Ano 14
número
3
Florianópolis,
maio
de
1997
VIA
E-SUL:
-por que
freiou
I
freiou
por
quê?
#
CPI
DOS PRECATORIOS
A
verdadeiro
história de
um
escô
nda lo
coto ri
nense
As
obras
do
aterrodo
Via
Expresso
Sul
iamacelerados
e,de
repente,
ficaram
devagar,
quase
parando.
Isso
coincidiu
com o crisefinanceiro do
estado,
agravado
pelos
denúncias de
desvio
do
dinheiro dos
precatórios.
No
página
8,
oZERO
discute
odestino do
terrenoganho
do
mar com o aterroparo
oconstrução do
via-expresso.
"-INTELIGENCIA
ARTIFICIAL
O
xeque-mote
do
raciocínio
ele
trônico
'-PLATAO
Até
criança
já
I
pode
filosofar
.em
português
, .pagln�
CARLOS CASTILHO
"Todo mundo fabrico
informações,
até
o
Greenpeace
"
página
1
página
1
Diante
dos
recentesavanços
da
bioengenharia
E tendo
emvista
oprograma
de
privatização,
a
miséria
da
política
brasileira
etudo
omais
que
agente
conhece
o
ZERO
formula
suaproposta
patriótica:
c
Vamos
clonar
o
Dr.
Barbosa
Lima
Sobrinho?
2
Florianópolis,maio
de
1996. -ZERO
ditorial
Financiar
obras
públicas
com o
déficit do estado
não
é
novidade.
Faz-se
isso
desde
otempo
de
Dom
Diniz,
que
deflagrou
oprocesso
de
expansão
marítima
de
Portugal.
Paulo Afonso
tem
assim muitos
precedentes
para
a suasopa
de
letrinhas.
O ZERO
conta
comofoi
que
essahistória dos
precatórios
setornou
conhecida
efala de
algumas
das obras
talvez financiadas
pelas
tais
letras
eque
correm orisco
de
parar
namedida
emque
ogovernador
for
ficando
mais
emais
analfabeto,
isto
é,
desprovido
de
letras.
Outros
assuntos
dessa
edição
são
bem
maishonestos:
aponte
entre
asciências
humanas
e asciências
exatas
que
se val
consolidando,
amoda da
filosofia
que
tira
Platão do
ostracismo
e astrilhas
que vão
sendo
descobertas
nosmatos
da ilha.
A entrevista é
comCarlos
Castilho,
jornalista
veterano
efuturista,
que
edita
emJurerê Internacional
umjornal
americano,
via
internet
(a edição,
não
ojornal).
xpediente
Artes: Lúcio
Baggio,
Romeu Martins
Arte
de
Capa:
Lúcio
Baggio
Colaboração:
Pedro
Valente
Editoração
eletrônica:
Lúcio
Boggio
Fotografia
elaboratório
fotográfico:
Andrea
Couri Vieira
Marques,
Eduardo
Burckhardt,
Samanta
Lopes
Textos:
Andrea
Couri Vieira
Marques,
Carline
Piva,
Debora
Sanches,
Deluana
Buss,
Dubes
Sônego,
Eduardo
Burckhardt,
Fábio
Bianchini,
Gladinston
Silvestrini,
Josemar
Nepomuceno,
Josete
Goulart,
Márcia
Bizzotto,
Maurício
Xavier,
Michele
Araújo, Rogério Kiefer,
Romeu
Martins,
Rodrigo
Faraco,
Patrick
Cruz,
Tatiana
Ramos,
Supervisão:
Nilson
Loge
Redação:
Curso
de
Jornalismo
(UFSC
-CCE), Trindade,
Florianópolis/SC
-CEP 38040-900
Telefones:
(048)
331-9490
e331-9215
Telex
eFax:
(048)
234
-4069
Impressão:
A
Notícia
Tiragem:
5
mil
exemplares
Distribuição
gratuita
Circulação
dirigida
otas
Preferências
dos
teóricos
amplo, incluindo as "notas breves" do final do volume. Houve notável expansão do número de trabalhos voltados para a
análise de discurso' foram 124 incidên cias. A
política
veio em segundalugar,
com90incidências,eosestudos culturaischegaram em terceiro, empatados com
publicidade
emarketing
(35)Houve 21 trabalhos sobre economia da
comunicação,
30 sobreeducação,
18 sobrecomunicação organizacional
Foram 16osvoltados para o jornalismo. II para pes quisa em
comunicação.
oito osqueprefe
riram a ética e três os que cuidaram de
relações
públicas.
Análise do discurso etemas
políucos
destacam-se delongeentreo,assuntosde trabalhos acadêmicos sobre
cornunicaçãc
publicados
nos ultimas meses emlíngua
inglesa.
Umlevantamento dos dois números (agcsto e outubro de 1996) da; Resenhas de
Comunicaçã
I (CO/lIIJ;l/III -otion abstracts),
publicadas
bimensalmentepelaeditora
Sage
emconvêniocom <, I niverxidade deTemple.
em Filudélna.apontaCP)terceiro lugarentreos asxunu»
maisatraentesparaosteóiICOS os"estudos culturais".com suabizarracombinaçãode scxisrno \..ênocemrismoediscursos
polui
,<mente corretos.
À
m.rgem do levantamento nuinéncr sobreos-cmas,10<trabalhos,algum,
dan.»,mtcressamcs surgem da leitura dessa, resenhas, Porexemplo.o
Imaginário
ame ncmo xohre a figura dopresidente
cidRepública
e a Casa Branca. que motivadezenas de trabalhosnãosó sobreopres!
dcnte americano. mas sobre
presidentes.
aqui
eali. depaíses
bemmenosinstitucio nalizados. Ou a interminável discussão sobre até quepontoe emque nível apropriedade
dejornais
determinaacobertura deassuntosgeraisporseusjornalistas.
Os temas sociais parecem em baixa
-salvo se incluirmos entre eles os estudos culturais. Emalta,
pelo
contrário, estãoostrabalhos sobre
comunicação
na saúde,jornalismo, publicidade,
marketing,
televisão, economia,
educação
e comunicaçãoorganizacional.
A análise de discurso é um campo
interdisciplinar
que envolvenão apenas otexto (análise de texto), mas também
"Metade dos usuários dos postos de váriostiposde discursos oraisecom
ima-saúde de
Florianópolis
acha queao diálo-gens (cinema, televisão, artesplásticas,
go entre eles e as
equipes
(de médicos, artesaplicadas);
suaabordagem
podepro-dentistas, enfermeiras, técnicos de en fer-vir da retórica clássica, da
serniologia
oumagemeatendentes) ounãoexiste(34%)
semiótica(estudodos
signos),
daantropo-oué muito ruim(16%).Menos de dezpor
logia
ou de alguns ramos da sociologia centoconseguem dizero nomeda
enfer-aplicada.
meiraemais de 60 porcentoignoram
odoAgostode 1966- Aleitura do número
médico.
Apenas
36 porcento conseguem4, volume j9, da
publicação
daSage
contarnopostodesaúdeahistória desua
Periodicals Press, incluiu os
artigos,
doença; quantoàs
prescrições,
confessam livrosecapítulos
de livros resenhados. Osque tudoparece confuso(27%)ouditoao
estudos culturais (65 incidências) supe- acaso, sem
atenção
(27%),ou emlingua-ram, aí,a análise de discurso(56), o
jor-gem técnica (18%), ou muito
rápido
nalisrno (35),a
política (32),
atecnologia
(13%), ou semexplicações
(6%), ou de(33) e a teoria da
comunicação
(39). Há maneirainaudível(6%) ouainda de modo ocorrência notável de trabalhos sobre inamistoso
(5%).
comunicaçãonasaúde(�J,televisão(17), Para esse
público,.
constituídodomi-marketing
(23),publicidade
(26),comuni- nantementede pessoascom
primeiro
graucação
organizacional
(II), economia (11)incompleto (69%)
ou analfabetas (19%), e educação (15), Entre os temas menos daratençãoaocliente éomaior mérito de
freqüentes, figura
orádio, com duas inci- umprofissional
desaúde(91 %)enãodar dências, atenção o maior defeito (65%). QuaseA
metodologia empregada
nesta sele- metade das pessoas que procuram ospos-ção
permite
queummesmotrabalhofigu-
tos são mulheres "do lar"; 15 por cento re em mais de uma entrada. Na verdade, são faxineiras, oito porcentopescadores,
foram consideradasas
palavras-chaves
de dez por cento estudantes, dez por centocada
artigo
oucapítulo
de livro. Porexem- serventes, oito porcentodomésticasecos-pio,
um texto em queaspalavras
chaves tureiras. Dominantemente em idade pro-eram "atitudes,comunicação
na saúde, dutiva(70 % entre 25 e 45 anos),dizem modelos demarketing, pesquisa
de marke- coisas duras sobre opessoal
dos postos,ting
eestratégias
demarketing",
foiconsi- taiscomo:"Elestêmnojo
dagente".
deradoem dois itens: (1)comunicação
na I Foiapartir
de umacoleção
de dadossaúde; (2)
marketing
como esses que a Enfermeira Eliana Outubro de 1996- Olevantamentoda
Marília
Fariamergulhou
na Teoria daedição
de outubro de.Comunications
Comunicação,
buscandóexplicações
para�.bstract (número. 5:
vo����
1_9). fo�
m�
aéonversade surdosemquesetransfor-Amantes
da
fotografia
O C'ube da Foto está sendo fundadono Cursode Jornalismo da llFSCcom o
objetivo não só de mcentivar os amantes
da
fotografia,
mas de VIabilizar o uso do laboratório docurso. que não recebe maisverbasuficiente para comprar substâncias
químicas
e fazera manutenção dosequipamentos. O valor das mensalidades será
aplicado
emmaterialeserviços.
Por enquanto, o clube está restrito a
alunos do Curso de Jornalismomas,assim que
possível, promoverá
cursos,palestras
e oficinas abertas à comunidade.
Silêncio
nos
ambulatórios
mou a assistência médica
pública,
numacidade que, paraos
padrões
brasileiros, é bem servida: são 48 centros de saúde,cinco
regionais,
umapoliclínica
e umlaboratório, só noâmbito
municipal,
paramenos de 250 mil habitantes. A tese de doutoramento de Eliana em Filosofia da
Enfermagem,
"Comunicação
na saúde,fim da assimetria...?", foi
aprovada
por uma bancapresidida pela
orientadora,Prof.a Maria Tereza
Leopardi,
ecompostapelos
professores
Arsênio CarmonaGutiérrez,doMinistério deSaúdePública deCuba,EmíliaCampos,daUniversidade
de São Paulo,
Lygia
Paim Müller Dias,Rosita
Saupe
e NílsonLage,
da Universidade Federal de Santa Catarina.A
reforma
no
Sul
A reforma do texto da
imprensa
brasileirachegou
a SantaMaria,
noRio Grande do
Sul,
emalgum
momento, entre 1965 e 1975. E
chegou
comforça:
comparando edições
do diário local A Razão, Márcio da SilvaGranez,
da Universidade Federal de SantaMaria,
constatouque,nostextosinformativos,
os"preciosismos,
estrangeirismos
efalapopular"
decaíram de
13,
em1965,
para um(a
pala
vraágape),
em1975;
os"adjetivos
valorativos",
de 101 para 15(incluídos
alguns
inevitáveis,
comourgente);
os"advérbios de
modo,
de intensidade ede
afirmação",
de 24 paracinco;
e o usodaprimeira
pessoa do discurso(eu,
nós),
de sete paracinco,
só que, em1975,
sempreemcitações
entreaspas.Granezapresentou seutrabalho no curso de
pós-graduação
em Letras da UFSM comodissertação
demestrado,
considerada excelente poruma banca constituída por seu
orientador,
oProfessor Laurindo
Dalpian,
epelos
professores
ChristaBerger,
da Universidade Federal do Rio Grande doSul,
eNílsonLage,
daUniversidade Federal de Santa Catarina. No trabalho,
ele observa quea tendênciareveladaem1975 é confirmada
pelo
estudo de duasedições posteriores,
de 1985 e1995.
O
salto de
qualidade
- Osnúmeros destacados acima fazemparte de um levantamento maior. Granez
queria
estudaramodernização
dotextona
imprensa,
masjulgava,
comohipó
tesede
trabalho,
que ela teria ocorridopaulatinamente,
aolongo
dedécadas,
acompanhando
aindustrialização
dosjornais
esuatransformação
emempre sas. Aconstatação
de que o processo ocorreuquase que subitamente foiumasurpresapara ele.
O estudo
completo
envolveu 13edições
dejornais:
seis do Diário doInterior,
entre 1911 e 1936(quando
ojornal
deixou decircular)
e sete de ARazão
(que
saiupela primeira
vez em1934).
ZERO
-Florianópolis,maio
de
1996.3
não tem umafinalidadeem
si;
ele é ummeio. Ela e
Roseli,
tambémjornalista,
escreverão umadissertação
sobre"Pesquisa
decomunicação
empresarial
e institucional na Internet". Ambas acreditam queomestrado éumamanei
raexcelente de reciclar conhecimentos
e de entrar em contato com
profissio
nais de outras áreas. "Com esse curso, teremos
possibilidade
de atuardeoutraformano
mercado",
asseguram. Apedagoga
Juliane Fischer cursadoutorado. Sua tese, "O uso da infor
mática como fator de
integração
social",
procura maneiras deintegrar
deficientes físicos e mentais na socie dade: "Deficientesmentais,
por exemplo,
em escolas comuns, não são acei tos apartir
da la. série porque, emgeral,
têm dificuldade de escrever emletra cursiva e fazer
caligrafia.
Podemos ensiná-los a escrever usando
o
computador",
diz ela.O fato de o curso ser
multidiscipli
narajuda
no desenvolvimentodos projetos.
Mauro José Belli é formado emciências da
computação
e trabalho nomagistério.
Seuprojeto
dedissertação
pretende
o desenvolvimento da multimídia na
educação;
analisará processosde desenvolvimento. No curso, ele
poderá
fazerparceria
com pessoas dasáreas de
comunicação
social epedago
gia.
Ensino
barato
-Uma das gran des vantagens do ensino á distância éo
custo. OProfessorRoberto
Pacheco,
deInteligência
Aplicada,
lembra que aPetrobrás
gastou R$
200 mil paramanterumfuncionário fazendo
pós-gradua
ção
em Santa Catarina por dois anos;hoje, pelo
sistema de video-conferência,
seriapossível
formar,
com a mesmadespesa,
15funcionários,
semafastá-los tanto tempo de seus postos
de trabalho.
O
equipamento
básico para a integração
em video-conferências custapertode
R$
30 mil. São necessárias seislinhas
telefônicas,
uma TVcomtela de no mínimo 30polegadas
e mais osec;uipamentos
de conexão.No biênio
1995/96,
a UFSC ofere ceu cursos deespecialização
a mais de 1.650 empresas de transporte rodoviá rio comtransmissão de video-aulas porsatélite. O contrato fechado com a
Confederação
N acionaI dosTransportes
envolveu perto de dez milalunos,
que receberam da empresa disquetes
eapostilas
produzidos pela
UFSC para
acompanhamento
das aulas.Dubes
Sônego
Jr.
Só
[ornolistcs,
há
mais
de
20
fazendo mestrado
A
ENGENHARIA
DAS
HUMANAS
Roseli Souza de
Oliveira,
Lara Viviane Lima e Juliane Fischer têmalgo
em comum e não é uma marca decigarro.
As três são formadas em ciênciashumanasefazem mestradooudou
torado no curso de
Engenharia
deProdução,
definindo uma nova tendên cia acadêmica: a de se fundirem áreasantes consideradas distintas e, mesmo,
contraditórias. Só
jornalistas,
há mais de 20 fazendopós-graduação
naEngenharia
da UFSC. As�
moças são alunas do cursode Mídia-e
Conhecimento,
criado em1996 e que tem como carro-chefe um
programa de ensino à
distância,
UniversidadeVirtual,
que utiliza novastecnologias
de transmissão de informações,
comovide-conferências,
video aulas transmitidas via satélite e a rede Internet.Os alunos de MídiaeConhecimento
estudam
noções
deinteligência
artificial,
métodosestatísticos,
ergonomia
cognitiva,
ergonomia
da Informática etecnologia
multimídia,
entreoutras disciplinas.
Comisso,
aprendem
a lidarcom ferramentas que lhes
possibilitam
desenvolver
projetos
em sua área deformação.
Mestrado-meio
-Segundo
ajor
nalista Lara Viviane
Lima,
o mestrado4
Florianópolis,maio
de
1996. -ZERO
Quando
os
computadores
ficam
cada
vez
mais
espertos
Otemorretratadoem2001-Uma odis
séianoespaço está
longe
desetornarrealidade. No
filme,
oHal9000,
computador tão
inteligente
quanto ohomem,
engana a
tripulação
da nave, mata quem tentadesligá-lo
etomacontada missão. Aprodução
é de1968,
época
emqueainteligência
artificial começavaa sepopulari
zar esetemia queocomputador
dominasse o homem. Ainda falta muito tempoe
aprimoramento
para sechegar
aalgo
comoHaletalvezmesmo nunca sealcancenada assim. Mas também vai
longe
otempo emque a
inteligência
artificialerarestritaaoslaboratórios de última
geração
eàficção
científica.Hoje, países
como oJapão
têm sistemas
inteligentes
para freiar seus supertrens, pousar aviões sem a interferência
do
piloto,
controlar condicionadores dear efazer coisas antesrestritas aoshomens,
por
dependerem
de raciocínio. Em breve serálançada
umamáquina
de lavar com sensores que vão medir a densidade desujeira
na roupa e mostrar às donas decasa
qual
aquantidade
de sabão a seruti lizada. Aprópria
lavadora definirá aindaquanta
água
usar eporquanto tempofun cionar.Os
sete
ti
pos
de
inteligência
A
palavra inteligência
vem do latimál
intelligere,
que quer dizer escolher entre, -o decidir. Mas não é só acapacidade
de..;;:
decisão que determinaoquantoalguém
éinteligente.
Aherança genética,
acogni
ção
e iipersonalidade
também influen ciamo grau deinteligência.
A
psicologia
apresenta
setetipos
deinteligência,
cadaqual
com suas características
próprias:
musical,
facilidade deidentificação
denós;
corporal-cinestési
ca, controle dos movimentos do corpo;
lógico-matemática,
capacidade
para resolverproblemas
numéricos;
lingüísti
ca, criatividade para criar mensagens;
espacial,
facilidade com sistemas de mapas, como ojogo
dexadrez;
interpes
soaI,
o conhecimento do outro; e intrapessoal,
oconhecimento do interior de simesmo.
A
inteligência
artificial é desdeo iní cio relacionadacom asolução
deproble
mas. As
primeiras
noções
de IA foram formuladasem 1961 por NowelleSimon,
que criaram um programa para
jogar
xadrez.
Para resolver
problemas
uma pessoaageemduasetapas:entendeo
problema
eelaborauma
solução,
apartir
do grau deinteligência
e dasexperiências prévias.,
registradas
namemória. No casodocomputador,
a memóriaregistra
apenas osconhecimentos inseridos no programa.
Um dos
objetivos
dosprogramadores
éconseguir
que asexperiências
passadas
também
sejam guardadas
namemória damáquina, podendo
serresgatadas
maistarde paraa
solução
deproblemas pareci
dos.Taliana Ramos
. ,
•.'\,!I ..:_'. Ih :,•..1 "I,.
Entretanto,
essas não são as únicasutilizações
atuais dainteligência
artificial,
quejá pode
servir,
entre outras coisas,para verificarasegurança de
emprés
timos em
bancos,
analisaraspectos
da economia e aconselharempresários.
Nesse campo, a UFSC tem oprojeto
de um consultor para pequenas e médias empresas quepoderá
ser acessado porqualquer
um,via Internet.Segundo
oprofessor do curso de
pós graduação
emEngenharia
deProdução
RobertoPacheco,
programas como essepodem
ajudar empresários
a diminuir gastos. Atualmente aUFSC desenvolve tambémumprograma para auxiliar
experiências
químicas
efísicas,
utilizandointeligência
artificial e realidade virtualunidas,
eoutro que opera sistema de
gestão
ambiental para empresas. Ocomputador
teráarquivadas
as metas ambientais a serematingidas
e definirá se osprocedi
mentos adotados levarão a seu
cumpri
mentooudeverão sermodificados.
Pacheco acredita que, com aabertura
da economiae o aumentoda
competitivi
dade,
asempresas serãoobrigadas
autili zar mais sistemasinteligentes,
paramelhorar seus
produtos
e sua forma deproduzir.
"Asperspectivas
para quem seespecializa
na área sãoexcelentes;
hoje
há muita falta deprofissionais
no setor"explica. Segundo
oprofessor,
apopulari
zação
dainteligência
artificialemempre sasé dificultada basicamentepelo
pequeno número de
especialistas.
NaUFSC,
que trabalha desde 1990 na
área,
forma ram-seapenastreze doutorese umnúmero ainda pequeno de mestres. Para que a
inteligência
artificialseespalhasse,
dizoprofessor,
seria necessário que os estudantes da
graduação
adquirissem alguma
experiênciajá
nocurso,quehoje
temapenasduasmatérias tratando diretamente do
assunto.
O futuro da
inteligência
artificial é marcado por desafios. Opesquisador
revela que o que se tem em mente parabreve é um
computador
que trabalhe numa áreamas possa seadaptar
a outra.Por
exemplo: hoje
existemcomputadores
eficientes para analisar empresas, auxiliarna
aviação,
parar trens e realizar outrasfunções.
O que-se espera é quelogo
umúnico
computador
faça
tudoisso,mudan dosuasorientações
de acordocomatarefa a realizar. Num futuro mais
distante,
espera-se criar uma
máquina
capaz deraciocinar,
trabalharemambientes incer tos,adaptar-se
a essesambientes,
aprender sozinha e selecionar
experiências,
guardando
só o que possa ter utilidade futura.Desafio
especial
para ospesquisado
res representa acriação
de tradutores automáticos. O funcionamentoadequado
desses sistemas éprejudicado pela
incapacidade
doscomputadores
decontextualizar
frases,
como fazemos para obter osignificado
exatode umapalavra,
mesmoque elapossa tervários
significados.
Porexemplo:
ocomputador jamais
descobrirá,
operando pela lógica
dalinguagem,
sequem diz que vai
"comprar
o Jornal do Brasil" vai comprar umexemplar
dojor
nal ou vai comprar a empresa da família Nascimento Brito.Entretanto,
aspesqui
sas naáreajá conseguiram
construir siste mas capazes de traduzirperfeitamente
textosde campos
específicos:
dicionáriosespeciais,
comtermostécnicos da medicina, por
exemplo,
permitem
que nessasáreasa
tradução
ocorrapraticamente
sem erros.Rogério
Kiefer
: ,
A
ciência
de
trabalhar
com
todo conforto
Quando surgiu,
em 1949, naInglaterra,
aergonomia
tinha comoobjetivo
humanizar o trabalho, tornando-o mais
produtivo.
Paraisso,
tratava de
adaptar
asmáquinas
à anatomia efisiologia
dos trabalhadores,
levando emconta aestruturaneuro-muscular,
ometabolismo,
apostura e os cinco sentido das pes soas.
Atualmente,
apesquisa ergonô
mica cuida também dos ambientes de
trabalho,
envolvendo conhecimentos de
psicologia.
A temperatura, os
ruídos,
asvibrações,
as cores e ailuminação
são estudados para evitar o stress e a monotonia oupara aumentar a
motivação
do trabalhador. Nesseponto, a
ergonomia
supera a
psicologia
cognitiva, 'por
que considera as
diferenças
indivi duaiseestá maispróxima
dos acontecimentos e
preocupações
cotidianos.
Para
alcançar
bons resultados napesquisa
e naprodução
ergonôrni
cas, reúnem-se
profissionais
dediferentes áreas:
médicos
identificam locais que provocam acidentes ou males
ocupacionais
e realizamacompanhamento
desaúde;
analistas de trabalho estudam
métodos,
tempos e postos de
trabalho;
psicó
logos
estudam formas de tornarmais
agradável
oambiente de trabalho;
engenheiros
de segurança emanutenção
identificam ecorrigem
condições
insalubres eperigosas;
engenheiros ajudam
no aspecto técnico,
modificando asmáquinas
e osambientes;
desenhistas industriaisadaptam máquinas
eequipamentos,
projetos
de postosde trabalhoe sistemas de
comunicação;
programa dores deprodução
podem
criar fluxo mais uniforme de trabalho,evitando
sobrecargas
ejornadas
noturnas; e administradores respon
sabilizam-sepor
plano's
de cargos esalários
justos,
que motivem otra-,
balhador.
Acrescente
exigência
de melhores
condições
de trabalhoequalida-I de dos
produtos
deve favorecermuito o desenvolvimento da ergo
nomia. Os sindicatos e osconsumi dores
pressionam
as indústrias: característicasergonômicas
repre sentam, então, vantagemcompetiti
va.
Tatiana Ramos
S�NTA
CA:r:{RjN� FoifilcQ
. :lETHAS DO TESOURO
Valor
dos
precatórios
não
pagos é
de
R$ 37,4
mi
CáIcvIos dogovemo
bcidtamIatl'Ibém sobI't>
prooalÓtiOSjá cptado5
eusaramiool(;S$ não reccnflecidospeloTJ O,..�OÓl' dD_h(ri.· �""'" -- ..._ Pra._'" --_doSio •parque.,o I�'" --.ço .""".... ·"jInoirode joun.� .. tesoestadual )$08).o",,· lloilo'polOl'T, ,_tuoca m.�MUS rNus4•• ""' •condídaIIr iQuoIIPWII} «IbOÍl'&H«1 AcIIfque.aca ,<IoI"01lído"" SIlOdoPPe, "-16-0"'_ "'iaf__ l(\a.� _ . " • . r , , --,' .-. o..�.�... .IoiaWle"",*""",,_
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cópia
doprojeto
enviado aoSenado,
emqueconstavaessa
relação.
Como foipubli
cadonoI&C de 28 deoutubro,
ovalor real dadívida catarinense relativaaprecatórios
eradeR$ 37,4
milhões. Masalistaincluíavalores
já
pagoseoutrosreajustados.
No mesmo dia
28,
Beth enviou a OEstadode São Pauloa suamatériacom as mesmas
informações.
Osjornalistas
cederamaindapautascom as
indicações
básicasdo assunto às revistas
Veja,
Isto é, CartaCapital
e aojornal
O Globo.Ninguém
seinteressou
pela
publicação.
,
Silêncio
- Aposição
do Governoestadual era permanecer em silêncio. Sturdze esperou umatarde inteirana Secretaria da Fazenda para entrevistar o
Secretário,
Oscar
Falk,
e o coordenador da dívidapública,
Marco Aurélio Dutra. Recebido apenasnofinal doexpediente, chegou
aterumbate-bocacomestefuncionário. No entanto,na
entrevista,
oshomens dogoverno deram
pela
primeira
vezsua versão do processo. Disseram que
R$77
milhões
correspondiam
às duas últimasparcelas
das supostas oito em que haviasido dividida adívida. Os
reajustes
desse valor elevariam a conta paraR$229
.s.... JaAo
...--
__tot
--,
.._...
A
investigação
sobreirregularidades
naemissão de letras paraopagamentode pre
catórios não começou nos
gabinetes
do Senado nem naimprensa
paulista,
comoquase todo mundo pensa. A
primeira
denúncia foipublicada
nodia 28 deoutubro de 1996 no
jornal
Indústria &Comércio,
deFlorianópolis.
A matéria resultou do trabalho dosjornalistas
Flávio Sturdze e PauloHenrique
deSouza,
doI&C,
eB�
Karam,
da sucursal catarinensede O Estado de São Paulo.
A
apuração
dos fatos começou onzedias antes,
quando
o governo do Estadoanuncioua
aprovação
noSenado doproje
to que autorizavao
lançamento
deR$
600milhõesemtítulos. Eraofim deumaope
ração
iniciada emjulho
eaprovada
comurgência pela
AssembléiaLegislativa.
Não haviainformação
sobre o valor da dívida estadual relativaaprecatórios.
Perguntado
sobre a
questão
por Sousa eSturdze,
oSecretário da Casa
Civil,
MiltonMartini,
respondeu
que"ninguém
sabiaaocerto".A
lista
-O
próximo
passo dosjorna
listas foitentarobterdeoutrasfontesalista dosprecatórios.
Nadaconseguiram
emquatro
idas ao Tribunal deJustiça.
Finalmente,
fontes do PPB deramacessoàZERO
-Florianópolis/maio
de
1996.5
A
primeira
denúncia
saiu
discretamente
num
[orno]
Aeconomrco
•catarinense
•
Ia
furo
milhões. Aoutrapartedos
R$600
milhões seriaoreajuste
das seisprimeiras parcelas.
Soube-sedepois
queesses números eramresultado da fantasia matemática de
Wagner
Ramosedo Banco Vetor.Mérito
paulista
-A matéria do I&C nãoteve
repercussão
e ado Estado de São Paulo não foipublicada.
Só no dia 2 de novembroojornal
paulista publicaria
apri
meira reportagem sobreo assunto, com as
informações
apuradas
em Santa Catarinarespaldadas
pordeclarações
do SenadorVilson
Kleinubing.
Dali emdiante,
oEstadão iria distribuir as
informações
deBeth,
SturzeeSousaemmatériasassinadaspor
jornalistas
de São PauloedeBrasília.Indústria & Comércio passoua censu rar matérias contra o Governo do Estado. Aomesmo
tempo,
ainvestigação
voltou-se paraomercadofinanceiro,
oquedificultouapurações
emSanta Catarina."TínhamosaI
informação
de que uma empresa de SãoPaulo havia
forjado
oscálculosdos precatórios,
mas nãoconseguimos
provar issoaqui
em SantaCatarina",
diz Souza. "Sódepois
foi descoberta aligação
com oBanco Vetor".
Gladinston
Silvestrini
6
Florianópolis,maio
de
1996. -ZERO
A
arte
de
perder
dinheiro
com um
estado
generoso
As comissões
parlamentares
deinquérito
dos estados deAlagoas,
Pernambuco e Santa Catarina queinvestigam
a emissão de letras para opagamentode
precatórios
têmquestio
nadooutrasoperações
financeiras feitas por estes estados, como a venda de debêntures de empresas estatais eantecipações
de receitaorçamentaria,
asAROs. Em Santa Catarina,
porém,
sabe-se que o estadoperdeu
dinheironeste
tipo
detransação
desdeoprimei
rosemestrede 96.Ano
passado,
a AssembléiaLegislativa
de Santa Catarina instalouuma CPI para
investigar
as contas do governo estadual. Apartir
de1995,
oestado passouapagarcomatrasoofun
cionalismo e deixou de repassar aos
órgãos
eautarquias
umtotal deR$ 47,5
milhões.
Alegando
falta dedinheiro,
iniciou um processo de endividamento no
qual
vendeuR$
100 milhões emdebêntures da Celesc e financiou
R$
320,5
milhões emoperações
deARO,
pagando
juros
mais altos que outrosestadosem
transações
semelhantes.Perder
dinheiro
- Asconclusõesdo relatório de setembro do anopassa
do da CPI da
Transparência
apontamirregularidades
noscontratosemostramque Santa Catarina
especializou-se
emperder
dinheiro. No caso dasAROs,
oestado
chegou
apagarjuros
de2,9
% aomês,
frente a média de 2% de outrosestados.
Essas
operações chegaram
aR$
320milhões,
dosquais
R$ 90 milhõescom oBanco doBrasil. Orestanteficou sobresponsabilidade
dos bancos BMC eBMG,
contratados por apresentaremas menores taxas,1,7%,
nalicitação.
Oproblema
é que os contratospreviam
que as
instituições poderiam
rever astaxasde
juros,
bastando para isso queoestado não
quitasse
osempréstimos
em30 dias. Os
juros
foram elevadosa2,9%
aomês.
Já o
lançamento
de debêntures daCelesc,
paraoqual
foi criada aInvesc,
Gladinston Silvestrini
Santa Catarina
Participações
eInvestimentos,
foiqualificada
norelató rio como uma"ação
entreamigos".
Apermissão
para a venda de 10.000 debêntures conversíveis em29,
5% docapital
daCelesc é do dia 15 de dezem bro de1996,
sexta-feira. Nasegunda,
18,
todos ospapéis
tinham sido negociados.
Os
R$
100milhõesconseguidos
poressa
operação
foramrepassados
aoestado. A CPI apurou que trata-se de
algo
como
empréstimo
a fundoperdido,
já
queogoverno estadual não teriaaobri
gação
de devolver esses recursos àInvesc.
Logo,
as debênturesjamais
seriam
resgatadas
doscompradores,
mas convertidas em
ações,
caracterizandoa
transação
como umaforma dissimulada de
privatização.
Sobreoassunto, aGazetaMercantil
publicou,
em 14 de maio doano passado,
que a Previadquiriu
70% dasdebêntures. Convertidasesomadascom
outros
12,6
% deações
ordináriasjá
empoder
do fundo depensão, chegaria
a umterçodocapital
da Celesc.Porisso,
desde
aquela
data,
aPrevicontavacom umrepresentante noconselho adminis trativoda estatal.Em
silêncio
-Apesar
dasinformações
levantadas, arepercussão
foi mínima. O relatório, assinadopelos
deputados
do PPB Gilson dosSantos,
Leodegar
Tiscoski e Ivan Ranzolin foi enviado ao Tribunal de Contas doEstado,
e será levado emconsideração
no fechamento das contas do governo de 1996.Quanto
àInvesc,
já
havia sidoaprovada
naALoperação
semelhanteada Celesccom o
lançamento
de debênturesdaCasan. A
aprovação
sófoirevogada
apedido
do Partido dosTrabalhadores,
que contou com a desconfiança
quepaira
sobre títulospúbli
cos e com oisolamentodoPMDBdian
teda CPI das letras.
Do campo
à
Universidade,
o
grande
salto
de Marilene
Simplicidade.
Essa é aprimeira
impressão
que se tem ao conhecer MarileneMeurer,de 31 anos. O comportamento, as roupas que usa, as mãos e o
sotaque revelam
alguém
especial.
Caloura no curso deServiço
Social daUFSC,
desde março elatrocou otrabalhono campo
pelos
estudos epela
esperançade "saberoqueo
povão
pensa,ajudar
os menos favorecidos".Antes de
Florianópolis,
Marilene viviacom sua família emumsítio,
distante do centro de
Urubici,
Se. Desdecriança
teve que cuidar da casa e dos irmãos maisnovos,enquantoamãetraba lhava na roça. Aos sete anos começou aestudaremumaescolaestadual.
"Groçcs
aDeus"
-Férias,
para elae suafarru1ia é sinônimo de inverno. Operíodo
que mais trabalham é naestação
quente. O dinheiro arrecadado é utilizado
nos meses restantes: "Tem ano que
dá,
temano que não. Agentetemque remar esobrevivercom
aquilo
que tem". Nuncachegaram
apassarfome,
"graças
aDeus", mas várias vezes enfrentaram sérias difi culdades. Foinumdesses tempos difíceis que Marileneteve que desistir daescola,
nasextasérie,para
ajudar
afamília.Aos 27 anos decidiu voltaraestudar: "Vivendocomo
agricultora
tu nãoésrespeitada.
As pessoasprecisam
do que tuproduzes
e mesmo assim não terespei
tam. Até na nossa comunidade riem do
agricultor
depé
rachado e mãoscaleja
das. Voltei a estudar porque gostavamuitoe
precisava
serrespeitada".
Foi umalutaretomaraosestudos, em umasalacompessoas bem mais
jovens
e sem selembrar demais nada das matérias doprimário.
Naprimeira
prova dePortuguês
tirou3,4
e achou que deveriadesistir. Não desistiu e em pouco tempo eraconsiderada líder de classe. O segun
do grau também foi difícil.
Quando
conseguia
umespaçoentreaescolae astare-fas
domésticas,
preparava-se paraovestibular,
sob o olhar descrente de muitaspessoas.
Marilene considera-se uma pessoa
calma. Nãocostumasair à noitenemtem
muitos
amigos
emUrubici. Na adolescência,
saía com seuirmão,
maspouquíssi
mas vezes. Adiversãoera visitaros vizi nhos eir àIgreja
nodomingo
de manhã. Emumacidadedo interior quesupervaJo
rizaocasamento, diz queapressionaram
para não ficar
solteirona,
mas nunca seimportou
com isso. Para ela, os temposevoluírame aspessoas devemcasar-se no
momento certo e não por
imposição
da sociedade.Enfiml
caloura!
- "Foiamaior alegria
da minhavida",
relataMarilene,lem brando o dia em que viu o resultado dovestibular no
jornal.
Ela ainda está emprocesso de
adaptação
emFlorianópolis.
Além de
grande,
achaacidadesuja:
"Nãoé fácil viver
aqui, principalmente longe
da farru1ia.Sempre
estoupreocupada
com meuspais.
Apesar
de todas as dificuldades,
não quero parar de estudar até meformar. Tenho muitos
colegas
que merespeitam
eestãomeajudando.
Acho que em Urubici seria mais difícilconseguir
essa
ajuda."
Atualmente, Marilenemoracom uma
senhora viúva,
amiga
da farru1ia, e estáprocurando
empregoparaajudar
nasdes pesas. Não fazplanos
paranãosedecep
cionar:
"Naquela
vez euqueria
continuarestudando atéo fimenão deu. O queeu
espero éme formare teronde trabalhar. Todo mundo está estudandoenãosabese
vaitertrabalho. Não deveriaserassim". O sonho de Marilene é, no
futuro,
poder ajudar
ospais
a terem vida maistranqüila.
Paraconseguir
isso,ela declara quealuta está apenascomeçando.
Carline
PivaZERO
-Florianópolis,maio
de
1996.7
Com
250
mil
I.habitantes,
'"Florianópolis
._
rema
contra
a
'" ,mare
.".Cefe
ra
Florianópolis
vai ter ainda esteano a sua terceirainstituição
pública
de ensinosuperior.
A Escola Técnica Federal de Santa Catarina vai virarCefet eassimsejuntar
àUFSC eà Udesc. A lei 8.948 doanode 1994
regulamenta
atransformação
das 19 escolas técnicas federais do Brasil
-entre elas a catarinense
-em centros
federais de ensino
técnico(Cefets),
que oferecem cursos em nível médio e superior.
Bahia,
MinasGerais, Maranhão,
Paraná e Rio de Janeiro são os estados brasileiros que
já
possuemumCefet.A Escola Técnica Federal de Santa Catarinaestá em processo de
transição
eeste ano recebe verbas de
reforço.
SãoR$500
milhões(250
milhões do Banco Mundial e 250 milhões do GovernoFederal)
destinadosatodasasescolas téc nicas federais. Esse dinheiro vaiajudar
naimplantação
dos centros e, de certaforma,
contraria apolítica
do governofederal de
redução
de investimentos noensino
superior.
Segundo
adiretora daEscola,
Soni deCarvalho,
otítulo de Cefet aindadepende
de parecer
positivo
doConselhoNacional deEducação.
Mesmoassim,
já
são ofere cidosquatrocursosemnívelsuperior,
nasáreas de segurança do
trabalho,
processamento de
dados;
eletromecânica eenfer-magern, Outros três devemseroferecidos
a
partir
dopróximo
semestre:mecânica,
eletrotécnica e
manutenção
deequipa
mentos
odontológicos
e médicos. "Agrande
diferença
entreo ensino dado nosCefetseoensino das universidades é que
há uma
verticalização
do ensinotécnico,
ou
seja,
aformação
dotecnólogo",
destaca adiretora.
O diretor
regional
doSenai,
Otávio FerrariFilho,
diz que essasmudanças
vêm
ao�contro
dasexpectativas
das indústrias. "As empresasprecisam
cadavezmais dos
tecnólogos,
que têmespírito
maisprático
do que osengenheiros,
quetêm
formação
voltadaaosestudos cientí ficos".-Ferrari considera que certamente há vagas nas indústrias para alunos forma
dos em
instituições
como a Escola Técnica Federal. Em 95 foram formados ali 700técnicose,no mesmoperíodo,
674conseguiram
vagas paraoestágio obriga
tório.
Quanto
ao aumentoda procura doscursos da UFSC
pelos
formandos emsegundo
graupela
EscolaTécnica,
odiretor do Senai faz umacrítica:
"Então,
para quesertécnico?".
Rodrigo
Faraco
Em matéria
de
vestibular,
ETFSC
aprova
mais
do
que
cursinhos
A Escola Técnica Federal de Santa Catarina
(ETFSC)
olha comdesgosto
umtítulo que éosonho de muitos donos decur
sinhos
pré
vestibulares catarinenses. Desde1995,
ela aparecenorelatório da Comissão Permanente de Vestibular da UFSCcomo aterceira escola que mais aprova alunos no concurso. A ETFSC fica atrás apenas dos
colégios
Geração
eDecisão,
eestá mais bem colocada que os conceituados Instituto Estadual deEducação
e Catarinense. E há trêsanos,suaposição
eraainda melhor:ocupava o
segundo lugar.
Acontece queafunção
da escola éadeformartécnicos,
enão preparar alunos paraumcursosuperior.
Pararesolveressedesvio de
função,
queacontece com escolas técnicas por todo o
Brasil,
o governo federal preparou umasaída
-a
partir
dopróximo
ano,oensino profissionalizante estará desvinculado do de
segundo
grau.Disciplinas
de conhecimentogeral,
comoportuguês,
geografia
ouhistória,
vão
gradativamente
desaparecer
do currícu lo das ETF's. Nocasocatarinense,
onde háparidade
entreoensino técnicoe obásico,
aprevisão
para 1998 é deumaredução pela
metade da carga horária dessas matérias, O Núcleo
Comum,
como são chamados osdois
primeiros
semestres queconcentram amaiorparte das aulas
básicas,
vaiserextin to,eoalunocomeçará
diretamenteno cursotécnico queescolher.
Mas,
paraingressar
nessa nova EscolaTécnica,ointeressado terá que fazer mais do
que passarno examede
seleção.
Ele deveráobrigatoriamente
estarcursando,
oujá
terconcluído,
osegundo
grauemoutraescola. VilsonZapelinni,
assessor de ensino daETFSC,
acredita que dessa forma só vaientrarnaescola quem
quiser
realmentetrabalhar na área técnica.
Assim,
o Governo acredita que serão melhorempregados
osR$
2.500gastos
anualmente por aluno para formaraquele profissional
que em umaempresa éo intermediárioentre um enge
nheiroetrabalhadoresmenos
qualificados.
Rodrigo
Faraco
Romeu
Martins
8
Florianópolis/maio
de 1996.
-ZERO
Uma
beira
mar
.
"",
sem
os
esplgoes
Governo
jura
q
ue
dessa
vez
não
dá
terreno
Muita gente se
pergunta
se a ViaExpressa
Sul não vai acabar virando umaBeira Mar Sul, cheia de
prédios
como a sua irmã doNorte,
onde muitos edifícios foram construídos sobre terrenos do Estado e atéhoje
permanecem em semilegalidade
.. Isto atépode
acontecer maso Governo
jura
que não vai O gerente de Meio AmbientedoDER,
Valmir Antunes daSilva, afirma queaárea não foi libera da aconstrução civil,
eque, mesmoqueisso fosse
permitido,
o espaçocompreendido entre a Via
Expressa
e a Avenida.Jorge
Lacerda(atual
acesso aoaeroporto)
é muitopequeno.
AFATMA eo IBAMA só aprovaram o aterro e a
construção
da ViaExpressa
por considerarem que a obra não trariaimpactos
relevantes ao meio ambiente.Originalmente,
o espaçopertencia
aoGoverno
Federal,
porserorlamarítima,
efoi cedidoaoEstadosomenteparaa cons
trução
da via e da área de lazer.Quem
A
para
os
apes
de
luxo
determinou isto foi o
Serviço
de Patrimônio da União(SPU);
somenteumalei federal
pode
mudar o destino daárea.
�
A
manutenção
de toda a estrutura da ViaExpressa
Sul ficará por conta doDER,
quepode
fazer umconvêniocom aPrefeitura. O terreno não
pode
serdoadonem vendido para
particulares.
Qualquer
mudança
noprojeto
tem queestardentro das normasdeterminadaspelo
SPU.E se o governo resolvesse liberar a
área para
construções?
O terreno seriaapropriado,
mesmo com tanta areia depraia?
Com atecnologia
atual,
sim.Segundo
oengenheiro
Luciano Prestaprecisariam
serfeitasperfurações
parasechegar
àterrafixa. Masestasperfurações
poderiam
ultrapassar
20 metros de profundidade,
oque encareceriaaobra.Deluana
BussJosette
Goulart
o GIl: ... NDos
sambaquis
à
explosão.
demográfica
'" Q) Q._ o -' i1 c IJ E IJ V') Aocupação
européia
dasterrasdaIlha de Santa Catarina começouem1747,
com achegada
dosaçorianos.
Antes disso,habitavama
região
os índioscarijós, agri
cultoresdescendentes do ilhéupré-históri
co,que pescavaecoletava mariscos cons
truindo
sambaquis
com asespinhas
econchas.
Atualmente,
Florianópolis abriga
uma
população
flutuante,
que no verãopode
passar de 420 mil habitantes.Os turistas costumam ficar em hotéis ou nas casas da
população
permanente
domunicípio,
que, de março adezembro,
é decercade 250 mil pessoas. Os números parecem modestos emrelação
a outrascapitais,
maseles escondemoprocesso deexplosão
demográfica
aqueacidade,
ocupando
originalmente
pequena parte da Ilha de SantaCatarinaeumafaixa estreita do Continente, tenta se
adaptar.
Hápouco espaçopara
construção
nasáreas deocupação tradicional,
emuitos fazemhoje
moradia naspraias antigamente
destinadas aoveraneio.
Desdea
época
dascapitanias
hereditárias,
adistribuição
do território florianopolitano
e dapopulação
sobre ele vemseguindo
normas que mudam com otempo.
Quando
D. João IH incluiu a ilhana
Capitania
de SantoAmaro,deixando-aaos cuidados de Pero
Lopes,
ainda estavam por vir
algumas brigas
depoder
queafariam passar demão em mão até parar nasdo
Marquês
de Cascaes. Naconfusão,
ninguém
se lembrou de demarcaro território
catarinense,
fato que gerou, noImpério,
discussões envolvendoaprovín
cia de São Paulo.
Comonorestodo
Brasil,
osportugue seschegaram
à Ilha de Santa Catarina dispostos acolonizá-la: afastaram os
índios,
tomaram suasterras,
aprenderam
apescar- nos
Açores
viviam daagropecuária
-e
formaram as
primeiras
vilas.Quando
asobrevivência começou a ficar difícil,
foram
gradativamente
se mudando paraocentro.
Hoje
emdia,
muitospescadores
do interior da ilha ainda esperampela possi
bilidade de venderascasasparaosturistase tentar um emprego na cidade.
Alguns
grupos de assistência social denunciam a
exploração
a que eles são submetidos: entusiasmadoscom oque lhes pareceumafortuna,
ospescadores
entregamseusbensaos turistas por
quantias
muito inferiores ao valor de mercado. Em certos casos,acabam em favelas como a da Via
Expressa
continental,
junto
commigran
tesdo Oeste doEstado.
O crescimento
populacional
- tantonocentro, quanto nas
praias
- tem motivadoconstantes
propostas
dealteração
doplano
diretor dacapital.
Apolêmica
atual trataexatamente de assuntos
ligados
ao tema"ocupação
deterreno". Entre outros, existem
projetos
parao aumento do limite de andares dosprédios
e para modificar oartigo
que determina o máximo de área quesepode
construirnumlote.É
umadiscussão
pela qual
apopulação
só começou a seinteressarnadécada de 70.Anita Dutra