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A INFLUÊNCIA DO USO DA INTERNET NA RELAÇÃO MÉDICO- PACIENTE E PSICÓLOGO-PACIENTE

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Academic year: 2021

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29 e 30 de outubro de 2019

A INFLUÊNCIA DO USO DA INTERNET NA RELAÇÃO

MÉDICO-PACIENTE E PSICÓLOGO-MÉDICO-PACIENTE

Fernanda Pereira Carlesso¹, Betina Bonfanti², Ely Mitie Massuda³, Lucas França Garcia4 1Acadêmica do Curso de Medicina, UNICESUMAR, Maringá-PR. Bolsista do PIBIC/UniCesumar

2Acadêmica do Curso de Medicina, UNICESUMAR, Maringá-PR. Pesquisadora colaboradora. 3Orientadora, Doutora, Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, UNICESUMAR, Maringá-PR. 4Orientador colaborador, Doutor, Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, UNICESUMAR, Maringá-PR.

RESUMO

Com a popularização mundial da internet, o acesso a informações sobre saúde se tornou uma prática muito utilizada no cotidiano pelas pessoas leigas. Tal fato possibilitou a criação de um perfil de pacientes informados, com certa autonomia e empoderados. No entanto, nem todas as informações acessadas são benéficas, a depender da qualidade dos dados, da capacidade de interpretação por parte dos usuários e a forma que influi na relação com o profissional de saúde. A pesquisa exploratória, transversal e de abordagem quantitativa e qualitativa tem como objetivo avaliar, sob a ótica dos profissionais da saúde, a forma pela qual a utilização da internet interfere na relação médico-paciente e psicólogo-paciente. Para a interpretação dos resultados de entrevistas semiestruturadas foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin. Para a caracterização do perfil dos profissionais entrevistados recorreu-se a análise de frequência relativa e absoluta. Concluiu-se que a internet exerce grande influência na relação entre o profissional da saúde e o paciente, podendo ser positiva ou negativa dependendo das particularidades das situações.

PALAVRAS-CHAVE: e-health; Internet; Informação. 1 INTRODUÇÃO

A internet surgiu na década de 1960, no contexto da Guerra Fria, como um instrumento facilitador para a comunicação. Atualmente é mundialmente popularizada e difundida, sendo utilizada para a realização de diversas tarefas do cotidiano. Desse modo, a evolução da tecnologia da informação e comunicação mudou a forma como nos relacionamos em sociedade (BRITO, 2018).

Como consequência da inclusão da tecnologia, dúvidas surgem ao que se refere à autonomia que a internet proporciona ao paciente e a alteração da posição de autoridade dos profissionais da saúde: como o acesso ao conhecimento sobre saúde por meio da internet atua na relação médico-paciente/psicólogo-paciente?

Do ponto de vista do paciente a resposta a essa pergunta certamente será positiva, pois otimiza a interação e a comunicação com o profissional, tornando-a bidirecional (CASTRO, 2015). Contudo, na perspectiva do profissional de saúde, a resposta é mais abrangente, podendo apresentar divergências.

Na concepção do médico, a procura pelo conhecimento sobre saúde por pessoas desconhecedoras pode facilitar o autodiagnóstico e a automedicação que contribuem como intensificadores de doenças, pois geralmente os sites pesquisados não são confiáveis, comprometendo a veracidade das informações. Além disso, pode gerar desconfiança por parte do paciente quando as informações encontradas na internet e o diagnóstico médico não se equivalem e desfavorecer o tratamento (TAN, 2017).

Neste contexto, o Google, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein

lançou há três anos o site “Médico Virtual”, que possibilita que o conteúdo de fontes

confiáveis apareça como o primeiro resultado da pesquisa, evitando desinformações e direcionando o paciente a procurar atendimento médico. Essas inciativas certamente colaboram para que conteúdos adequados alcancem a população mitigando os efeitos deletérios de desinformações.

Entretanto, existem benefícios que a internet também pode trazer à relação, como o incentivo ao interesse do paciente por sua própria condição de saúde ou doença,

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encorajando o paciente a ter um papel ativo na escolha das medidas terapêuticas e não terapêuticas mais adequadas para si (SCHMIDT, 2013; COELHO, 2013; CABRAL, 2010). A internet é um fator ainda mais persuasivo para os pacientes no contexto psicológico, porque as consultas e o diagnóstico são essencialmente clínicos. Desse modo, torna-se comum o cliente chegar à consulta com um diagnóstico pré-estabelecido por meio de pesquisas previamente realizadas.

Portanto, para médicos como para psicólogos, a internet e o fenômeno do “Doutor Google” vem se estabelecendo como grande influenciador entre a relação profissional-paciente. A ferramenta, anteriormente usada apenas para explanar questionamentos sobre o diagnóstico dado pelo profissional, está se tornando o autor desse diagnóstico (CASTRO, 2015).

A presente pesquisa tem como objetivo explorar e verificar como o uso da internet por pacientes influencia a relação médico-paciente e psicólogo-paciente, na concepção desses profissionais de saúde.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo exploratório com delineamento transversal e de abordagem quantitativa e qualitativa, realizado com psicólogos e médicos em exercício, selecionados por conveniência. Os profissionais foram convidados a participarem voluntariamente da pesquisa e receberam esclarecimentos sobre o objeto do estudo e os métodos utilizados, por parte das pesquisadoras, reiterando o sigilo e o anonimato das entrevistas. A partir do aceite do profissional em participar da pesquisa, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, atendendo a Resolução CNS 466/2012.

Por meio de um questionário semiestruturado foram coletados os dados para categorizar o perfil socioeconômico dos 7 profissionais voluntários entrevistados, sendo 3 psicólogos e 4 médicos.. As questões abertas elaboradas pelos autores com base na literatura pertinente foram aplicadas por meio de entrevistas, as quais foram gravadas e posteriormente transcritas na íntegra. Após as entrevistas serem realizadas, os questionários foram organizados, tabulados e sumarizados por meio de planilhas no Microsoft Excel, a interpretação e análise dos resultados foram feitas por meio da distribuição de frequência simples e relativa. As entrevistas foram analisadas por meio da temática de conteúdo de Bardin (2011).

Os três passos da análise de conteúdo de Bardin (2011) foram seguidos para a análise das entrevistas: (1) pré-análise: escolha de documentos para análise, formulação de hipóteses e objetivos, e a elaboração de indicadores que orientarão a interpretação; (2) exploração do material: operações de codificação, decomposição ou enumeração do material coletado; (3) tratamento dos resultados e elaboração do relatório de pesquisa.

Com a finalidade de garantir a transparência no processo de armazenamento do material, tratamento e interpretação dos resultados, a análise de conteúdo foi realizada com o auxílio do software de análise de métodos mistos QSR NVIVO 11 Pro for Windows (BAZELEY, 2013).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 7 profissionais, sendo 4 mulheres e 3 homens, com a idade média de 42 anos. A partir das entrevistas realizadas com os profissionais da saúde, psicólogos e médicos, é possível observar uma concordância de que a utilização da internet pelos pacientes é, na maioria dos casos, benéfica. Entretanto, considera-se que devido a grande quantidade de sites com informações inverídicas e pela interpretação equivocada por parte dos pacientes, as informações coletadas podem trazer prejuízos. Assim, se faz necessária a procura do respaldo dos profissionais para esclarecimentos.

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Acerca da pergunta “qual a sua opinião a respeito da utilização da internet como

fonte de informações de saúde em geral, ou seja, não associado necessariamente a uma consulta?”, os profissionais entrevistados relataram que o uso da ferramenta é suficiente para problemas cotidianos e situações mais simples, além de contribuir para uma diminuição da sobrecarga de serviços de saúde.

Observou-se, paralelamente, que a internet incita as pessoas a buscarem o amparo do profissional por sinais e sintomas não alarmantes, mas que podem ser causados por doenças mais graves, fazendo com que as pessoas fiquem mais atentas ao próprio estado de saúde, gerando uma preocupação que é favorável ao diagnóstico precoce de doenças. Em contrapartida, em alguns casos, pode-se criar uma ansiedade por parte do paciente que não é compatível com a severidade da doença, na opinião dos entrevistados.

No que se refere à questão “qual a sua opinião sobre a busca de informações

médicas e de saúde na internet previamente à consulta? Como você age diante desta situação?”, os profissionais explicaram que existem benefícios na pesquisa sobre informações de saúde quando auxiliam na compreensão das doenças, estimulando assim uma comunicação mais ativa entre o profissional e o paciente, tornando a anamnese mais produtiva e colaborando para o diagnostico.

No entanto, os malefícios da busca na internet aparecem quando o paciente fecha seu próprio diagnóstico com as informações obtidas, ignorando a opinião do médico ou psicólogo na consulta e procurando apenas pelo tratamento medicamentoso, gerando um antagonismo na relação profissional-paciente. Nessas situações, expressaram a necessidade de se manter a calma, demostrar segurança e esclarecer todas as informações trazidas à consulta pelo paciente, apontando os erros e usando um vocabulário que facilite a compreensão, estabelecendo, desse modo, uma relação de confiança entre as partes.

Quanto às perguntas “qual a influência da internet, em especial do fenômeno Dr. Google, na prática profissional?” e “você acha que o “Dr. Google” tem influência na relação profissional-paciente? De que maneira?”, a maioria dos médicos e psicólogos entrevistados relataram que tal situação ocorre com grande frequência, tornando-se parte do cotidiano do profissional na prática clínica, o que já não traz mais incômodo. Entretanto um pequeno grupo dos profissionais afirma que a busca de internet previamente à consulta não é algo comum do seu dia-a-dia por trabalharem em regiões mais interioranas, onde o acesso a tal ferramenta é mais limitado.

Em relação a doenças psíquicas, os profissionais apresentaram um elemento desfavorável em que o paciente passa a sentir sinais e sintomas correspondentes às doenças pesquisadas e acredita tê-las, mascarando o real problema e adiando o diagnóstico correto.

Quanto à população idosa, pode-se observar o envolvimento dos filhos nas pesquisas relacionadas à saúde, pois a ferramenta da internet é mais facilmente acessada pelo público mais jovem, em grande parte dos casos. Já no que diz respeito à faixa etária infantil e, em algumas situações, entre adolescentes, é possível notar a participação dos pais na busca de informações, com o objetivo de justificar comportamentos e até mesmo diagnosticar, fato que acaba por muitas vezes dificultando a aceitação do diagnóstico do profissional de saúde, aumentando a resistência ao tratamento adequado.

Paradoxalmente, alguns profissionais responderam que a relação entre o profissional e paciente não é afetada diretamente pelo uso da internet, pois o vínculo entre as partes é estabelecido na consulta através de confiança e diálogo.

Ademais, a respeito da pergunta “e você (médico/psicólogo) enquanto paciente, já

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médico/psicólogo?”, todos os profissionais entrevistados referiram não fazer o uso do recurso de modo equivocado. Além disso, relataram que por possuírem um nível de conhecimento cientifica superior, conhecem livros, artigos e plataformas online seguras para realizar a pesquisa. Afirmaram que por terem acesso facilitado a outros profissionais de saúde, como colegas médicos e psicólogos, buscam a opinião dos mesmos para se informarem sobre algum assunto especifico e esclarecerem dúvidas.

O uso da internet por pessoas leigas para a obtenção de informações relacionada à saúde é realizado para a obtenção de informações sobre sinais e sintomas, além do melhor o entendimento das doenças. Esse comportamento por parte do paciente, muitas vezes, facilita a comunicação entre o paciente e o profissional da saúde, estimulando também o protagonismo do paciente na tomada de decisões acerca do tratamento. (SMAILHODZIC, 2016).

Entretanto, há profissionais que demonstram certo incômodo com a situação por acharem que sua autoridade esta sendo questionada ou que a pesquisa foi realizada de maneira incorreta (TAN; GOONAWARDENE, 2017).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da internet como fonte de informação de saúde por pessoas leigas interfere na relação profissional-paciente, possuindo aspectos positivos e negativos, ao ver de médicos e psicólogos. Depende da conduta do médico ou psicólogo agir, reforçando ou não a confiabilidade nas informações, de forma que essa influência não afete desfavoravelmente a relação, consequentemente o diagnóstico e o tratamento.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 2nd. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.

BAZELEY, P.; JACKSON, K. Qualitative Data Analysis with Nvivo. London: SAGE Publications, Inc., 2013.

BRITO, S. H. B. IPv6-O novo protocolo da Internet. Novatec Editora, 2018.

CABRAL, R. V.; TREVISOLF. S. A influência da internet na relação médico-paciente na percepção do médico. Revista da AMRIGS, 2010.

CASTRO, E. M.Arquivos do CRM-PR, 2015.

COELHO, E. Q; COELHO, A. Q.; CARDOSO, J. E. D. Informações médicas na internet afetam a relação médico-paciente?. Revista Bioética, 2013.

SCHMIDT, E. VIANA, S. M. S. A.; ANDRADE, E. B. M.; FERNANDES, M. D.; REZENDE, S. P. I.; REIS, P. V. S.; VASCONCELOS, Y. A. A inclusão da internet na relação médico-paciente: apenas prós? Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 11, n. 4, p. 386-390, 2013.

SMAILHODZIC, E.; HOOIJSMA, W.; BOONSTRA, A.; LANGLEY, DJ. Social media use in healthcare: a systematic review of effects on patients and on their relationship with

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TAN, S. S-L; GOONAWARDENE, N. Internet health information seeking and the patient-physician relationship: a systematic review. Journal of medical Internet research, v. 19, n. 1, p. e9, 2017.

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