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AUTO DA BARCA DO INFERNO GIL VICENTE

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Academic year: 2021

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(1)

AUTO DA BARCA DO

INFERNO

(2)

Teatro vem de Theatron (grego)

– significa “o

que se vê”

Tem origem na Grécia

O Homem sentiu a necessidade de exteriorizar

os seus sentimentos e as suas sensações

Assim, nasceram os atos lúdicos, a dança e

mais tarde o que chamamos teatro

Começou por ser a narração de lendas ligadas

aos deuses da mitologia grega

Na Grécia e Roma antigas, os escritores

produziam tragédias e comédias

(3)

Para se compreender o “Auto da Barca do

Inferno” deve-se ter presente que esta obra foi

escrita num período da história que

corresponde à transição da Idade média para a

Idade Moderna.

O seu autor, Gil Vicente, enquadra-se

justamente nesse momento de transição, ou

seja, está ligado tanto ao medievalismo quanto

ao humanismo. Esse conflito faz com que Gil

Vicente pense em Deus e ao mesmo tempo

(4)

O reflexo desse conflito interior é

visto claramente na sua obra, pois

ao mesmo tempo que critica, de

forma impiedosa, toda a sociedade

de seu tempo, adoptando assim

uma postura moderna, tem ainda

o pensamento voltado para Deus,

característica típica do mundo

(5)

Gil Vicente (dramaturgo de cariz satírico) utiliza

vários processos geradores do riso na sua crítica

social (SÁTIRA)

Criticar, provocando o riso nos espectadores,

não só era mais divertido e adequado à função

lúdica que o teatro vicentino tinha, como também

permitia que a crítica fosse mais facilmente

aceite.

• O teatro de Gil Vicente é de natureza e alcance

social, logo NÃO visa criticar indivíduos determinados, MAS instituições, classes ou grupos sociais, por isso é que ele utiliza as personagens-tipo.

(6)

O “Auto da Barca do Inferno”foi apresentado

pela primeira vez em 1517, à rainha D. Maria de

Castela

Este Auto, classificado pelo próprio

autor como um “

auto de moralidade

”,

tem como cenário um porto imaginário,

onde estão ancoradas duas barcas:

uma como destino o paraíso, tem como

comandante um anjo; a outra, com

destino ao inferno, tem como

comandante o diabo, que traz consigo

um companheiro.

(7)

Todas as almas, assim que se desprendem dos corpos, são obrigadas a passar por esse lugar para serem julgadas.

Dependendo dos actos cometidos em vida, são condenadas à

Barca da Gloria ou à do Inferno.

Quanto ao estilo, pode-se dizer que todo o Auto é escrito em

tom coloquial, ou seja, a linguagem aproxima-se a da fala, revelando assim a condição social das personagens, e todos o versos são Redondilhas maiores, ou seja, versos com sete sílabas métricas.

(8)

As rimas obedecem, geralmente, ao esquema

A,B,B,A,A,C,C,A

como se pode ver na fala do onzeneiro:

“Olá, ó demo barqueiro! (A)

Sabeis vós no que me fundo (B) Quero lá tornar ao mundo (B) E trarei o meu dinheiro (A) Aqueloutro marinheiro (A)

Porque me vê vir sem nada (C) Dá-me tanta borregada (C)

(9)

Em relação a estrutura externa pode-se dizer que o Auto possui um único acto, dividido em cenas, nas quais predominam os diálogos entre as almas que estão sendo julgadas com o Anjo e com o Diabo. Os personagens do Auto, com exceção do Anjo de do Diabo, são representantes típicos da sociedade da época (personagens-tipo). Raramente aparecem identificados pelo nome, pois são designados pela ocupação social que exercem.

Como exemplo pode-se citar

(10)

No começo do Auto, o Anjo divide o

palco com o Diabo e o seu

companheiro. Os dois últimos estão

muito eufóricos, enquanto realizam os

preparativos da sua barca, pois sabem

que ela partirá repleta de almas.

As posturas assumidas pelo Anjo e

pelo Diabo acentuam ainda mais a

tradicional oposição entre

Bem

e

Mal

.

As poucas falas fazem do Anjo uma

figura quase estática e se contrapõe à

alegria e ironia do Diabo.

(11)

A primeira alma a chegar para o julgamento é o Fidalgo. Traz um manto (símbolo da vaidade) e vem acompanhado por um

pajem (símbolo da tirania) que carrega uma cadeira (símbolo do seu estatuto social). Esse representante da nobreza é

condenado à barca do inferno por ter levado uma vida tirana cheia de luxúria e pecados.

(12)

O segundo personagem que sofre

julgamento é o onzeneiro ambicioso. Ao

chegar à barca do inferno o Diabo o chama-lhe “meu parente”.

Ao descobrir o destino do batel infernal, ele recusa-se a embarcar e vai até a barca da gloria, mas o Anjo acusa-o de onzena

(agiotagem) e não permite a sua entrada.

Condenado pela ganância, usura e avareza, retorna à barca do inferno e tenta convencer o Diabo a deixá-lo voltar ao mundo dos vivos para buscar o dinheiro que acumulou

durante a sua vida.

Mas o diabo não cede aos seus argumentos e ele acaba embarcando no batel infernal.

(13)

A próxima alma a chegar é o Parvo. Desprovido de tudo, ele é recebido pelo Diabo, que tenta convencê-lo a entrar em sua barca. Ao descobrir o destino do batel infernal, o parvo insulta o Diabo e vai até a o batel da glória.

Lá chegando, o parvo diz não

ser ninguém e, por causa da sua humildade e modéstia, a sua

(14)

O outro personagem que entra em cena é o Sapateiro, que traz consigo todas as ferramentas necessárias para a execução do seu trabalho (formas e avental).

Ao saber o destino da barca do inferno, ele recorre ao Anjo, mas a sua tentativa é vã e ele é condenado por roubar o

povo com seu ofício durante 30 anos e pela sua falsidade religiosa.

(15)

Acompanhado pela amante, o próximo personagem a entrar em cena é o Frade. Alegre, cantante e bom dançarino, o frade veste-se com as tradicionais

roupas sacerdotais e sob elas, instrumentos e roupas usadas pelos praticantes da esgrima, de que ele se revela muito hábil. O Frade indigna-se quando o Diabo o convida a entrar em sua embarcação, pois acredita que seus pecados deveriam ser perdoados, uma vez que ele é um representante da Igreja.

Sempre acompanhado da amante, segue até o batel da glória. onde o Anjo nem sequer lhe dirige a

palavra, cabendo ao Parvo a tarefa de condenar o frade à barca do inferno por seu falso moralismo religioso.

(16)

Depois do Frade, entra em cena Brísida Vaz, uma mistura de feiticeira com

alcoviteira. Ao ser recebida pelo Diabo ela declara possuir muitas jóias e três arcas cheias de materiais usados em feitiçaria. Mas seu maior bem são “seiscentos virgos postiços”. Como a palavra “virgo”

corresponde ao hímen, pode-se dizer que a alcoviteira Brísida Vaz prostituiu 600

meninas virgens. No entanto, o adjetivo postiço dá margem a interpretação de que as moças não eram virgens e Brísida Vaz enganou seiscentos homens.

(17)

Ao saber qual era o destino do

batel infernal, ela vai até à barca do Anjo e, com um discurso

semelhante ao usado nas artes da sedução, tenta convencer o anjo a deixá-la embarcar. Mas essa

tentativa é inútil, pois ela é

condenada à barca do inferno pela prática de feitiçaria, prostituição e por alcovitagem.

(18)

O próximo personagem que entra cena é o

Judeu, acompanhado de seu bode, símbolo do judaísmo. Ele dirige-se ao batel infernal é até mesmo o Diabo, que sempre mostrou-se muito desejo por almas, se recusa a levá-lo. O Judeu tenta subornar o Diabo, mas esse, sob pretexto de não levar bode em sua barca, aconselha-o a procurar a “outra” barca. O judeu então tenta aproximar-se do Anjo, mas o Parvo acusa-o de ter desrespeitado o Cristianismo.

O Diabo acaba por levar o Judeu e o bode

rebocados na sua barca, pois é

«mui ruim

pessoa»

(19)

Depois do Judeu, entra em cena o Corregedor. Traz

consigo vários autos (processos) e pode ser comparado aos juizes actuais. Ao ser convidado a embarcar no batel

infernal ele começa a argumentar em sua defesa.

No meio da conversação, chega o Procurador, trazendo consigo vários livros. Ao ser convidado a embarcar, ele também se recusa e os dois representantes do judiciário conversam sobre os crimes que cometeram juntos e

seguem para a barca da glória.

Ao chegarem, o Anjo, ajudado pelo Parvo, não permite

que eles embarquem, condenando-os ao batel infernal por usarem o poder do judiciário em benefício próprio.

(20)

O próximo personagem a entrar em cena é o Enforcado, que ainda traz no pescoço a corda usada no seu

enforcamento.

Ele acredita que a morte na forca o

redime dos seus pecados, mas isso não ocorre e ele é condenado.

(21)

Os últimos personagens a entrar em cena são os quatro Cavaleiros

que morreram nas cruzadas em defesa do Cristianismo.

Eles passam, cantando, pelo batel infernal, o Diabo convida-os a entrar, mas eles seguem em direcção ao batel da glorificação, onde são recebidos pelo Anjo.

O facto de morrer a lutar pelo Cristianismo garante a esses personagens uma espécie de passaporte para a salvação.

(22)

1.

CÓMICO

(algo que resulta de uma coincidência, um

contraste, um desajuste, seja comportamental ou

situacional)

Cómico de situação

(resultado da própria situação, das

circunstâncias criadas pelas personagens);

Cómico de carácter

(resulta do temperamento, da maneira de ser ou

estar, da personalidade);

(23)

CÓMICO DE LINGUAGEM

(resulta do uso de vários recursos linguísticos que têm como função provocar o riso)

EX.:

1.

Uso de calão

2.

Diferentes registo de língua

3.

Ironia

4.

Jogo de palavras

5.

Pragas, rezas, provérbios

(24)

2. IRONIA

• recurso muito utilizado por G. Vicente;

• dizer o contrário do que se pensa, usando uma entoação que o dê a entender.

3. PERSONAGENS-TIPO

• personagens-tipo que representam uma classe, uma profissão, uma idade;

• Personagens detentoras de características

atribuíveis ao grupo social, profissional ou etário a que pertencem, sem densidade psicológica e

interior que poderia fazer delas casos únicos e singulares.

Referências

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