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A Transcrição para Trombone do Adágio da Fantasia 6 da coleção de 12 Fantasias para violino solo de G. P. Telemann: algumas considerações

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Academic year: 2021

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A Transcrição para Trombone do Adágio da Fantasia 6 da coleção de

12 Fantasias para violino solo de G. P. Telemann: algumas

considerações

Ricardo Pacheco PPGMUS ECA/USP – ricardonaja@usp.br Profa. Dra.Silvia Maria Pires Cabrera Berg PPGMUS ECA/USP – silviaberg@usp.br

Resumo: Esta comunicação trata da proposição de transcrição do Adágio da Fantasia 6 da coleção de 12 Fantasias para violino solo de G.P. Telemann e das soluções que estão sendo consideradas durante o processo de transcrição, como parte das pesquisas para uma dissertação de mestrado. Neste artigo apresentaremos o passo a passo considerado durante da transcrição de um instrumento harmônico para um instrumento essencialmente melódico.

Palavras chave: transcrição, Telemann, trombone, 12 Fantasias, solo

Abstract: This paper aims to present a proposition of the transcription of the Fantasia 6 from Telemanns Collection of 12 Fantasias for Solo Violin and the solutions that are being considered during the transcription process, as part of the research for a master dissertation. In this paper we present the step by step considered during the transcription of a harmonic instrument to an instrument essentially melodic. Keywords: transcription, Telemann, trombone, 12 Fantasias, solo

Introdução

Devido ao grande desenvolvimento que vem ocorrendo com a técnica do trombone nas últimas décadas, a necessidade de novos repertórios para o instrumento tem sido constante. Obras contemporâneas como a Improvisation für trombone solo do trombonista e compositor uruguaio Enrique Crespo, Basta for trombone do compositor sueco Folke Rabe e Sequenza V: for trombone do compositor italiano Luciano Berio são obras que exigem grande técnica de execução, e atestam sobre o desenvolvimento alcançado pelos trombonistas modernos e contemporäneos assim como aquisições advindas do uso da técnica estendida aplicada ao instrumento. Por outro lado, transcrições de obras de períodos anteriores compostas para outros instrumentos, sejam estes de sopro ou cordas, alem de também promover a expansão do repertório solo para o trombone, contribuem para o desenvolvimento técnico do instrumento, pois apresentam problemas diversos dos comumente encontrados no repertório específico composto para este instrumento.

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Este artigo trata da proposição de transcrição das 12 Fantasias para violino solo de G.P. Telemann e das soluções que estão sendo consideradas durante o processo de transcrição. Para este artigo foi escolhido o Adágio da Fantasia 6, e o passo a passo do processo da transcrição de um instrumento harmônico para um instrumento essencialmente melódico. A questão inicial a que nos deparamos, ao fazermos uma transcrição para o trombone de uma obra para violino implica que se a obra tivesse sido transcrita para um instrumento harmônico como o violão/alaúde ou cravo haveria, como nos mostra a tradição de transcrições ocorridas desde o período barroco, um processo de preenchimento harmônico de acordes e linha do baixo contínuo, assim como um processo de ornamentação melódica escrita ou não. Na transcrição de uma obra para violino solo para o trombone, ao transcrever-se a utilização de cordas duplas no violino, por exemplo, nos deparamos com uma escolha inevitável entre ou o processo inverso ao de preenchimento harmônico, que se caracteriza pela supressão de notas e valores ou o uso de artifícios desenvolvidos nas últimas décadas, pela técnica estendida do trombone. Optamos neste trabalho, pela pesquisa dos processos inversos ao utilizados nas transcrições com preenchimento harmônico da transcrição de obras do período barroco.

As soluções aqui apresentadas são resultantes de um processo em andamento, como parte de pesquisa para uma dissertação de mestrado.

1. Sobre a obra

Telemann escreveu quatro coleções de fantasias, sendo estas para flauta, teclados, violino e viola da gamba, todas publicadas em Hamburgo entre 1732 a 1736.

Estas obras são consideradas entre as obras instrumentais de mais sucesso do século XVIII. Inesperadamente, apenas as fantasias de flauta e violino incorporaram plenamente os rigorosos procedimentos contrapontísticos por muito tempo associado às fantasias. As fantasias de violino solo foram publicadas em Hamburgo no ano de 1735 das quais 6 são fugas e 6 são Galanterien1. Quatro fugas ocorrem na coleção da primeira metade (Fantasias 2, 3, 5, 6) e apenas uma na segunda (Fantasia 10). Nas fantasias para flauta, dois ou três movimentos são seguidos por uma dança binária, mas como nas obras para teclados, as Fantasias 1e 11 reprisa os movimentos rápidos. Na fantasia 6,

1(Fr.; It. Galante, Al. Galanterie). Um termo muito utilizado durante o século 18 para designar música com melodias levemente

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uma solene sarabanda começa com um ponto de imitação que conduz mais rigorosamente a fuga trabalhada, o sujeito de quatro notas e episódios cromáticas do qual emprestá-a uma intensidade arcáica.

A decisão de iniciarmos a transcricão das 12 Fantasias para violino solo para trombone, abrangem tanto as proposicões de ordem técnica do trombone enquanto instrumento solista, quanto um estudo de estilo e possibilidades de transposicão da obra.

2. O processo de transposição

O procedimento de transcrição será apresentado passo a passo, mostrando a escrita original e a transcrição do Adágio da Fantasia 6, formada de quatro movimentos,: Adagio (Sarabanda) – Fugue – Siciliana e Bourrée.

Compassos de 1 A 4

No compasso 3 e 4 encontramos a escrita de duas vozes simultâneas (cordas duplas do violino). A solução proposta neste caso foi a de alterar o valor da nota superior na transcricão, mantendo a voz inferior como no original para que se mantenha uma melodia continua, e a ilusão de contraponto, pois segundo F. Capra a teoria da Gestalt parte do princípio que os organismo vivos não percepcionam em termos de elementos isolados mas em termos de padrões perceptivos integrados - todos significativamente organizados que apresentam qualidades ausentes nas suas partes. 2 Escrita original:

Figura 1

Escrita original

2

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Figura 2

Transcrição para o trombone

Compassos 5 A 10

A voz inferior conduz a voz superior até o compasso 9 e 10 que resolvem em acordes de Si maior e Mi menor.

Figura 3

Escrita original

Na escrita original as notas Sol e Dó# no compasso 5 são tocadas juntas formando uma 5ª dim. e no compasso 6 as notas Si e Fa# também tocadas juntas formam uma 5ª justa. Na transcrição feita para o trombone são transformadas em notas melódicas, mantendo a condução melódica. No compasso 8 a repetição da nota do baixo (Lá) é transformada em duas appogiaturas longas.

Figura 4

Transcrição para trombone COMPASSOS 11 A 14

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Figura 5

Escrita original

Na transcrição, esta questão é resolvida com a supressão de notas, alterações de valores e arpejos.

Figura 6

Transcrição para trombone Compassos 15 A 24 (1º tempo)

A escrita polifônica é evidente caminhando para uma acorde de Sol maior. Figura 7

Escrita original

Na transcrição a alteração de valores e as appogiaturas são empregadas como solução das notas harmônicas

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Figura 8

Transcrição para trombone Compassos 24 (2º tempo) A 37

Nesses compassos as frases, modificadas harmonicamente, são apresentadas como A‟:

Figura 9

Escrita original

Na transcrição as supressões de notas e valores continuam sendo utilizadas para que o trombone possa executar esse trecho segundo a proposta abaixo:

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Figura 10

Transcrição para trombone Compassos 38 A 41

O uso de cordas duplas è evidente no final do Adagio: Figura 11

Escrita original

Para o trombone a condução da cadência para Mi menor na Fantasia será realizado nas appogiaturas:

Figura 12

Transcrição para o trombone Considerações Finais

Comparando as duas escritas (original e transcrição), na transcrição feita para o trombone as notas que são harmônicas na escrita original passam a ser ornamentações

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para que o trombone, crie a ilusão do contraponto da escrita original. As variações melódicas na transcrição são exigidas para que se tenha uma boa execução, onde muito da técnica do trombone é empregada. O uso de ligaduras na appogiaturas são um auxilio para performance, escolhidos neste caso por fidelidade estilística á obra original.

Outra opção seria executar a escrita original harmonicamente ao trombone recorrendo aos recursos multifônicos da técnica estendida, onde cada nota seria tocada separadamente com alteração da coluna de ar no instrumento. Para se atingir tal grau de performance nesta Fantasia teríamos que executar a nota de maior valor e movimentar as outras notas cantando-as dentro do instrumento. Essa técnica não era muito utilizada nas composições para trombone, pelo fato de que o instrumento não era tido como capaz de desenvolver uma habilidade virtuose na época, sendo que outros instrumentos já conheciam e praticavam essa técnica desde o século XVIII. Optamos aqui pela transcrição acima descrita, por acreditar que as associações de técnica estendida estão mais associadas à composição e performance da música moderna e contemporânea. Referências bibliográficas

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DUBOIS, Theódore (1983). Trattato di contrappunto e fuga. Milano, Ricordi. 1ª ed. 1905.

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Referências

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