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Maturidade com qualidade de vida, desafios para novos tempos

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Academic year: 2021

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Fernanda Bertoldo1 Joceli Veadrigo1 Lisandra Pacheco da Silva2 Resumo:

O conhecimento é a grande categoria do processo educacional. É a estratégia fundamental e privilegiada da vida, que constrói a organização social, político, econômica e cultural. Este conhecimento se constrói principalmente pela vivência (experiências) e cumplicidade, características essas presentes no grupo de alunos que participaram da pesquisa. A partir dessa análise iniciamos o nosso trabalho de pesquisa do projeto NEPSO, com a turma C do programa de Educação de jovens e adultos da Universidade de Caxias do Sul, onde se percebeu uma carência de possibilidades oferecidas pela comunidade em que estão inseridos, levando assim a uma frustração de algumas expectativas ao que se refere a qualidade de vida nessa faixa etária. Tendo em vista que a expectativa de vida vem aumentando, segundo estimativa do IBGE, para o ano de 2002 revelam que a esperança de vida de um brasileiro ao nascer é de 71 anos. Conhecedores dessa realidade o grupo de alunas do EJA se propôs a pesquisar. Por ser um tema importante, em relação a suas vivências, gerou muita discussão e participação das educandas, porém se verificou alguma resistência por parte do educador que parecia não se identificar com o tema. Mas as alunas tiveram grande empenho tanto na pesquisa de campo, como na elaboração das questões do questionário, tabulação e conclusão da pesquisa. O trabalho envolveu o levantamento dos conhecimentos sobre os serviços e programas destinados aos idosos, qual o tratamento das pessoas em relação a eles, e quais os conhecimentos que estão presentes nessa comunidade em relação ao estatuto do idoso, documento que formaliza o direito dos que, apesar de sua experiência, estão excluídos. Na análise dos resultados dos questionários o que mais chama atenção é a falta de conhecimentos da comunidade acadêmica em relação ao estatuto do idoso. Buscamos assim, propiciar, à chamada “terceira idade”, condições para ser vivida com muita intensidade, com identidade própria e sobretudo com dignidade, com alegria e participação na comunidade em que estão inseridos. Aceitar a velhice é um desafio para as pessoas, o idoso precisa de respeito à sua dignidade e não piedade e assistencialismo. É um cidadão e como tal tem seus direitos.

Palavras-chave: Terceira idade, conhecimento e qualidade de vida

1. ANÁLISE SÓCIO-DEMOGRÁFICA

O espaço que vem sendo ocupado pelo idoso na sociedade, nos dias de hoje, é um assunto muito discutido, pois o número de idosos vem aumentando a cada dia, segundo

1 Professora multiplicadora 1 Professora multiplicadora 2 Orientadora

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reportagem da revista Mundo Jovem, o Brasil pode prever que sua população com mais de 65 anos vai passar de 9% para 15% até 2010.

Observando a divisão da estrutura etária (por idade) da população, onde comumente aparece em três faixas:

• os jovens – do nascimento até 19 anos; • os adultos – de 20 até 59 anos;

• os idosos (ou terceira idade) – de 60 anos em diante.

Nesse aspecto, as nações que possuem, há várias décadas, baixos índices de natalidade e de mortalidade uma expectativa de vida (vida média elevada) – casos dos países capitalistas desenvolvidos, e de uma parte dos “ex-socialistas” - tem a maioria de sua população na faixa etária dos adultos ( entre 55% a 60% do total); a percentagem de idosos é relativamente alto ( mais de 15%) e a faixa de jovens normalmente está abaixo dos 30% da população.

Os países subdesenvolvidos, especialmente aqueles que apresentam baixa expectativa de vida, tem a maioria da população jovem ( 50% ou mais) e a faixa de idosos bastante reduzidas (nunca chega a 10%, às vezes nem a 5% do total, (senso 2000)).

No Brasil, segundo os dados do senso (2002), a faixa etária dos jovens abrange 40,5% a dos adultos 50,6% e a dos idosos 9,8% do total da população.

Nas últimas décadas aumentou o percentual de idosos e adultos e diminuiu a percentagem de jovens, pois em 1950, a distribuição era a seguinte: jovens, 52,3% adultos, 43,1% e idosos, 4,6%. Essa mudança deveu-se ao aumento da expectativa de vida e a diminuição das taxas de mortalidade infantil e de natal idade (Magnoli,2002). O Brasil que passa rapidamente, de um pais considerado jovens, para um país maduro, deve ser considerado, de fato, um país em transição demográfica nesta primeira década do século XXI. Porém os espaços e as oportunidades voltadas à atender esse público não crescem no mesmo proporção; na nossa região esses espaços se restringem, em sua maioria, apenas em contemplar o lazer.

Pensando nisso a turma do Programa de Educação de Jovens e Adultos da Universidade de Caxias do Sul, juntamente com as professoras multiplicadoras do Projeto NEPSO, desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de proporcionar situações que conduzam a construção de novos conhecimentos, que possibilitem os indivíduos ter uma melhor qualidade de vida na terceira idade, a partir da interação dos indivíduos entre si e a sociedade , respeitando as etapas do desenvolvimento de cada um, buscando a

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ampliação da visão de mundo, tornando-os cidadãos críticos, realizados e atuantes na sociedade em que vivem.

A pesquisa realizada nos permitiu verificar com os alunos, possibilidade de ações e atitudes que proporcionem qualidade de vida na terceira idade. Além disso, conhecer melhor a realidade em que estão inseridos, para assim, criar possibilidades para sua melhoria.

Para o desenvolvimento dessa investigação, foi necessário, reflexões, tomadas de decisões e foco no que seria mais relevante a ser estudado. As decisões foram sempre tomadas em conjunto com a turma. Em cada encontro e no trabalho de campo a participação das alunas de pós-alfabetização do Programa de Educação de Jovens e Adultos da Universidade de Caxias do Sul, foi fundamental para o crescimento da construção de mais uma parte do conhecimento do tema proposto. Findada a tabulação da pesquisa com as respectivas análises e reflexões podemos chegar a algumas conclusões, permeadas pelos tópicos apresentados a seguir

2. O DESAFIO DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Para o idoso abriu-se um novo mundo, mas, segundo a pesquisa realizada, o preconceito ainda esta presente. A normatização do estatuto do idoso talvez não seja suficiente para ampliar o saber do direito e das necessidades das pessoas que vivem na terceira idade. Graças ao aumento da estimativa de vida e a busca pela cidadania de um número mínimo da sociedade organizada que “forçou” as autoridades a legalizar os direitos dos idosos, porém a difusão das idéias é um desafio maior, e perpassa por todas as camadas sociais, faixa etárias, sexo, grau de instrução, etc.

A busca pela qualidade de vida se faz em todas as faixas etárias, mas na terceira idade ela também é relevante, em ocorrência que normalmente as pessoas desaceleram suas atividades, e por isso apresentam-se sempre atividades físicas como sinônimo de qualidade de vida. Porém pela pesquisa realizada, além de se exercitar, dançar e ou passear o idoso pode e deve desenvolver atividades relacionadas a construção do conhecimento, como estudar, trabalhar, bem como seu envolvimento em toda a sociedade. Pensando nisso, decidimos colaborar para ampliar o universo de construção de conhecimento de nossos alunos, idosos do Programa de Educação de Jovens e adultos da Universidade de Caxias do Sul, a partir da realização do projeto de pesquisa.

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3. MATERIALIZANDO A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

O cenário que aguarda os que estarão em idade avançadas no século XXI deverá contar com políticas sociais que dêem aos idosos condições para desfrutar de uma vida com dignidade.

Essas expectativas mesmo que, aparentemente, remota, aparece na opinião dos pesquisados. Para muitos dos pesquisados, a terceira idade é uma fase da vida destinada para principalmente realizar atividades físicas e assim qualidade de vida na terceira idade se resume a isso, para Fernandes (1996) é muito mais que isso é “ a construção de mais conhecimentos em relação aos valores, saúde, bem-estar social, esperança”. Enquanto autoras da pesquisa, temos essa mesma compreensão, inclusive de que o indivíduo possa ser sujeito de intervenção permanente da sociedade; seja no ambiente de trabalho, no familiar, enfim em todo o elo e ciclo de relacionamento.

Pelas observações feitas no decorrer da pesquisa, por muitas vezes, por parte dos pesquisados, não é compreendido que o conhecimento não acontece pela reprodução e sim pela construção, pelas elaboração e identificação do indivíduo e dos indivíduos para com o grupo (sociedade), ou seja, não é percebido a educação como um espaço de encontro de muitos mundos humanos, encontro dos diferentes, onde comungamos nossas diferenças, criando assim possibilidades de agir e de transformar, de criar e recriar sua própria história. Esse processo não ocorre, também, no grupo onde a pesquisa foi realizado, criando uma dificuldade de contextualizar o compromisso de todos com a transformação.

CONSIDERAÇÕES

Algumas considerações levantadas ao longo das investigações, no que tange o mundo do trabalho, nos remete, e é necessário fazer uma análise histórica da condução da sociedade, onde os idosos de hoje viveram em uma sociedade onde o trabalho era basicamente manual e exigia uma conexão psicofísica do trabalho qualificado, e as pessoas se especializavam nisso, hoje na era da globalização, a realidade é outra. E expressa a necessidade do aumento da produtividade, onde o antigo trabalhador fica desqualificado para o mercado atual. E por conta disso a cultura de que os idosos não

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são sensíveis a mudanças rápidas, aumentou o número de aposentados sem atividades profissionais. Assim a possibilidade de melhoria da qualidade de vida e auto-estima naqueles que se dispõe a realizar atividade laborais. E é essa mesma cultura que acredita que todos envelhecem da mesma forma, e por isso tem as mesmas necessidades e ansiedades, faz com que além do mercado de trabalho, as próprias instituições de ensino procedam igual.

Para as autoras da pesquisa, o desenvolvimento, a tecnologia e a educação estão constantemente em mudança, bem como as atitudes humanas, por isso o momento atual se volta a repensar a necessidade de uma parcela significativa da sociedade que requer qualidade e ser reconhecida de por suas conquistas, respeito por sua experiência e colaboração na construção dessa sociedade.

Cabe a todos nós, governo, escolas, instituições, sociedade civis organizada intervir e agir para que todas as fases da vida, em especial, a terceira idade, seja vivida com qualidade e com o “tempero” da felicidade.

BIBLIOGRAFIA

ANGELI, Maria Lúcia de Souza; TONET, Juliane Salete. Ed. Maneco, Caxias do Sul, 2006.

ARROYO, Miguel G..Ofício de Mestre: Ed. Vozes. São Paulo, 2000.

AZEVEDO, João Roberto. Os Números da Terceira Idade, disponível em: <http://www.saudevidaonline.com.br>

BERQUÓ, Elza Salvatori. Algumas considerações demográficas sobre o envelhecimento da população do Brasil. Seminário Internacional Sobre Envelhecimento: Uma Agenda Para o Fim do Século. Brasília: 1- 3 de julho de 1996. BOLSANELLO, Aurélio; BOLSANELLO, Maria Augusta. Conselho. Análise do Comportamento Humano em Psicologia. Curitiba: Editora Educacional Brasil S.A., 1986.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Em Campo Aberto, Ed. Cortez, São Paulo: 1995.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 5ª ed. Campinas, SP: Editora Autores Associados, 2002.

FERNANDES, Eda. Qualidade de Vida no trabalho: Como Medir para Melhorar. 3ª edição. Salvador: Casa da Qualidade, 1996.

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[IBGE] Estatísticas IBGE 2002, disponível em:<http:www.ibge.gov.br/censo>

MAGNOLI, Demétrio; ARAUJO, Regina. Projeto de Ensino de Geografia, Natureza, Tecnologia e Sociedade. Ed. Moderna. São Paulo, 2004.

Mundo Jovem, Bem-vindo à Vanguarda da Educação, Ed. Abril. São Paulo, 2002. NÉRI, Anita Liberalesso. Qualidade de Vida e Idade Madura. São Paulo: Papirus, 1993.

Referências

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