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A criança como turista: um estudo no Museu Histórico Nacional

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA

DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO

EDUARDA FARRAPO DA FONSECA

A CRIANÇA COMO TURISTA: UM ESTUDO NO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

NITERÓI 2015

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EDUARDA FARRAPO DA FONSECA

A CRIANÇA COMO TURISTA: UM ESTUDO NO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Turismo.

Orientadora: Prof.ª Drª Karla Estelita Godoy

NITERÓI 2015

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A CRIANÇA COMO TURISTA: UM ESTUDO NO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Por

EDUARDA FARRAPO DA FONSECA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Turismo.

BANCA EXAMINADORA

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À minha família por ter acreditado na realização desse sonho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me deu condições para alcançar meus objetivos, me abençoando e colocando pessoas especiais na minha vida.

Aos meus pais, que sempre priorizaram os estudos das filhas, e pelos ensinamentos de que o esforço vale a pena. Obrigada por todo carinho e dedicação. Eu amo vocês!

Aos meus avós Muniz e Alaide, por todos os abraços apertados das idas e vindas para casa, pelas comidinhas deliciosas, o colinho e as palavras de renovo para que eu pudesse chegar até aqui!

Às minhas amadas irmãs Emanuele e Viviane Farrapo, que são exemplos para mim, por suas palavras de incentivo e pelo suporte em todos os momentos.

Ao meu namorado, Natan Moreno, por todo amor, dedicação, compreensão e, por ter me acompanhado em minhas idas ao MHN durante a pesquisa de campo.

À professora Karla Godoy, orientadora do presente trabalho e coordenadora do Grupo de Pesquisa Turismo, Cultura e Sociedade (T-Cult), do qual tive a oportunidade e o prazer de participar como pesquisadora, dando continuidade às pesquisas. Agradeço também pelas aulas ministradas sobre Turismo, Patrimônio e Museologia, pois despertaram um olhar mais aguçado sobre essa temática. Muito obrigada pela experiência adquirida!

Aos professores do Departamento de Turismo que, por meio da interdisciplinaridade, colaboraram com a minha formação acadêmica. Especialmente, à Claudia Moraes que acompanhou minha trajetória na Universidade, sempre me aconselhando e oferecendo diversas oportunidades, inclusive, meu primeiro estágio. À Erly Maria, além de professora, uma pessoa muito querida. Sou muito grata por ouvir as minhas dúvidas e por ter sido muito prestativa comigo. Obrigada por tudo! Ao Ari Fonseca por sua gentileza e auxilio com materiais, e à Priscila Edra pelo apoio, me confortando e incentivando a seguir em frente.

Ao Diogo Nogueira, ex-bolsista do T-Cult e atualmente Turismólogo, por ter compartilhado os resultados da pesquisa do Grupo, que contribuíram com esse

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estudo. E, aos alunos que participaram tanto do Grupo como da disciplina “Museologia Aplicada ao Turismo” durante o trabalho de campo.

Ao Diogo Tubbs, responsável pela Divisão Educativa do Museu Histórico Nacional, que concedeu a entrevista para pesquisa e a toda equipe do Museu pela prestatividade.

À Valéria Lima por toda compreensão, amizade, carinho, preocupação comigo durante todo esse processo e pela nossa convivência diária no estágio. Incluindo a “família” PRODETUR-RJ: Natália Soutosa por ter sido como uma irmã e ter me ajudado nos momentos mais difíceis; Carmen Cecília pela cumplicidade que construímos nesta etapa de nossas vidas e continuidade de uma linda amizade; Victor William pela paciência, revisão do texto, edição das fotos, parceria e suporte; Juliana Pereira por transmitir alegria aos que estão ao seu redor e a sensação de que no fim tudo dá certo; Letícia Telles pela descontração proporcionada em nossa rotina, além de ser como um exemplo de profissional; Ricardo Wyllie pela amizade, conselhos, sensibilidade, e suas “tiradas” inteligentes, cheias de humor; Julio Oliveira pela sua gentileza e seu jeito de ser “de bem com a vida”; e às recém-chegadas Tatiana Oliveira e Priscila Guimarães pelo apoio e cobertura em momentos em que precisei me ausentar do estágio para tratar de assuntos do TCC.

À Itatiana Araujo, minha amiga de infância, que sempre acreditou na minha capacidade e torce muito pelo meu sucesso.

À Natalia Maia e família por todos os conselhos e apoio desde da época do vestibular, quando tudo ainda parecia distante e incerto. Obrigada por todo amor e carinho!

Aos meus amigos da faculdade: Gabriela Sousa, se não fosse o seu jeito de ser, eu não teria começado com a escrita do trabalho; Izabel Brito pelo companheirismo e todo carinho por mim; Nikita Chrysan por ter disponibilizado materiais; Érica Fonseca pelo seu jeito doce e atencioso comigo; Evelyn Oliveira, amiga de coração enorme; Izadora Montez pela sua dedicação aos amigos e sempre pronta a ajudar mesmo à distância; Elaine Amaral, apesar de nos conhecemos da forma mais inesperada, juntamos nossas forças e vencemos essa etapa; e Raphael Giammattey por nossa sintonia e ajuda mútua durante nosso período acadêmico.

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“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê”.

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RESUMO

O Museu Histórico Nacional é uma instituição que possui potencial para atrair públicos diversificados, dentre os quais, os turistas mirins. Dessa maneira, o presente trabalho visa identificar como se estrutura a visitação para esse público infantil. Para atender a este objetivo, optamos por fazer, ao lado da pesquisa bibliográfica, necessária para a fundamentação teórica deste estudo, uma observação assistemática, acrescida de entrevista com o responsável pela Divisão Educativa do MHN. Os resultados indicam que o setor educativo do Museu promove ações para receber grupos de escolares que o buscam como parte de programas curriculares. No entanto, ainda não possui projetos e programas que têm como foco a criança na condição de turista, que o visita como atrativo cultural de forma espontânea. Sugerimos ações que possam ser implementadas para atender a esse público de forma mais específica e mais lúdica.

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ABSTRACT

The National Historical Museum is an institution that has the potential to attract diverse audiences, among them, the junior tourists. Hence, this paper aims to identify how to structure the visitation of these children. To meet the chosen goal, alongside the literature necessary for the theoretical basis of this study, a systematic observation is made, as well as an interview with the person responsible for the Educational Division of MHN. The results indicate that the Museum's educational sector promotes actions to receive school groups as part of curricula. However, it does not have projects and programs that focus on the junior tourist that visit the cultural attraction spontaneously. We suggest actions that can be implemented to serve this audience more specifically and more interactively.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Crianças ajudadas pela entidade 19

FIGURA 2 Estúdio de design 25

FIGURA 3 Mediação no Museu com grupo de criança 26

FIGURA 4 Mapa ilustrativo para as famílias com crianças 28

FIGURA 5 Programa Sunday Studio - Crianças construindo suas obras de arte 28

FIGURA 6 Famílias com crianças participando da atividade 29

FIGURA 7 Mediação com turistas mirins no Thyssen-Bornemisza 32

FIGURA 8 Estação da brincadeira 34

FIGURA 9 Idade dos respondentes turistas 41

FIGURA 10 Estado Civil 42

FIGURA 11 Especificação do contexto social da visita ao MHN 43

FIGURA 12 Bonecos e kits do playmobil à venda na Loja do Museu 47

FIGURA 13 Criança no colo para visualizar o acervo 48

FIGURA 14 Criança entre as cartas suspensas 49

FIGURA 15 Vitrine da exposição do Playmobil com prateleiras de alturas diferentes 50

FIGURA 16 Criança se divertindo com os brinquedos 51

FIGURA 17 Pais lendo os painéis informativos sem interagir com as crianças 52

FIGURA 18 Meninas em direção à TV 53

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

1 TURISMO CULTURAL E MUSEU 15

1.1. MUSEUS COMO ESPAÇOS CULTURAIS 17

1.1.1 A criança como potencial visitante 18

2 MUSEU COMO ESPAÇO LÚDICO 23

3 O MUSEU HISTÓRICO NACIONAL: PANORAMA ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O TURISTA MIRIM 37 3.1. O TURISTA MIRIM DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL 40 3.2. A DIVISÃO EDUCATIVA DO MHN E O TURISTA MIRIM 44

3.3. O TURISTA MIRIM E A VISITAÇÃO AO MHN 46

3.4. AÇÕES LÚDICO-EDUCATIVAS: POSSIBILIDADES 54

CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

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INTRODUÇÃO

A temática deste estudo surgiu a partir da identificação da autora com a área cultural, principalmente com as disciplinas afins integrantes do currículo de graduação em Turismo e, posteriormente, com sua participação no Grupo de Pesquisa Turismo, Cultura e Sociedade (T-Cult), coordenado pela Professora Dra. Karla Estelita Godoy, orientadora deste trabalho. Tendo atuado como pesquisadora nas duas etapas do Projeto Turismo e Museus, e tendo sido aluna da disciplina optativa “Museologia Aplicada ao Turismo”, ministrada pela mesma professora, cuja parte prática fora desenvolvida no Museu Histórico Nacional – MHN, por meio de uma parceria entre a Universidade e o Museu, intensificaram o seu interesse para trabalhar o tema em questão.

Os resultados de ambas as fases da pesquisa empreendida por esse Grupo causaram estranheza à autora, devido ao baixo percentual (1,97% e 4,31 %) de turistas que responderam afirmativamente à opção de regresso ao Museu, acompanhados dos filhos, tendo em vista a participação da instituição no Programa de Qualificação dos Museus para o Turismo, cujo objetivo é tornar o Museu qualificado para públicos diversificados, incluindo o turista mirim.

Deste modo, surgiu a questão-problema deste estudo: Como ocorre a visitação dos turistas mirins no Museu Histórico Nacional? Isto se justifica, pois o MHN é procurado por grupos de estudantes da rede escolar pública e privada, que ali são levados devido à relevância histórica do Museu, como também há crianças que acompanham seus pais em visitações turísticas. Baseados nesse fato, procuramos investigar até que ponto o MHN atende a esse público, de modo a possuir infraestrutura e programação que trabalhem conceitos e valores ligados à educação e à formação da identidade cultural.

Os museus a cada dia se inserem mais no segmento histórico e cultural do turismo como atrativo procurado pelos turistas desejosos em conhecer a história e a cultura da sociedade visitada. Já vai longe o tempo em que a visita aos museus destinava-se a poucos intelectuais, pois o que lá existia para ser observado seria incompreensível para outros menos letrados.

Esse relativamente recente interesse pelos museus deve-se, em parte, ao esforço despendido para acompanhar e adequar-se às novas tecnologias e aos meios interativos demandados pela sociedade contemporânea. Os museus

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passaram a ser espaços culturais instigantes tanto para o público adulto como para o jovem ou a criança.

No que se refere ao visitante mirim, chamando, assim, as crianças que visitam os museus na condição de turistas, experiências pedagógicas têm sido realizadas tanto em nível internacional como nacional, com resultados interessantes no envolvimento desse visitante, tendo em vista as boas práticas empreendidas, como por exemplo, o Family Map do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque (EUA) ou a Estação da Brincadeira, do Museu das Artes e Ofícios de Belo Horizonte (MG).

No caso do MHN, existe a Divisão Educativa, contudo o foco de suas ações direciona-se para grupos de escolares, não tendo como alvo a visitação realizada por turista mirim que o procura, geralmente, acompanhado de seus familiares. Partindo desse fato, objetivamos identificar como lá se estrutura a visitação deste público infantil, uma vez que a criança é, normalmente, conduzida por um adulto, que possui interesses e motivações diversos com relação ao acervo e às exposições.

Para atender a esse objetivo, optamos por fazer, ao lado da pesquisa bibliográfica, necessária para a fundamentação teórica deste estudo, uma observação assistemática, acrescida de entrevista com o responsável pela Divisão Educativa do MHN. Essa investigação descritiva permitiu verificar in loco o desenrolar de uma visitação, observar as atitudes tanto por parte dos adultos que acompanham a criança, como dela mesma, identificar o layout das exposições, dentre outros aspectos que compõem a experiência vivenciada no Museu.

A revisão da literatura empreendida, somada às informações obtidas na pesquisa de campo, permitiram estruturar este trabalho em três capítulos.

O primeiro aborda os diversos aspectos do turismo cultural, bem como os museus como atrativo cultural, no qual podemos inserir a criança como turista.

No segundo capítulo, tratamos dos museus como espaço lúdico, apresentando práticas bem sucedidas realizadas por instituições diversas que veem a criança como um ator a ser inserido na experiência museal e pronta para educar-se culturalmente.

O Museu Histórico Nacional é apresentado no terceiro capítulo, tangenciando sua história, sua estrutura física e organizacional, discutindo resultados de pesquisas anteriores sobre a percepção do visitante em relação ao Museu,

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analisando o desdobramento da visitação do turista mirim e propondo ações que poderiam auxiliar o MHN na adequação de um espaço lúdico que contemplasse, de forma mais efetiva, a necessidade e motivação da criança.

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1 TURISMO CULTURAL E MUSEU

Para Edward Tylor (1958 apud LARAIA, 2005, p. 25) cultura “é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Tal consideração envolve aspectos da vida humana como um todo, uma vez que podem ser representados de forma imaterial e material.

O conceito amplo de cultura abre um leque de possibilidades para se caracterizar o turismo cultural, uma vez que este comporta muitas especificações, associado ainda ao fato que o próprio turismo é de natureza intrincada.

O ato de fazer turismo envolve vários fatores que justificam a complexidade desse fenômeno, tais como deslocamento/ transporte, meios de hospedagem, alimentação, atividades recreativas, dentre outras. A Organização Mundial do Turismo (OMT), com intuito de estabelecer um conceito de caráter oficial, definiu turismo da seguinte maneira:

[...] atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras (OMT, 2001, p. 38).

A partir desta consideração, é importante o entendimento da classificação do indivíduo que viaja. A OMT (2001, p. 40) define viajante como “qualquer pessoa que viaje entre dois ou mais países ou entre duas ou mais localidades em seu país de residência habitual” e visitante como “todos os tipos de viajantes relacionados ao turismo”.

Por outro lado, a mesma entidade define turista como “passageiro que permanece uma noite, pelo menos, em um meio de alojamento coletivo ou privado do país visitado”. Já o excursionista é o “viajante que não pernoita num meio de alojamento coletivo ou privado do país visitado” (2001, p. 40). De fato, a diferença entre tais nomenclaturas está relacionada com a ocasião de haver ou não a permanência em um determinado lugar em forma de pernoite, podendo influenciar em dados estatísticos da atividade turística.

Levando em consideração o perfil dos turistas e seus anseios por novas vivências, as estratégias de marketing, bem como as políticas de planejamento e

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gestão para os destinos turísticos são formuladas a fim de articular os melhores critérios entre oferta (características da região, equipamentos e serviços turísticos que atraem os visitantes) e demanda (fator comum entre os turistas reais e os que ainda visitarão a localidade). Com o objetivo de atingir os mercados-alvo, convencionou-se estabelecer os segmentos de turismo, tais como: cultural; negócios e eventos; rural; sol e praia; ecoturismo; aventura; pesca; saúde; náutico; estudos; e social (BRASIL, 2010).

Com enfoque na demanda, a segmentação é definida pela identificação de certos grupos de consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a alguns fatores que determinam suas decisões, preferências e motivações, ou seja, a partir das características e das variáveis da demanda. Os produtos e roteiros turísticos, de modo geral, são definidos com base na oferta (em relação à demanda), de modo a caracterizar segmentos ou tipos de turismo específicos (BRASIL, 2014, p. 3).

Vale lembrar que, conforme a necessidade de consumir produtos cada vez mais diversificados, outros segmentos de turismo podem surgir. Logo, tais classificações existem por uma questão mercadológica, mas isso não implica que um indivíduo que esteja praticando turismo de aventura não possa visitar uma feira de eventos ou outra atividade que não esteja diretamente relacionada à principal. Deste modo, o turista pode encontrar condições favoráveis para desfrutar de dois ou mais segmentos em uma mesma viagem. Sendo assim, podemos notar as opções existentes para que os turistas possam satisfazer a procura por novos conhecimentos e experiências memoráveis.

Com base em informações obtidas na página oficial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2015), os bens culturais imateriais são as práticas e domínios da vida social manifestada em saberes, ofícios e modos de fazer, celebrações, formas de expressões cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas.

No que tange aos bens materiais, segundo a mesma fonte, estes podem ser caracterizados como núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos, coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos entre outros. Nessa perspectiva, o turista em contato com a localidade visitada tem a possibilidade de construir uma troca cultural a partir do conhecimento que está sendo adquirido. De fato, o conjunto desses elementos culturais materiais e imateriais despertam interesses nos turistas e compõem o Turismo Cultural, que –

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[...] compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura (BRASIL, 2014, p.13).

Dentre os diversos componentes desse segmento, incluindo tanto os bens culturais quanto as atividades turísticas, existem os museus, que podem ser considerados atrativos culturais.

1.1 MUSEUS COMO ESPAÇOS CULTURAIS

Suano (1986, p.10) se refere a museu como “coleção de espécimes de qualquer tipo e está, em teoria, ligado com a educação ou diversão de qualquer pessoa que queira visitá-la”. Partindo desse pressuposto, podemos perceber a relação entre turismo, cultura e educação, e ter em vista que os museus podem ser locais de fruição e aprendizado para o público em geral e também para o infantil.

De acordo com o Conselho Internacional de Museus (ICOM, 2015), as instituições museológicas têm como funções adquirir, conservar, investigar, difundir e expor os testemunhos materiais do homem. Dessa maneira, o público tem a oportunidade de estar próximo às exposições e, por meio de experiências sensoriais, refletir sobre a memória individual e coletiva.

Dada a complexidade cultural abarcada pelos museus, ele é alvo de muitas demandas por parte de seus visitantes, que apresentam diversas expectativas a cada visita, uma vez que, de certa maneira, ele é o guardião da cultura e da história, além de ainda exercer um papel educativo e fazer a mediação entre o homem e o mundo que o cerca.

Os museus, de forma geral, têm acompanhado as revoluções tecnológicas presentes neste século e deixaram de ter, como afirma Godoy (2010, p. 200) uma “visão reducionista de que ‘é um lugar que guarda coisas velhas’ e que deveriam ‘modernizar-se’ só para atender a um público cada vez mais heterogêneo e apressado”.

Uma das funções do museu é a educação patrimonial e tendo em vista a heterogeneidade do público, como observa Godoy (2010), deve se iniciar na

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infância, a fim de que o entendimento correto de respeito aos bens patrimoniais seja um valor importante na formação da identidade cultural.

Nesse aspecto, os museus devem passar a considerar a presença do público infantil em suas exposições e procurar propiciar uma educação patrimonial que seja adequada ao seu nível de entendimento e que lhe desperte o gosto de frequentar esse espaço, ao mesmo tempo em que trabalha novos conceitos, conhecimentos e valores.

1.1.1 A criança como potencial visitante

Segundo o dicionário Aurélio (FERREIRA, 2015, sp.), encontramos alguns significados da palavra criança relacionados com menino ou menina no período da infância; cria; criação e educação.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), regido pela Lei nº 8.069/90, dispõe sobre a proteção integral a essa faixa etária. De acordo com o Art. 2º, “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade” (BRASIL, 2012, p.12). Outro ponto que podemos considerar é a associação de alguns termos utilizados em instituições, jornais, artigos e revistas, como por exemplo, mirim, infantil, menor e infanto-juvenil.

Com a intenção de garantir e legitimar os direitos, foram implementadas outras medidas de apoio e proteção às crianças. Assim, no ano de 1919, foi criada por Eglantyne Jebb e sua irmã Dorothy Buxton a primeira entidade internacional -

Save the Children (Salvem as Crianças) cujo objetivo era conseguir fundos para

cuidar e dar suporte as crianças que sofreram as consequências da Primeira Guerra Mundial. Nos anos seguintes, a missão foi difundir no mundo esta iniciativa por meio de projetos de pesquisa e direitos infantis como, alimentação, vestimenta e educação, como podemos observar na figura 1(SAVE THE CHILDREN, 2014).

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Figura 1: Crianças ajudadas pela entidade. Fonte: Save the Children, 2014.

Frente a esse contexto, na página da web Promenino (PROMENINO, 2014), existem informações sobre a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, com a finalidade de conservar a paz, segurança e progresso dos países. Com isso, foram declarados os Direitos Humanos e a partir destes expandiram-se aplicações para o público infantil. Sendo assim, em 1959, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança com adoção de dez princípios que garantem às crianças a titularidade de direitos, dentre os quais o direito ao nome, nacionalidade, benefícios da previdência social, educação fundamental e média gratuitas, oportunidades de brincadeiras e diversões, dentre outros.

Cabe considerarmos que essas deliberações legislativas pretendem garantir uma infância com condições adequadas para o desenvolvimento das capacidades da criança, e por sua vez, contribuem para que ela seja preparada para o futuro. Conforme o Princípio 2:

A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses da criança” (BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS, 2014).

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Em consonância com esses valores, é relevante a incorporação da análise do processo de construção do saber infantil. Para Jean Piaget (1969 apud ARANHA; MARTINS, 1993), não nascemos com inteligência e aspectos relacionados com a razão, afetividade e moral vão sendo construídos gradativamente em conformidade com as fases da infância. O referido teórico se baseia na teoria chamada de construtivismo, uma vez que o entendimento da criança frente ao mundo é estruturado de dentro para fora, isto é, uma ação de percepção que ocorre naturalmente e não de forma imposta.

O estudo piagetiano foi elaborado por meio de observações e experiências vivenciadas na cidade de Genebra, na Suíça, tendo como referência crianças de várias idades, para descrever os estágios de desenvolvimento mental, dividindo-os em quatro períodos: sensório-motor (de zero a dois anos – reconhece o mundo com as sensações e os movimentos); intuitivo ou simbólico (entre dois aos sete anos – a lógica começa fazer parte do contexto da criança com o uso de símbolos); operações concretas (a partir de sete a doze anos – fase de internalização dos fatos ocorridos no dia a dia) e operações formais (acima de doze anos – condição mais autônoma com capacidade para reflexão e resposta ao condicionamento de regras) (PIAGET, 1968 apud ARANHA: MARTINS, 1993).

De modo geral, a criança vai evoluindo ao longo da vida à medida que suas habilidades vão sendo aprimoradas em função das práticas e experiências de aprendizado, como jogos educativos, relações interpessoais, conhecimentos escolares, entre outros. Dessa maneira, vemos a necessidade de motivar e oferecer meios para que ela construa seu senso crítico, pois assim terá um raciocínio lógico e apto para discernir sobre o mundo em que vive.

Nesse processo de construção, segundo o Artigo 277 da Constituição Federal de 1988, a criança necessita de uma base para a sua formação que será produto do trabalho conjunto entre a família, sociedade e poder público.

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 2015).

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Como podemos perceber, o documento prevê o direito à educação, que abrange os aspectos formal e não-formal, de acordo com Gadotti:

A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação. A educação-não formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente seguir um sistema sequencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem (2005, p. 2) (grifos do autor).

Na prática, o que diferencia essas duas formas de educação são as metodologias aplicadas bem como o meio em que ocorrem. Gohn (2006, p. 2) explica que a finalidade da educação não-formal “é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo”. A mesma autora ressalta ainda que esse processo não-formal utiliza aspectos da Pedagogia Social, como, por exemplo, a ideia de coletividade no processo de desenvolvimento e aprendizado de saberes sociais.

Na atualidade, existem diversas formas de atuação da educação não-formal e dentre elas podemos citar a visitação a museus. De acordo com a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, esses espaços são definidos como:

[...] instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico e técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. (IBRAM, 2009, p. 2).

Segundo Gadotti (1991), esses espaços culturais não estão inseridos nos padrões regulares do ensino escolar, uma vez que podem realizar múltiplas ações de experiências, cujo intuito educacional é fazer uma abordagem de comunicação social com procedimentos educativos. Assim, podemos enfatizar a relevância do

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ambiente do museu, tendo como base as suas atribuições e benefícios para a sociedade.

Podemos inferir, portanto, que no caso de visitações de crianças, são necessárias intervenções para que elas sejam incentivadas a interagir com o novo mundo de possibilidades, visto que a função pedagógica se insere dentre as finalidades socioculturais dos museus. Almeida (1997, p. 50) acrescenta que “a ação educativa em museus visa ampliar as possibilidades de aproveitamento pedagógico dos acervos, para que o visitante acentue seu espírito crítico em relação à sua realidade e daqueles que estão à sua volta”.

Suano (1986) relata que no período de transição entre os séculos XVII e XVIII alguns pensadores foram perseguidos pela inquisição, pois suas ideias relacionadas à educação não estavam de acordo com os padrões propostos pela escolástica jesuíta oficial, que possuía um método de ensino rígido e sistema de memorização. Como exemplo deste fato, a obra intitulada A cidade do Sol escrita pelo filósofo Tommaso Campanella, traz reflexões a respeito de que “nesta utópica cidade, haveria um mouseion1 bem diferente do modelo da época. Ele seria uma

revolucionária sede do pensamento científico, sem paredes, onde as crianças aprenderiam brincando todas as ciências e artes” (SUANO, 1986, p.25).

Em conformidade com o exposto, podemos perceber que naquele momento histórico já existia um pensamento muito avançado para a época sobre a inserção das crianças no espaço museal, de forma lúdica, para além dos métodos rígidos de aprendizado estabelecidos.

1 Na Grécia, o mouseion, ou casa das musas, era uma mistura de templo e instituição de pesquisa,

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2 MUSEU COMO ESPAÇO LÚDICO

O museu é um local de aprendizado lúdico para as crianças, que assim como os adultos, fazem turismo. Para efeitos do presente trabalho, trataremos deste público como turistas mirins. Moliterno e Zago (2010 apud BONIFÁCIO, 2012) afirmam que a prática do turismo é vista por muitos pais como uma oportunidade de lazer e aprendizado. Eles veem a viagem como uma experiência construtiva na infância dos filhos.

Bonifácio (2012) em Trabalho de Conclusão de Curso, defendido junto ao Departamento de Turismo da UFF, buscou analisar o olhar da criança sobre as atividades turísticas locais, bem como suas percepções e motivações sobre os destinos turísticos. Para coletar os dados, utilizou os métodos de pesquisa qualitativa, investigando crianças do 5º ano do ensino fundamental de uma escola particular de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Para Bonifácio (2012), a criança influencia na decisão da viagem e dos atrativos a serem visitados. Além disso, percebem quais os lugares apresentam mais condições para se divertir e adquirir experiências. Assim, podemos observar a criança assumindo seu papel de turista e, de certa forma, demonstrando seus desejos e preferências. A autora frisa a falta de estudos sobre a temática, indicando que gestores e planejadores públicos e privados poderiam direcionar suas ações de forma mais efetiva para esse público.

Devemos ponderar, entretanto, que para crianças e adolescentes realizarem viagens nacionais e internacionais, é necessário seguir as recomendações do Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos 83 e 84:

Art.83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da Comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável se a criança ou adolescente: I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida (BRASIL, 1990, p. 50- 51).

A documentação legal é fundamental para garantir a segurança de crianças e adolescentes, tendo em vista a necessidade de cuidados durante uma viagem, tanto

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do responsável, como para a criança que viaja. Dessa maneira é preciso um olhar mais atento direcionado a essa faixa etária, visto que demanda mais atenção por diferentes aspectos, tais como, perigos presentes no ambiente, possibilidade de se perder, acidentes, entre outros.

Vale ressaltar que o artigo 83 está garantindo o cuidado à criança que viaja sozinha, isto é, sem um responsável legal, sendo necessária uma autorização judicial para que ela possa ter liberdade para viajar. Isso possibilita um tipo de turismo, denominado por Kushano (2008) de infantil, como sendo uma adequação às necessidades e características desse público, por meio de atividades a serem desenvolvidas pelas crianças e para as crianças, como por exemplo, acampamento de férias, viagens aos parques temáticos, resorts e turismo pedagógico.

[...] é o turismo praticado por crianças e planejado para crianças em que há supervisão de adultos, como também a adequação de produtos e serviços para atender a criança com qualidade e segurança, proporcionando a ela atratividade, conforto e desenvolvimento pessoal (KUSHANO, 2008, p. 77).

Com isso, a atividade turística também deve ser planejada e organizada para esse público, e se tratando das diversas atividades possíveis em uma viagem, existe a visitação a espaços culturais, entre os quais, os museus. Com respeito à tipologia, podemos classificá-los como etnográficos, de ciência e tecnologia, de arte, históricos, de arqueologia ou temáticos, tais como Museu do Futebol, em São Paulo (SP), Museu de Valores do Banco Central, localizado em Brasília (DF), Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro (RJ) e o Brooklyn Children’s Museum, situado em Nova Iorque (EUA).

Segundo o site da instituição, Brooklyn Children’s Museum (2014), este foi o primeiro museu das crianças, inaugurado nos Estados Unidos, em 1899, e tem como missão envolver ativamente as crianças em experiências educacionais e de entretenimento por meio da inovação e excelência nas exposições, programas e o uso da coleção museológica. O museu incentiva crianças a desenvolverem compreensão e respeito por elas mesmas e pelos outros, bem como pelo mundo que as rodeia ao explorarem outras culturas, as artes, ciência e meio ambiente (BROKLYN CHILDREN’S MUSEUM, 2014, em tradução livre da autora).

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Como aponta Valença (2008, p. 12), “esse tipo de museu desenvolve suas atividades através do uso de uma metodologia dinâmica: as exposições interativas que respeitam as características das crianças, ou seja, sua curiosidade, sua vontade de descobrir e explorar”. Para tanto, estes atrativos devem dispor de recursos específicos para interagir com o meio. Por exemplo, a forma como a exposição for montada, o tipo de legenda, a existência de áudio e objetos para que a criança manuseie. De fato, aparatos com os quais o aprendizado será facilitado.

É deste modo que o Brooklyn Children’s Museum se apresenta com toda uma estrutura voltada para o público infantil, como por exemplo, um estúdio de design onde a criança pode explorar o que é ser um arquiteto, designer e engenheiro (figura 2).

Além disso, existe a oferta de mediação com agendamento prévio de grupos com dez ou mais crianças interessadas em visitar o local, algo que demonstra uma ação diferenciada por parte dos gestores em relação à experiência do visitante (figura 3). Ademais, há um espaço denominado Kids Coffee o qual permite que as famílias, em um momento de pausa da visitação, façam lanches nas mediações do museu, gerando mais comodidade e propiciando momentos de troca de conhecimentos adquiridos na visita.

Figura 2: Estúdio de design.

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Figura 3: Mediação no museu com grupo de criança. Fonte: Brooklyn Children’s Museum, 2014.

No Brasil existe o Museu dos Brinquedos, uma casa que é patrimônio histórico da cidade de Belo Horizonte (MG), inaugurada em 2006. Sua história começou com Luiza de Azevedo Meyer, que tinha uma visão diferenciada a respeito dos brinquedos, e assim guardou os seus, dos seus filhos e netos. Ela fazia exposições em vários lugares, tais como, galerias de arte, shoppings, entre outros. Com o tempo, por meio de pesquisas e aquisição de outros brinquedos, o projeto foi crescendo e após a sua morte, foi criado o Instituto Cultural Luisa Azevedo Meyer e posteriormente virou museu com um acervo de 5 mil brinquedos, contendo 800 de diferentes nacionalidades (MUSEU DOS BRINQUEDOS, 2015).

O espaço possui uma ação educativa com programações permanente e temporária, como por exemplo, “Anos 80 de volta ao Museu dos Brinquedos”, uma oportunidade para pais e filhos compartilharem esse momento de estar em contato com os brinquedos dessa época. Vale destacar que é possível fazer o download no site da instituição de arquivos direcionados para educadores, com apresentação sobre as exposições, ações e metodologias do trabalho, bem como objetivos e resultados esperados com a visitação (MUSEU DOS BRINQUEDOS, 2015).

De modo geral, trata-se de um ambiente que oferece atividades para crianças, como oficina de construção de brinquedos com materiais recicláveis, contação de história introduzindo as crianças ao universo dos brinquedos, da fabricação até o contexto histórico, legoteca e sala de leitura, que possibilita maior contato com brincadeiras e jogos tradicionais, como pular corda, corrida-de-saco, entre outros. É então, “um museu para quem já foi criança e fez da boneca a melhor amiga, da bola

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de gude, a melhor conquista, de cada jogo uma aventura”, como define sua página da internet (MUSEU DOS BRINQUEDOS, 2015).

Diante desse panorama, o mundo infantil abarca elementos como fantasia e imaginação e tais características devem ser exploradas pelos gestores com programas atrativos para esse público. Vale citar que podemos considerar o tempo de visitação da criança diferentemente ao do adulto, visto que a criança não necessariamente terá interesse pelas mesmas coisas. Outro fator relevante é a cognição2, que por sua vez versa sobre o ato ou processo de conhecer, envolvendo atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento, linguagem e ação. Desse modo, a presença da criança no museu pode contribuir com seu processo de construção, por meio da associação dos objetos ao que está sendo exposto. Para Horta (1984 apud ALMEIDA, 1997, p. 55) “O nível de percepção e de motivação será tanto maior quanto for o apelo à sensibilidade da criança e quanto maior for o grau de seu envolvimento afetivo”.

Considerando que o foco deste trabalho é a visitação do turista mirim, acompanhado de sua família e/ou parentes e assim, não incluindo as visitas com grupos escolares, iremos observar as experiências das crianças e as possíveis influências das boas práticas em museus de alguns países.

O Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, segundo informações da página do museu na internet, abriga um acervo com mais de dois milhões de obras, entre as quais de Van Gogh, Picasso e Renoir. Na mesma página é possível fazer o agendamento prévio de visita guiada para diferentes tipos de público como adultos, universitários, turistas e crianças (METROPOLITAN, 2014).

Tratando-se do universo infantil, a instituição disponibiliza um family map (figura 4) nas versões impressa e online, com possibilidade de download no próprio site. É um material ilustrativo que contém frases instrutivas com vista ao estímulo à visitação, elaborado para as famílias que levam seus filhos ao museu. Com intuito de exemplificar, as frases educativas não são impositivas, mas apresentadas de forma hospitaleira como se estivessem dialogando com o público, tais como, “você não precisa visualizar tudo em um dia, você pode visitar o museu várias vezes”, “obrigado por não comer nas galerias”, “imagine-se em outro tempo e espaço” e “explore, aprenda e divirta-se” 3

(METROPOLITAN, 2014).

2

Dicionário InFormal, disponível em endereço eletrônico. Acesso em 24 abr. de 2015.

3

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Figura 4: Mapa ilustrativo para as famílias com crianças. Fonte: Met Museum, 2014.

O museu organiza programas para famílias com crianças de todas as idades (figura 5). De certa forma, isto pode facilitar a escolha dos pais referente ao tipo de informação condizente com o grau de entendimento e adequação ao conteúdo por faixa etária. Um dos programas é o Sunday Studio, no qual é possível ter a experiência de criar obras de artes com diferentes materiais e técnicas auxiliadas por artistas. As crianças interagem entre si e os pais podem acompanhar e incentivar o desenvolvimento da criatividade. Vale citar que é gratuito para crianças menores de 12 anos e, aqueles que quiserem desfrutar ainda mais do lugar, podem participar do Family Tour – uma visita guiada pelas galerias de arte (METROPOLITAN, 2014).

Figura 5: Programa Sunday Studio- Crianças construindo suas obras de arte. Fonte: Met Museum, 2014.

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A instituição também organiza suas ações para crianças e adolescentes com deficiências visuais entre cinco e 17 anos, cujo intuito é inserir e apresentar o mundo das artes. Dessa forma, realiza oficinas gratuitas com reservas antecipadas, que permitem ao visitante explorar algumas obras de maneira descritiva, utilizando o tato e diversos meios que despertem o uso de outros sentidos. É um momento de descoberta e liberdade de criação e todos os trabalhos manuais podem ser levados para casa. Assim, podemos perceber aspectos de valorização da criança e incentivo à imaginação, pois mesmo com uma limitação física não há o impedimento de ter acesso às possibilidades de adquirir conhecimento (METROPOLITAN, 2014).

Outro programa é o Storytime in Nolen Library – Hora da história na Biblioteca Nolen (figura. 6), um espaço reservado para contar histórias com imagens para o público entre 18 meses a 6 anos. As crianças podem cantar e se divertir com suas famílias em um ambiente lúdico, que propicia o desenvolvimento da imaginação. Ademais, é possível continuar a atividade fazendo uma visita, com a proposta de uma aventura. Uma espécie de caça autoguiada pelas galerias. O programa disponibiliza dois horários, um na parte da manhã e outro à tarde, sendo que o primeiro é direcionado às crianças até os três anos (METROPOLITAN, 2014).

Figura 6: Famílias com crianças participando da atividade. Fonte: Met Museum, 2014.

O British Museum localiza-se em Londres e foi fundado em 1753, sendo o primeiro museu público nacional no mundo e, até os dias atuais, mantém a entrada gratuita para todos os visitantes. O museu funciona todos os dias e realiza eventos familiares mensalmente, com oficinas digitais cada fim de semana. Nesse caso, a oficina Teatro de Sombras, que aborda a temática da antiga tradição japonesa por

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meio de um software, em que as crianças maiores de sete anos podem criar marionetes e dar vida aos seus personagens, gravando vozes e fazendo um vídeo (BRITISH, 2014).

A instituição sugere alguns objetos das galerias que podem ser descobertos pelas famílias com crianças e indica no seu site onde as peças estão situadas no museu. Além disso, seções táteis com mesas Hands On, que permitem que o visitante toque nos objetos da coleção. O local dispõe ainda de uma equipe de voluntários capacitados para acompanhar a atividade e responder as possíveis perguntas (BRITISH, 2014).

Um dos serviços de destaque do museu é um guia multimídia infantil em vários idiomas, com o qual o visitante pode criar seu próprio itinerário ou utilizar os sete roteiros sugeridos. Existe ainda, a possibilidade de ouvir comentários sobre as obras, visualizar imagens e jogos interativos. O aparato tecnológico pode ser reservado pelo site da instituição ou retirado no local mediante ao pagamento. Tais fatores, de certa forma, podem motivar o interesse das crianças em descobrir e explorar o acervo (BRITISH, 2014).

Na cidade de Madri, na Espanha, o museu Thyssen – Bornemisza abriga em sua coleção obras dos principais períodos artísticos: Renascimento, Barroco, artes dos séculos XIX e XX até ao Pop Art. Com intuito de receber públicos diversos e compreendendo que cada pessoa tem uma visão particular do que é um museu, o setor educativo – Educa Thyssen gerencia atividades para grupos escolares, jovens, adultos, universitários e famílias com crianças (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Os gestores da instituição compreendem que o museu dispõe de uma atmosfera educativa e que isto facilita as possibilidades para explorar diferentes formas de educar, sendo impulsionados a inovar cada vez mais. Uma das missões é permitir a qualquer pessoa a percepção do museu, desmitificando a ideia de que é um local apenas para os indivíduos da área cultural e/ou com formação elevada (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Considerando que algumas pessoas podem não ter tido fácil acesso ao mundo da arte ou tenham vivenciado experiências anteriores negativas, suas ações oferecem múltiplas atividades para atrair todos os públicos a fim de tornar o espaço mais acolhedor. Dessa maneira, pretendem contribuir com o enriquecimento dos indivíduos a partir da compreensão da arte e da prática criativa (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

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Com isso, os projetos são elaborados de acordo com a linha educativa do setor, mas apresentados de forma flexível e adaptados às atividades realizadas com cada grupo específico. Assim, tais intervenções visam valorizar o instante de troca de conhecimento entre educador e educando (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Direcionado ao público infantil, a instituição dispõe de oficinas para os pais ou familiares com crianças. São atividades nos finais de semana para a faixa etária entre três e doze anos com duração aproximadamente de duas horas e meia. Trata-se de um programa que inclui uma experiência lúdica tanto para os adultos quanto para as crianças, pois eles interagem criando suas próprias obras de artes. A visitação possui vários itinerários e permite que eles aprendam a observar os quadros de maneira divertida (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Existem oficinas para idades específicas, tais como de três a cinco anos e seis a doze anos. São atividades que selecionam um objeto para ser o ponto de partida cujo intuito é a reflexão de diferentes costumes. Além disso, trabalham com cores e outros recursos que contribuem com a imaginação artística (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Para que todas essas propostas alcancem o objetivo esperado, o museu disponibiliza uma espécie de manual com orientações para as famílias de como procederem antes, durante e depois da visita. Instruções para perguntarem as crianças o que elas gostariam de ver no local a fim de descobrir suas intenções e escolherem quais coleções visitar, fazer a opção pelas oficinas lúdicas ou até mesmo criarem seus próprios percursos (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Com o objetivo de despertar interesse e também se for a primeira visita, devemos explicar à criança o que será apresentado no local. O material sugere que os adultos estejam disponíveis e pacientes para as perguntas e opiniões da criança bem como motivá-la com histórias e jogos. Durante a atividade é sugerido que use roupas confortáveis e que os adultos possam permitir o tempo necessário para a observação das obras, mas levem em consideração que a visita não deve passar de uma hora (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Se for o caso, a visita pode ser interrompida com uma pausa se for percebido algum tipo de cansaço por parte da criança. Também é instruído que haja um diálogo para ter conhecimento do que ela mais gostou e descobrir o que gostaria de fazer em uma próxima visita. Por fim, as famílias podem enviar sugestões para o

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setor educativo, bem como os trabalhos feitos pelas crianças para serem publicados na página online do museu (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Tendo em vista a aproximação entre museus e turismo, a instituição disponibiliza um canal de turismo para que os gestores do setor façam um cadastro. Estes são representados pelos hotéis, agências de viagem e operadoras turísticas que recebem folhetos com informações do lugar e fazem a interface entre o museu e o visitante (THYSSEN-BORNEMISZA, 2014).

Segundo Priscila Guilayn, em reportagem publicada no dia 26 de maio de 2014, no caderno Boa Viagem, do jornal O Globo, o museu direcionou suas ações para turistas que viajam com crianças de seis a 12 anos. Durante a visita, de duração de uma hora e quinze minutos, existe um profissional que faz a mediação de acordo com o tema proposto – “A cidade” e vai despertando a atenção das crianças para os quadros e destacando as mudanças que ocorreram nas cidades durante o século XIII ao XX, tais como, a urbanização, os meios de transporte, as estações do ano representadas nas vestimentas das pessoas e na natureza (figura. 7). Mais uma vez percebemos o interesse de inserir e dar condições para que a criança conheça o mundo das artes, aprenda a admirar os quadros e desenvolva o desejo de frequentar museus (GUILAYN, 2014).

Figura 7: Mediação com turistas mirins no Thyssen-Bornemisza.

Fonte: O Globo, 2014.

Já no Brasil, o Museu do Futebol localizado no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, em São Paulo, oferece uma proposta de interatividade para o visitante, além de um simulador de pênalti e um acervo que conta a história do

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esporte e dos jogadores. As visitas podem ser mediadas pelos educadores que fazem a relação entre futebol e a sociedade, envolvendo os aspectos históricos e culturais (MUSEU DO FUTEBOL, 2014).

O local está promovendo uma oficina de criação, Futebol – arte da ponta dos dedos, que será conduzida para um trabalho de produção artística por meio do telefone celular com fotos, poesias e vídeos. Isto demonstra o uso de recursos tecnológicos como ferramentas, na tentativa de atrair tanto adultos quanto crianças, considerando que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE os celulares estão cada vez mais sendo utilizados por brasileiros acima dos dez anos de idade (G1, 2014).

Na mesma cidade, o Museu da Língua Portuguesa também utiliza a tecnologia nas suas exposições com mesas interativas e totens, que facilitam que o visitante brinque com as palavras. Ademais, o local possui uma sala de apresentações na qual os poemas são recitados em voz alta, caracterizando o fator humano (MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2014).

No dia 12 de outubro de 2014 o museu realizou uma programação especial gratuita para o Dia das Crianças. As atividades incluíam leitura de histórias em um espaço reservado com livros e poemas, cujo foco era o estímulo aos pais ou familiares pela prática de ler para as crianças. Outra proposta para a diversão foi o jogo que simulava um piquenique com palavras e as crianças poderiam aprender a origem dos nomes dos alimentos utilizados na cultura brasileira (MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2014).

De maneira lúdica, os educadores fizeram um desafio para que os visitantes falassem os trava-línguas corretamente e descobrissem as curiosidades da língua portuguesa. O interessante do programa foi permitir que os adultos e as crianças interagissem e não apenas tornar as ações exclusivas para o público infantil (MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2014).

Instalado na Estação Ferroviária Central de Belo Horizonte, o Museu de Artes e Ofícios representa a história do trabalhador e sua evolução por meio de objetos e utensílios de trabalho no período pré – industrial brasileiro. No espaço, o visitante vivencia a experiência de descobrir como os profissionais desenvolviam suas funções trabalhistas e podem expressar o aprendizado com desenhos, pinturas, música e até mesmo esculturas (MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS, 2014).

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A ação Educativa promove a Estação da Brincadeira, que é uma atividade nas férias de janeiro e julho para crianças, jovens e adultos. A cada ano o programa é repensado e promove atrações com contadores de histórias, oficinas de artes e palhaços que conduzem as brincadeiras pelas galerias (figura 8). Após toda diversão, os visitantes recebem uma surpresa como uma recordação de um dia prazeroso de trocas e possibilidades de aprendizado (MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS, 2014).

Figura 8: Estação da brincadeira. Fonte: Museu de Artes e Ofícios, 2014.

Assim como boas experiências, as insatisfatórias infelizmente também acontecem nos museus. Como o caso de um menino de dois anos, filho da escritora Dea Birkett, que relatou no jornal inglês The Guardian na sua coluna Travelling with

Kids (Viajando com crianças), o despreparo da equipe de segurança que a expulsou

com seu filho após os gritos de espanto da criança ao ver a figura de Homem-Águia da exposição Astecas no Royal Academy of Arts, em Londres (REPROGRAME, 2012).

Com a publicação do ocorrido, o jornal recebeu vários relatos de famílias insatisfeitas com a receptividade nos museus e galerias da Grã-Bretanha. Com isso, surgiu a iniciativa de tornar esses espaços mais acolhedores com a criação do manifesto Kids in Museums (Crianças nos Museus), tendo Birkett como diretora. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, composta por patronos,

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funcionários e voluntários que visam orientar as instituições a fim de propiciar visitas agradáveis ao público (REPROGRAME, 2012).

O manifesto é um documento que foi elaborado após análise dos comentários dos visitantes e é composto pelas 20 sugestões a seguir:

Conte histórias juntos das crianças e das famílias; seja acolhedor e cumprimente cada visitante; jogue o jogo das gerações; convide adolescentes para fazer parte da sua turma; tenha atividades, eventos e pacote de ingressos flexíveis; atinja outras esferas; crie um lugar seguro para as crianças e famílias; seja o coração da sua comunidade; não diga “sssshhhhh!”; diga “toque, por favor”, sempre que puder; ajude adultos, assim como crianças; preste atenção nas alturas e na linguagem; aproveite ao máximo seus espaços internos e externo; leve em consideração as diferentes necessidades das famílias; assegure-se de que todos estão confortáveis; providencie comida saudável e a um custo razoável, além de bebedouros; venda itens que não sejam muitos caros na sua loja; tome conta de seu site (mantendo atualizado); utilize mídias sociais para dialogar com as famílias e; faça a visita durar (REPROGRAME, 2012, p.104-106).

Existe no site um espaço reservado para preenchimento de uma ficha cadastral e atualmente 550 museus já se cadastraram para receber suporte dos profissionais envolvidos. A equipe faz uma premiação anual do museu que melhor adequa suas ações para o público em questão com auxílio de juízes – famílias que voluntariamente fazem seus cadastros para visitar e avaliar de forma secreta os lugares de acordo com os itens do manifesto (KIDS IN MUSEUMS, 2014).

No ano de 2014 foram selecionados seis museus e o vencedor foi o National

Maritime Museum Cornwall, um museu que conta a importância do mar no processo

de construção da história da Grã-Bretanha. Vale citar que Dan Neve, um dos patronos, afirma que um futuro melhor poderia ser imaginado a partir das inspirações de jovens frequentadores de museus e estes, deveriam se apropriar do potencial que possuem (KIDS IN MUSEUMS, 2014).

Como resultados destas ações, vemos a importância da educação cultural tendo em vista que as crianças de hoje representam as gerações futuras. Diante disso, dependendo da maneira como a experiência e a relação da criança com o museu se desenvolvem, o futuro adulto terá um olhar diferenciado em relação a esse atrativo cultural, entendendo-o como um espaço que pode gerar aprendizado de diversas formas.

Cabe observarmos que as instituições voltadas para o público infantil podem servir de referencial para que outros museus se adequem ao uso desses recursos

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didáticos, inclusive o MHN. Neste sentido, devem adequar-se a uma linguagem que seja mais acessível às crianças e permitir o aprendizado de forma lúdica, contribuindo com o desenvolvimento sociocultural e sua percepção a respeito dos museus.

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3 O MUSEU HISTÓRICO NACIONAL: PANORAMA ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O TURISTA MIRIM

O Museu Histórico Nacional foi criado em 1922 pelo presidente Epitácio Pessoa. A instituição foi originada a partir do conjunto arquitetônico iniciado pelos portugueses, em 1603, com a construção da Fortaleza de Santiago, na Ponta do Calabouço, sendo estrategicamente um local de defesa da cidade do Rio de Janeiro (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 2015).

Uma das edificações é a Casa do Trem, construída em 1762, cujo objetivo era a guarda do “trem de artilharia”, isto é, os materiais bélicos utilizados para salvaguarda. De acordo com Angela Cardoso Guedes, Assessora de Comunicação do Museu (GUEDES, 2010), após alguns anos esse espaço foi sede da Academia Militar – primeira instituição brasileira de ensino superior, e posteriormente a primeira escola de engenharia do país.

Outra construção de destaque é o Arsenal de Guerra (1764) – Arsenal Real do Exército, que produzia armamento para as tropas da corte portuguesa. Após sua transferência para a Ponta do Caju, o espaço que abrigava o antigo arsenal foi adaptado, decorado segundo os padrões da arquitetura neocolonial e transformado em Palácio das Grandes Indústrias. Ademais, a região onde era situado passou por algumas transformações urbanas cujo intuito era receber a “Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil” (GUEDES, 2010, p.132).

Dessa maneira, o Palácio foi utilizado como pavilhão para a exposição, e por meio de uma deliberação do então presidente do Brasil, duas de suas galerias deram início ao MHN. Atualmente possui um acervo com mais de 348 mil itens, tais como, pinturas sobre a Família Real, esculturas, indumentária civil e militar, documentos manuscritos e iconográficos, caricaturas, brinquedos, entre outros – destaque para a maior coleção de numismática4 da América Latina (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 2015).

Assim, com a intenção de tornar o local mais apropriado a vários tipos de visitantes, no período entre 2003 e 2006, o Museu entrou em reformas de restauração e modernização, a fim de adequar sua infraestrutura e ações aos parâmetros museográficos (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 2015).

4 Moedas, valores impressos, medalhas, ordens honoríficas, filatelia e sigilografia. Museu Histórico

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Podemos perceber tais intervenções logo na entrada da instituição, pois oferece uma recepção espaçosa, com escada e rampa de acesso para pessoas com dificuldades de locomoção. Há recepcionistas bilingues e atendem aos visitantes do Museu com proficiência. Os painéis informativos em português e inglês sinalizam as galerias das exposições, bem como os outros espaços.

Outra iniciativa é o Bistrô Café Histórico, localizado próximo à entrada, e estabelecido onde era o antigo Arsenal de Guerra. Um ambiente com atmosfera histórica e que possibilita ao público opções gastronômicas nas mediações do Museu. Dessa maneira, o visitante não precisa se deslocar para se alimentar em outro lugar, algo que pode ser visto como um valor agregado à visitação.

Há que se acrescentar que o MHN possui uma loja que oferta ao público materiais e publicações com edição própria e de diversas instituições culturais. Também são disponibilizados souvenirs, tais como livros, blusas, canecas, canetas, chaveiros, entre outros, baseados nas exposições permanentes e temporárias.

Adjacente à recepção, no hall de acesso ao segundo pavimento, o visitante se depara com uma imponente estátua equestre em gesso de D. Pedro II. A escultura foi produzida por Francisco Manuel Chaves Pinheiro, em 1866, com a intenção de homenagear o fato histórico “A Rendição de Uruguai”, no período da Guerra do Paraguai.

No pavimento térreo, o lugar é composto por três pátios: Pátio da Minerva, situado na entrada; Pátio dos Canhões, que abriga a exposição permanente em

braile com modelos nacionais e europeus (franceses, holandeses, ingleses e

portugueses) e, por fim, o Pátio Gustavo Barroso, nome em reverência ao instituidor e primeiro diretor do Museu.

No Hall do Arcazes – Galeria Bankboston, podemos encontrar coleções de influência da colonização espanhola na América Latina, com destaque para as pinturas da cultura peruana do período histórico, entre os séculos XVII e XIX. No ano de 2007, foi construída uma plataforma móvel para oferecer mais acessibilidade ao local, com o intuito de integrar todos os tipos de visitantes (principalmente portadores de necessidades especiais) ao espaço. Podemos citar, como exemplo, o palco do auditório (com capacidade para 200 pessoas), onde são realizados concertos musicais, cursos, seminários, entre outros (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 2015).

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Entre esses espaços, encontra-se a exposição permanente “Do Móvel ao Automóvel: Transitando pela História”, concentrando uma interessante coleção de meios de transportes terrestres. Neste acervo, podemos encontrar: berlindas, cadeirinhas de arruar, carruagens, traquitanas, entre outros. Destacando-se o automóvel Protos, que foi de uso do Barão do Rio Branco, no início do século XX (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 2015).

Ao longo dos anos, A Casa do Trem sofreu um processo de adaptação e restauração para receber a coleção de numismática e as exposições: “Coleção de moedas – uma outra História” e “As Moedas Contam a História”. Além disso, o local possui uma biblioteca especializada, bem como um Centro de Estudos de Numismática e alas para novas exposições. A edificação, devido a sua relevância histórica para a cidade, tornou-se um lugar de memória5, contendo os principais acontecimetos e elementos do acervo do Museu.

No pavimento superior está situada grande parte do acervo permanente. O visitante pode fazer uma “viagem” pelo tempo descobrindo as transformações que o Brasil sofreu desde a pré-história até o período da República. Com o objetivo de facilitar a compreensão do acervo, o local utiliza aparatos de multimídia, como por exemplo, as exposições: “Oreretama” (com sons de animais) e “Portugueses no Mundo” (com vídeo sobre as grandes navegações.

Quanto às exposições “A República no Traço de Rian”, “Memória Cearense”, “O Império e a República” e “Imagens do Brasil”, de acordo com o endereço eletrônico do MHN, fazem parte do acervo itinerante exposto em outros museus, centros culturais e diversas instituições. Observamos ainda que há uma Galeria Virtual que possiblita ao público apreciar outros objetos do acervo (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 2015).

Vale complementar que o Museu é composto por setores como, Arquivo Institucional, Arquivo Histórico, Assessoria de Comunicação, Museografia, Acervo e conservação, Biblioteca, Restauração, Pesquisa, Editoria dos Anais – cuja função é relatar a história do MHN e servir de referencial de pesquisa, Divisão Educativa,

5 “Lugares de memória”, expressão usada por Pierre Nora

para designar os locais que irão funcionar como espaço de representação da memória, dos vestígios de um passado desaparecido ou em desaparecimento, onde ela se cristaliza e se refugia. Esses lugares são âncoras para a memória, como é o caso dos museus, bibliotecas, arquivos e monumentos, ou seja, espaços que abrigam documentos potencialmente necessários para o trabalho da história e que ampliaram substancialmente a capacidade de memorização do mundo (GODOY, 2014, p. 132).

Referências

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