PROPOSTA DE SENTENÇA

Juízo: Vara do JEC da Comarca de Viamão Processo: 9002681-46.2016.8.21.0039

Tipo de Ação: Responsabilidade do Fornecedor :: Substituição do Produto Autor: Jorge André Vasconcelos de Freitas

Réu: Bell Center Comércio de Confecções Ltda. Local e Data: Viamão, 31 de outubro de 2016

PROPOSTA DE SENTENÇA

Trata-se de AÇÃO DE ORIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO ALTERNATIVO DE que

RESTITUIÇÃO DE VALOR CUMULADA COM PEDIDO DE DANOS MORAIS JORGE

move em desfavor de

ANDRÉ VASCONCELOS DE FREITAS BELL CENTER COMÉRCIO

.

DE CONFECÇÕES LTDA

A autora alegou no pedido inicial que comprou uma calça no estabelecimento comercial demandado e que no dia seguinte tentou realizar a troca do produto por outra de tamanho diverso. Aduziu que a ré negou-se a fazer a substituição do produto e, por tal razão, buscou abrigo do Poder Judiciário. Postulou, em suma, a substituição do produto ou, alternativamente, a restituição da quantia paga, e uma reparação por danos extrapatrimoniais.

Citada, a ré contestou o pedido inicial oralmente na audiência de instrução, sustentando que o autor estava ciente de que não haveria troca da mercadoria, porque se tratava de produto em promoção. No mais, alegou que o autor pretendia a troca porque o tamanho escolhido não era o correto.

O feito foi instruído com documentos. Na audiência de instrução foi invertido o ônus da prova e colhido o depoimento pessoal do autor. Após, vieram os autos conclusos para parecer de sentença.

É o breve relato, considerando-se os termos do artigo 38 da Lei dos Juizados Especiais (Lei Federal nº 9.099/1995). Passo a fundamentar.

Inexistentes questões preliminares, passo a analisar o mérito da causa.

Inicialmente, cabe mencionar que o caso sub judice trata-se de relação de consumo e que entendo pela inversão do ônus da prova, conforme realizado em audiência de instrução, por tratar-se de pessoa hipossuficiente, nos artigo 6º, inciso VIII, do CDC.

Nesse sentido, trago jurisprudência para respaldar a inversão do ônus probandi e ressalto que este entendimento está consolidado há vários anos nos diversos tribunais pátrios, nestes termos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. TELEFONIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. COBRANÇA INDEVIDA. RESOLUÇÃO CONTRATUAL. RELAÇÃO DE CONSUMO. PESSOA JURÍDICA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE.

. (...).

RELAÇÃO DE CONSUMO INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. A

inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do CDC, constitui faculdade do magistrado, que, verificando a existência de verossimilhança nas alegações da parte autora ou a sua hipossuficiência perante a parte demandada, facilitará a defesa de

Caso em que a demandante, sociedade limitada com

seus direitos.

modesto capital social, de fato, mostra-se hipossuficiente perante empresa de telefonia da magnitude da ré - NEXTEL. Negado seguimento ao agravo, em decisão monocrática. (Agravo de Instrumento Nº 70065043416, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dilso Domingos Pereira, Julgado em 03/06/2015). (Grifo e omissis meus).

Inexistente questões preliminares, passo a analisar o mérito da causa.

In casu, o autor adquiriu uma calça e no dia seguinte tentou realizar a troca do produto por

outra de tamanho diverso do escolhido. A demandada recusou-se a realizar a substituição do produto, porque se tratava de mercadoria promocional.

Pois bem, o presente litigio versa sobre questão simplória, regulada pelo Código de Defesa do Consumidor, sendo que inexiste amparo legal para obrigar o comerciante a substituir mercadoria comprada pessoalmente no estabelecimento e que não possui defeito.

Nos estritos termos do art. 49 do CDC, o consumidor possui o prazo de 7 (sete) dias para exercitar seu direito de arrependimento em relação a contratação de produtos e de serviços, desde que a contratação tenha sido realizada fora do estabelecimento comercial, o que não é o caso dos autos, pois o autor dirigiu-se até o estabelecimento demandado e concluiu a compra pessoalmente.

Esse é o entendimento jurisprudencial das turmas recursais do TJ/RS sobre a matéria, in verbis:

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. RELAÇÃO DE CONSUMO QUE NÃO IMPORTA EM DESONERAR A PARTE AUTORA DA COMPROVAÇÃO MÍNIMA DOS FATOS CONSTITUTIVOS DO SEU DIREITO. NÃO COMPROVADA SITUAÇÃO VEXATÓRIA. PRODUTO EM

.

TAMANHO INCORRETO INOBRIGATORIEDADE DE TROCA PELO

. MANTIDA A IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. A parte autora

FORNECEDOR

pede provimento ao recurso para que seja reformada a sentença que julgou improcedente a presente ação. Requer indenização por danos morais e a

restituição do valor pago pelos produtos adquiridos (jaquetas), em virtude de ter sido alegadamente humilhada ao tentar efetuar a troca

. Relação de consumo que opera a inversão do ônus da prova, nos

destes

termos do art. 6º, inciso VIII, do CDC, que não importa em desonerar a parte autora da comprovação mínima de suas alegações e dos fatos constitutivos do seu direito, consoante art. 373, inciso I, do CPC A autora alega ter sido

humilhada por funcionário do estabelecimento réu, que a teria

(...).

expulsado do local e a exposto a situação vexatória. O fato de o produto adquirido ter o tamanho incorreto não configura vício, não havendo, portanto, obrigatoriedade do fornecedor de efetuar a troca ,

Assinado eletronicamente por Helga Inge Reeps

mormente quando este se encontrava sem a etiqueta. Inexistentes as hipóteses do art. 18 ou 49 do CDC não está obrigada a ré a efetuar a

(...). SENTENÇA MANTIDA. RECURSO

devolução do valor pago.

IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71006006746, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabiana Zilles, Julgado em 31/05/2016) (Grifo e omissis meus).

Por tal razão, inexistem elementos para possibilitar o acolhimento das pretensões iniciais, tendo em vista que o pedido de substituição do produto ou a restituição da quantia paga, meramente por causa do tamanho, não encontram amparo legal, e o danos morais alegados não restaram comprovados, pois a requerida agiu em exercício regular de um direito ao recusar-se a realizar a troca da mercadoria, consoante art. 188, inciso I, do Código Civil. Sendo assim, os elementos constantes dos autos, combinados com a Lei e jurisprudências, não podem levar a outra conclusão, senão a improcedência do pedido.

Diante do exposto, é parecer deste Juiz Leigo que seja julgado IMPROCEDENTE o pedido deduzido por JORGE ANDRÉ VASCONCELOS DE FREITAS em que contende contra

., com resolução de mérito, nos

BELL CENTER COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA

termos do inciso II do artigo 487 do Código de Processo Civil.

Sem condenação em custas e honorários neste grau de jurisdição, tendo em vista a disposição expressa do artigo 55 da Lei nº 9.099/1995.

Remetam-se os autos a MM. Pretora Presidente deste Juizado Especial Cível para apreciação e homologação do presente, em cumprimento do disposto no artigo 40 da Lei nº. 9.099/95, se assim entender. Homologada: publique-se, registre-se e intimem-se.

Viamão, 31 de outubro de 2016 Antonio Morais Ventura - Juiz Leigo

Avenida Bento Gonçalves, 90 - Centro - Viamão - Rio Grande do Sul - 94415-700 - (51) 3485-1377 Juízo: Vara do JEC da Comarca de Viamão

Processo: 9002681-46.2016.8.21.0039

Tipo de Ação: Responsabilidade do Fornecedor :: Substituição do Produto Autor: Jorge André Vasconcelos de Freitas

Réu: Bell Center Comércio de Confecções Ltda. Local e Data: Viamão, 31 de outubro de 2016

SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA

Nos termos do art. 40 da Lei nº 9.099/95, homologo a proposta de decisão, para que produza efeitos como sentença. Sem custas e honorários, na forma da Lei. As partes consideram-se intimadas a partir da publicação da decisão, caso tenha ocorrido no prazo assinado; do contrário, a intimação terá de ser formal.

Caso o autor/réu tenha interesse em recorrer sob o abrigo da assistência judiciária gratuita, deverá comprovar a necessidade.

Viamão, 31 de outubro de 2016

Dra. Helga Inge Reeps - Juíza de Direito

Assinado eletronicamente por Helga Inge Reeps

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

0000185707302

01/11/2016 16h45min HELGA INGE REEPS