Jose Roberto Fioretto jrf@fmb.unesp.br
Professor Adjunto-Livre Docente
Disciplina de Medicina Intensiva Pediátrica Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP
Doença caracterizada por processo inflamatório
agudo, edema e necrose das células epiteliais
dos bronquíolos, com aumento da secreção de
muco e broncoespasmo.
Ocorre obstrução dos bronquíolos por “plug”de
muco e células epiteliais descamadas e edema
inflamatório.
Bronquiolite é bronquiolite....
Asma é asma....
Inflamação viral de vias aéreas inferiores mais
comum em lactentes.
Primeiro episódio de sibilância
Predomina no outono e inverno
Lieberthal AS et al, Pediatrics. 2006; 118(4):1774-96 Pitrez PMC, J Pediatr (Rio J). 2005;81(5):417-20
Morbidade e mortalidade em crianças saudáveis e de
alto risco admitidas para tratamento hospitalar devido
a infecção por vírus sincicial respiratório
Welliven RC, 1998
Crianças com saúde
Crianças com displasia broncopulmonar
Crianças com doença cardíaca congênita Crianças prematuras 7.3 – 33.3 32.0 – 37.0 32.0 – 33.0 25.0 – 34.0 3.2 – 12.0 17.0 – 25.0 18.8 – 19.3 16.0 – 18.0 0.0 – 0.3 3.5 – 5.0 3.4 – 5.2 0.0 – 3.3
População Crianças em UTI (%) Crianças em VM (%)
Taxa de
Etiologias Possíveis
Vírus Sincicial Respiratório (mais frequente 80%)
Vírus Parainfluenza / Influenza
Adenovírus / Rinovírus
Metapneumovírus humano
Enterovirus / Coronavirus
Mycoplasma pneumoniae
Chlamydia pneumoniae
90% das crianças < 2 anos são infectadas pelo VSR
Mais de 40% terão infecção do trato respiratório inferior
Não determina imunidade permanente
Reinfecções são comuns Cardiopatas, Pneumopatas
crônicas, Prematuros
Mullins JA et al, Pediatr Infect Dis J. 2003;22:857–862 Greenough A et al, Arch Dis Child. 2001;85:463-468 Parrot RH et al, Am J Epidemiol. 1973;98:289–300
Meisner HC. Pediatr Infec Dis. 2003;22(2 supopl):S40-S44
Quadro Clínico
Bronquiolite
• Abaixo dos 2 anos de idade.
• Sintomas catarrais das VAS com duração de cerca de 2 a 3 dias. • Comprometimento das Vias Aéreas Inferiores:
Tosse, dispneia, taquipneia (TAQUIDISPNEIA), febre,
prostração, dificuldade para se alimentar.
Tiragem intercostal, SIBILOS, estertores, batimento da asa
Fatores de risco para o desenvolvimento de doença
grave em lactentes com bronquiolite
História
< 3 meses de idade
Nascimento com < 34 semanas de gestação
Cardiopatia congênita
Displasia broncopulmonar
Clínica
Toxemia
FR > 70/min
Intensidade dos sibilos
Atelectasia no Raio-X de tórax
Hospitalização Critérios de Gravidade
Toxemia
Apneia
/ cianose
FR > 60/min.
Idade < 6 semanas
Prematuridade
(< 34 sem. de IG, idade corrigida < 3 meses)
Cardiopatia / Pneumopatia crônica
Sat.O
2< 94% com FiO
2= 0,21
Desidratação
Hidratação
Oxigenação
Acalmar a criança
Tratamento de suporte
Forte recomendação
Nível de evidência: validação não pode ser realizada
Nebulização com soluções hipertônicas
NaCl 3% a 7% Melhoram casos leves a moderados
Antibioticoterapia
Indicação controversa Infecção secundária por agentes hospitalares
Tratamento de suporte
Zhang L et al. Cochrane, 2008
Recomendação atual NÃO USAR
Davison C et al. Pediatr Crit Care Med. 2004; 5:482-9 Willson DF et al. J Pediatr. 2003; 143: S142-9.
Broncodilatadores
Evidência nível B
Uso controverso
Revisão Cochrane, 2000 (25% de melhora)
Albuterol /Salbutamol/ Epinefrina racêmica
Efeito melhor em portadores de sibilância prévia
Mantido, se ocorrer melhora
Tratamento para alívio da Obstrução de Vias Aéreas
Corticosteróides sistêmicos
Não devem ser rotineiramente utilizados
Evidência nível B
Revisão Cochrane (2004): Sem efeitos benéficos
Casos Graves: ?
doença prévia reativa das vias aéreas ou nos quais
existe falha de outras medidas agressivas
Lieberthal AS et al, Pediatrics. 2006; 118(4):1774-96
Corticosteróides sistêmicos
Schuh S et al. Efficacy of oral dexamethasone in outpatients with acute bronchiolitis. J
Pediatr. 2002;140:27–32 diminuição de 50% das internações.
Csonka P et al. Oral prednisolone in the acute management of children age 6 to 35 months with viral respiratory infection-induced lower airway disease: a randomized, placebo-controlled trial.
J Pediatr. 2003;143:725–730 menor tempo de internação e menor
tempo dos sintomas.
Associação Epinefrina e Dexametasona
Plin A et al
.Epinephrine and Dexamethasone in Children with
Bronchiolitis. The New England Journal of Medicine
2009;360(20), 2079:2089
Epinefrina inalatória + dexametasona VO
Trabalho multicentrico, duplo-cego, placebo controlado
800 crianças de 6 semanas a 12 meses, avaliados em PS Conclusão: Redução do número de internações hospitalares.
Fisioterapia Respiratória
Nível de evidência: B (ECR com limitações)
Benefícios: clearence de secreções, prevenção de
atelectasias
Riscos: Estresse do lactente, custo (?)
Lieberthal AS et al, Pediatrics. 2006; 118(4):1774-96
Ribavirina
Nível de evidência: B
Uso controverso
Imunodeprimidos e Cardiopatas com repercussão
hemodinâmica importante
Tratamento Antiviral
Anticorpos monoclonais contra VSR
Palivizumabe (15 mg/Kg/dose uma vez/mês) durante
os meses epidêmicos (5 meses) iniciando no mês
anterior ao período da sazonalidade do vírus.
Sec. da Saúde de São Paulo Resolução 249 (13/07/2007) abril a agosto
Profilaxia contra o VSR
Cças < 1 ano prematuras (IG ≤ 28 semanas) após alta hospitalar;
Cças < 2 anos cardiopatia congênita com repercussão
hemodinâmica importante ou doença pulmonar crônica da
prematuridade, que necessitaram tratamento nos 6 meses anteriores ao período de sazonalidade do VSR.
Palivizumabe – Estado de São Paulo
Surfactante exógeno
Bronquiolite
Tratamento
Lactentes submetidos a VM benefício com
surfactante (50 a 100mg/kg).
Nível de Evidência : 2B
Indicação: evolução desfavorável durante a VM (?)
Davison Cet al. Pediatr Crit Care Med. 2004; 5:482-9. Willson DF et al. J Pediatr. 2003; 143: S142-9.
Heliox
Bronquiolite
Tratamento
Helio: gás inerte 8 vezes menos denso que o Oxigênio
80% Hélio : 20% Oxigênio: Densidade 3 vezes menor
Fluxo laminar menor resistência
Heliox
Yanney M, Vyas H. Arch Dis Child 2008; 93:793–798.
Cambonie G, Milesi C, Fournier-Favre S, et al. Chest 2006; 129:676–682. Liet JM, Millotte B, Tucci M, et al. J Pediatr 2005; 147:812–817.
Trabalhos
recentes
não
mostraram
benefício, não mudou a evolução e não
diminuiu a necessidade de intubação
Indicações de IOT e Ventilação Mecânica
FR > 100/min ou FR < 20/min
Apneia recidivante
Bradicardia
VNIPP
< 3 meses de idade com disfunção
respiratória moderada a importante
Prongas nasais
Pressão entre 5 e 12 cmH
2O
Ventilação Mecânica Invasiva
Maior evidência da eficácia redução da mortalidade
Modo de ventilação: não há estudos comparativos
Pediatria: Pressão e tempo controlados
PIP: 25 a 32 cm H2O
Tempo expiratório (prolongado): 1,3 a 2 seg.
Frequência respiratória (baixa): 16 a 24 irpm
FiO2: manter SaO2 > 90%
PEEP: 4 a 6 cm H2O (inicialmente)
Testes Diagnósticos
Orientações práticas
Eletrólitos, HMG e hemocultura → rotina
Radioimunoensaio para VSR não deve ser realizado de rotina
para as grandes epidemias de VSR e para pacientes com sinais típicos de pneumonia bacteriana
PCR para micoplasma e pertussis, cultura para clamidia devem
ser realizadas apenas nos pacientes com epidemiologia e sintomas compatíveis, nas quais o VSR tenha sido afastado
Cuidados Respiratórios
Orientações práticas
Considerar triagem inicial com nebulização de Beta 2 agonista
Nebulização de adrenalina também pode ser efetiva
Instilação nasal de salina e aspiração de VAS
Oxigenoterapia se SatO2 < 94%
Oximetria de pulso → pacientes com apneia até que esta esteja ausente por 24-48 horas ou para pacientes em UCI ou semi-intensiva
Cuidados Respiratórios
Alguns estudos demonstram melhora clínica com a nebulização de broncodilatadores, mas poucos estudos demonstraram diminuição nas taxas de complicação ou tempo de internação
Limitar a terapêutica com nebulizador às 1as 24 horas
A utilização de vaporizador não aquecido não tem demonstrado benefício podendo ocasionar pneumonia hospitalar
Antibióticos
Orientações práticas
Não utilizar de rotina
Infecções bacterianas graves são raras nos pacientes com VSR
Antibióticos → se houver suspeita de pneumonia com febre alta,
infiltrado lobar, leucócitos > 15.000/mm3, toxemia
ATB empíricos devem ser imediatamente suspensos,
Outras Orientações
Orientações práticas
Acesso IV se apresentar apneia ou for de alto risco
Fluídos IV se a ingestão oral for inadequada ou FR > 70
Corticóides apenas para pacientes com doença prévia reativa das vias aéreas ou nos quais existe falha de outras medidas agressivas
Orientação educacional em relação à ausência de terapêutica
específica e do potencial para persistência ou recurrência de chiado após a alta
Monitoração cardíaca para pacientes de 2 a 24 meses de idade