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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa. Escola de Saúde e Medicina CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM APLICATIVO PARA GESTÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Escola de Saúde e Medicina

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM APLICATIVO PARA

GESTÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS

Autora: Sandra Godoi de Passos

Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas

Soares Chariglione

Coorientador: Prof. Dr. Edilson Ferneda

Brasília - DF

2019

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SANDRA GODOI DE PASSOS

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM APLICATIVO PARA GESTÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS

Dissertação de Mestrado a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione

Coorientador: Prof. Dr. Edilson Ferneda

Brasília 2019

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Brasília 2019

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Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília (SIBI/UCB)

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RESUMO

PASSOS, Sandra Godoi. Construção e avaliação de um aplicativo para gestão de medicamentos por idosos. 2019. 59f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2019.

As tecnologias da informação e comunicação estão cada vez mais presentes no dia a dia da população e, em particular, das pessoas idosas, com grande potencial para a melhoria de sua qualidade de vida. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento e a avaliação de um aplicativo para dispositivo móvel que viabilize a melhoria daautogestão do uso adequado de medicamentos por idosos. Esta pesquisa foi motivada pela necessidade de se construir um artefato para fins práticos, buscando soluções para problemas concretos, que foi avaliado por um grupo de usuários potenciais, sendo de natureza aplicada e de abordagem mista. A pesquisa avaliou 15 idosos com idade igual a 69,45 (DP=6,55). As coletas ocorreram pré e após 60 dias de uso do aplicativo, sendo aplicados um questionário sociodemográfico, um questionário sobre as estratégias de gestão de medicamentos, um questionário sobre o impacto do uso e um questionário sobre a usabilidade do aplicativo. Para análise dos dados quantitativos, utilizaram-se análiutilizaram-ses descritivas do Statistical Package for the Social Sciences; para os dados qualitativos, utilizou-se o software IRaMuTeQ. Os resultados categorizaram a amostra como majoritariamente do sexo feminino (66,66%) e com baixa usabilidade (59,04). Os dados qualitativos no momento pré-uso apresentaram sete classes e a prevalência das palavras “Tomar” e “Medicamento”. No momento pós-uso, foram observadas outras sete classes e a prevalência das palavras “Não” e “Aplicativo”. Conclui-se que é de grande relevância que trabalhos como este sejam direcionados à validação, efetividade e usabilidade dos aplicativos, de forma que os benefícios propostos, como qualidade de vida e autonomia, para esse público específico sejam melhor mensurados.

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ABSTRACT

PASSOS, Sandra Godoi. Construction and evaluation of a mobiles app for drug management in the elderly - a user-centered study. 2019. 59f. Dissertation (Master in Gerontology) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2019.

Information and communication technologies are increasingly present in the daily lives of the population, particularly the elderly, with great potential for improving their quality of life. In this sense, the objective of this work was the development and evaluation of a mobile device application that enables the improvement of self-management of the adequate use of drugs by the elderly. This research was motivated by the need to build an artifact for practical purposes, seeking solutions to concrete problems, which was evaluated by a group of potential users, being of an applied and mixed approach nature. The study evaluated 15 elderly individuals with an age equal to 69.45 (SD = 6.55). The collections were carried out before and after 60 days of use of the application, being applied a sociodemographic questionnaire, questionnaire on the strategies of medication management, questionnaire on the impact of the use and a questionnaire on the usability of the application. To analyze the quantitative data, Statistical

Package for the Social Sciences descriptive analyzes were used, and for the qualitative data the

software IRaMuTeQ was used. The results categorized the sample as predominantly female (66.66%) and with low usability (59.04). Qualitative data at the pre-use time presented seven classes and the prevalence of the words "take" and "Medication". At the post-use point, seven other classes and the prevalence of the words "No" and "Application" were observed. Concluding that it is of great relevance and necessary that the later studies are directed to the validation, effectiveness and usability of the applications so that the proposed benefits as quality of life and autonomy for that specific public are best measured.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 10

2.1 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ... 10

2.2 A RELAÇÃO DOS IDOSOS COM OS MEDICAMENTOS ... 11

2.3 A INCLUSÃO DIGITAL DO IDOSO ... 12

2.4 QUALIDADE DE VIDA E A INCLUSÃO DIGITAL DA PESSOA IDOSA ... 15

2.5 GESTÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS ... 17

2.6 USABILIDADE ... 19

2.7 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA ... 21

3 OBJETIVOS ... 23

3.1 OBJETIVO GERAL ... 23

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 23

4 ARTIGO: UM ESTUDO DE USABILIDADE DE APLICATIVO PARA AUTOGERENCIAMENTO DE MEDICAMENTOS EM IDOSOS ... 24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40

REFERÊNCIAS ... 41

APÊNDICE A - Questionário para Levantamento de Dados Sociodemográficos e sobre Estratégias de Controle de Uso de Medicamentos ... 49

APÊNDICE B - Questionário para Levantamento de Dados sobre o Impacto do Uso do Aplicativo ... 50

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ... 51

ANEXO A - Princípios de usabilidade e acessibilidade ... 52

ANEXO B - Princípios de usabilidade e acessibilidade imprescindíveis para ambientes informacionais digitais para idosos ... 53

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ANEXO C - Princípios de usabilidade e acessibilidade importantes para ambientes informacionais digitais para idosos ... 56 ANEXO D - Princípios de usabilidade e acessibilidade opcionais para ambientes

informacionais digitais para idosos ... 57 ANEXO E – Miniexame do Estado Mental - MEEM ... 58 ANEXO F – Questões relativas a usabilidade do aplicativo ... 59

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Monteiro et al. (2018), o aumento expressivo, nos últimos anos, de pessoas na faixa etária de 60 anos ou mais tem gerado um crescimento significativo nas discussões relacionadas às políticas de atenção à pessoa idosa. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta essa tendência de envelhecimento populacional brasileiro (IBGE, 2016a, p. 15). Dos 207 milhões de habitantes no país, 26,1 milhões são de idosos. Segundo essa pesquisa, a acelerada transição demográfica no Brasil se deve à combinação de vários fatores: queda da fecundidade, redução da mortalidade infantil, universalização dos cuidados com a saúde, novas tecnologias médicas, melhorias na educação, na renda e nas condições de vida.

Esse resultado confirma um estudo financiado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) (MORAES, 2012), que ressalta o alargamento do topo da pirâmide etária pelo constante crescimento da população com 60 anos ou mais. A previsão é de que, em 2025, o Brasil ocupará o sexto lugar em número de idosos no mundo, com cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e, em 2050, as crianças de 0 a 14 anos representarão 13,15%, e a população de idosos alcançará 22,71%.

Essa inversão da pirâmide na contemporaneidade é citada por Pissaia et al. (2017), que afirmam que o envelhecimento humano se tornou um “paradigma social”, direcionando para projeções futuras de aumento populacional de idosos e com impacto nos determinantes econômicos e políticos. Ainda de acordo com esses autores, isto se dá em decorrência da modificação do perfil epidemiológico do idoso, no decorrer da história, com a evolução e modernidade nas práticas em saúde, levando a uma maior expectativa de vida na população mundial.

A população idosa é particularmente susceptível a doenças e agravos crônicos não transmissíveis que podem gerar um processo incapacitante, afetando a funcionalidade. Esse quadro muitas vezes impede o desempenho das suas atividades cotidianas, afetando significativamente sua qualidade de vida (SILVA; SILVA; BUOSSO, 2011). Portanto, é imperativo destacar a importância da identificação de alterações que ocorrem no organismo humano com o decorrer dos anos, suas influências no metabolismo, a ação dos medicamentos e ainda os riscos e benefícios da farmacoterapia (RIBAS; OLIVEIRA, 2014).

Com o crescente número de idosos, aumenta a demanda por serviços públicos especializados relacionados às doenças crônicas (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016). Algumas doenças crônicas tendem a contribuir para a polimedicação nos idosos, como a

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hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, endócrinas e do sistema neurológico. Dentre os medicamentos mais utilizados entre os idosos estão os anti-hipertensivos, hipoglicemiantes, psicotrópicos e antitrombóticos (GALATO; SILVA; TIBURCIO, 2010).

Muniz et al. (2017) verificaram que 97,1% dos idosos utilizavam ao menos um tipo de medicamento e 62,8% utilizavam mais de um medicamento, sugerindo o modelo de cuidado com a saúde centrado na doença e a farmacoterapia.

De acordo com Cassoni et al. (2014), o uso inadequado de medicamentos potencialmente inapropriados é amplamente comum entre idosos, sobretudo entre as mulheres com duas ou mais enfermidades ou que usam cinco ou mais medicamentos, aumentando o potencial de sofrerem reações adversas. O consequente aumento na prescrição de medicamentos para idosos requer atenção devido às alterações características do envelhecimento e efeitos que os medicamentos podem desencadear, sobretudo aqueles com potencial comprometimento da segurança e qualidade de vida dessa parcela da população (RIBAS; OLIVEIRA, 2014).

Santos et al. (2013) alertam os gestores e profissionais da Saúde quanto à necessidade de adaptar os sistemas de saúde para o atendimento à saúde do idoso. De acordo com os autores, cerca de 30% das reações prejudiciais (interações medicamentosas, erros de prescrição, de dosagem, de aplicação) durante internações hospitalares estão associadas ao erro com medicações1. Assim, quaisquer iniciativas que busquem evitar ou diminuir a ocorrência desses erros são bem-vindas.

Para uma maior longevidade e melhor qualidade de vida do idoso, é fundamental que ele siga de forma correta os tratamentos propostos por seus médicos, algo que frequentemente não ocorre (TAVARES et al., 2016). Buscando uma maior adesão de idosos ao tratamento medicamentoso, sobretudo daqueles portadores de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), este trabalho se propõe a disponibilizar um aplicativo móvel para autogestão medicamentosa.

Para os profissionais da saúde, especialmente a equipe de enfermagem, há evidências de que existe uma série de desafios relacionados à forma como os benzodiazepínicos são prescritos e a forma como os idosos o utilizam. Portanto, é imperativo repensar e desenvolver estratégias para melhorar o processo de trabalho em relação aos cuidados com o idoso em uso de medicamentos benzodiazepínicos, como: dosagem, horário, tempo de utilização e eficácia. (TELLES FILHO et al., 2011).

1 Um erro de medicação, segundo Santos et al. (2013), pode ser definido como qualquer evento evitável que pode

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Diante dessas dificuldades enfrentadas pelo idoso, é imperativa a disponibilização de recursos, ferramentas e orientações domiciliares que contribuam para o cumprimento de horários, os quais potencializarão a melhoria da adesão terapêutica, diminuição das reações adversas, internações, redução de despesas e melhor qualidade de vida (SOUSA et al., 2011).

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo natural de transformações com mudanças significativas, não apenas biológicas, mas também sociais e psicológicas, levando a um risco maior de contrair doenças, devido ao declínio interno. Tais doenças podem variar de acordo com o período de vida, fatores genéticos, características do meio ambiente em que se está inserido e o estilo de vida em que se vive (OMS, 2015).

Com o aumento crescente de pessoas com 60 anos ou mais nas últimas décadas, também tem aumentado o interesse por aspectos relacionados a esse novo perfil populacional. Nesse sentido, justifica-se um crescente investimento em planejamentos estratégicos em diversos setores para este grupo de pessoas (MONTEIRO et al., 2018).

O envelhecimento é um processo de grande repercussão, o que o faz ser um problema de importância para a saúde pública, pois envolve várias facetas que impactam fatores internos e externos para o ser que envelhece. Daí a necessidade de tratar a velhice como um aspecto mais abrangente e não meramente seus aspectos biológicos (BARBOSA et al., 2017).

De acordo com Monteiro et al. (2018), faltam políticas públicas que realmente garantam os direitos dos idosos, os quais, infelizmente, são muitas vezes desconhecidos pelos próprios idosos ou desrespeitados não só por parte dos governantes, mas pela população em geral.

Tendo em vista o aumento significativo da população idosa, é emergente investir em planos de ações que levem à oferta de serviços especializados a esse grupo de pessoas, principalmente aqueles que envolvam doenças crônicas e também ações que beneficiem uma melhora na qualidade de vida(MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).

Para Santos (2017), a sociedade vem se mostrando despreparada para lidar com esse novo perfil populacional, principalmente em relação à sexualidade, finitude e morte. Sobretudo, é importante compreender o processo de envelhecimento de forma holística, enfatizando seus valores e suas particularidades. É imprescindível a formulação de políticas públicas para idosos que levem, por um lado, à conscientização da sociedade sobre a realidade acerca da velhice e que, por outro, promovam um envelhecimento ativo e saudável.

Cavalcante et al. (2017) afirmam que, embora haja pouca produção científica sobre influências de um estilo de vida saudável e longevidade, é senso comum que atividades como lazer, comunicação interpessoal, o fato de ter um animal de estimação, entre outras atividades,

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influenciam positivamente a saúde e, consequentemente, a satisfação com a vida e a autonomia dessas pessoas.

2.2 A RELAÇÃO DOS IDOSOS COM OS MEDICAMENTOS

Rodrigues e Oliveira (2016) afirmam que as interações medicamentosas e reações adversas podem ser diminuídas por meio de prescrições adequadas e sensibilização do idoso sobre a importância da continuidade de seus tratamentos e sobre os cuidados necessários em relação à polifarmácia.

Quanto às iniciativas para se dirimir erros de prescrição, Cassoni et al. (2014, p. 1717) comentam:

A maioria dos medicamentos potencialmente inapropriados [...] requer prescrição médica, alguns, inclusive, com retenção de receita no momento da compra. Tal fato aponta para a necessidade de cuidado na prescrição, o que pode ser incentivado por meio de intervenções educativas, com ampla divulgação dos aspectos farmacoterapêuticos relativos ao idoso. Além disso, o uso de protocolos ou softwares para prescrição podem ser úteis para orientar a farmacoterapia desse grupo etário.

Esse cuidado, no entanto, pode ser estendido para os demais tipos de erros de medicação apontados.

Por outro lado, estudo realizado por Souza et al. (2011, pp. 180-181) aponta que os problemas relativos à adesão ao tratamento não são significativos em instituições de longa permanência:

No sentido de incentivar uma maior adesão à terapêutica pelo idoso é necessário que os profissionais de saúde, conhecendo a multiplicidade dos aspectos envolvidos no processo de adesão, planejem e implementem estratégias adequadas a esta população, que agreguem mudanças de comportamentos condizentes com melhores condições, de forma a contemplar as singularidades de cada situação, respeitando as suas crenças e valores.

É recomendável um trabalho de educação em saúde que envolva os idosos inseridos no seu contexto social, e a sua família, no sentido de promover o melhor benefício da terapêutica medicamentosa prescrita. De igual forma, uma forte aposta no desenvolvimento de cuidados domiciliares, bem como o recurso a ferramentas que auxiliem o cumprimento dos horários de administração, como as caixas multidose, potenciarão uma melhoria da adesão à terapêutica. Acresce ainda que este efeito poderá contribuir para diminuir a incidência de eventos adversas e internações hospitalares, bem como reduzir despesas e proporcionar uma melhor qualidade de vida.

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No entanto, quando a administração de medicamentos está por conta do próprio idoso, surgem dificuldades quanto: (i) à adesão ou disciplina no tratamento, (ii) à automedicação, (iii) à identificação de reações adversas e (iv) ao esquecimento.

Em estudo realizado por Marin et al. (2008), verificou-se que, dos 81,7% de idosos entrevistados, 40% afirmaram esquecer de tomar os medicamentos, ficando claro que o idoso necessita de apoio para tomar os medicamentos e, assim, evitar riscos à saúde, principalmente se o medicamento em uso for essencial para o controle de doenças e prevenção de complicações como, por exemplo, os anti-hipertensivos, antiarrítmicos, antiagregantes plaquetários e hipoglicemiantes.

Nesse contexto, as novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) têm dado contribuições significativas. O crescente uso de artefatos digitais está se transformando em um fenômeno contemporâneo ao envelhecimento populacional, fazendo emergir uma verdadeira revolução na integração social, em um processo chamado de inclusão digital (MEDEIROS et

al., 2012).

2.3 A INCLUSÃO DIGITAL DO IDOSO

O envelhecimento do indivíduo nos dias atuais traz como grande desafio instrumentalizar os idosos para encarar as exigências do mundo moderno, entre eles a necessidade de assimilar em seu cotidiano as TICs. A aquisição de novos conhecimentos e o manuseio de instrumentos de acesso à internet podem trazer melhora no desempenho cognitivo, em particular nos domínios da linguagem e da memória (ORDONEZ; YASSUDA; CACHIONI, 2011). Cada vez mais, o aumento da conectividade por meio de dispositivos móveis e computadores tem formado uma base para a saúde móvel (m-Health), tecnologias que podem transformar o modo e a qualidade de investigação clínica e de cuidados de saúde em uma escala global. Vários estudos estão em andamento para estabelecer a real capacidade e valor no campo da m-Health (STEINHUBL; YASSUDA; CACHIONI, 2015).

É cada vez maior a disponibilidade de ferramentas tecnológicas no campo da saúde, em particular as desenvolvidas para dispositivos móveis. Entre os fatores que têm contribuído para isso, estão a facilidade de acesso e a de utilização por públicos diversificados, em especial as pessoas idosas, auxiliando-os em suas estratégias de autocuidado, na preservação de autonomia e independência, prevenindo e retardando seu declínio funcional (AMORIM et al., 2018).

A disseminação de dispositivos móveis já é uma realidade mundial. De acordo com dados do 26º Relatório Anual de Tecnologia da Informação, realizado, em 2015, pela Fundação

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Getúlio Vargas (FGV), dos 306 milhões dispositivos conectados à internet, 154 milhões são

smartphones e 24 milhões são tablets. Pela primeira vez, o número de dispositivos móveis

superou o de computadores.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios (PNAD), dos 69,3 milhões de domicílios pesquisados, o celular estava presente em 92,6% dos domicílios (IBGE, 2016b). Em 48,1 milhões residências, havia acesso à internet, correspondendo a 69,3% dos domicílios, sendo que desses, 97,2%, o faziam via celular, ou seja, 92,6% do total de domicílios pesquisados, conforme mostrado na Figura 1. Em relação à faixa etária, os jovens entre 20 e 24 anos apresentam maior percentual de acesso, com 85,2%, enquanto que os idosos com 60 anos ou mais correspondem a 24,4%.

Figura 1 – Percentual de domicílios com acesso à internet, segundo o aparelho utilizado.

Fonte: IBGE, 2016b.

Entretanto, no Brasil, no que diz respeito à área de m-Health, ainda não há uma legislação relativa a essas tecnologias, embora já existam plataformas com contribuições relevantes no campo da educação e informação em saúde (OLIVEIRA; ALENCAR, 2017).

Uma das formas de pessoas idosas interagirem por meio da rede virtual são as redes sociais digitais, consideradas hoje uma das ferramentas mais usadas nas mídias sociais, seja para obter ou compartilhar informações entre parentes, amigos ou profissionais. Assim, além da busca por informações sobre saúde na internet (ORLANDI; NOTO, 2005), parte significativa das informações trocadas nas redes sociais também dizem respeito a problemas relacionados com saúde e doenças (MESQUITA et al., 2017).

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Segundo Wasserman et al. (2012), os idosos se conectam às redes sociais, principalmente, para se manterem ligados aos seus familiares e amigos, mostrando seu desejo de interação social e a busca por vencer o isolamento e estarem sempre atualizados.

No que diz respeito especificamente ao uso das redes sociais por idosos, em países como Estados Unidos, a proporção subiu de 2%, em 2005, para 35%, em 2015, embora ainda seja uma faixa etária com menor proporção de usuários de sites como Facebook e Twitter. De acordo com estudo realizado pela Pew Research Center (2014 apud MOURA et al., 2017), vários fatores influenciam no uso desses meios de comunicação, entre eles idade, grau de escolaridade e condições socioeconômicas da população.

As plataformas móveis são ferramentas poderosas, fáceis de usar, pois estão prontamente disponíveis, são inovadoras, mas de complexidade crescente. Segundo o U. S.

Department of Health and Human Services Food and Drug Administration (FDA, 2015),

algumas são usadas especificamente para orientar os indivíduos em sua própria gestão de saúde. Pesquisas voltadas para o uso de tecnologias móveis em saúde, embora sejam estratégias relativamente novas, se mostram bastante promissoras, especialmente aquelas voltadas aos multiprofissionais, porém, é imperativo que o uso desses aplicativos móveis atinja também o paciente (TIBES; DIAS; ZEM-MASCARENHAS, 2014).

Ordonez, Yassuda e Cachioni (2011) afirmam que, embora ocorram mudanças no funcionamento neurobiológico do idoso, atividades complexas como pesquisa na internet podem melhorar as habilidades cognitivas e, especialmente, as funções executivas. Propõem também que o uso das TIC pode contribuir para a saúde física e mental e ainda melhorar a qualidade de vida. Assim, políticas de inclusão digital para a saúde do idoso pode, de forma simples e de baixo custo, melhorar as dimensões funcionais, sociais e cognitivas de vários idosos (MEDEIROS et al., 2012).

Hoje há um crescimento vertiginoso de disponibilidade de aplicativos para dispositivos móveis nas mais diversas plataformas, mas em particular para Android2 e iOS3. Aplicativos são

softwares que desempenham objetivos específicos em smartphones e tablets. Diversas lojas

virtuais foram pesquisadas (Google Play, BlackBerry App World, OviStore, iTunes App Store) buscando-se aplicativos para autogestão medicamentosa, a maioria para o sistema operacional

2Android é o nome do sistema operacional baseado em Linux que opera em celulares (smartphones), netbooks e

tablets. É desenvolvido pela Open Handset Alliance, uma aliança entre várias empresas, dentre elas a Google.

3iOS (antes chamado de iPhone OS) é um sistema operacional móvel da Apple Inc. desenvolvido originalmente

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Android. Entretanto, não foram encontrados aplicativos explicitamente voltados para idosos

(AMORIM et al., 2018).

O fato de a maioria dos aplicativos encontrados ser para a plataforma Android corrobora Fijacko, Stiglic e Povalej (2015) que, citando estudo referente ao ano de 2014, afirmam existir maior disponibilidade de aplicativos nessa plataforma (Android – 81,8, iOS – 12,9%, Windows

Phone – 3,6 % e BlackBerry – 1,7 %). Segundo os autores, os aplicativos móveis representam

um grande potencial para os mais diferentes campos da saúde, mas com o desafio de garantir segurança, eficiência, especialmente no sentido de melhorar os mecanismos de uso pelo usuário e a confiabilidade por parte dos desenvolvedores de aplicativos, devido à crescente complexidade desses sistemas.

2.4 QUALIDADE DE VIDA E A INCLUSÃO DIGITAL DA PESSOA IDOSA

Devido à sua complexidade, qualidade de vida não tem ainda uma conceituação única. Pode ser compreendida de diferentes maneiras, de acordo com cada indivíduo, o meio e as condições onde a pessoa se encontra, devendo ser buscada diariamente (INOUYE et al., 2018; JANINI; BESSLER; VARGAS, 2015; SILVA, 2011).

O aumento da população de idosos no Brasil faz com que aumente também a necessidade de se criar espaços que propiciem e estimule o idoso ao acesso a informações que melhorem seus conhecimentos sobre diversos temas: saúde, bem-estar, alegria, lazer, novas tecnologias, entre outros, de forma a sentir-se valorizado, produtivo, respeitado, propiciando a socialização pessoal e social (DAMASCENO, 2009; POSSAMAI, 2017). Além disso, a própria sociedade precisa se preparar para lidar com essa população crescente.

Segundo Pasqualotti et al. (2004), a internet é uma ferramenta de socialização, pois cria um espaço de comunicação e interação de grande importância, modificando a forma como as pessoas se relacionam, sendo capaz de promover mudanças no estado emocional onde idosos estão inseridos tecnologicamente, sendo útil para o convívio pessoal e para a ampliação dos conhecimentos.

O surgimento dos smartphones e tablets possibilitou o acesso aos serviços da internet móvel, viabilizando mecanismos de comunicação mais avançados. Assim, aplicativos antes disponíveis apenas na internet tradicional (e-services) passam a estar também disponíveis em dispositivos móveis (m-services). Especificamente na área de saúde, além dos e-Health, têm-se agora os m-Health, levando a uma melhora na vida de pacientes, além de facilitar a comunicação com a equipe responsável por sua saúde (ZAPATA-ROS, 2015).

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Alguns estudos mostram a pertinência em propor o uso de aplicativos móveis para atender à população idosa. Estudo realizado pelo IBOPE Inteligência4, em parceria com a World

wide Independet Network of Market Research (WINMR), com internautas de todo o Brasil,

mostrou que o brasileiro dá mais importância à tecnologia do que a média mundial. O estudo constata que os brasileiros consideram os dispositivos móveis como aparelhos multifuncionais que socializam as pessoas, contribuem para completar as tarefas diárias, facilitam e melhoram o potencial no trabalho, além de fazerem parte do aprendizado e contribuir para o conhecimento, e tornar seus usuários melhor informados.

A popularização das tecnologias digitais, por meio de aplicativos, está transformando a vida social contemporânea. Os aplicativos funcionam como uma percepção exteriorizada, que permite aos indivíduos tomarem decisões a partir do monitoramento permanente de hábitos diários e do controle e cruzamento de dados físicos, alimentares e fisiológicos, levando a uma melhora substancial da qualidade de vida, pois os cuidados com a saúde e bem-estar, no presente, serão refletidos no futuro, com chances de não ter doenças como obesidade, diabetes e hipertensão arterial, e, consequentemente, uma vida mais saudável (OIKAWA, 2013) e independente.

Segundo Paulo e Tijiboy (2005), a sociedade valoriza cada vez mais a informação, o conhecimento e em como saber buscar essas informações e conhecimentos por meio das TIC. Ressaltam, ainda, que a inclusão e exclusão social das pessoas passam pelo acesso a essas tecnologias. Neste contexto, os autores afirmam que as TIC oferecem um importante potencial na melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas, independente do ambiente em que elas vivem ou se possuem dificuldades de locomoção. Esse fato os autores identificaram ao observar que a pessoa idosa tem buscado cada vez mais se familiarizar com a tecnologia, seja ajudando os netos em alguma atividade de informática, demonstrando o desejo de estar informado e atuante, para diminuir o tédio, a alienação, o estímulo da mente, tornando-o mais confiante em suas habilidades. Para Silveira (2015), a interação com sistemas computacionais contribui de forma significativa para a melhoria dos aspectos emocionais ou relacionados à cognição, memória, qualidade de vida, controle motor, linguagem e à depressão da pessoa idosa, portadora de tais males.

Nesse contexto, a usabilidade se torna um fator-chave na adoção dos aplicativos

m-Health, frequentemente voltados para pessoas muitas vezes com dificuldades na manipulação

de dispositivos móveis, por terem experiência limitada de uso dessa tecnologia, enfatizando a

4 Kantar IBOPE Media. Disponível em:

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importância de se conceber aplicativos de acordo com as necessidades desse público (ZAPATA-ROS, 2015).

Para Machado (2010), alguns requisitos são sinalizadores de que o idoso está motivado a buscar a inclusão digital, como o desejo de aprender, a necessidade de autonomia, a aceitação, tanto interna quanto externa, o autoconhecimento, dentre outros, rompendo preconceitos sociais, políticos, psicológicos e culturais, possibilitando a inserção na contemporaneidade.

2.5 GESTÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS

De acordo com Periquito et al. (2014), a deterioração das funções responsáveis pela metabolização e excreção dos medicamentos pode levar a um binômio benefício/risco de alguns medicamentos, o que os tornam potencialmente inadequados ao idoso. De acordo com Giordani, Rozenfeld e Martins (2014), Melo, Cardoso e Silva (2017) e Carvalho, Carvalho e Portela (2018), é preocupante o número de pacientes que apresentam reações adversas a medicamentos, e esses episódios aumentam conforme o número de medicamentos prescritos e o maior tempo de internação.

O fato que não se pode ignorar é que os medicamentos possuem inegável importância na estratégia de tratamento das alterações sofridas no processo de envelhecimento e controle de doenças crônicas não transmissíveis que podem acometer o idoso, mesmo que outras estratégias de cuidados sejam implementadas pela família e equipe de saúde (MAO, 2016; MARIN et al., 2008).

Segundo Monteschi, Vedana e Miasso (2010), os familiares de pacientes idosos com transtorno afetivo bipolar apresentam pouco conhecimento sobre a dose e frequência dos medicamentos usados, o que leva a conflitos, dúvidas e sobrecarga, gerando instabilidade diária na vida cotidiana dos idosos e risco de ineficácia do tratamento.

Por outro lado, sabe-se que o idoso é vulnerável às reações adversas relacionadas ao uso de medicamentos, apresenta uma complexidade dos problemas clínicos e alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas, que são próprias do envelhecimento, e necessita de vários tipos de medicamentos. Espera-se que esses conhecimentos sensibilizem os profissionais de instituição de longa permanência para idosos (ILPI) a promoverem o uso racional de medicamentos (GAUTÉRIO et al., 2012; GAUTÉRIO-ABREU et al., 2016).

Santos et al. (2013) chegaram à conclusão de que mulheres, viúvas, idosos com 80 anos ou mais e aqueles que consideraram sua saúde como ruim praticavam a polifarmácia com maior

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frequência, e ainda que aqueles com menor grau de escolaridade e pior autopercepção de saúde tinham maior prática de automedicação.

A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos nos EUA, reconhece a extensa variedade de funções reais e potenciais de aplicativos móveis, o ritmo acelerado da inovação desses aplicativos e os potenciais benefícios e riscos à saúde pública (FDA, 2015).

Aplicativos móveis podem: (i) aumentar o número de relatos sobre reações adversas aos medicamentos, (ii) melhorar a difusão de informações relativas à segurança no uso do medicamento, (iii) possibilitar o acesso a informações sobre a droga ou o princípio ativo do medicamento. Para isso, no entanto, é preciso considerar aspectos como facilidade de uso, tipo de linguagem, fontes de informação, layout e sistemas operacionais para os quais o aplicativo estará disponível (VRIES, 2016).

Pesquisas no campo da informática em saúde têm amplitude instigante, reunindo lacunas e oportunidades para política, prática e pesquisas em comportamento. Avanços contínuos em tecnologia da informação em saúde, infraestruturas de dados baseados em nuvem estão transformando o health-related em pesquisa prática e política. Consequentemente, as pesquisas que usam a cyber infrastructure, um ambiente on-line, abrange desde a harmonização, compartilhamento de dados e colaboração transdisciplinar, acelerando o conhecimento e transformando a ciência e a saúde dos consumidores (SHAIKH et al., 2011).

Hayakawa et al. (2013) acreditam que o smartphone deveria ter as funções de armazenar o histórico de medicações - e até mesmo informações sobre a doença do usuário - para que, em casos de ida ao hospital, emergências ou de desastres, outras pessoas possam ter essas informações. Nesse sentido, foi desenvolvido um aplicativo que possibilita determinar objetivamente a aderência do paciente ao tratamento pelo acompanhamento de sua autogestão de medicações, e também avaliar a eficácia do tratamento ao fornecer informações úteis para a investigação clínica do paciente.

Cho, Park e Lee (2014) afirmam que o uso da tecnologia e a autoeficácia estão relacionados à facilidade de usar certas tecnologias, e quando um indivíduo percebe que tem facilidade de usar um aplicativo de saúde, melhora sua autoestima.

Porém, para Vries (2016), alguns aspectos no uso dos aplicativos móveis podem influenciar tanto positiva - pode aumentar o relato de reações adversas a medicamentos, melhorar a comunicação sobre informações e segurança no uso de medicamentos - como negativamente - mostrar as reações adversas, os aspectos negativos da medicação.

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Em revisão sistemática realizada por Vedel et al. (2013), foram observadas as vantagens da aplicação das TIC em saúde, mais especificamente em Geriatria e Gerontologia. Para os autores, ocorre, inclusive, melhora nos processos químicos: o uso racional de medicamentos melhora as condições físicas do paciente, produzindo um impacto nos resultados de saúde, produtividade, eficiência e custos e, ainda, o empoderamento dos idosos.

Patel et al. (2013) mostraram em seu trabalho que a utilização de um sistema de lembrete de medicação automática com base em dispositivos móveis melhora a adesão ao tratamento e a diminuição significativa nos níveis pressóricos arteriais em indivíduos de alto risco cardiovascular. Os indivíduos pesquisados relataram um alto nível de satisfação com a intervenção ao término do estudo. Os autores recomendam que estudos futuros voltados para a utilização de dispositivos móveis para melhorar a adesão à medicação, em casos de diabetes e doenças cardiovasculares crônicas, devem considerar não apenas os pacientes, como também seus prestadores de cuidados de saúde, viabilizando uma interação com a equipe de cuidados de saúde de forma a personalizar intervenções, aumentando as chances de mudanças comportamentais. Reforçam ainda que, mesmo um simples aplicativo, pode ser considerado um forte aliado nas barreiras à adesão na tomada da medicação, constituindo interface com a saúde eletrônica, registros da farmácia, mensagens de texto automático e cuidados da equipe de saúde.

2.6 USABILIDADE

Embora não haja consenso para a definição de usabilidade, esse conceito diz respeito à facilidade de uso de algum produto, ou seja, de suas funcionalidades (NIELSEN, 1994). Qualquer que seja a definição adotada, no entanto, geralmente se buscam formas de mensurar a usabilidade de um produto. Para Lewis (2006), corroborado por Amorim et al. (2018), a usabilidade é propriedade emergente diretamente relacionada às interações dos usuários com tais produtos, às tarefas realizadas e ao ambiente em que são utilizados. Assim, trata-se de uma propriedade que abrange várias dimensões, e todos os aspectos de um produto.

Organismos internacionais de padronização interessados em qualidade de software propõem normas, como ISO/IEC 9126, 12119, 9241, 14598 e 25010, que incorporam indicadores relativos à usabilidade. Essas normas subsidiam a avaliação de sistemas, produtos ou serviços quanto à eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico, por usuário específico (BEVAN et al., 2016)

Para Roger, Sharp e Preece (2013), na perspectiva do usuário, a mensuração de usabilidade busca assegurar que produtos interativos sejam fáceis de usar, eficazes e agradáveis.

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Nesse sentido, Nielsen (1994) associa cinco atributos à usabilidade de sistemas de software: (i)

apreensibilidade, relativa à facilidade de aprender a usar o sistema; (ii) eficiência, associado à

obtenção de alta produtividade, de forma completa e precisa; (iii) memorabilidade, que é a facilidade de lembrar como usar o sistema após um período sem usá-lo; (iv) baixa taxa de erros

cometidos ou facilidade de recuperação de erro no uso do sistema; (v) satisfação de uso quanto

ao contentamento das necessidades. A esses atributos, Rubin e Chisnell (2008) acrescentam: (i)

efetividade do produto quanto às expectativas do usuário; (ii) acessibilidade, em especial às

pessoas com algum tipo de limitação, às funcionalidades do sistema necessárias para a realização de alguma tarefa.

No que diz respeito à pessoa idosa, vários fatores, tanto positivos como negativos, influenciam na usabilidade de produtos de software, deixando claro que as diretrizes de usabilidade devem ser claras e específicas (ALBAN et al., 2012). Outros autores afirmam que, para uma usabilidade seja funcional, é necessário que haja uma boa interação entre usuário e o aplicativo, deve-se também considerar o perfil desse usuário, e a viabilização de seu uso por idosos vai depender de sua capacidade de autonomia, de textos com características legíveis, objetivas e claras, de botões somente com algum tipo de retorno visual ou sensitivo, dentre outros.

Mol (2011) considera que os aplicativos para smartphone bem projetados podem ser tranquilamente usados por pessoas idosas, ainda ressalta que experiências anteriores com aplicativos móveis e uso de jogos parecem estimular o uso de tecnologias pelo público idoso, promovendo o aprendizado e os aproximando da tecnologia, e que se faz importante a criação de interfaces categorizadas pelas restrições impostas pela idade.

Nota-se uma exclusão digital do idoso que acontece devido à falta de usabilidade móvel das interfaces, o que demonstra uma necessidade de implementação de funções fáceis para entender, terminologias mais claras, uma interface mais amigável e intuitiva.

Portanto, para que ocorra o sucesso da usabilidade, é necessário que se tenha conhecimento sobre o público-alvo para o qual se deseja desenvolver um projeto de arquitetura da informação, sobretudo nos aspectos cognitivos e suas interfaces entre usuários e conteúdo informacional (VECHIATO; VIDOTTI, 2012).

Para Dalagnoli e Santos (2014), usabilidade está relacionada à facilidade com que se usa algo, ou a rapidez com que o usuário pode aprender alguma coisa, a eficiência deles ao usá-la, a quantidade de erros, o grau de risco de erros e o quanto gostam de usar. Essa conceituação reforça a importância do usuário na interação com um produto de informação.

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Spelta (2003) e Araújo, Guimarães e Sousa (2018) afirmam que acessibilidade na web significa permitir acesso às informações e serviços, em igualdade de condições, em qualquer hora, local, ambiente, dispositivo de acesso e qualquer pessoa independente de sua capacidade motora, visual, auditiva, mental, dispositivo computacional, cultural ou social. Araújo, Guimarães e Sousa (2018) abordam a temática da acessibilidade e elaboram cenários prospectivos para acessibilidade na web com base nos projetos de lei do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, assim, indicando as principais leis sobre acessibilidade que estão em vigor no Brasil.

Vechiato e Vidotti (2012) realizaram um levantamento de recomendações de usabilidade e de acessibilidade em ambientes informacionais digitais para idosos. Esse levantamento considerou um conjunto de princípios levantados na literatura (Anexo A). A partir desses princípios, foram identificados os princípios imprescindíveis (Anexo B), importantes (Anexo C) e opcionais (Anexo D) para o desenvolvimento de ambientes informacionais digitais para idosos.

2.7 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

Devido à expectativa de melhoria na qualidade de vida de pessoas idosas percebida pela incorporação das TIC, quando o idoso sente que está inserido tecnologicamente, há algum tempo pesquisas já mostravam uma associação entre o uso de novas tecnologias e representação do prazer e do estado emocional da pessoa idosa (BRETAS, 2001), o que reforça a importância das tecnologias na vida dos idosos e justifica o incentivo à incorporação das TIC pelos idosos em sua rotina diária e na comunicação intrafamiliar (COSTA et al., 2017) e o investimento no desenvolvimento de ferramentas tecnológicas que considerem o perfil psicológico, gerontológico e educacional do idoso (SOUZA; SALES, 2016; WASSERMAN et al., 2012). Gouveia, Matos e Schouten (2016) destacam, ainda, as benesses emocionais nos idosos como consequência de sua participação em redes sociais.

O uso de tecnologia móvel na área da medicina está evoluindo rapidamente no Brasil. Observa-se um grande impacto da e-Health, que éo uso das TIC para a saúde. É um conceito amplo e conhecido em todo o mundo, aborda questões relacionadas às ferramentas e soluções digitais que contribuem para melhorar a saúde e a qualidade de vida das pessoas (ROCHA et

al., 2016). Com o advento dos dispositivos móveis (principalmente smartphones e tablets), o

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maioria das iniciativas nesse campo diz respeito ao diagnóstico de doenças, mas poucas são destinados a pacientes com doenças crônicas ou para idosos (STUTZEL et al., 2016).

Idosos tecnologicamente experientes e que necessitam da polifarmácia podem ser beneficiados por aplicativos móveis para o apoio à adesão à medicação. No entanto, apesar da existência de diversas iniciativas nesse sentido voltadas para o gerenciamento de medicamentos, essas ferramentas precisam considerar diversos requisitos que deem conta das demandas específicas dessa categoria de indivíduos (BECKER et al., 2015). Sobre a necessidade de implementar novas tecnologias de suporte a pessoa idosa, Souza e Sales (2016, p. 144) comentam:

Os aplicativos para smartphones podem trazer grande contribuição à qualidade de vida dos idosos, sendo, portanto, de grande relevância direcionar estudos à acessibilidade e à efetividade do uso de aplicativos já existentes e identificados, além de estudos sobre desenvolvimento de novos aplicativos com interface de leitura e mecanismos adaptados à população idosa de forma que possibilitem sua inclusão digital e beneficie sua independência funcional.

Segundo Pereira e Neves (2011), a utilização das TIC pode proporcionar maior autonomia, bem-estar, integração social e consequente melhoria em qualidade de vida da pessoa idosa. No entanto, a concepção de ambientes informacionais digitais para idosos deve ser elaborada de acordo com as condições físicas, sociais e culturais específicas desse grupo de pessoas. Esses fatores contribuem para sua efetiva inclusão digital, social e facilitação de acesso à informação.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar um aplicativo para dispositivo móvel para autogestão de medicamentos por idosos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Participar da elaboração e acompanhar o desenvolvimento de um aplicativo para dispositivo móvel voltado para a autogestão de medicamentos por idosos.

 Avaliar o aplicativo desenvolvido junto a um grupo de idosos.

 Verificar estratégias prévias desenvolvidas pelos idosos quanto à gestão de medicamentos.

 Avaliar a adesão do aplicativo junto aos idosos.

 Verificar as impressões dos idosos após a utilização do aplicativo.  Avaliar o nível de usabilidade dos idosos.

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AUTOGERENCIAMENTO DE MEDICAMENTOS EM IDOSOS

Resumo

Objetivo: Construir e avaliar um aplicativo de autogestão de medicamentos por idosos. Método: Pesquisa aplicada, motivada pela necessidade de se construir um artefato para fins práticos, realizada com 15 idosos com idade igual a 69,45 (DP=6,55). As coletas ocorreram pré e após 60 dias de uso do aplicativo. Para análise dos dados quantitativos, utilizaram-se análises descritivas do SPSS e, para os dados qualitativos, utilizou-se o software IRaMuTeQ. Resultados: Quanto à categorização da amostra, majoritariamente do sexo feminino (66,66%) e com baixa usabilidade (59,04). Os dados qualitativos no momento pré-uso apresentaram sete classes e a prevalência das palavras “Tomar” e “Medicamento”. No momento pós-uso, foram observadas outras sete classes e a prevalência das palavras “Não” e “Aplicativo”. Conclusão: Sugere-se que haja mais estudos que abordem questões relativas à interatividade, sobretudo acessibilidade e usabilidade, de forma a subsidiar a concepção e a construção de aplicativos voltados para o público idoso.

Descritores: aplicativo; autogestão; idoso; medicamento; usabilidade.

Abstract

Objective: To construct and evaluate a self-administered drug application by the elderly. Method: Applied research, motivated by the need to construct an artifact for practical purposes, performed with 15 elderly people with age equal to 69.45 (SD = 6.55). The collections occurred before and after 60 days of use of the application. To analyze the quantitative data, SPSS descriptive analyzes were used, and for the qualitative data the software IRaMuTeQ was used. Results: Regarding the categorization of the sample, mostly female (66.66%) and with low usability (59.04). Qualitative data at the pre-use time presented seven classes and the prevalence of the words “take” and “Medication”. At the post-use point, seven other classes and the prevalence of the words “No” and “Application” were observed. Conclusion: It is suggested that there be more studies that address issues related to interactivity, especially accessibility and usability, in order to subsidize the design and construction of applications aimed at the elderly public.

Descriptors: application, self-management; elderly; medication; usability.

Resumen

Objetivo: Construir y evaluar una aplicación de autogestión de medicamentos por ancianos. Método: La investigación aplicada, motivada por la necesidad de construir un artefacto para fines prácticos, realizada con 15 ancianos con edad igual a 69,45 (DP = 6,55). Las colectas ocurrieron pre y después de 60 días de uso de la aplicación. Para el análisis de los datos cuantitativos se utilizaron análisis descriptivos del SPSS y, para los datos cualitativos se utilizó el software IRaMuTeQ. Resultados: En cuanto a la categorización de la muestra, mayoritariamente del sexo femenino (66,66%) y con baja usabilidad (59,04). Los datos cualitativos en el momento pre-uso presentaron siete clases y la prevalencia de las palabras “tomar” y “Medicamento”. En el momento post-uso se observaron otras siete clases y la prevalencia de las palabras “No” y “Aplicación”. Conclusión: Se sugiere que haya más estudios que aborden cuestiones relativas a la interactividad, sobre todo accesibilidad y usabilidad, para subsidiar el diseño y la construcción de aplicaciones dirigidas al público anciano. Descriptores: aplicación, autogestión; ancianos; la medicina; usabilidad.

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Projeções estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)(1) comprovam

o aumento da proporção de pessoas idosas em relação à população brasileira. De acordo com essas projeções, em 2030, o quantitativo de pessoas com 60 anos ou mais será maior que o de crianças com até 14 anos de idade; em 2055, a população idosa será maior que a de crianças e jovens. Isso traz enormes desafios políticos, socioculturais e econômicos no sentido de atender a essa população.

Segundo Amorim et al.(2), diversos estudos apontam a necessidade de investimento em diversas frentes, incluindo as tecnologias e, em particular, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). No entanto, embora estejam em ascensão o acesso à internet e o uso de tecnologias pelos idosos, estes ainda podem ser considerados uma faixa populacional digitalmente excluída.

A longevidade, ao mesmo tempo em que é uma dádiva, pode também se constituir um problema a ser enfrentado não apenas para o indivíduo que envelhece, mas também para os governantes, sendo importante acompanhar esse processo tanto no âmbito biológico, como em seus aspectos sociais, psicológicos e espirituais(3).

Há cada vez mais discussões sobre políticas de atenção à saúde voltadas para o envelhecimento da população(4), sobretudo com relação à necessidade de melhores serviços públicos especializados no que diz respeito à deterioração do sistema nervoso central, associado a doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares, entre outras(5).

Com o aparecimento do m-Health, ou seja, serviços móveis de saúde, vieram também iniciativas no campo diagnóstico de doenças, mas poucas são destinadas a pacientes com doenças crônicas ou para idosos (STUTZEL et al., 2016).

Ferramentas tecnológicas estão cada vez mais disponíveis e sendo utilizadas por todos os públicos, sobretudo a pessoa idosa, auxiliando-os em suas estratégias de autocuidado, na preservação de autonomia e independência, prevenindo e retardando seu declínio funcional (AMORIM et al., 2018). O aumento da incidência de doenças crônicas associadas à velhice está diretamente relacionado à demanda pelo uso de medicamentos para o combate ou retardo do processo de deterioração do organismo, contribuindo para a polimedicação(6).

A baixa adesão à medicação é um problema que afeta entre 50% e 60% dos pacientes com doenças crônicas, e aplicativos em plataformas mobile ou web poderiam ter papel fundamental na mitigação de tais problemas, desde que tais serviços considerem designs centrados nesses usuários, de forma a permitir interação entre o paciente e o profissional, com vistas a aumentar a viabilidade e a capacidade de aceitação desses recursos(7).

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boa relação médico-paciente, mas também uma abordagem multidisciplinar e o uso da tecnologia a favor dos idosos para lidar com a polifarmácia(8). Alguns autores também apontam para o potencial

do uso das TIC no contexto da saúde, sobretudo no campo da Geriatria e Gerontologia(9).

Nesse contexto, os aplicativos para dispositivos móveis podem ser úteis não só para o autogerenciamento da evolução de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, mas também para uma melhor adesão medicamentosa(10).

Dentro desse contexto de hipermedicalização do idoso e das dificuldades que estes podem apresentar na autogestão de seus medicamentos, este trabalho tem por objetivo propor e avaliar um aplicativo voltado a idosos que fazem uso de dois ou mais medicamentos, no intuito de verificar a usabilidade, e se esta pode potencializar a adesão terapêutica e, consequentemente, melhorar a saúde da pessoa idosa. Assim, emerge a seguinte questão de pesquisa: como as TIC podem contribuir para a melhoria da adesão medicamentosa?

MÉTODO

Delineamento de pesquisa

Quanto à sua natureza, esta é uma pesquisa aplicada, motivada pela necessidade de se construir um artefato (App MedicAÇÃO®) para fins práticos, buscando soluções para problemas concretos. Este estudo é também de natureza transversal (pelo recorte dado em um ponto específico em um dado momento) e misto (por realizar análises quantitativas e qualitativas).

Na presente pesquisa, foram utilizados procedimentos quantitativos para a descrição, caracterização da amostra e avaliações objetivas quanto à usabilidade do aplicativo, e medidas qualitativas foram utilizadas para a obtenção, análise e interpretação, por meio de avaliações subjetivas, da usabilidade dos idosos frente ao acesso ao aplicativo para autogestão de medicamentos.

Amostra

O estudo de usabilidade foi previsto, inicialmente, com uma amostra de 10 sujeitos, mas, foi disponibilizada amostra com 29 idosos, pertencentes ao grupo de Pesquisa NeuroCog-Idoso da Universidade Católica de Brasília, sendo selecionados 15 idosos para a amostra final, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão do estudo. Os critérios de inclusão dos idosos foram: (i) ter acesso a um smartphone plataforma Android; (ii) fazer o uso de, pelo menos, dois medicamentos com princípios ativos diferentes no dia; (iii) possuir idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos;

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consequentemente, (v) não possuir nenhuma síndrome demencial.

Foram excluídos aqueles que: (i) possuíam impeditivos físicos para o uso do dispositivo; (ii) não utilizaram o aplicativo para autogestão de medicamentos durante o período da pesquisa; (iii) se recusaram a serem entrevistados ou responder ao questionário antes de usar o aplicativo.

Instrumentos

Os instrumentos utilizados foram: 1) MEEM (Anexo E), teste utilizado para avaliar a função cognitiva nos seguintes domínios: orientação temporal, espacial, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho. É um dos poucos testes validados e adaptados para a população brasileira(11); 2) Questionário de pré-uso do aplicativo (Apêndice A), onde foram levantadas as condições sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade e estado civil) do idoso participante e mais três questões, com o objetivo de se identificar as estratégias utilizadas por eles para o gerenciamento do uso de medicamentos; 3) Questionário de pós-uso (Apêndice B) composto por três questões, para se levantar: (i) as impressões sobre o aplicativo, (ii) o impacto da utilização do aplicativo no dia a dia; e (iii) se a utilização lhe deu maior autonomia; 4) Questionário sobre aspectos relativos à usabilidade do aplicativo (Anexo F), adaptado de Gresse von Wangenheim et al.(12) e composto por 31 questões, tendo sido também aplicado após a utilização do

aplicativo, a fim de avaliá-lo, de forma a levantar elementos que subsidiem sua reformulação para uma futura versão. As respostas dos sujeitos obedeceram a uma escala do tipo Likert, com variação de 0 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).

Em sua primeira versão, o aplicativo MedicAÇÃO® (Figura 2), desenvolvido, em 2018, por Teixeira, Linhares e Lameirão, alunos de Ciência da Computação da Universidade Católica de Brasília, teve como base os requisitos definidos segundo a literatura concernente. Nota-se que esse aplicativo foi desenvolvido para a plataforma Android, tendo em vista que a grande maioria dos

smartphones vendidos (95,1%), segundo artigo da revista Valor Econômico(13), tem esse sistema.

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O aplicativo desenvolvido, e que será analisado, teve por objetivos: a) descrever as questões envolvidas na gestão de medicamentos por pessoas idosas; b) estudar os aspectos envolvidos no desenvolvimento de aplicativos voltados para a gestão de medicamentos por pessoas idosas; c) levantar os requisitos para o projeto de um sistema de autogestão de medicamentos para idosos; d) desenvolver, junto com especialistas, o projeto de um aplicativo para dispositivos móveis voltados para um público idoso; e) acompanhar o desenvolvimento, por uma equipe de especialistas, de um aplicativo de autogestão de medicamentos para idosos.

Procedimentos

Procedimentos Metodológicos

Essa etapa foi composta por quatro momentos, realizados em grupo, com duração média de 1h30 para cada encontro, com auxílio dos alunos dos cursos de Graduação de Psicologia e da Ciência da Computação, da Universidade Católica de Brasília, sendo descritos a seguir:

 Apresentação: foi realizada uma apresentação para os idosos selecionados do projeto por meio de um script de introdução, de forma que eles se motivassem a colaborar com o projeto, mostrando os objetivos da pesquisa, bem como a maneira para obtenção dos dados, e, inclusive, os possíveis benefícios e riscos para os voluntários, conforme descrito no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice C). Após essa apresentação, foi verificado que todos os 29 idosos contemplaram os critérios para realização do estudo. Então, foi marcada uma outra data com os prováveis participantes selecionados para que confirmassem a sua anuência por meio da assinatura do TCLE.  Encontro pré-uso: foi realizada a explicação e assinatura do TCLE de todos os idosos

interessados, e aplicado um questionário para o levantamento de dados sociodemográficos e suas estratégias para tomar corretamente seus medicamentos. Ainda nesse momento, todos os idosos foram instruídos e auxiliados para baixarem e utilizarem o aplicativo por dois meses.

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diariamente, sem ajuda de terceiros, e anotando, quando necessário, os pontos positivos ou limitações do aplicativo para apresentarem no encontro pós-uso.

 Encontro pós-uso: foram feitas mais uma vez as perguntas referentes às estratégias para o uso correto dos medicamentos, o teste de usabilidade e um levantamento sobre os pontos positivos e as limitações observadas.

A coleta desses dados foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (CAAE nº 58197216.6.0000.0029), que aprovou, também, o TCLE. Todos os procedimentos metodológicos previamente apresentados só foram realizados após a submissão e aceite pelo Comitê.

Procedimento de análise de dados

A exemplo de alguns autores(14-16), que analisaram dados textuais coletados em suas pesquisas na área de Gerontologia, foi utilizado o software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses

Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) - disponível no endereço eletrônico

https://sourceforge.net/projects/iramuteq/- para as análises qualitativas dos questionários (perguntas abertas) por meio de uma análise de conteúdo.

O processamento e a análise dos dados textuais foram feitos pela classificação hierárquica descendente (agrupamento do segmento dos textos e vocabulários), correlacionando-os por conteúdo, por tema, por semelhança ou frequência das palavras ou nuvem de palavras presentes nas respostas analisadas(17-18).

RESULTADOS

Os resultados apresentados referem-se aos 29 idosos avaliados no momento pré-uso do aplicativo, respondendo ao questionário sobre as estratégias usadas para tomar seus medicamentos e instalado o aplicativo em seus celulares. Após o uso do aplicativo, sobraram apenas 15 idosos com média de idade igual a 69,45 (DP=6,55). Conforme pode ser observado, existiu uma perda amostral de 14 idosos, pois seis não possuíam o sistema operacional necessário para a participação do projeto, dois saíram do projeto por motivos pessoais durante esse tempo e seis preferiram não responder, pois indicaram dificuldades na usabilidade do aplicativo, conforme apresentado na Figura 3.

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Inicialmente, serão apresentados os resultados quantitativos para a caracterização e escolha da amostra (por meio de cálculos realizados pelo SPSS) e, posteriormente, os qualitativos (por meio da análise textual pelo IRaMuTeQ). Os dados quantitativos serão apresentados para a caracterização da amostra (Tabela 1).

Tabela 1 - Variáveis Sociodemográficas e do Miniexame do Estado Mental. Variável

Idade 69,45 (±6,55)

Miniexame do Estado Mental 25,47(±1,60)

Sexo

Feminino 10 (66,66%)

Masculino 05 (3,33%)

Escolaridade

Ensino fundamental completo 04 (26,66%) Ensino médio incompleto 03 (20,00%) Ensino médio completo 02 (13,33%) Superior incompleto 03 (20,00%) Superior completo 03 (20,00%)

Nota. Variável idade e Miniexame do Estado Mental representada por médias e desvio padrão entre parênteses, e variáveis

sexo e escolaridade representadas por suas frequências, com porcentagem entre parênteses.

Conforme representado na Tabela 1, o perfil sociodemográfico apresenta uma média de idade de 69,45(±6,55), com prevalência do sexo feminino (66,66%). Quanto à escolaridade, a categoria com maior incidência foi o ensino fundamental completo (26,66%), mas, de maneira geral, a variável escolaridade estava distribuída bastante equitativamente. Quanto ao MEEM, os idosos apresentam boa função cognitiva em todos os aspectos (orientação temporal, espacial, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho), visto que, apesar de idosos com baixa escolaridade, a média do MEEM manteve-se alta com média igual a

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medicamentos, diariamente.

Quanto às avaliações qualitativas referentes às estratégias usadas para lembrar de tomar suas medicações e à percepção ao uso do aplicativo, o corpus formado pelas respostas aos questionários foi analisado por meio do software IRaMuTeQ. O conjunto de respostas dadas por cada idoso gerou um texto e o conjunto desses textos constituiu o corpus de análise.

Nos dois momentos (pré-uso e pós-uso), foram aplicadas duas técnicas de análise: (i) Método da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), que classifica segmentos de texto “em função dos seus respectivos vocabulários, e o conjunto deles é repartido em função da frequência das formas reduzidas”, e (ii) Nuvem de palavras, uma análise lexical em função da frequência(17).

Momento pré-uso do aplicativo

A aplicação do CHD no questionário relativo ao pré-uso do aplicativo gerou o dendograma apresentado na Figura 4, que identificou sete classes de palavras.

Figura 4 – Dendograma das classes e frequência de palavras do Momento pré-intervenção dos idosos do NeuroCog da Universidade Católica de Brasília. Brasília, DF, 2018.

Segundo a Figura 4, as sete classes foram classificadas como: Classe 1 (Lembrança), que relatou a importância de mecanismos para lembrar de tomar o medicamento; Classe 2 (Melhoria), que relatou a importância de não esquecer de tomar o medicamento como uma ajuda para melhorar a saúde; Classe 3 ( Percepção), que relatou que esquecer de tomar o medicamento pode atrapalhar a qualidade de vida; Classe 4 (Usabilidade), que relatou a importância de se usar mecanismos para

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de ter ajuda com o aplicativo; Classe 6 (Estratégia), que relatou a importância de ter estratégias para lembrar o horário e os medicamentos corretos; e, por fim, a Classe 7 (Tempo), que relatou que esquecer o horário dos remédios tem consequências na qualidade de vida.

Corroborando os dados previamente apresentados, a análise por nuvem de palavras no momento pré-uso (Figura 5) apresentou como eixos centrais as palavras “Tomar” e “Medicamento”, seguido na periferia das palavras: lembrar, qualidade, certo, hora, vida, não e familiar. A nuvem de palavras possibilitou a identificação da palavra-chave, ou seja, a palavra mais frequente, que foi “Medicamento”, palavra de maior força e frequência, e algumas associações podem ser identificadas, como: lembrar-se de tomar o medicamento, tomar medicamento, não tomar, etc. Sendo importante dar ênfase nesse momento a palavra “Não”, mesmo que de baixa frequência. Em suma, foi relatada, nesse momento, a importância de se lembrar da hora certa de tomar os medicamentos e a importância quanto a isso.

Figura 5 – Frequência de palavras analisadas do Momento pré-intervenção dos idosos do NeuroCog da Universidade Católica de Brasília. Brasília, DF, 2018.

Para caracterizar o momento pré-uso, serão apresentados alguns corpus textuais:

Não tenho muitas estratégias para lembrar de tomar os medicamentos, uso o horário das refeições para lembrar, às vezes não lembrar de tomar os medicamentos na hora certa é bem estressante. (Idoso, 60 anos)

Tomo meus medicamentos na hora certa e conforme a orientação do médico, mesmo assim meus familiares me orientam. (Idoso, 77 anos)

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certeza se eu me lembrasse de tomar os medicamentos na hora certa eu teria melhor qualidade de vida. (Idoso, 73 anos)

A dificuldade de se lembrar de tomar os medicamentos na hora certa relatada por esses idosos corrobora a relevância de mecanismos de apoio e da construção de aplicativos para os auxiliarem nessa tarefa, o que será discutido a seguir.

Momento pós-uso do aplicativo

A aplicação do CHD no questionário relativo ao pós-uso do aplicativo gerou o dendograma apresentado na Figura 6, que identificou sete classes de palavras, em proporções categorizadas de maneiras diferentes do momento pré-uso.

Figura 6 – Dendograma das classes e frequência de palavras do Momento pós-intervenção dos idosos do NeuroCog da Universidade Católica de Brasília. Brasília, DF, 2018.

Segundo a Figura 6, as sete classes foram classificadas como: Classe 1 (Necessidade), que relatou necessidade e importância do idoso se lembrar dos seus medicamentos; Classe 2 (Tecnologia), que relatou a importância do celular para a autogestão dos medicamentos; Classe 3 (Dependência), que relatou aspectos negativos de depender de alguém para a gestão de medicamentos; Classe 4 (Ajuda), que relatou auxílios importantes para lembrar e conseguir tomar os medicamentos; Classe 5 (Medicamento), que relatou a expectativa de ter autonomia para tomar o medicamento de maneira correta; Classe 6 (Autonomia), que relatou a importância ter autonomia para a autogestão dos

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ajuda para o dia.

Corroborando os dados previamente apresentados, a análise por nuvem de palavras no momento pós-uso (Figura 7) apresentou como eixos centrais as palavras “Não” e “Aplicativo”, seguidos na periferia das palavras: usar, tomar, remédio, medicamento e autônomo. A nuvem de palavras possibilitou a identificação da palavra-chave, ou seja, a palavra mais frequente que foi “Aplicativo”, palavra de maior força e frequência, e algumas associações podem ser identificadas, como: não usar aplicativo, não tomar o remédio e não tomar na hora, etc. Sendo importante dar ênfase nesse momento à palavra “Não”, aumentou de frequência, em relação ao momento pré-uso. Em suma, foi relatada, nesse momento, a dificuldade de utilizar o aplicativo e de se manter autônomo quanto a esse procedimento. Podendo referir-se a um maior conhecimento e adequação diante do uso do aplicativo, agora mais conhecido, percebem a importância do aplicativo, mas sentem ainda dificuldade para manuseá-lo.

Figura 7 – Frequência de palavras analisadas do Momento pós-intervenção dos idosos do NeuroCog da Universidade Católica de Brasília. Brasília, DF, 2018.

Para caracterizar o momento pós-uso, serão apresentados alguns corpus textuais:

Não consegui baixar o aplicativo, eu sempre tenho dificuldade de tomar o medicamento na hora certa. Eu acredito que o aplicativo ajudaria muito. (Idoso, 77 anos)

Não consegui usar o aplicativo. Ainda tomo normalmente os medicamentos, mas seria bem melhor se tivesse um aplicativo. (Idoso, 73 anos)

Referências

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