6).

É preciso enfatizar que é necessário o ensino de história, geografia, matemática, entre outras, tanto quanto a valorização da alegria, tristeza, frustração, euforia. É necessário não só transmitir determinadas disciplinas, mas que o educando possa senti-las.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa bibliográfica apresentada surgiu a partir do questionamento em que procurou-se entender como as emoções interferem na aquisição da leitura e da escrita do sujeito. Perante essa indagação foi realizada uma busca na qual notou-se certa escassez ao se tratar das emoções vinculadas ao aluno em sala de aula, mesmo sendo algo de fundamental relevância. Sabe-se que uma criança psicologicamente saudável tende a uma aprendizagem eficaz perante as crianças com a estrutura psicológica abalada.

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Durante a elaboração do presente trabalho surgiram novos questionamentos, tais como o papel fundamental do professor como mediador dessas emoções. Torna-se extremamente importante uma boa formação do docente para que ele compreenda suas próprias emoções e oriente os educandos a gerir também os próprios sentimentos.

Pode-se também observar que as emoções têm tomado um lugar de destaque no âmbito educacional brasileiro. É possível notar isso de forma nítida ao analisar que a Base Nacional Comum Curricular regulamenta quais são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas na escola. O documento citado apresenta em seu teor textos específicos relacionados ao desenvolvimento socioemocional. A BNCC valoriza a expressividade da emoção dos alunos, reconhecendo a importância da autonomia emocional, seguindo assim até alcançar uma relação entre a aprendizagem e as habilidades emocionais.

O presente trabalho tem como foco nessa aprendizagem o processo de alfabetização e letramento que exige tanto do professor quanto do aluno para que o processo ocorra com êxito. Desse modo se faz necessário que o professor tenha uma bagagem para que possa compreender seu próprio sistema emocional e assim guiar seus alunos a ter autodomínio sobre si.

Compreender que a alfabetização e o letramento são compostos por fases é essencial para que este profissional estimule o amadurecimento dos educandos. Essa atitude do professor é garantia de sucesso no processo de leitura e escrita, assim como no processo de letramento, que faz com que o aluno se torne um sujeito com senso crítico capaz de interpretar o mundo escrito que está a sua volta. Esse aluno-sujeito, ao habitar uma sociedade complexa e multifacetada, é capaz de compreender o ambiente em que convive, gerindo suas emoções e obtendo sucesso através do autocontrole, diretamente ligado a sua aprendizagem adquirida no âmbito educacional.

6 REFERÊNCIAS

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