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Escrito por Volney Berkenbrok Seg, 07 de Agosto de :21 - Última atualização Seg, 07 de Agosto de :23

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Academic year: 2021

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Definições Clássicas de Religião (Exemplos)

W. Schmidt: religião está ligada à origem da idéia de Deus. Ele compreende divindade como “reconhecimento de um ou mais seres pessoais que sobressaem além das condições terrenas e temporais”

G. Widengren: A crença em Deus constitui o mais íntimo da religião. E descreve sua compreensão de Deus pela expressão “determinador do destino”. Estas duas definições supõem o reconhecimento da divindade (fé num ou mais seres divinos) como essencial para a religião. Com isso houve a discussão sobre a dificuldade de reconhecer o budismo como religião, pois nele não há a figura de divindade.

E. Durkheim: Este, percebendo a dificuldade com as definições anteriores por causa da questão de Deus, centra sua definição de religião num outro conceito, ao afirmar que a

característica do pensamento religioso é a “divisão do mundo em duas esferas, das quais uma abrange tudo o que é santo, a outra tudo o que é profano”. Durkheim ligou o seu conceito de Religião a um outro: o princípio sociológico de comunidade religiosa (moral / Igreja). É

constitutivo da religião a organização em comunidades.

R. Otto: Este filósofo e teólogo toma como base para sua definição de religião a experiência religiosa e introduz na discussão um conceito que muito vai influenciar a compreensão de religião, que é a idéia de “sagrado”. Na base da religião está a experiência do sagrado, do estranho, do numinoso. Esta experiência, que fascina e atemoriza o ser humano é elaborada nas religiões, com suas idéias de normas e leis morais. Por trás da racionalidade religiosa está

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porém algo irracional na experiência do sagrado/divino.

F. Heiler: Baseado na compreensão fenomenológica de Otto, Heiler define religião como “lida com o sagrado”.

B. Modin: Este pensador elabora sua definição de religião baseado na atitude do ser humano diante da experiência do sagrado e define religião como um conjunto de conhecimentos, de ações e de estruturas através dos quais o ser humano exprime reconhecimento, dependência e veneração em relação ao Sagrado.

A. Lang: Religião acontece quando o ser humano assume diante do Sagrado e do Divino uma postura subjetiva totalmente particular, isto é, quando é emotivamente atingido e atraído pelo objeto e entra em contato pessoal com ele.

M. Eliade: Outro a trabalhar seu conceito de religião na esteira da reflexão iniciada por R. Otto foi M. Eliade, que centra sua compreensão de religião também na experiência religiosa, na experiência do sagrado, mas enquanto manifestação na esfera do profano. Religião está ligada à manifestação do divino/sagrado em meio ao profano. Por isso, o elemento central da religião é a hierofania (manifestação do sagrado no âmbito do profano). A história das religiões é a história de hierofanias. As religiões são diferentes por causa do contexto cultural onde uma hierofania é percebida e interpretada, mas não deixam todas elas de ter um fundo comum. M. Eliade assume de certa maneira a compreensão de base proposta por Durkheim: interpretar a religião como algo que está ligado à divisão do mundo nas esferas do santo/sagrado e do profano. Trabalha a sua compreensão de religião porém como uma interface entre as duas esferas: o ponto de encontro. Ao definir o ponto de encontro como hierofania, supõe de certa maneira uma “iniciativa” da esfera do sagrado neste encontro.

P. L. Berger: Este teórico segue na linha de Otto e Eliade, mas dá um passo à frente no

sentido de entender religião não apenas como uma experiência do sagrado ou manifestação do sagrado no profano, mas como o empreendimento do ser humano no sentido de construir um cosmos a partir do sagrado. A partir da experiência do sagrado, o ser humano constrói uma sociedade na qual esta experiência tem função de parâmetro. Religião é esta construção social a partir do sagrado.

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Th. Luckmann: Este segue de certa maneira o pensamento de Berger, no que tange à compreensão de religião como construção de um cosmo. Não liga porém esta construção necessariamente ao conteúdo do sagrado, mas à necessidade do ser humano de

transcender-se. Assim vê ele a religião a partir do ponto de vista funcional e a entende como “iniciação e introdução forçada num sistema lógico que transcende a existência individual”. A religião é definida como “aquilo que permite que o homem se torne homem”. Através da construção social “religião” (sem levar em conta seu conteúdo, p.ex. se a religião propõe a salvação) o ser humano encontra um caminho de “realização”. Esta definição de Luckmann entra já num outro tema amplo que tem sido discutido em torno da religião: faz a religião parte do “ser” humano, é o ser humano em sua “natureza” um ser religioso (homo religiosus), ou seria a religião um condicionamento cultural. A definição de Luckmann supõe que não existe ser humano sem religião, nem sociedade sem religião.

N. Smart: Este amplia a discussão ao introduzir um conceito novo no debate: worldview (visão/compreensão da totalidade. Neste contexto vê ele religião, como uma sistema de

elaboração de uma visão da totalidade. Não porém apenas o que tradicionalmente se entende como religião é incluído neste conceito de worldview. Também às ideologias totalizantes se atribui o mesmo caráter.

J. Waardenburg dá um passo adiante neste mesmo rumo ao afirmar que as religiões são sistemas de orientação da humanidade. Faz porém uma distinção entre sistemas de orientação religiosos e seculares.

Exemplos acerca da definição de Religião[1]

O cosmos é uma roda gigantesca que faz 10.000 revoluções por minuto. O ser humano é uma mosca doente que entra nela para dar um vertiginoso passeio. Religião é a teoria de que a roda foi projetada e posta a girar para proporcionar o passeio ao ser humano (H .L. Mencken).

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A religião esconde a face de Deus (Martin Buber)

É um sistema de crenças e práticas de que um grupo de pessoas se serve para enfrentar os problemas últimos da vida humana (J. M. Yinger)

É a crença em seres espirituais (E. B. Tylor) “Parece preferível colocar simplesmente como definição mínima de religião a crença em seres espirituais – seres com poderes superior aos que possui o comum dos homens”. R. Robertson acrescenta a Tylor: religião “refere-se à existência de seres sobrenaturais que tem efeito no reger a vida”. J. Frazer continua a

afirmação,dizendo que o conceito de religião consiste em dois elementos principais: a crença em poderes sobrenaturais e ações humanas invocando, respeitando e adorando os mesmos.

Religião é o que o indivíduo faz com sua solidão (...) instituições, igrejas, ritos, bíblias, códigos de conduta são os adornos da religião, são suas formas passageiras. (Alfred North Whitehead)

Quaisquer crenças que envolvem a aceitação de uma esfera sagrada, transempírica e qualquer comportamento destinado a afetar a relação da pessoa com essa esfera (Peter Connolly)

É a presença no mundo de algo espiritualmente maior do que o próprio ser humano (...) a meta do ser humano é buscar comunhão com a presença que está por trás dos fenômenos (Arnold Toynbee)

É uma emoção ou moralidade tocada pela emoção (Herbert Spencer)

A religião é uma ilusão (Sigmund Freud)

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plano humanos e realidades humanas (B. Malinowski)

É o suspiro da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem coração, a alma num mundo sem alma; é o ópio do povo (Karl Marx).

A religião é um vírus (Richard Dawkins)

É uma forma de vida (a maioria das religiões)

Religião é um organismo com sete dimensões: ritual, doutrinal, mítica ou narrativa,

experimental ou emocional, ética ou jurídica, organizacional ou social, material ou artística (Ninian Smart).

Religião é um anseio revolucionário, um impulso psicossocial para gerar uma nova humanidade (Aloysius Pieris).

Religião é o laço que liga o ser humano ao sagrado e que o impede de se sentir perdido no meio de um mundo que nunca dominará totalmente (J. Delumeau)

A religião é caracterizada por três níveis principais: a) teorético (sistema de crenças); b) prático (sistema de rituais; c) social (sistema de relações sociais) (Joachim Wach).

Através de seus aspectos cognitivos e emocionais, a religião apresenta um sentido global de orientação e sentido para a vida humana, e oferece os mecanismos para um ajustamento a aspectos da situação humana que estão além do controle do homem [...] a religião é

essencialmente uma forma de cultura, na medida em que participa desse esforço de reduzir incertezas, compensar a impotência humana e reduzir frustrações da escassez e da

distribuição de recursos (O’Dea).

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Religião é um sistema cultural, (1) um sistema de símbolos que atua para (2) estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens através da (3) formulação de conceitos de uma ordem de existência geral e (4) vestindo essas concepções com tal aura de fatualidade que (5) as disposições e motivações parecem singularmente realistas (Clifford Geertz).

Religião é uma coisa para o antropólogo, outra para o sociólogo, outra para o psicólogo (e outra ainda para outro psicólogo!), outra para o marxista, outra para o místico, outra para o zen-budista e outra ainda para o judeu ou o cristão. Existe, por conseguinte, uma grande

variedade de teorias religiosas sobre a natureza da religião. Não há, porém, nenhuma definição universalmente aceita de religião, e possivelmente nunca haverá (John Hick)

[1] Definições citadas por: R. Crawford, O que é Religião? Petrópolis: Vozes, 2005, p. 13-14; e por: D. Rodrigues, O que é Religião? Aparecida: Santuário 2013, p. 14-33.

Referências

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