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CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE MUSCULAÇÃO SOBRE A IDENTIFICAÇÃO E RISCOS DO USO NÃO PRESCRITO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES.

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CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE MUSCULAÇÃO SOBRE A

IDENTIFICAÇÃO E RISCOS DO USO NÃO PRESCRITO DE ESTEROIDES

ANABOLIZANTES.

Otávio Augusto de Ataíde¹ Orientador: Ms. Paulo Roberto Worfel²

1- Acadêmico do curso de Educação Física, Bacharelado, da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2- Educação Física, Prof. Ms. Paulo Roberto Worfel, da Universidade Tuiuti do Paraná.

otavio016@yahoo.com.br

_______________________________________________________________________ RESUMO: Os esteroides anabolizantes androgênicos (EAAS) são substâncias obtidas por alterações na molécula da testosterona, utilizadas clinicamente no tratamento de várias doenças. Porém, atletas e praticantes de musculação utilizam de forma indiscriminada com objetivos estéticos e de performance. O objetivo do presente estudo foi verificar o nível de conhecimento dos professores de musculação sobre a identificação e riscos do uso não prescrito de esteroides anabolizantes. A pesquisa ocorreu através de questionário contendo 11 questões, respondido anonimamente por 21 voluntários, sendo a média de idade dos indivíduos pesquisados 27,42 ± 6,01 anos. Quanto à identificação dos EAAS, os três itens mais assinalados foram: Deca-Durabolin® (90,47%), Durateston® (85,71%) e Winstrol® (80,95%)%). Entre as substâncias que não são EAAS, o mais citado foi o hormônio do crescimento (24% dos erros). O efeito colateral mais citado foi acne com 95,23%, e o colateral mais assinalado de maneira errônea foi crescimento no queixo com 82,35% do total de erros. Em relação às alterações séricas de AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase) ocasionadas pelo uso de EAAS, 52% dos pesquisados erraram a questão e quanto às alterações séricas nas lipoproteinas HDL (lipoproteína de alta densidade) e LDL (lipoproteína de baixa densidade) o erro foi de 40%. O resultado obtido pelo estudo demonstra desconhecimento sobre alguns dos possíveis efeitos colaterais relacionados à utilização de esteroides anabolizantes, sendo o conhecimento dos profissionais pesquisados incompatível com a prevalência do uso dessas drogas.

Palavras-chave: esteroides anabolizantes, educação física, efeitos colaterais, praticantes de musculação.

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ABSTRACT: The androgenic anabolic steroids (EAAS) are substances obtained by changes in the testosterone molecule, used clinically in the treatment of various diseases. But athletes and bodybuilders use indiscriminately with aesthetic objectives and performance. The aim of this study was to verify the level of knowledge of weight training teachers on the identification and use risks not prescribed anabolic steroids. The survey took place through a questionnaire containing 11 questions answered anonymously by 21 volunteers, the mean age of the individuals surveyed 27.42 ± 6.01 years. The identification of EAAS, the three most marked items were: Deca-Durabolin (90.47%), Durateston® (85.71%) and Winstrol® (80.95%)%). Among the substances that are not EAAS, the most cited was the growth hormone (24% of the errors). The most reported side effect was acne with 95.23%, and the most marked side erroneously was growth in the chin with 82.35% of all errors. In relation to serum changes in AST (aspartate aminotransferase) and ALT (alanine aminotransferase) caused by the use of EAAS, 52% of respondents missed the issue and how to serum changes in lipoprotein HDL (high density lipoprotein) and LDL (low lipoprotein density) the error was 40%. The result of the study shows ignorance about some of the possible side effects related to the use of anabolic steroids, with the knowledge of the professionals surveyed incompatible with the prevalence of use of these drugs.

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1. INTRODUÇÃO

O principal andrógeno circulante em indivíduos do sexo masculino é a testosterona, a qual é produzida pelas células de Leydig localizadas nos testículos. A testosterona controla a diferenciação sexual, desempenha efeitos anabólicos no tecido muscular e ósseo, age sobre a libido e fertilidade. Já seu derivado, 5α-di-hidrotestosterona (DHT) (gerada a partir

da conversão realizada pela enzima 5α-redutase), desempenha função de crescimento de

pelos corporais e faciais, desenvolvimento dos tecidos reprodutivos e colabora para a calvície masculina em indivíduos com predisposição genética (MOLINA, 2014).

Os esteroides anabolizantes androgênicos (EAAS) são substâncias obtidas por alterações na molécula da testosterona, conferindo propriedades distintas resultando em diversos tipos de esteroides anabolizantes (SANTOS, 2007).

Os EAAS têm sido utilizados clinicamente no tratamento de diversas doenças debilitantes como queimaduras, anemia, cancro, caquexia (induzida pelo HIV e câncer), hipogonadismo masculino, porém, desde a década de 1940, essas substâncias são utilizadas por inúmeros atletas de elite e fisiculturistas por promover hipertrofia muscular e intensificação no treinamento, assim como por vários indivíduos com objetivo de induzir modificações na estética corporal (redução do tecido adiposo e/ou hipertrofia muscular) (BASARIA; WAHLSTROM; DOBS, 2001; SANTOS, 2007; HOBERMAN; YESALIS, 1995). A Agência Mundial Antidoping - WADA (2015) classifica os EAAS como drogas proibidas e seu uso como doping.

Além dos efeitos anabólicos ocasionados pelos EAAS (retenção de nitrogênio, hipertrofia muscular e aumento de força), vários efeitos colaterais foram associados ao uso de EAAS como hirsutismo e virilização em mulheres, acne, lesões tendíneas, ginecomastia, edema, hemorragias nasais, atrofia testicular em homens (BASARIA; WAHLSTROM; DOBS, 2001).

No Brasil, de acordo com a Lei 9.965, de 27 de abril de 2000, a dispensação ou a venda de medicamentos do grupo terapêutico dos esteroides ou peptídeos anabolizantes para uso humano estarão restritas à apresentação e retenção, pela farmácia ou drogaria, da cópia carbonada de receita emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais.

Porém, segundo Abrahin e colaboradores (2011), há um número significativo de usuários de EAAS (drogas obtidas de forma lícita e ilícita) no Brasil e a maioria possui entre 18 e 29 anos de idade, do sexo masculino, praticantes de treinamento resistido, com objetivo principal a mudança na estética corporal. A prevalência da utilização de EAAS varia de acordo com a região pesquisada e perfil da amostra, oscilando entre 2,1 e 25,57%. No mesmo estudo, houve maior incidência de uso de EAAS entre os professores de educação física (25,57%) quando comparado aos demais grupos analisados (adolescentes, homens e mulheres, estudante da área da saúde e polícia militar) (ABRAHIN; MOREIRA; DO NASCIMENTO; DE SOUSA, 2011).

Diante deste cenário, visto que os professores de educação física atuantes são referência nas academias de ginástica e de musculação e podem conhecer ou não a utilização e identificação de EAAS e relacionar com seus efeitos colaterais para uma maior

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conscientização do risco para os possíveis usuários, o objetivo do presente estudo é verificar o nível de conhecimento dos professores de musculação sobre os riscos do uso não prescrito de esteroides anabolizantes e a identificação dessas substâncias.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em 04 academias de Curitiba/PR, por meio de questionário validado contendo 08 questões fechadas e 03 questões abertas.

Para aplicação do questionário, foi solicitado autorização aos coordenadores das academias e os professores foram convidados a participar do estudo. Após os professores assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), responderam o questionário de forma anônima.

A amostra foi composta de 21 professores de musculação, sendo 14 indivíduos do sexo masculino e 07 do sexo feminino, variando no grau de instrução (estagiários, graduados e especialistas). Para a análise estatística foi feito percentil dos resultados obtidos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média de idade dos indivíduos pesquisados foi 27,42 ± 6,01 anos. Como demonstra a tabela 1, a maioria (66,66%) dos participantes é graduada e 33,33% são estudantes do curso de Educação Física, o que garante condições para responderem o questionário. A média de tempo de trabalho em academia com musculação foi 5 ± 4,88 anos.

Tabela 1. Indivíduos pesquisados divididos por grau de instrução.

Grau de Instrução N % Estagiários (estudantes) 7 33,33% Graduados 10 47,61% Especialistas 4 19,04% Mestres 0 0 Doutores 0 0 Total 21 100% N = Frequência; % = Porcentagem

Quanto à identificação dos esteroides anabolizantes, os compostos mais mencionados pelo total de participantes foram: Deca-Durabolin® (90,47%), Durateston® (85,71%) Winstrol® (80,95%), hormônio do crescimento (57,14%), Hemogenin® (57,14%) e oxandrolona (52,38%) (tabela 2).

Nota-se um resultado semelhante no estudo feito por Abrahin e colaboradores (2013) em Belém-PA, onde algumas das substâncias acima (Durateston®, Deca-Durabolin®, Oxandrolona e Winstrol®) também foram as mais identificadas por professores de educação física.

Observa-se na literatura que essas drogas identificadas são muito mencionadas por indivíduos que utilizam este tipo de recurso. Em estudo realizado no Rio Grande do Sul com usuários de esteroides anabolizantes frequentadores de academia, Maior e

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colaboradores (2009) relatam que, entre as drogas injetáveis, a mais utilizada foi Deca-Durabolin® (55%) e, entre as drogas orais, o Hemogenin® (29%).

Já Frizon e colaboradores (2005), afirmam que as substâncias mais citadas por usuários na cidade de Erechim-RS e Passo Fundo-RS foram Deca-Durabolin® com 35,29%, Winstrol® com 25,68% e Durateston® com 17,64%.

Silva & Moreau (2003), em estudo na cidade São Paulo-SP, relatam que as drogas mais utilizadas por usuários e ex-usuários de esteroides anabolizantes foram Winstrol® (77% e 86% respectivamente), Deca-Durabolin® (76% e 55% respectivamente) e Durateston® (71% e 32% respectivamente). Verifica-se que as drogas mencionadas pelos professores de musculação no presente estudo são compatíveis com as mais utilizadas pelos usuários.

Tabela 2. Compostos identificados como esteroides anabolizantes pelos pesquisados Composto Estagiários (%) Graduados (%) Especialistas (%) Total (%) Total (N) Albuterol - 20 - 9,52 2 Anadrol® - 10 - 4,76 1 Anavar® - - 25 4,76 1 Aromasin® - 10 - 4,76 1 Cetoprofeno - 10 - 4,76 1 Cicladol® - 10 - 4,76 1 Clembuterol 28,57 70 25 47,61 10 Deca-Durabolin® 100 80 100 90,47 19 Deposteron® 28,57 30 50 33,33 7 Dianabol® 28,57 40 25 33,33 7 Durateston® 100 80 75 85,71 18 Efedrina 28,57 50 75 47,61 10 Estanozolol 14,28 50 50 38,09 8 GH 42,85 70 50 57,14 12 Hemogenin® 71,42 50 50 57,14 12 Insulina - 30 - 14,28 3 Masteron® - 10 - 4,76 1 Oxandrolona 28,57 70 50 52,38 11 Oxprenolol - 10 - 4,76 1 Primobolan® 14,28 50 25 33,33 7 Propanolol 14,28 40 25 28,57 6 PuranT4® - 20 25 14,28 3 Trembolona 42,82 40 25 38,09 8 Winstrol® 100 70 75 80,95 17

N = Frequência; % = Porcentagem; GH = Hormônio do crescimento.

No entanto, algumas substâncias que não são classificadas como esteroides anabolizantes foram assinaladas pelo grupo pesquisado, sendo as três mais recorrentes: GH com 24% (hormônio do crescimento), clembuterol com 20% (broncoespasmolítico de uso veterinário) e efedrina com 20% (broncodilatador) (tabela 3). Os erros somam no total 29,94% das opções marcadas, ou seja, quase um terço das respostas.

Essas drogas também foram muito citadas como esteroides anabolizantes no estudo de Abrahin e colaboradores (2013), onde 38,4% dos professores de educação física assinalaram o GH e 20,5% o clembuterol. Isto parece demonstrar confusão e desconhecimento por parte dos professores sobre as substâncias em si.

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Tabela 3. Compostos que não são esteroides anabolizantes, mas que foram identificados como

sendo pelo total de pesquisados.

Composto N % Albuterol 2 4% Aromasin® 1 2% Cetoprofeno 1 2% Cicladol® 1 2% Clenbuterol 10 20% Efedrina 10 20% GH 12 24% Insulina 3 6% Oxprenolol 1 2% Propanolol 6 12% PuranT4® 3 6%

N = Frequência; % = Porcentagem; GH = Hormônio do crescimento.

O efeito colateral mais citado pelo total de pesquisados foi acne (95,23%). Em seguida, os outros três mais mencionados foram: agressividade (76,19%) atrofia testicular (76,19%) e engrossamento da voz (71,42%) (tabela 4).

Em estudo feito com professores de educação física atuantes em academias de Belém-PA, Abrahin e colaboradores (2013) demonstram que o colateral mais identificado pelos participantes foi acne (90,6%), resultado semelhante ao percentual total de identificação pelos professores de musculação no presente estudo. Outros colaterais muito citados foram: engrossamento da voz (87,2%) e agressividade (83,7%).

Araujo e colaboradores (2002), em estudo na cidade de Goiania-GO, relatam que 94% dos usuários de anabolizantes praticantes de musculação experimentaram aumento de acne. Já Silva e colaboradores (2007), na cidade de Porto Alegre-RS, demonstram que 53,3% dos praticantes de musculação usuários de esteroides anabolizantes citaram aumento na agressividade, e 50% tiveram aumento de acne. No estudo de Silva & Moreau (2003), em São Paulo, a agressividade foi mencionada por 49%, a acne por 46% e atrofia testicular por 14% dos usuários pesquisados.

Assim sendo, os colaterais mais citados pelos professores de musculação são muito recorrentes nos estudos com usuários de esteroides anabolizantes.

Tabela 4. Sintomas identificados pelos pesquisados como possíveis efeitos colaterais devido ao uso

de esteroides anabolizantes.

Efeito Colateral Estagiários (%) Graduados (%) Especialistas (%) Total (%) Total (N) Agressividade 85,71 70 75 76,19 16 Atrofia testicular 85,71 80 50 76,19 16 Amenorréia 14,28 20 25 19,04 4 Depressão 14,28 50 - 28,57 6 Hirsutismo 28,57 10 25 19,04 4 Engrossamento da voz 57,14 90 50 71,42 15 Crescimento do queixo 14,28 90 100 66,66 14 Hipertrofia 57,14 60 75 61,90 13

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Página 6 de 13 clitoriana Ginecomastia 42,85 70 100 66,66 14 Infertilidade 71,42 60 50 61,90 13 Retenção de líquidos 42,85 50 - 38,09 8 Calvície 57,14 40 50 47,61 10 Perda da libido 28,57 40 - 28,57 6 Aumento da libido 14,28 60 25 19,04 4 Aumento da pressão arterial 28,57 60 25 42,85 9 Impotência sexual 71,42 50 75 61,90 13 Inchaço nos tornozelos 28,57 - - 9,52 2 Acne 100 90 100 95,23 20 Câncer 42,85 70 75 61,90 13 Náusea 14,28 10 - 9,52 2 Inibição da agregação plaquetária - 10 - 4,76 1 Linfonodos aumentados - 20 - 9,52 2 N = Frequência; % = Porcentagem

Para os possíveis efeitos colaterais ocasionados pelos esteroides anabolizantes, os erros cometidos pelos participantes somam 8,29% do total, sendo os mais assinalados: crescimento do queixo (82,35%) e linfonodos aumentados (11,76%) (gráfico 1).

A acromegalia provém de uma ação periférica do GH, onde o excesso deste hormônio estimula o crescimento de tecido conjuntivo, cartilaginoso, ósseo (mandíbula), entre outros (Marín e colaboradores, 2011). Em pesquisa na literatura científica, não foram encontrados dados que associem o uso de esteroides anabolizantes com crescimento do queixo.

Gráfico 1. Percentual dentre os efeitos colaterais assinalados erroneamente pelo total de

pesquisados

Quando questionados sobre o significado das possíveis alterações no nível das transaminases AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase) em usuários de esteroides anabolizantes, as três respostas obtidas foram: dano hepático

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(47,62%), diminuição na produção de testosterona (33,34%) e atrofia testicular (19,04%) (gráfico 2). As opções virilização, infertilidade e hipertrofia prostática não foram assinaladas.

Apesar de essas enzimas situarem-se por todo o organismo (fígado, músculo cardíaco, músculo esquelético, rins, cérebro, pâncreas, entre outros), encontram-se elevadas de maneira mais frequente em indivíduos com doenças hepáticas, o que pode revelar dano hepático. A transaminase ALT é encontrada em maiores níveis no fígado, podendo ser considerada um indicador específico de lesão hepática (Mincis, 2001).

Schwingel e colaboradores (2011) demonstraram elevação significativa nas transaminases AST e ALT em usuários de esteroides anabolizantes. Da mesma forma, Vieira e colaboradores (2008), em estudo com administração de decanoato de nandrolona em ratos, verificaram um aumento plasmático significativo das transaminases AST e ALT, demonstrando um aumento nos riscos de problemas hepáticos.

Apesar da resposta mais assinalada pelos professores de musculação parecer correta, nota-se que aproximadamente 52% dos pesquisados mencionaram outros significados para as alterações séricas das transaminases, sugerindo desconhecimento da maioria a respeito dessas alterações.

Gráfico 2. Alterações no nível de transaminases AST (aspartato aminotranferase) e ALT (alanina

aminotransferase) devido ao uso de esteroides anabolizantes identificadas pelo total participantes

Já quanto ao impacto nas lipoproteínas HDL (lipoproteína de alta densidade) e LDL (lipoproteína de baixa densidade) a maioria dos pesquisados (61,91%) assinalou diminuição no HDL e aumento do LDL (gráfico 3).

As LDL são as principais lipoproteínas que carreiam o colesterol do fígado em direção aos tecidos periféricos, e as HDL são responsáveis pela remoção do colesterol dos tecidos periféricos para o fígado. Elevadas concentrações de LDL aumentam o risco doença cardiovascular (Lottenberg, 2009).

Conforme estudo de Venâncio e colaboradores (2010), foi observada diminuição da fração HDL do colesterol e aumento da fração LDL do colesterol em estudo com praticantes de exercícios resistidos que utilizavam esteroides anabolizantes.

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Bonetti e colaboradores, 2008, também encontraram redução nas lipoproteínas HDL e aumento nas LDL (não significativo) em estudo com fisiculturistas que administravam vários tipos de esteroides anabolizantes.

Corroborando com estes resultados, Kuipers e colaboradores, 1991, verificaram redução nas lipoproteínas HDL em estudo com fisiculturistas que utilizaram 100mg de decanoato de nandrolona durante oito semanas, dados que foram revertido dentro de seis semanas com suspensão de uso da droga.

Na literatura há poucos estudos com professores de musculação quanto à identificação e conhecimento sobre esteroides anabolizantes, o que confirma a demanda de mais estudos como este.

Gráfico 3. Alterações nas lipoproteínas devido ao uso de esteroides anabolizantes identificadas pelo

total participantes.

Em relação à finalidade do uso dos esteroides anabolizantes pelos alunos, de acordo com a percepção dos professores, predominou o fator estético (90,47%) (tabela 5), enquanto Abrahin e colaboradores (2013) encontraram um total de 75,6% de predominância para a estética corporal.

Vários estudos com usuários que praticam musculação demonstram o benefício estético como sendo o objetivo principal a ser alcançado com o uso de tais drogas (Nogueira e colaboradores, 2013).

Tabela 5. Principal finalidade do uso de esteroides anabolizantes mencionados pelo total de

pesquisados.

Objetivo N %

Estética 19 90,47%

Tratamento 1 4,76%

Ganho de força 0 0

Melhora no desempenho esportivo 0 0

Outro 1 4,76%

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Como demonstra o Gráfico 4, 71,42% dos professores de musculação que participaram do estudo já receberam solicitação de indicação de uso de esteroides anabolizantes por parte dos alunos, enquanto 28,57% responderam negativamente.

Já os resultados apresentados na Tabela 6 demonstram a frequência com que os pesquisados receberam solicitações de indicação de uso de esteroides anabolizantes, sendo que 33,33% receberam 10 solicitações, 20% do total não souberam especificar, 13,33% receberam 15 solicitações e 13,33% receberam 5 solicitações.

No estudo de Araujo e colaboradores (2002), a maioria das orientações de uso partiu de instrutores de academias e de amigos (11% cada). Já Nogueira e colaboradores (2015), encontram um percentual de 9,5% como sendo os professores a fonte de indicação de uso.

Gráfico 4. Percentual de pesquisados que já receberam ou não, solicitação de indicação de uso de

esteroides anabolizantes por algum aluno.

Tabela 6. Percentual de pesquisados de acordo com a quantidade de solicitações de indicação de

uso de esteroides anabolizantes que receberam de alunos da academia.

Quantidade de solicitações N % 1 1 6,66% 3 1 6,66% 4 1 6,66% 5 2 13,33% 10 5 33,33% 15 2 13,33%

Não souberam especificar 3 20%

N = Frequência; % = Porcentagem

Quanto à quantidade de alunos usuários de esteroides anabolizantes no horário em que os pesquisados estão trabalhando, temos o seguinte resultado (como consta no Gráfico 5): 47,61% possuem de 1 a 5 alunos, 28,57% não souberam especificar, 19,04% possuem de 6 a 10 alunos e 4,76% acima de 10 alunos (gráfico 5).

Mineiro e colaboradores (2015), em estudo com frequentadores de academia, constataram uma prevalência do uso de esteroides anabolizantes de 21,95%. Resultados similares foram encontrados por Santos e colaboradores (2006) (25%).

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Gráfico 5. Percentual do total de pesquisados de acordo com a quantidade de alunos que os

mesmos sabem que utilizam esteroides anabolizantes.

Do total de alunos que os professores sabem que utilizam esteroides anabolizantes, 94,80% praticam a automedicação dessas substâncias e somente 5,20% possuem prescrição e orientação médica (gráfico 6).

Maior e colaboradores (2009) constataram, em estudo com usuários e ex-usuários de esteroides anabólicos, que apenas 11% dos indivíduos tinham orientação profissional para utilização dessas drogas, enquanto 30% praticavam a automedicação.

Gráfico 6. Percentual de alunos que o total de pesquisados sabe que utilizam esteroides anabolizantes e souberam dizer se houve prescrição médica ou automedicação.

Observa-se que muitos professores de musculação receberam solicitação de indicação e há uma quantidade significativa de usuários de esteroides anabolizantes que frequentam academias, sendo que em maior parte sem orientação médica.

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4. CONCLUSÃO

Neste estudo percebemos a preocupante prevalência do uso de esteroides anabolizantes por indivíduos que frequentam as academias de Curitiba, mesmo sem prescrição médica ou orientação por profissional de saúde. Encontramos desconhecimento sobre alguns dos possíveis efeitos colaterais e identificação, sendo o conhecimento dos profissionais pesquisados incompatível com a prevalência do uso dessas drogas.

Há poucos estudos na literatura a respeito do conhecimento dos professores de musculação sobre os efeitos colaterais dos esteroides anabolizantes, assim como sua identificação.

Considerando os resultados deste estudo, sugerimos novas investigações acerca do conhecimento dos professores de musculação, já que, como demonstrado, há um percentual elevado de solicitações de indicação de uso de esteroides anabolizantes pelos alunos, sendo que os profissionais atuantes nas academias são uma referência e formadores de opinião, podendo influenciar de maneira positiva a decisão dos praticantes quanto ao uso dessas substâncias. Sugerimos campanhas de conscientização nas academias, tanto com alunos quanto professores, pois devido ao nível de erros percebemos que o desconhecimento é grande, assim como inclusão da disciplina farmacologia na grade curricular dos alunos de Educação Física, visto que são futuros profissionais da área.

5. REFERÊNCIAS

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Referências

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