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IV PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

IV-008 - PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DAS

BACIAS HIDROGRÁFICAS DO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO

Sandra Garcia Gabas(1)

Geóloga pelo Instituto de Geociências da USP, Mestre em Engenharia Mineral pela EPUSP, Doutoranda em Engenharia Geotécnica pela EPUSP, ex-pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e atual Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Luciano Zanella

Engenheiro Civil pela Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG/UNESP). Mestre em Saneamento e Ambiente pela FEC - UNICAMP. Doutorando em Saneamento e Ambiente pela FEC - UNICAMP Engenheiro Pesquisador Colaborador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT.

Abraham Sin Oih Yu

Engenheiro Aeronáutico, Mestre em Engenharia Aeroespacial e PhD em “Engineering-Economic Systems”. Pesquisador da Divisão de Economia e Engenharia de Sistemas – IPT. Professor Doutor do Departamento de Administração – FEA/USP.

Rosa Maria Mancini

Socióloga, formada na Faculdade de Ciências Sociais da USP, técnica da CETESB, Secretária Executiva do Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte.

Endereço(1): Rua Eduardo Santos Pereira, Nº 666 Ap. 803 - Bairro São Francisco – Campo Grande - MS -

CEP: 70010-030 - País - Tel: +55 (67) 325-5670 - Fax: +55 (67) 368-1119 - e-mail: sandra.gabas@uol.com.br.

RESUMO

A elaboração do Plano de Gerenciamento das bacias hidrográficas do Litoral Norte de São Paulo baseou-se, conforme recomendado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CORHI), nas informações coletadas no diagnóstico da região (Relatório Zero). O planejamento foi efetuado para os cinco, dez e vinte anos futuros, a partir do diagnóstico. Observou-se, contudo, que as informações não eram suficientes para se estabelecer as projeções necessárias, efetuando-se, assim, algumas atividades específicas para auxiliar na previsão da disponibilidade e demanda hídrica para as datas de planejamento (2003, 2010 e 2020).

Tais atividades foram efetuadas conjuntamente com os integrantes do Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte (CBH-LN) e compreenderam a realização de visitas a campo em algumas sub-bacias e reuniões com as câmaras técnicas e membros do Comitê em diversos locais da Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (UGRHI) para discussão das projeções efetuadas e o estabelecimento de metas.

Foi elaborado um diagrama de influência, buscando o entendimento dos fatores que interferem na qualidade e na quantidade dos recursos hídricos e a identificação das inter-relações entre disponibilidade hídrica e demanda.

O estabelecimento de metas foi efetuado considerando-se quatro cenários: pessimista de verão e de inverno, otimista de verão e de inverno. Para cada um, foram feitas projeções para a verificação da possibilidade ou não de haver risco de escassez regional. A inserção da componente sazonal justifica-se devido ao turismo, principal atividade econômica da região. As metas e ações foram definidas visando-se a prevenção de ocorrência de situações graves.

Devido ao tamanho reduzido da UGRHI, a proposta de metas e ações foi apresentada e discutida em quatro reuniões abertas, convocadas pelo Comitê, realizadas nos quatro municípios que a compõe, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela.

PALAVRAS-CHAVE: Recursos Hídricos, Gerenciamento, Litoral Norte Paulista, Bacias Hidrográficas,

Plano de Bacias.

INTRODUÇÃO

A bacia hidrográfica do Litoral Norte é uma das vinte e duas unidades de gerenciamento de recursos hídricos instituídas no Estado de São Paulo pela lei 9034/94. O modelo de gerenciamento dos recursos hídricos do Estado prevê a elaboração de planos de gerenciamento para cada bacia hidrográfica a partir do diagnóstico da

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situação de seus recursos (lei estadual 7663/91), o denominado Relatório Zero, considerando-se alguns cenários de situação futura.

O presente trabalho contém a metodologia desenvolvida e aplicada na elaboração do Plano de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas (PGRH) do Litoral Norte, pela equipe técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo em conjunto com os técnicos e membros do Comitê de Bacias Hidrográficas.

O trabalho foi efetuado em quatro etapas, sendo a primeira, a revisão e atualização das informações coletadas no Relatório Zero e a realização de visitas de campo a algumas sub-bacias para a avaliação dessas informações; a segunda etapa consistiu na definição de cenários futuros, baseados em crescimento populacional; na terceira etapa foram efetuadas as projeções de disponibilidade e demanda de recursos hídricos para cada cenário e na quarta etapa foram definidas as metas e ações para cada horizonte de planejamento, bem como uma proposta de priorizações.

Destaca-se a importância de se considerar no planejamento a identificação de características singulares e importantes da região para a previsão de disponibilidade e demanda dos recursos hídricos. Neste sentido, o Litoral Norte de São Paulo exibe algumas características particulares, tais como a grande porção (mais de 50%) de seu território total em áreas de conservação ambiental (70% da área do município de Caraguatatuba, 85% da área de Ilhabela, 55% da área de São Sebastião e 75% da área de Ubatuba, incluindo a ilha Anchieta), o turismo como principal atividade econômica e, em decorrência deste, uma importante variação sazonal de população.

A malha hídrica é significativa, caracterizando-se por diversas drenagens de pequeno porte que partem da serra em direção ao oceano. A pluviosidade no litoral norte paulista é uma das maiores do Estado de São Paulo, chegando, em determinados pontos, a índices superiores a 3.000 mm anuais. Em alguns pontos, a precipitação pode ultrapassar os 400 mm mensais no verão, época de maior fluxo de turismo.

Outra característica relevante da região é a existência de núcleos populacionais isolados da mancha urbana principal, o que afeta diretamente as atividades de saneamento e impõe algumas dificuldades, considerando-se também, as particularidades fisiográficas da bacia.

O PGRH foi elaborado com intensa interação entre os técnicos do IPT e o Comitê de Bacias Hidrográficas.

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o planejamento baseou-se em quatro etapas de trabalho, com a interação constante com a Câmara Técnica de Planejamento do Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte. As etapas de trabalho podem ser sintetizadas como:

• Atualização de dados; • Visitas de campo; • Elaboração de cenários; • Reuniões municipais.

Atualização de dados

As informações levantadas no relatório zero, finalizado em 1999 e baseadas nos censos demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1970, 1980 e 1991 e a alguns dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – Seade, foram atualizadas com o censo demográfico IBGE 2000, procurando-se obter projeções mais próximas da realidade.

Procurou-se, ainda, a atualização e levantamento de alguns dados não contemplados no censo demográfico, como a população por sub-bacia e população flutuante de verão e de inverno, dentre outras. Desta forma, foi enviada uma listagem das informações necessárias para cada membro das prefeituras no CBH-LN. Observou-se, contudo, que as prefeituras não as possuíam de forma organizada, utilizando-se então somente a atualização do IBGE 2000.

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Visitas de campo

Devido a ausência de informações atualizadas a respeito do uso e ocupação do solo nos quatro municípios e do monitoramento da qualidade dos cursos d´água interiores, foram realizadas viagens de reconhecimento às 22 sub-bacias, do total de 34, visando uma avaliação, mesmo que qualitativa, para a expansão da ocupação e de alguns aspectos que influenciam na qualidade dos cursos d´água, uma vez que no relatório zero foram diagnosticadas diversas praias com qualidade das águas comprometida.

As sub-bacias foram vistoriadas por equipes de campo formadas por técnicos do IPT em conjunto com as diversas instituições envolvidas na elaboração do plano de bacias, como o Comitê de Bacias do Litoral Norte, Prefeituras Municipais, DAEE, Cetesb, DPRN, Sabesp, Polícia Ambiental, Secretaria da Saúde, Instituto Florestal e diversas ONGs. Nessas visitas foram levantadas e comprovadas as reais condições dos recursos hídricos e a existência de fatores interferentes como campos agrícolas, ocupações clandestinas, criação de animais, assoreamento dos cursos d’água, deslizamentos, etc. Tais visitas auxiliaram na definição dos temas prioritários para o planejamento.

Elaboração de cenários

O objetivo fundamental de um plano de bacia hidrográfica é apontar ações e orientações que permitam garantir a disponibilidade de água, de boa qualidade, para a população residente e flutuante dentro de um horizonte de planejamento pré-definido. A disponibilidade implica que a oferta de água seja maior que a demanda por ela, e a qualidade da água é função, além de fatores naturais, da redução ou eliminação de fontes de contaminação.

Dado este objetivo, as perguntas básicas que um plano de bacia deve responder são duas: primeira, a bacia terá problemas de disponibilidade ou de qualidade de água no horizonte de planejamento? Caso a resposta seja positiva, a segunda pergunta deve ser respondida: como resolver estes problemas da melhor maneira possível?

Definição dos parâmetros de influência

O trabalho de elaboração de cenários procura fornecer subsídios para responder à primeira pergunta. Um passo inicial para responder esta pergunta é identificar fatores que podem influenciar, direta ou indiretamente, a oferta, a demanda e a qualidade de água.

A partir de várias reuniões com os técnicos especializados em recursos hídricos (do IPT e convidados), os fatores que interferem na disponibilidade da água e as suas inter-relações foram identificados, sintetizados e organizados conforme Diagrama de Influência da Figura 1.

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Of erta Agua superf icial Infra estrutura Agua subterranea Demanda pluviometria area de captação uso e ocupação erosão e escorregamento geologia atividade economica tecnologia população sazonalidade politica publica distribuição de renda

Figura 1 – Diagrama de influência dos fatores que afetam os recursos hídricos.

O Diagrama mostra que a oferta bruta1 de água é influenciada2 pela disponibilidade de água superficial e de água subterrânea. A disponibilidade de água superficial, por sua vez, é influenciada pela área da bacia, pluviometria da região, o padrão de uso e ocupação de solo e o estado de erosão e escorregamento. A área considerada para a captação de água é a área total da região subtraída da mancha urbana. Conseqüentemente, o crescimento da mancha urbana reduz a oferta de água na bacia. A seta entre uso e ocupação e erosão e escorregamento significa que o uso e ocupação irregular podem causar erosão e escorregamento. Os fatores que influenciam o uso e ocupação são a política pública, por exemplo a implementação efetiva de um plano diretor, e o crescimento da população. Nota-se que o crescimento da população também influencia a demanda por água.

O Diagrama de Influência apresenta um entendimento qualitativo dos fatores que afetam a disponibilidade de água na região. A partir deste entendimento, cenários quantitativos sobre as possíveis situações futuras de oferta e demanda de água são desenvolvidos, com a participação dos mesmos técnicos especializados. Estes cenários supõem a continuidade de políticas públicas e tendências socioeconômicas atuais, portanto não considerando rupturas radicais.

1

A oferta bruta considera a vazão total dos cursos d´ água.

2

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Os cenários de demanda de água dependem de três variáveis chaves3: a população local, a perda física de água na rede e o consumo per capita de água. Como a população flutuante do Litoral Norte tem uma variação sazonal muito acentuada, os cenários incorporaram o fator sazonalidade (verão ou inverno). Duas tendências de crescimento populacional são adotadas para os cenários: uma é a extrapolação pela regressão linear, e a outra é baseada em taxa geométrica de crescimento anual (Tgca), definindo assim dois tipos de cenário: otimista, com crescimento populacional menos acentuado, e pessimista, com significativo aumento populacional.

Os cenários de oferta dependem da vazão total dos cursos d’água da região, da porcentagem de outorga máxima dos cursos d’água e a área de captação. A vazão total é estimada a partir de vazões mínimas estatísticas calculadas com base em série histórica (Q7,10) medidas em postos pluviométricos da região. A

porcentagem de outorga máxima refere-se à vazão máxima que o DAEE permite que seja retirada de um determinado manancial. A área de captação disponível foi calculada como a diferença entre a área toda da bacia e a área ocupada pela mancha urbana, sendo esta estimada a partir da população fixa e o padrão de crescimento urbano (% de crescimento horizontal4).

Considerando-se as características meteorológicas da região, com altas taxas de pluviometria durante a época de verão, acrescentaram-se aos cenários de oferta as variações sazonais de inverno e verão. A partir dos dados pluviométricos dos últimos 20 anos da região, foram obtidos os fatores de variação da pluviosidade entre o inverno e o verão. Valores médios máximos anuais foram da ordem de 5 vezes a vazão Q7,10 e para os valores

mínimos, 3 vezes a vazão Q7,10. Assim, esses valores foram adotados como as disponibilidades hídricas de

verão e de inverno, respectivamente, para a composição dos cenários.

Os parâmetros considerados na composição de cada cenário são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Parâmetros para a Composição dos Cenários

CENÁRIOS PARÂMETROS

OTIMISTA PESSIMISTA

Verão Inverno Verão Inverno

Consumo per capita 150 L/hab./dia 150 L/hab./dia 300 L/hab./dia 300 L/hab./dia Crescimento

populacional

Regressão linear Regressão linear Tgca* Tgca*

Expansão Mancha Urbana

50% Horizontal 50% Horizontal 100% Horizontal 100% Horizontal

Disponibilidade Hídrica 5 x Qmínima Qmínima 3 x Qmínima Qmínima

População total P. fixa x 6 P. fixa x 1,20 P. fixa x 6 P. fixa x 3

Perdas na rede 30% 30% 50% 50%

*Tgca – taxa geométrica de crescimento anual

Projeções

A partir da definição dos cenários, foram calculadas as seguintes projeções, para o Litoral Norte e para os quatro municípios:

• oferta total de água bruta versus consumo de água • vazão de tratamento de água de abastecimento • ligações de água

• extensão de rede de distribuição • vazão de tratamento de esgoto • ligações de esgoto

• extensão da rede de coleta de esgotos

3

A demanda da água é definida como a quantidade requerida na entrada da rede de distribuição para atender a necessidade da população.

4 Por exemplo, se o crescimento for 0% horizontal, somente ocorrerá a verticalização da área urbana, então não

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RESULTADOS DAS PROJEÇÕES

São apresentadas, a seguir, as projeções de população flutuante nos cenários considerados efetuadas para toda a Bacia Hidrográfica, contemplando os quatro municípios, e as projeções para a oferta de água bruta, vazão de tratamento de água e de esgoto para dois cenários extremos: otimista de verão e pessimista de inverno. As projeções dos outros itens acima citados para toda a bacia, bem como para cada município e para os outros cenários podem ser consultadas em IPT (2002).

População

A Figura 2 contém as projeções de população flutuante para os quatro cenários estudados, partindo-se dos dados do censo IBGE (2001), nos três horizontes de planejamento, 2003, 2010 e 2020. Observa-se aumento significativo da população, a partir de 2003, para três cenários, otimista de inverno, pessimista de verão e otimista de verão. Tais previsões indicam expressivos aumentos populacionais, fator de impacto direto na demanda de água.

Figura 2 – Projeções populacionais para os cenários adotados. Oferta total de água bruta versus consumo de água

Considerando-se os dois cenários extremos, as Figuras 3 e 4 apresentam as projeções de oferta de água bruta e demanda para os cenários otimista de verão e pessimista de inverno. Destaca-se a possibilidade de escassez de água bruta a partir de 2017 para o último cenário.

Litoral Norte - oferta total de água bruta x demanda - otimista verão 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2000 2005 2010 2015 2020 anos m 3 /s oferta demanda

Litoral Norte - oferta total de água bruta x demanda - pessimista Inverno 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2000 2005 2010 2015 2020 ano m 3/s Oferta Demanda

Figura 3 – Projeção de oferta e demanda de água no cenário otimista de verão.

Figura 4 – Projeção de oferta e demanda de água no cenário pessimista de inverno.

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Vazão de tratamento de água de abastecimento

Os cenários extremos para as vazões de tratamento de água de abastecimento estão representados nas Figuras 5 e 6.

Litoral Norte - vazão de tratamento de água - verão

0 5 10 15 20 25 2000 2005 2010 2015 2020 anos va z ão ( m 3/s ) otimista pessimista

Litoral Norte - vazão de tratamento de água - inverno

0 5 10 15 20 25 2000 2005 2010 2015 2020 anos v a z ão (m 3/s ) otimista pessimista

Figura 5 – Vazões de tratamento de água projetadas para até 2020 nos cenários otimista e pessimista de verão.

Figura 6 – Vazões de tratamento de água projetadas para até 2020 nos cenários otimista e pessimista de inverno.

Vazão de tratamento de esgoto

As vazões de tratamento de esgoto projetadas, para os cenários otimista e pessimista de verão, são apresentadas na Figura 7.

Litoral Norte - vazão de tratamento de esgotos - verão 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 2000 2005 2010 2015 2020 anos vaz ão (m³/ s) otimista pessimista

Figura 7 - Vazões de tratamento de esgoto projetadas para até 2020 nos cenários otimista e pessimista ed verão.

METAS E AÇÕES

A partir do diagnóstico da situação dos recursos hídricos (IPT, 2000) e da análise das projeções populacionais para os cenários considerados foram identificados os temas relevantes para o Litoral Norte, que influenciam na quantidade e na qualidade dos recursos hídricos da bacia, para os quais foram estabelecidas as metas e as ações.

Os temas selecionados foram:

• Saneamento – água, esgoto e resíduos sólidos; • Gestão;

• Oferta e demanda e qualidade de água; • Uso e ocupação do solo

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Saneamento

As metas para os três tópicos referentes ao saneamento são:

• Abastecimento de água – expansão do serviço para atendimento de 100% da população em curto prazo e manutenção desse índice até 2020;

• Esgotamento sanitário - expansão do serviço para atendimento de 60% da população em curto prazo e de 100%, para médio prazo, com tratamento de todo o esgoto coletado em cada período;

• Resíduos sólidos – atender as diretrizes do Plano Diretor de Resíduos Sólidos.

As ações de curto, médio e longo prazo para cada item podem ser consultadas em IPT (2002).

A priorização de ações para abastecimento de água compreende atividades de expansão, de operação do sistema e de conservação, como por exemplo, o estudo da qualidade e disponibilidade de água subterrânea como futura alternativa de captação e a melhoria dos processos de tratamento nos sistemas de abastecimento de água públicos e privados.

As ações priorizadas para esgotamento sanitário são de expansão e operação, tais como o aumento da rede coletora de esgoto para atender, pelo menos, 60% da população, exceto em locais com ocupação irregular e a orientação e incentivo para a utilização de sistemas alternativos de pequeno porte de tratamento de esgoto, em locais onde não exista a rede pública de coleta.

Gestão

As ações voltadas à gestão são fundamentais para garantir a implantação do Plano e integrar os vários responsáveis e os usuários dos recursos hídricos. Observou-se, ao longo do trabalho, a importância da ação coordenada e integrada dos diversos órgãos estaduais e municipais que atuam direta e indiretamente na administração dos recursos hídricos para alcançar as metas propostas.

Desta forma, foram definidas como metas de gestão a estruturação, organização, fortalecimento e consolidação do Comitê de Bacias Hidrográficas como uma entidade referencial de articulação e proteção dos recursos hídricos. As ações de curto, médio e longo prazo para cada item podem ser consultadas em IPT (2002).

Entre as priorizações, destacam-se a integração na elaboração e implementação dos planos diretores municipais, plano de gerenciamento costeiro, plano de manejo dos parques e de macro-drenagem e o plano diretor de resíduos sólidos e a divulgação das atividades e resultados obtidos pelo Comitê, visando o aumento do poder de articulação.

Oferta, demanda e qualidade de água

As metas e ações desse tema foram estabelecidas visando garantir a disponibilidade água com qualidade na região, considerando-se a disponibilidade hídrica natural, o aumento populacional, a expansão das manchas urbanas e a variação sazonal de população.

Entre as diversas ações propostas, destacam-se aquelas, de curto prazo, destinadas para a manutenção de informações básicas, como a implantação e renovação de postos pluviométricos e fluviométricos; aquelas que visam a organização de atividades existentes, porém sem nenhum controle, como o cadastro das captações e regularização das outorgas de água subterrânea.

Como ação de curto prazo, com desdobramentos futuros, destaca-se a elaboração e implantação de um plano de preservação dos mananciais e futuros para abastecimento de água para consumo humano, com legislações municipais que garantam a delimitação das áreas e sua proteção.

Em relação à qualidade de água, as ações definidas foram a implantação de postos de monitoramento de águas subterrâneas e o aumento dos pontos de avaliação de águas interiores, uma vez que as águas litorâneas contam com um programa estruturado e em funcionamento há anos. Adicionalmente, foram priorizadas as ações de estudo e desenvolvimento de programas de recuperação de qualidade dos cursos d’água.

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Uso e ocupação do solo

Considera-se o uso e a ocupação do solo a questão chave para o gerenciamento dos recursos hídricos da região. A falta de planejamento gerou inúmeros problemas sociais e ambientais, os quais interferem diretamente na qualidade desses recursos, hoje, e possivelmente na sua quantidade, no futuro.

A garantia de água em qualidade e quantidade, para a população fixa e flutuante, está diretamente relacionada com o padrão de ocupação, uma vez que a água de abastecimento público é principalmente superficial.

Tornam-se, portanto, imprescindíveis a elaboração e a implantação de políticas públicas definidas para os espaços costeiros de acordo com as peculiaridades da região. Neste sentido, as ações propostas são de caráter corretivo e preventivo, tal como a implementação de instrumentos de gestão ambiental e urbana, bem como medidas de fiscalização e punição.

As ações priorizadas para uso e ocupação do solo contemplam ações de incentivo, destinadas ao estímulo de gestão integrada do território entre órgãos estaduais e municipais, e ações de integração e de implementação de medidas.

ESTIMATIVAS DE INVESTIMENTOS

Objetivando fornecer informações mais quantitativas para orientar as estratégias do Comitê na implementação das ações, realizou-se estimativas de recursos requeridos para as ações priorizadas. Salienta-se que tais estimativas não pretendem ser precisas, mas visam obter uma ordem de grandeza dos investimentos necessários para resolver os principais problemas de disponibilidade e de qualidade dos recursos hídricos no Litoral Norte de São Paulo.

Desta forma, prevê-se a necessidade de investimentos em torno de cinqüenta milhões de reais (R$ 50.000.000) considerando a configuração do cenário otimista e de, aproximadamente, quatrocentos milhões de reais (R$ 400.000.000) para o cenário pessimista.

CONCLUSÕES

Apesar da abundância atual de água, o Litoral Norte de São Paulo apresenta problemas em relação à qualidade das águas superficiais interiores e costeiras, devido principalmente ao sistema de tratamento de esgoto insuficiente para a demanda. Tal situação, pode a médio e/ou longo prazo afetar inclusive a disponibilidade de água para abastecimento se não forem tomadas medidas adequadas e suficientes para sua resolução.

Observou-se, pelas características da região, bem como pela estruturação e organização dos órgãos estaduais e municipais, que para o gerenciamento eficaz dos recursos hídricos há a necessidade de integração e ação conjunta e coordenada para a implantação das ações definidas no plano e o alcance das metas propostas. Neste sentido, o Comitê de Bacias Hidrográficas tem papel fundamental e deve ser o agente articulador para garantir a execução das ações, bem como promover a avaliação e a revisão contínua de todo o Plano de Gerenciamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Informações sobre a demografia e produto interno bruto – PIB. Sistema de Recuperação Automática – SIDRA. Disponível em www.ibge.gov.br. Rio de Janeiro, 2001.

2. INSTITUTO DE PEQUISAS TECNOLÓGICAS DE SÃO PAULO. Diagnóstico da situação dos recursos hídricos das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte de São Paulo. Relatório técnico nº 46.172, vol. 1. 2000.

3. INSTITUTO DE PEQUISAS TECNOLÓGICAS DE SÃO PAULO. Plano de Gerenciamento dos

recursos hídricos das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte de São Paulo. Relatório técnico nº 57.540, 2002.

Referências

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