OS PROCESSOS EROSIVOS COMO TEMÁTICA NA ESCOLA: ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS DA GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

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CONGRESSO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO – CONPEDUC 2017 Política e Educação: desafios contemporâneos

ISSN 2179-068X

Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Universitário de Rondonópolis 10 a 13 de outubro de 2017

OS PROCESSOS EROSIVOS COMO TEMÁTICA NA ESCOLA:

ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS DA GEOGRAFIA NO ENSINO

FUNDAMENTAL II

Werlen Gonçalves Raasch¹, Wérica Pereira de Almeida², Ângela da Silva Martins³

¹Graduando em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso -CUR/UFMT. Bolsista PIBIC

²Graduanda em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso -CUR/UFMT. Bolsista Extensão

³Graduanda em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso -CUR/UFMT. Bolsista PIBID

Resumo

Este estudo visa analisar como o tema Erosão está sendo abordado nas coleções de livros didáticos que são utilizados no ensino básico na disciplina de Geografia. A pesquisa está calcada em livros e artigos. Para realizar uma análise crítica dos livros de Geografia acerca do tema erosão, selecionamos duas coleções contendo um exemplar das quatro séries do Ensino Fundamental II (6°, 7°, 8° e 9°), sendo estas a coleção da Editora Saraiva “Geografia: Espaço e Vivência” e a coleção da Editora do Brasil “Projeto Apoema”. A princípio fizemos uma revisão de literatura sobre o tema Erosão, para posteriormente analisar as respectivas coleções. A Coleção “Geografia: Espaço e Vivência” da Editora Saraiva, aprofunda o tema no livro do 6° ano. O capítulo 10 possui como tema “A formação e a transformação do relevo”. A princípio os autores introduzem os fenômenos internos que transformam o relevo terrestre. A obra traz em pequenos parágrafos e definições bem diretas, mas sempre com figuras ilustrativas dos vários tipos de erosão. A coleção “Projeto Apoema” da Editora do Brasil, aborda também no livro do 6º ano sub tópicos da unidade de formação e modelagem do relevo terrestre. Nessa unidade faz-se uma divisão em capítulos, que apresenta uma breve definição dos principais tipos de relevo e seus agentes modeladores, tanto endógenos quanto exógenos, especificando cada agente modelador. Esse tema é abordado com figuras ilustrativas, apresentando atividades que estão mais próximas de tarefas comunicativas de interação social como desempenhar papéis, debates e compartilhar experiências e vivências de cada aluno. Os livros analisados apresentaram conteúdos básicos sobre erosão, não abrangendo os processos erosivos de forma mais ampla. Considerando que a Erosão é um assunto de grande interesse social, o seu estudo e ensino tornar-se imprescindível.

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INTRODUÇÃO

Os fenômenos envolvidos na formação e transformações do relevo são de grande interesse para a Geografia, pois está estritamente ligada com a vida biótica e as relações desempenhadas pelos atores sociais.

Os agentes de transformação do relevo são aqueles que surgem ou agem no interior da Terra e fora dela, conhecido como forças endógenas e exógenas respectivamente. Os agentes internos são os terremotos, o vulcanismo e o tectonismo. Os agentes externos de formação do relevo são a radiação solar, a chuva, o vento e as ações dos seres vivos (inclusive a antrópica). As forças exógenas são as que mais contribuem nesse processo morfológico do relevo.

O fator externo que mais interfere na transformação do modelado terrestre é a Erosão. Esse fenômeno é um processo de desprendimento e transporte de material causado pelos agentes intempéries (chuva, sol, vento).

Existem vários tipos de erosão, como a erosão pluvial, erosão fluvial, erosão eólica e a erosão glacial. A Erosão pode ocorrer em qualquer porção do espaço geográfico, formando diferentes tipos de paisagem. A Erosão é um procedimento natural que ocorre por vários motivos. Entretanto, a ação antrópica pode acelerar e/ou criar esse processo, tendo consequências diversas.

Essa pesquisa visa analisar como o tema Erosão está sendo abordado nas coleções de livros didáticos que são utilizados no ensino básico na disciplina de Geografia. O conteúdo “Erosão” deve ser inserido já nas séries iniciais do Ensino Fundamental, período em que a criança deve ser despertada sobre a relevância desse bem-natural para o ambiente e o homem.

No ensino básico, o conhecimento sobre o assunto deve ser aprofundado progressivamente, de modo que, os alunos compreendam o processo de formação do solo, os agentes responsáveis pelos processos erosivos, as suas principais

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características e algumas técnicas necessárias para o manejo e a conservação do solo.

Ao lançar um olhar analítico quanto à abordagem do material didático referente aos processos erosivos, é possível perceber que tanto o tempo histórico quanto o geológico é trabalhado de forma superficial.

Dessa maneira, pode-se afirmar que o livro é um material que promove o preparo do aluno para futuras atividades, estando muito restritas as informações de determinado conteúdo, devendo ser levado como apoio pedagógico para professor.

Assim, é fundamental ressaltar a importância da utilização de técnicas pedagógicas para o ensino de geomorfologia em sala de aula, sobretudo, o ensino de erosão que muitas vezes desperta a curiosidade do aluno. Nesse contexto, ir a campo para apontar os processos erosivos, fotografar, fazer uma maquete, são práticas que instiga a participação e a busca do conhecimento do aluno.

Nessa proposta metodológica, uma atividade prática proporciona maior compreensão do processo erosivo. É importante ressaltar a aplicação dessa atividade, utilizando fatos que estejam mais presentes na realidade do aluno mostrando-lhe a importância da vegetação, relevo, explicando seu papel, os condicionantes naturais e antrópicos dos processos erosivos e seus impactos na sociedade.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo está calcado em livros e artigos. Para realizar uma análise crítica dos livros de Geografia do Ensino Fundamental II, que trata do tema erosão, selecionamos duas coleções com exemplares das quatro séries (6°, 7°, 8° e 9°).

A coleção “Geografia: Espaço e Vivência” da Editora Saraiva e a coleção “Projeto Apoema” da Editora do Brasil, foram as escolhidas para realizar a respectiva análise.

A princípio fizemos uma revisão de literatura sobre o tema Erosão, para posteriormente escolher e analisar as respectivas coleções. A escolha das duas

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coleções foi feita de forma aleatória, mas foi considerado que as editoras estão entre as mais requisitas no setor.

OS PROCESSOS EROSIVOS NOS LIVROS ESCOLARES DE

GEOGRAFIA: ANÁLISE CRÍTICA

Coleção “Geografia: Espaço e Vivência” – Editora Saraiva

No livro do 6° ano, o capítulo 10 possui como tema “A formação e a transformação do relevo”. A princípio os autores introduzem os fenômenos internos que transformam o relevo terrestre. Nesse sentido, é abordada a estrutura da terra, o tectonismo, o movimento das placas tectônicas ou litosféricas da terra.

Em seguida, é a apresentada às dobras e falhas, exemplificando a Serra do Mar na região litorânea brasileira. Na perspectiva do tempo geológico, o autor discute esses fenômenos internos para apresentar evidências da deriva continental, ilustrando com figuras o movimento dos continentes ao longo de milhões de anos.

Os fatores externos são trabalhados no tópico “Ações da Natureza”, direcionando a ação da água das chuvas como modeladores do relevo, provocando enxurradas, deslocamento de terras, sobretudo em vertentes íngremes. Desta forma, o livro traz em pequenos parágrafos e definições bem diretas, mas sempre com figuras bem ilustrativas, dos vários tipos de erosão.

A rigor, a erosão pluvial, erosão fluvial, erosão marinha, erosão eólica e a erosão glacial são processos naturais, provocadas por agentes físicos e químicos. Mas, conforme a respectiva obra, a ação humana é um dos fatores externos que acelera a modificação do relevo e as paisagens.

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Nesse sentido, são contextualizados alguns fatores que aceleram ou provocam processos erosivos como a extração de minérios, aterros, construção de vias de transporte, desmatamento e outros.

No capítulo 12 “Sudeste: paisagens intensamente transformadas”, livro do 7º Ano, se abordam às transformações do espaço rural e urbano. Nessa perspectiva, os autores explanam de forma bem superficial as erosões ocasionadas pela retirada de vegetação em ocupação nos morros, derivado do crescimento desordenado das cidades.

No capítulo 18 “A integração Econômica do Centro-Oeste”, os autores contextualizam os ciclos econômicos da respectiva região, de modo que enfatiza com fotos áreas degradas pela garimpagem, extração de madeira e queimadas no Cerrado. Entretanto, não discutem no texto diretamente que esses problemas ambientais possuem ligação direta com a erosão.

A obra literária destinada ao 8º ano se norteou para a discussão do espaço produzido pelo homem. O livro não faz nenhuma referência aos processos erosivos, mesmo tendo como tema central as relações sociais do homem no espaço, pós-difusão do capitalismo em âmbito global.

O livro do 9° ano tem como centralidade a discussão “A dinâmica dos espaços da globalização”, contextualizando os países capitalistas e seus meios de produção. Este livro não fez referências aos processos erosivos, ainda que se tenha destinado o capítulo 5 para discutir o meio ambiente e a problemática ecológica.

Na perspectiva dos autores, foi levantada de forma bem discreta, a historicidade dos movimentos ambientalistas que esteiam a bandeira do ecodesenvolvimentismo, buscando despertar a consciência ecológica.

Coleção “Apoema” – Editora do Brasil

Cada volume traz o máximo de insumo para o nível e uma sequência de ensino e aprendizagem preconcebida. As seguintes observações referem-se ao livro didático que contempla o 6ª ano, onde possui muitas figuras, apresentando um visual totalmente dinâmico e de fácil entendimento, utilizando a linguagem do aluno.

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O livro do aluno divide-se em seis unidades sendo elas: 1 Paisagem; 2 Representação Cartográfica; 3 Dinâmica da Natureza; 4 Sociedade Natureza; 5 A Crosta Terrestre; 6 Formação e Modelagem do Relevo Terrestre.

Os capítulos apresentam aspectos normativos em anexo como: para pensar, atividade de compreensão, pesquise e responda, pense e responda atividade de fixação. O objetivo é auxiliar o aluno com palavras específicas, sugerindo referências bibliográficas, para que ele construa um dicionário, incentivando o desenvolvimento da pesquisa.

Em relação à sociedade – natureza, foi abordado como sub tópicos da unidade de formação e modelagem do relevo terrestre. Nessa unidade fez-se uma divisão em capítulos, que apresenta uma breve definição dos principais tipos de relevo e seus agentes modeladores tanto endógenos quanto exógenos especificando cada agente modelador.

Esse tema é abordado com termos simples e ilustrativos, apresentando atividades que estão mais próximas de tarefas comunicativas de interação social, como desempenhar papéis, debates e compartilhar experiências e vivências de cada aluno.

O livro didático do aluno do 7° ano divide-se em quatro unidades: 1- Localização e caracterização do espaço brasileiro; 2- Os diversos nordestes; 3- O Centro Sul; 4- A Amazônia Brasileira.

Os temas não abordam o processo erosivo, mas destacam a diversidade dos biomas e a necessidade de buscar um desenvolvimento sustentável, apresentando aspectos da cultura e os problemas enfrentados pelos povos indígenas no Brasil.

O livro didático do 8º ano divide-se em três unidades: 1- As zonas polares da Terra-2 Os primórdios e a regionalização do continente Americano- 3 Os aspectos naturais do continente Americano.

É um livro ilustrativo com a linguagem simples. Porém não há uma abordagem específica dos processos erosivos, trabalha mais a questão climática da terra, a questão socioeconômica voltada a regionalização, abordando de forma simples e esporádica a formação do relevo americano.

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A sociedade–natureza é abordada na perspectiva socioeconômica do formato de colonização no contexto de regionalização do continente americano.

Verificando a abordagem introdutória do livro, utilizam-se alguns conceitos históricos, não envolvendo alunos em práticas lúdicos. Quando introduzido a aula de “características do relevo do continente americano” o professor pode fazer uma intermediação com as aulas do professor do 6ª ano a qual trabalha especificamente esse assunto.

O livro didático do aluno do 9° ano divide-se em quatro unidades: 1- Europa; 2- Oriente Médio e Índia; 3- Japão, China e Sudeste Asiático; 4- Oceania e Antártica. Novamente os temas abordados não dizem respeito aos processos erosivos, mas destacam a localização, cultura ocidental, guerras, revoluções, integração econômica, características físicas e populacionais, colonização e regionalização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que a Erosão é um assunto de grande interesse social, o seu estudo e ensino tornar-se imprescindível. A utilização de técnicas para aperfeiçoar o nível de ensino-aprendizagem é um desafio para todo educador. Nesse sentido, o livro didático é o principal instrumento desse processo, apresentando o caminho do conhecimento.

Os livros analisados apresentaram conteúdos básicos sobre erosão, não abrangendo o processo erosivo de forma mais ampla. O tema foi aprofundando apenas no 6° ano, ainda que de forma auxiliar ao professor.

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Os autores responsáveis pelas coleções deveriam aprofundar um pouco mais acerca desse tema, sobretudo os tipos de erosão, as causas e efeitos, discutindo um pouco mais como a ação do homem pode interferir diretamente na dinâmica natural de transformação do modelado terrestre.

REFERÊNCIAS

BOLIGIAN, Levon et al. Geografia espaço e vivência: Introdução a ciência geográfica. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

MAGALHÃES, Claúdia et al. Projeto Apoema Geografia. 2 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2015.