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Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia de sociedade de risco.

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1 VI Encontro Nacional da Anppas

18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA – Brasil

Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente – Ideia de

criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a

Ideologia de sociedade de risco.

Pâmela Soares Alves Universidade Federal do Pará Mestranda em Ciências Sociais – Sociologia Graduanda em Filosofia

Resumo

A natureza em perspectiva de investigação da filosofia da natureza e da teoria social para se compreender o ambiente, apresenta várias unidades de conhecimento com limites de entendimento da complexidade da reprodução da vida humana. André Gorz, na obra Ecologia e Liberdade, escreve sobre a crise do capitalismo dividindo em níveis: crise de superacumulação e crise de reprodução, a dialética é inerente a realidade, a natureza é dialética, o homem não está separado da natureza, são relações que se sobrepõe, a natureza também está constantemente em crise, através dos seus movimentos, fenômenos naturais, assim como as relações humanas, a crise não representa uma decadência do capitalismo, não se constitui como condição da sua permanência e existência? Collingwood ao explicar a ideia de natureza na perspectiva de Kant, nos coloca que ele “insistiu em que o espírito que faz a natureza é um espírito puramente humano, [...] este espírito não é o espírito do pensador individual, mas sim um ego transcendental, a mentalidade como tal ou entendimento puro, que é imanente a todo o pensamento humano (e este não cria, embora faça a natureza.” (COLLINGWOOD, 1976, p.130). A ideia de criação absoluta pertence à natureza, a priori da nossa percepção, com isso, queremos dizer que o homem não cria, mas faz a natureza.

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2 Ideia de criação na natureza

No livro Ciência e Filosofia: A ideia de natureza, de R.G.Colingwood, livro que tem o título em inglês The ideia of nature, título que reforça e revela o que o autor buscou com essa obra, mostra como está construída a forma da natureza para o homem, perpassando diversos pensadores que se esforçaram para organizar a ideia de natureza para o pensamento, neste trabalho nos deteremos à análise feita por Collingwood sobre Kant, nos mostrando primeiramente que

o espírito que faz a natureza é um espírito puramente humano, [...] mas, [...] este espírito não é o espírito do pensador individual, mas sim um ego transcendental, a mentalidade como tal ou entendimento puro, que é imanente a todo o pensamento humano (e este não cria, embora também faça a natureza.) (COLLINGWOOD, 1976, p.130). Este espírito é puramente humano porque a razão humana representa a fonte do conhecimento, através de seu intelecto pode conhecer as coisas e organizar mentalmente a realidade, e consiste em um ego transcendental e não em um espírito do pensador individual porque se trata da regra como conhecemos as coisas, a forma como o pensamento apreende a realidade, portanto não é um espírito do pensador individual porque não é o particular, mais sim o universal, o ego transcendental, por isso é imanente a todo o pensamento humano, e este não cria, mas também faz natureza, não cria porque as coisas já estão ai, porém faz natureza conhecendo e produzindo novos conhecimentos sobre as coisas, pois as regras e as leis de funcionamento em geral do intelecto sobre as coisas estão fazendo natureza em sua atividade.

Entender a atividade do pensamento é importante para compreender como fazemos natureza,

visto a natureza ou mundo material ser conhecido por nós apenas como uma coleção de fenômenos, os quais devem a sua existência à nossa atividade pensante e são essencialmente relativos a essa atividade, a nossa experiência prática como agentes morais ativos revela-nos, não uma simples coleção de fenômenos mentais, mas sim o espírito tal como é em si mesmo. (COLLINGWOOD, 1976, p.131).

Dessa maneira percebemos a existência das coisas parcialmente condicionadas à atividade pensante, os fenômenos presentes na natureza ou no mundo material estão essencialmente relacionados à nossa capacidade cognitiva, ao pensarmos as coisas trazemos para o nosso espírito os fenômenos do mundo, afirmando que “se quisermos saber o que o espírito

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3 realmente é em si mesmo, a resposta é: ‘atua, e logo o saberás’” (COLLINGWOOD, 1976, P.131), essa ação para o autor nos confronta com a realidade, a atuação do homem através da ação que resulta parcialmente das atividades de pensamento, a natureza se constrói com esses exercícios do espírito, “a vida da ação é uma vida em que o espírito humano alcança a sua própria realidade, a sua própria existência como espírito, e, ao mesmo tempo alcança consciência da sua própria realidade como espírito” (COLLINGWOOD, 1976, P.132)

O autor do livro conclui após essa análise que “o objeto do conhecimento científico não é Deus, nem o espírito, nem as coisas em si, mas sim a natureza” (COLLINGWOOD, 1976, P.133). Entendendo esse processo de fazer natureza, podemos compreender melhor o que pensamos sobre criação da natureza, tal ideia nos mostra um estágio de estrutura capaz de tornar algo existente, sendo que as coisas estão ai, são dadas e o intelecto nos permite conhece-las, tornar algo existente para a mente é um produto parcial do que a coisa é em si, mas o pensamento não origina matéria, a atividade do espírito e a ação permitem a organização e elaboração das coisas, mas não sua criação, por isso nós fazemos natureza, e o que entendemos por criação tem se afastado do que realmente é possível para o homem. A ideia de criação absoluta pertence à natureza, anteriormente a nossa percepção, com isso, queremos dizer que o homem não cria, mas faz a natureza.

Percepção de crise do capitalismo

A natureza em perspectiva de investigação da filosofia da natureza e da teoria social para se compreender o ambiente, apresenta várias unidades de conhecimento com limites de entendimento da complexidade da reprodução da vida humana. O mundo social está imbricado ao mundo natural, os fenômenos naturais, por exemplo: maremotos, erupções vulcânicas, terremotos, furações, etc. são movimentos do mundo natural, que estão à parte de conceitos e julgamentos morais, políticos, econômicos, culturais e sociais, ou seja, estão à parte da ética, o mundo social também possui diversos movimentos, que chamamos fenômenos sociais, a exemplo, temos em visão macro as crises do capitalismo e em visão micro as crises de um casamento.

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4 André Gorz no seu livro ecologia e liberdade considera que “o capitalismo de crescimento está em crise não apenas por ser capitalismo, mas também por ser de crescimento.”(GORZ, 1978, p.9), então nos questionamos, a crise do capitalismo não se constitui como condição da sua existência e permanência? Para responder a essa pergunta temos que perceber os movimentos da natureza, as transformações que se processam todos os dias ao observarmos fenômenos naturais como maremotos, erupções vulcânicas, terremotos e furacões, que nos revela a instabilidade da natureza, as irregularidades no seu comportamento, pois qual fim tem para a terra a erupção de um vulcão? São crises constantes, que são elementos da sua própria forma de existir, sua permanência e maneira de se transformar, em busca de novos arranjos, portanto se na existência do mundo natural esse tornar-se constituído de ruptura com um suposto equilíbrio é o que o caracteriza, o que faz movimentar-se no espaço e no tempo, então as crises no mundo social reproduzem uma ordem universal, que revelam tanto sua existência quanto o complexo modo irregular de se manifestar a nossa percepção.

Em outro ponto do livro de Gorz, encontramos que

com todas as características clássicas de uma crise de superacumulação, a crise atual apresenta também novos aspectos que, salvo raras exceções, os marxistas não chegaram a prever, e aos quais, tudo aquilo que até hoje se chamou ‘socialismo’, não sabe responder: crise de relação dos indivíduos com o econômico; crise do trabalho; crise nas nossas relações com a natureza; com o corpo, com o outro sexo, com a sociedade, com os filhos, com a história; crise da vida urbana, do habitat, da medicina, da escola, da ciência. (GORZ, 1978, p.10)

Com esse fragmento identificamos a constante da crise nas diversas formas do se apresentar ao mundo, que o autor tenta determinar como um símbolo de decadência, o homem não está separado da natureza, são relações que se sobrepõe, a natureza também está constantemente em crise, assim como as relações humanas, a crise não representa uma decadência do capitalismo. Ele ainda dividirá o que ele considera como crise do capitalismo em crise de superacumulação e crise de reprodução, sem perceber que as transformações do capitalismo ressaltam seu adequamento as modificações do mundo natural e social.

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5 Ideologia de sociedade de risco

Em contraposição ou reformulação dos pensamentos desenvolvidos em a sociedade de risco de Ulrich Beck, os contatos dos grupos sociais a situações de risco, situações limite que levarão aquele grupo social a transformar a sua estrutura de organização, suas crenças coletivas serão reafirmadas ou modificadas, a instabilidade da situação de risco provoca a reorganização da estrutura social. As instabilidades, as crises, os fenômenos, não constituem movimentos do mundo natural e do mundo social? David Goldblatt afirma que os teóricos clássicos da teoria social não possuíam o vocabulário de conceitos claros para descrever e entender as transformações do ambiente, e os teóricos modernos, após tantos conhecimentos produzidos sobre o ambiente, não produziram uma teoria social satisfatória para cercar as questões das degradações do ambiente e à política de ambiente.

Ulrich Beck considera que os riscos modernos possuem as características de serem calculados, podemos prever sua ocorrência, não geram só impactos a nível local, mas ameaçam a sociedade inteira, tem alcance global. Ele descreve também a transição da sociedade industrial para a sociedade de risco, nesse processo as atribuições de responsabilidades dos prejuízos causados a natureza eram mais facilmente determinados, com a junção das diversas possibilidades de perigos, com o aumento do alcance dos prejuízos causados, estamos em período de dificuldade para atribuir as responsabilidades e possíveis indenizações que deveriam ser pagas.

Conclusão

A natureza não é estável, ela está em constante movimento, às interações homem-natureza são constantes, a preocupação com ambiente é posterior a tomada de consciência dos prejuízos para a natureza, o ambiente desconhecido, é como o corpo humano para quem não conhece o seu funcionamento, a forma como nos cuidamos reflete o tratamento ao ambiente, dessa maneira

o controle sobre a natureza na verdade significou o seu descontrole, isto é, aperfeiçoaram-se métodos e técnicas no acelerado processo de industrialização, mas tal instrumental não possibilitou ao homem a compreensão de sua relação consigo mesmo e com a natureza. (SUASSUNA, et al, 2005, p.24)

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6 Os agentes sociais não percebem que com sua reprodução material, eles fazem natureza, tão cheios de fenômenos como o ambiente, quando o homem compreender as reações para a terra dos vulcões, por exemplo, ele entenderá as reações urbanas dos fins dados ao lixo produzido pelos hábitos de consumo.

A natureza como mundo natural, é incorporada ao mundo social, distribuída em parques, bosques e praças dentro das cidades, além disso, um dos grandes atrativos da construção civil são os edifícios próximos às praias, as propagandas criam estratégias de encantamento para organizar o desejo de consumir uma moradia próxima à natureza, também é indiscutível que os hábitos de lazer, durante os feriados demarcam um movimento que migra das metrópoles para balneários, praias, fazendas, sítios e práticas de esportes radicais que se dão em locais naturais.

Enquanto o homem permanecer misterioso para o próprio homem, sem compreender o ser como essência transcendental e comum a todas as unidades concretas e abstratas, a natureza lhe parecerá distante e a vida sem sentido, tal como a reprodução material vivida no mundo social. Os conhecimentos que se produzem sobre a natureza, não são e nem podem controla-la, o homem não cria, mas faz natureza. Do mundo natural é possível entender a sua dinâmica, e quem sabe assim entender a dinâmica do mundo social.

Referências Bibliográficas

AZEVEDO, Aldo, et al. A relação corpo-natureza na modernidade. Sociedade e Estado. Brasília, v.20, n.1, p.23-38, jan./abr.2005.

COLLINGWOOD, Robin George. Ciência e filosofia: a ideia de natureza. Tradução Frederico Montenegro. Rio de Janeiro, Martins Fontes, 1976.

GOLDBLATT, David. Teoria social e ambiente. Lisboa, Instituto Piaget, 1996. GORZ, André. Ecologia e liberdade. Lisboa, Vega, 1978.

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