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O HÁBITO DA LEITURA E O PRAZER DE LER

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O HÁBITO DA LEITURA E O PRAZER DE LER

ALVES, Ivanir da Costa¹

Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária de Iporá ¹acwania@gmail.com

RESUMO

A leitura é compreendida como uma ação que deve se tornar um hábito e como tal deve ser incentivado para que se torne prazeroso. Nesse sentido, destaca-se o papel da escola como formadora do hábito de ler e como mantenedora do prazer pela leitura. Assim, este trabalho tem como objetivo buscar na teoria os pressupostos básicos da leitura e como estes podem se aplicar à prática, tendo como foco os alunos do quinto ano de uma escola pública da cidade de Iporá e também os professores que nela atuam, no sentido de se verificar as metodologias de trabalho com a leitura. O estudo proposto foi realizado em duas etapas, sendo que a primeira constituiu-se de pesquisa bibliográfica e a segunda de um estudo em campo por meio de entrevistas realizadas com os alunos e com os professores. Observou-se que os alunos lêem na escola, quando são solicitados, mas que nem sempre a leitura se expande ao ambiente social que se constitui fora desta. Acredita-se que este estudo possa servir de embasamento para que o trabalho do professor tenha a leitura como ponto de partida e que esta seja dotada de significado para o aluno.

Palavras Chaves: leitura, papel da escola e hábito.

INTRODUÇÃO

Para Soares (2010), o ato de ler não é mera decodificação das palavras, é um processo que envolve compreensão e, antes de qualquer coisa, "aprender a aprender", compreendendo o seu contexto, numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. A partir desses pressupostos acredita-se em uma leitura cuja constituição é defendida como uma ação em que o sujeito que conhece e a usa para construir esse conhecimento tendo como foco um sistema complexo, ao que Ferreiro (1993), afirma sendo o qual se baseia a aprendizagem. Nesse sentido, observa-se que a partir da leitura torna-se possível a construção do sujeito partir das significações possíveis de seu mundo subjetivo em transmutação para o objetivo, o real.

De acordo com Lima e Girotto (2010), o ato de contar e de ler histórias é considerado por muitos indivíduos, como atividades essenciais da escolarização inicial e como tal, devem

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ser estabelecidas metas para que a diversidade de leituras possa de fato fazer parte de seu universo e do contexto que ele representa.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 2002) postulam que as concepções iniciais do que seja a aprendizagem inicial da leitura devam ser superadas. Isso significa que o ato de ler pode se distanciar do ato de apenas decodificar o que se apresenta graficamente, ou seja, o que se denomina de leitura mecânica.

No entanto, diversos estudiosos, dentre Freire (1981), apontam para o fato de que antes mesmo de nascer, a criança já mantém contato com a leitura e esse contato, as suas impressões sobre o mundo à sua volta, a leitura que é capaz de fazer das pessoas, de seus animaizinhos de estimação, de sua rotina, de sua casa é que lhe dá o suporte necessário para ter contato com a outra leitura, aquela que se faz partindo da decifração do código linguístico. É essa “leitura de mundo”, caracterizada principalmente pela capacidade do indivíduo de se reconhecer no ambiente letrado é que faz com este esteja preparado para a leitura advinda do processo de alfabetização ou letramento.

Para Saviani (1986), em relação à leitura, o necessário é que a escola possa possibilitar o conhecimento do aluno ao que seja uma “cultura letrada”, assim, cabe ao professor ler para os alunos, ler com os alunos, ler pelos alunos. É dessa forma que se constitui a ação pedagógica com a finalidade de fazer com que os alunos adquiram o gosto pelo ato de ler. Tendo em vista as condições de leitura que podem ser observadas em um campo de pesquisa, a problemática é interposta a partir da seguinte questão: como se dá o trabalho com leitura no Ensino Fundamental?

Nesse sentido, os objetivos que ora se apresentam são de conhecer os pressupostos teóricos da leitura considerando suas fundamentações metodológicas, tendo como base a leitura para diversão e crítica, e ainda discutir as metodologias adotadas no trabalho com a leitura de modo a privilegiar a formação de leitores autênticos.

MATERIAL E MÉTODOS

O campo da pesquisa foi delimitado na cidade de Iporá/GO situada a 217 km da capital, Goiânia. Para que o estudo pudesse ser realizado, considerou-se como campo a Escola X, situada na cidade de Iporá e que atende a alunos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental de primeira e segunda fase. Os alunos atendidos são provenientes de bairros da periferia da cidade e também da zona rural e em sua maioria só possuem contato com os

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livros na escola que, por sua vez, foi escolhida por ser campo de trabalho e os alunos do quinto ano foram selecionados pelo fato de estarem passando para a segunda fase do Ensino Fundamental, em que as habilidades de leitura e escrita são mais exigidas e o trabalho com a leitura ocorre de forma mais autônoma, ou seja, os professores indicam as obras a serem lidas e apenas avaliam em forma de provas e atividades direcionadas.

A entrevista foi dividida em duas partes, sendo a primeira constituída de perguntas direcionadas aos alunos e a segunda realizada com base na observação do trabalho em sala de aula e em perguntas direcionadas aos professores que atuam nas salas pesquisadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, foi questionado aos alunos se estes gostam de ler e todos responderam que sim e de acordo com essas respostas, foi possível verificar que todos os alunos possuem predisposição para ler. Quanto aos livros que mais gostam de ler, foram relacionados diversos, mas os mais mencionados foram a Bíblia (44%), Os contos de Fadas (20%), os livros de autores brasileiros tais como Monteiro Lobato, Lygia Bojunga, Cecília Meireles (16%) e todos citam o Pequeno Príncipe. Nesse sentido, tem-se a perspectiva de Abramovich (2004) que afirma que o trabalho direcionado pelo professor acaba por influenciar no gosto do aluno em relação aos autores que lê. A média de livros lidos pelos alunos é de cerca de 30 livros por ano (40%), considerando somente a leitura espontânea.

Ao serem questionados sobre o que mais agrada em um livro, a maioria dos alunos respondeu que preferem as ilustrações. Essa afirmativa vem de encontro ao que Lajolo (2010) confirma ao dizer que as ilustrações são uma forma do leitor se encontrar dentro do contexto da história. Com relação ao conteúdo dos livros que mais lhes agradaria, muitos relacionaram a história (26%), outros os personagens e as aventuras vividas por eles (34%). Alguns gostam dos mocinhos e das princesas (20%) que aparecem nas histórias, outros preferem os vilões (20%) porque, segundo os mesmos eles sempre são vencidos.

Para a efetivação do estudo as professoras do quinto ano também foram entrevistadas. Com as respostas pode-se entender como elas abordam o trabalho com a leitura em sala de aula, no sentido de privilegiar o desenvolvimento do hábito e do gosto pela leitura.

Segundo as professoras entrevistadas, o hábito da leitura é estimulado por meio dos trabalhos com os livros literários do cantinho da leitura e dos projetos direcionados e o prazer de ler advém de um trabalho efetivo, no sentido de fazer com que os textos e as obras lidas

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adquiram significados aos alunos. De acordo com as entrevistadas os alunos já possuíam acesso à leitura considerado satisfatório, o que possibilitou o aproveitamento do tema para que as habilidades de leitura e escrita pudessem ser desenvolvidas.

CONCLUSÕES

É necessário que se ressalte que as crianças do 5º ano do Ensino Fundamental estão na idade dos Contos de Fadas e das histórias de aventuras e o professor deve apresentar livros com essa característica para que os alunos sintam motivação pelo ato de ler. A prática da leitura é essencial, para a adaptação do sujeito ao seu contexto social, econômico e cultural, pois através da leitura que a cultura de um povo é resgatada. Esses alunos devem ter em sala de aula o acesso a livros de literatura, infanto-juvenis, livros que despertem a reflexão em outros momentos que não sejam as aulas de Língua Portuguesa.

Se um dos objetivos da escola é formar pessoas capazes de compreender os diferentes textos é preciso, então que os professores tenham suporte técnico para oferecerem vários tipos de informações, escritas e não escritas.

Observou-se que os projetos de leitura tomam espaço dentro do contexto escolar como forma do professor utilizar estratégias de envolvimento e socialização das práticas de leitura dentro de uma temática única. No entanto, há que se considerar o ponto negativo dessa metodologia no trabalho com a leitura que para ser prazerosa, deve ser espontânea e muitas vezes essa qualidade é desconsiderada oferecendo margem para que o aluno possa, de fato, escolher a obra que gostaria de ler, diante desse fato, o prazer de ler nem sempre é visto como produto do hábito de leitura. Nesse sentido, recomenda-se que o trabalho com projetos de leitura partam, não apenas da necessidade da escola, mas também da constatação do que o aluno gosta e precisa para que a leitura possa se configurar de fato em seu dia a dia.

Há também um aspecto a ser considerado quando o discurso retoma a leitura fora do ambiente escolar, colocando em contraposição o discurso institucional que coloca em evidência a pretensão de que a escola deva ser o único lugar onde se poderá ler. Por meio do estudo, observou-se que os professores trabalham com projetos de leitura, mas esses não possuem continuidade fora da escola, ressalta-se que nem sempre o professor possui o hábito da leitura, o que torna o incentivo a esta prática, vazio e sem sentido. Para que essa problemática possa ser combatida, a escola pode unir à comunidade e levar até ela projetos,

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tais quais os que envolvem a leitura itinerante e fazer com que o hábito da leitura possa ser trabalhado também fora dos muros da escola, como forma de compromisso social junto a esta. A pesquisa trouxe também a perspectiva de que, mais do que trabalhar com projetos temáticos, o professor deve fazer com que o aluno possa compreender que ler é descobrir e que nessas descobertas seja possível encontrar o sentido e a resposta para diversas questões que lhes são colocadas ao longo da vida.

No tocante às estratégias de trabalho com a leitura, acredita-se que a metodologia da escolha seja essencial para que o prazer em ler possa ser descoberto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 2002.

FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1993.

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam – 39 ed. São Paulo: Cortez, 1981.

LIMA, Elieuza Aparecida de; GIROTTO, Cyntia Graziella Simoes. Leitura e leituras na

Educação Infantil: reflexões sobre as caixas que contam histórias. Disponível em

http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt10/p101.pdf. Acesso em maio de 2010.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da Leitura para a Leitura do Mundo. São Paulo: Editora Ática, 2010.

SAVIANI, Demerval. Leitura: teoria e prática. Revista semestral da Associação de leitura do Brasil, nº 53. Campinas, 1986.

SOARES, Magda. Linguagem e escola – uma perspectiva social. 10ª ed. São Paulo: Ática, 1988.

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