• Nenhum resultado encontrado

Vista do Contos de Rubem Braga como elementos intertextuais para a formação da aptidão literária

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Vista do Contos de Rubem Braga como elementos intertextuais para a formação da aptidão literária"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

Contos de Rubem Braga como elementos intertextuais

para a formação da aptidão literária

Luciani Vieira Gomes Alvareli Doutora em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP, linha de pesquisa: Educação e Tecnologia (2012). Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC (2004), linha de pesquisa: Ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira. Aperfeiçoamento Acadêmico na Universidade Campinas (UNICAMP) no Instituto de Estudos da Linguagem-IEL (2000). Graduada em Letras com habilitação em Português e Inglês e Respectivas Literaturas pelas Faculdades Integradas Teresa DÁvila - FATEA (1998). Atualmente é professora associada na FATEC Cruzeiro, prof. Waldomiro May, Coordenadora do Curso de Graduação em Letras das Faculdades Integradas Teresa D'Ávila (FATEA) e Coordenadora de Sub-Projeto de Letras -

PIBID-CAPES-FATEA. Danilo Passos Santos Pesquisador cientifico no PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) da Faculdades Integradas Teresa DÁvila. Graduando em Letras com habilitação em Inglês, tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, tecnologias, língua portuguesa, tecnologia e literatura.

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar uma metodologia de ensino para o desenvolvimento da aptidão literária em sala de aula a partir do uso de contos de um autor contemporâneo, Rubem Braga, de modo a criar uma intertextualidade e a identificação de temas literários que fomentam demais obras da literatura. Com demais didáticas de ensino, o artigo apresenta detalhes do processo de aptidão literária nos alunos do primeiro ano do ensino médio de uma escola estadual situada no Vale do Paraíba. A pesquisa, cautelosamente apresentada neste artigo, buscou aprimorar o ensino da disciplina de literatura, tendo em vista a formação do aluno-leitor a partir de elementos intertextuais e temáticos presentes nos contos do autor modernista Rubem Braga em sala de aula, além de propiciar debates literários, a fim de compreender as perspectivas pessoais dos discentes no tocante à literatura.

Palavras-chave

Literatura; Metodologias de ensino; Didática; Estudos literários.

Abstract

This article aims to present a teaching methodology for the development of literature in the classroom from the use of tales of a contemporary author, Rubem Braga, in order to create an intertextuality and the identification of literary themes that promote other literature works. With a didactic teaching, the paper presents details of the process of literacy in students of the first year of high school in a public school located in the Paraíba Valley. The research, cautiously presented in this article, sought to enhance the teaching of the discipline of literature, with a view to training the student-reader from intertextual and thematic elements present in the tales of modernist author Rubem Braga in the classroom, as well as providing literary discussions in order to understand the personal perspectives of students regarding the literature.

Keywords

(2)

Introdução

Despertar o interesse pela leitura nos jovens é um desafio para muitos educadores, principalmente, os que detêm uma sala de aula no ensino médio, pois, os níveis de leitura no Brasil sofreram reduções conforme pesquisa publicada pela imprensa1. Com uma margem de leitura anual inferior à de outros países, essa realidade se encontra dentro da sala de aula e interfere na compreensão efetiva da disciplina de literatura por parte dos discentes.

Com base nessa perspectiva, este artigo tem por objetivo apresentar uma metodologia inovadora para o ensino de literatura, com o uso de contos modernistas do jornalista e cronista Rubem Braga, como elementos de intertextualidade e identificação de temas literários, voltados à construção de uma aptidão literária por parte dos alunos.

Com estudantes do primeiro ano do ensino médio em uma escola da rede estadual de ensino no estado de São Paulo, situada no Vale do Paraíba, a implantação dessa metodologia de ensino contribuiu para o aprimoramento na capacidade de leitura dos alunos, além de ampliar conhecimentos literários contribuir para aumento da criticidade na leitura. Ao longo de um mês de pesquisa, foi possível analisar algumas deficiências de aprendizagem para uma melhor compreensão dos assuntos literários pautados em sala de aula.

Baseando-se nas teorias de Guinski (2009, p.93), “toda leitura custa tempo, dinheiro, envolvimento intelectual e rompimento com valores muitas vezes já cristalizados, (...)” e em Garcia (2013, p. 52), “Sabemos que há certo material que os estudantes precisam ler e que precisam aprender, (...): o caminho, então é fazê-los enxergar o lado positivo dessas tarefas”, a busca pela formação de alunos-leitores tornou-se primordialmente necessária para o aprimoramento da disciplina de literatura.

Seguindo o que preconiza Garcia (2013, p. 52) em relação à necessidade de o professor saber ministrar as suas aulas de Literatura, criando estratégias para que os alunos obtenham um efetivo gosto pela leitura e consequentemente, ampliar a sua criticidade literária, vale ressaltar que, durante a aplicação da pesquisa, a participação do docente em sala de aula foi de extrema importância. A condução da proposta e a compreensão da disciplina como uma disciplina atemporal que requer didáticas dinamizadas para um melhor trabalho em sala de aula foi uma constante. Nesse âmbito, o processo de aquisição literária nos alunos foi trabalhado de forma minuciosa, tendo em vista o uso da contemporaneidade, temáticas literárias e intertextualidade para uma efetiva formação do leitor

Referenciais teóricos

Esta pesquisa toma respaldo na teoria sociointeracionista de Lev Vygotsky, uma vez que se entende que o desenvolvimento da cognição do aluno se dá pela sua interação com o meio social e com o outro, possibilitando a geração de novas experiências e de compartilhamento na construção do conhecimento. O professor está nela inserido com a função de mediar a aprendizagem com estratégias que levem o aluno a se tornar independente, estimulando o seu conhecimento potencial.

No que diz respeito ao papel da escola e do professor, Coelho e Pisoni (2012, p. 148) dissertam que:

1Pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e publicada pela BBC Brasil.

(3)

A escola deve estar atenta ao aluno, valorizar seus conhecimentos prévios, trabalhar a partir deles, estimular as potencialidades dando a possibilidade deste aluno superar suas capacidades e ir além do seu desenvolvimento e aprendizado. Para que o professor possa fazer um bom trabalho ele precisa conhecer seu aluno, suas descobertas, hipóteses, crenças, opiniões desenvolvendo diálogo criando situações onde o aluno possa expor aquilo que sabe. Assim, os registros, as observações são fundamentais tanto para o planejamento e objetivos quanto para a avaliação.

Torna-se, portanto, um fator primordial para qualquer pesquisa que a escola e o professor busquem ter um conhecimento pessoal prévio em relação aos seus alunos, principalmente para compreender um possível decift de aprendizagem e leitura para que possam ajudá-lo a criar aptidão/competência para a leitura.

Reforçando os alicerces teóricos desta pesquisa no que se relaciona à formação do leitor em sala de aula, Fernandes e Paula (2008) dissertam sobre o preparo pessoal do professor para a compreensão do seu aluno, mediando a construção literária em sala de aula. Em suas palavras (FERNANDES e PAULA, 2008, p. 61 e 63):

Formar o leitor deve considerar de início a questão do letramento. Não vivemos numa sociedade ágrafa e é comum o contato desde cedo com diferentes gêneros textuais. As limitações de ordem econômica e social influenciam, mas vêm ocorrendo mudanças significativas como o esforço para ampliar o acesso à educação infantil. [...] Um segundo aspecto merece nossa atenção: a mediação. Cabe ao professor a função de mediação entre leitura e o aluno-leitor. Somos nós quem traçamos objetivos claros de letramento ao selecionar textos de diferentes gêneros.

Nesse aspecto, o professor para alcançar a mediação necessita compreender o espaço da unidade escolar na qual leciona. Essa compreensão resultará em conhecimento do espaço físico e do acervo literário da instituição, bem como os materiais literários disponíveis e em seguida compreender a realidade literária de sua classe para aprimorar o ensino de literatura.

Para o embasamento do objetivo da pesquisa, vale ressaltar a compreensão do texto literário como função humanizadora, defendida por Cândido (1972), a qual realça as emoções do homem para a compreensão do texto literário. Esse autor ainda destaca outras funções do texto literário, tais como, psicológica, formadora e social. Sobre a importância do texto literário, o autor (CÂNDIDO, 1972, p. 804) assevera:

Tanto quanto a estrutura eles nos dizem de perto, porque somos levados a eles pela preocupação com a nossa identidade e o nosso destino, sem contar que a inteligência da estrutura depende em grande parte saber como o texto se forma a partir do contexto, até construir uma independência dependente (se for permitido o jogo de palavras). Mesmo que isto nos afaste de uma visão científica, é difícil pôr de lado os problemas individuais e sociais que dão lastro às obras e as amarram ao mundo onde vivemos.

As perspectivas pessoais para uma análise literária foram um dos pontos fortes no desenvolvimento dessa pesquisa.

Considerando os conhecimentos prévios dos alunos no tocante à literatura e leitura, Guinski (2009) destaca o papel do professor na formação contínua de seus alunos-leitores.

(4)

Para ela (GUINSKI, 2009, p. 93), “o professor deve estar ciente de que, em virtude da agitação das cobranças do nosso cotidiano, as pessoas não conseguem se dedicar a uma atividade sem que percebam um retorno, de qualquer nível”. A autora ainda discorre sobre o ensino e a literatura, tendo em vista o texto literário como um excelente elemento pedagógico para o ensino em sala de aula. Em suas palavras (GUINSKI, 2009, p.30):

O texto literário é um material de excelência pedagógica comprovada no ensino de cultura e língua materna e estrangeira, desde que bem aproveitado. O objetivo da escola é habilitar o sujeito à escrita e à leitura, bem como propagar conteúdos considerados básicos na formação educacional, porém, não é explicitado para que tipo de leitura a escola habilita o aluno.

Mais uma vez, torna-se imprescindível compreender a realidade estudantil e transformá-la de modo dinamizado para instigar os discentes à aptidão literária, desenvolvendo sua criticidade no que concerne à ampliação de conhecimento e compreensão da função social da leitura e da escrita.

Por defrontarmos com alunos ainda sem uma consciência para construírem suas aptidões literárias e desenvolverem um hábito de leitura, vale ressaltar ainda que esta pesquisa também buscou respaldo na pedagogia da autonomia (FREIRE, 1996) em que o ensinar exige criticidade, levando-se em consideração o que afirma Freire (2002, p. 18):

A curiosidade, como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere e alerta, faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos. Como manifestação presente a experiência vital, a curiosidade humana vem sendo histórica e socialmente construída e reconstruída. Precisamente porque a promoção da ingenuidade para a criticidade não se dá automaticamente, uma das tarefas precípuas da prática educativa-progressista é exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil.

Procurou-se contribuir para o desenvolvimento da criticidade efetiva dos discentes, porém, para se alcançar este objetivo, foi necessário também considerar o senso crítico do docente na prática educativa durante a formação de seus alunos-leitores.

Metodologia

Esta pesquisa realizada em uma escola estadual situada no Vale do Paraíba com alunos do primeiro ano do ensino médio focou o aprimoramento da aptidão literária de discentes por meio da literatura modernista como uma intertextualidade com os clássicos da literatura de maneira sistematizada em sala de aula, tendo em vista que para o aprimoramento da leitura se faz necessário o uso da habilidade cognitiva dos alunos e o confronto perante diversas tipologias textuais para que se possa analisar enredos e compreender os contextos de literatura em sala de aula.

(5)

Estudo de caso: o conhecimento literário dos discentes

Almejando aguçar as capacidades literárias dos discentes, um questionário qualitativo (anexo 01) foi aplicado a fim de se obter dados acerca de seus conhecimentos no tocante à leitura e literatura. O questionário avaliou: a) o nível de leitura dos alunos; b) os gêneros literários que despertam maior interesse entre os mesmos; c) conhecimentos pessoais sobre contos e crônicas; d) conhecimentos sobre autores brasileiros clássicos e estrangeiros contemporâneos.

O questionário foi de suma importância para a aplicação e desenvolvimento da metodologia apresentada neste artigo, pois, a partir de dados sobre os níveis de leitura e conhecimentos sobre a formação de contos, a escolha do autor a ser trabalhado para despertá-los para a leitura foi fortemente influenciada.

Rubem Braga como compreensão de uma literatura contemporânea

Frente a uma realidade em que o nível de leitura torna-se bastante diverso entre os alunos, tendo em vista alguns que leem acima da média e outros que desconhecem a importância de uma rotina de leitura para a formação intelectual e pessoal, o ensino de literatura sofre resistência, de modo que o docente por vezes não atinja em sala de aula os objetivos necessários para uma compreensão efetiva da disciplina por parte dos discentes.

Baseando-se nesses aspectos, surgiu a vontade de formar uma aptidão literária utilizando-se de autores contemporâneos por apreutilizando-sentarem uma linguagem mais próxima dos alunos e por abordar temas universais da literatura de forma sucinta e coesa, superando pré-conceitos de que a literatura é uma disciplina maçante e complexa. Nesse impasse, o trabalho com autores modernistas seria indispensável, porém necessitaria de um autor com contos curtos para que a abordagem dos mesmos em sala de aula fosse feita de maneira direta e sucinta para despertar o interesse dos discentes no tocante à disciplina de literatura. Logo, o uso dos contos do jornalista e contista brasileiro modernista Rubem Braga se mostrou essencial para o objetivo desta pesquisa.

Considerado por muitos como um dos maiores cronistas do Brasil, Braga desperta a leveza e a objetividade em seus textos ao abordar temas do cotidiano, muitos deles com elementos literários que despertam o interesse do leitor. Com base em uma antologia de contos curtos, considerados crônicas, o uso de seus textos em sala de aula serviu para uma abordagem contextual de temas comuns na literatura como elementos intertextuais, ou seja, o uso de Rubem Braga teve por objetivo principal levar os discentes a compreender a literatura como uma disciplina atemporal de temas sociais e de abordagens ortográficas e autorais que se diferem com o tempo e com as escolas literárias às quais pertencem.

Para a aplicação da pesquisa, foi necessário o enfileiramento de carteiras em formato “U” de modo que a antologia de contos ficasse no centro. Para essa dinâmica, foi proposto aos alunos indagações acerca do livro em estudo, em que muitos diziam conhecer os conceitos de antologia e contos, porém desconheciam o autor ou algum material literário do mesmo. Antes da leitura sistematizada, os nomes dos contos a serem lidos (Tuim criado no dedo e O

marinheiro) foram apresentados aos alunos, assim como uma pequena biografia do autor. A

escolha dos contos se baseou nos temas que o autor originalmente abordou nos textos; no primeiro, disserta sobre a felicidade e simplicidade e no segundo, sobre um amor idealizado, ambos, temas recorrentes da literatura.

Com a sala em formato “U” um leitor fazia a leitura dos materiais literários de maneira sistematizada, criando pequenas pausas em momentos instigantes dos textos de modo a prender a atenção do leitor e saber dos mesmos o desfecho do enredo com base em suas perspectivas pessoais. Por se tratar de textos curtos e objetivos, a leitura fluiu de maneira

(6)

satisfatória e na discussão, os alunos pautaram temas cotidianos abordados pelo autor, tais como: felicidade, amor, simplicidade, alegria, desconfiança, entre outros.

Ao final de cada leitura, foi proposto aos alunos a escolha de um dos contos e que eles, com base em suas perspectivas pessoais, recriassem um final para o texto, mantendo a originalidade textual do autor.

Autores clássicos e a formação da literatura

Após o desenvolvimento das atividades anteriores, percebeu a superação de pré-conceitos por parte dos discentes sobre a disciplina de literatura, porém, a aptidão literária em formação, ainda não tinha alcançado grande êxito, a dizer pelas outras aulas em que os discentes mostraram resistência à leitura. Em um segundo momento, a apresentação dos contextos literários que formam a disciplina de literatura foi importante, tendo em vista a absorção de conhecimentos adquiridos com os contos contemporâneos de Rubem Braga. Dessa vez, com a sala dividida em grupos, o uso de materiais literários de diferentes tipologias textuais foi essencial para o desenvolvimento de um debate pessoal sobre os temas literários envolventes em todos os textos.

Cada grupo recebeu um texto literário para análise (conto, crônica ou poesia). Os autores dos materiais pertenciam a diferentes épocas e escolas literárias, mas a maioria dos materiais tinha um tema em comum. Para a atividade foram selecionados fragmentos de diferentes obras da literatura, tais como: Senhora de José de Alencar e Dom Casmurro de Machado de Assis. Além de cantigas de amor pertencentes ao Trovadorismo Português e os contos: O

Gato de Lygia Fagundes Telles, que compunha o material didático dos alunos, como parte do

currículo pedagógico do Estado de São Paulo; A moça rica de Rubem Braga; e Irrelevância de Danilo Passos, conto escrito por um dos autores deste artigo.

Com a leitura dos materiais, os alunos pautaram os temas recorrentes, nos quais, muitos se resumiam a “amor e felicidade”, e apontaram dificuldades e facilidades de compreensão dos textos e demonstraram compreender mais a literatura como uma disciplina atemporal. Ao final, foram propostas novas discussões sobre a alteração dos enredos dos materiais literários estudados.

Análise de resultados

Com o questionário qualitativo inicial foi possível compreender um déficit de leitura e conhecimentos literários por parte dos discentes, embora, todos demonstraram interesse pela leitura, através de respostas pessoais sobre gêneros literários de maior agrado, citando até o hábito de se ler artigos jornalísticos na internet. Em uma das questões foi indagado sobre conhecimentos acerca de conto e crônica (anexo 01).

Para essa pergunta muitos demonstraram conhecimento, porém, não souberam exemplificar. Quando indagados sobre conhecimentos sobre autores brasileiros clássicos, muitos foram imparciais com as respostas, pois em uma mesma pergunta era necessário responder sobre o autor das obras “Quincas Borba” e “Dom Casmurro”.

Para a segunda obra muitos demonstraram conhecimento e acertaram. Logo, foi possível perceber a necessidade da expansão de conhecimentos literários, tendo em vista que muitos desconheciam demais obras clássicas da literatura. Nas questões de cunho pessoal sobre as autoras das sagas Crepúsculo e Harry Potter, muitos associaram o nome das autoras, mas não sabiam como transcrever para o papel.

(7)

metodologia de ensino para aproximá-los da disciplina de literatura a fim de aperfeiçoarem suas aptidões literárias com autores clássicos de modo a construir uma intertextualidade, afinal, o uso da intertextualidade em sala de aula é primordial para um eficiente ensino de literatura, desde que seja cautelosamente ministrada.

O uso da literatura contemporânea em sala de aula foi a ferramenta mais apropriada para a apresentação da disciplina aos alunos que não possuiam um elevado conhecimento da disciplina, além de motivar a leitura e compreensão dos temas literários, devido à ortografia e estilos de autores. Com o intuito de mostrar aos discentes a atemporalidade da literatura, o uso de contos de Rubem Braga favoreceu a aprendizagem dos discentes e, gradativamente, desbancou pré-conceitos de que a disciplina de literatura era maçante e arcaica, visão amplamente apresentada pelos alunos no início do desenvolvimento da pesquisa.

O objetivo foi destacar os temas que entornam os contos de Braga, de acordo com a sua objetividade e simplicidade nas escritas, que diretamente induziu os alunos a conhecê-lo ainda mais, devido à presença de um vocabulário não rebuscado e uma narrativa instigante. Com

Tuim criado no dedo, muitos alunos ao transpor suas ideias sobre um novo desfecho para o

conto, mostraram-se bastante comovidos com o desfecho originalmente transcrito pelo autor. Em O Marinheiro a identificação dos temas que levaram Rubem Braga a escrever o texto foi amplamente discutida, tornando-se um debate de ideias e confrontos pessoais nos quais, os discentes referiam-se a outros livros lidos, dentro de sala de aula, contribuindo ainda mais para a recriação do desfecho, objeto final dessa atividade.

Logo, foi possível perceber a relevância do uso das perspectivas pessoais para a análise de um objeto literário, concluindo que um leitor que transpõe suas pessoalidades ao analisar uma obra, indiretamente eleva as suas capacidades críticas perante a obra analisada e demais obras.

A aptidão literária se formou com a análise intertextual entre temas que circundam a literatura, com diferentes textos de diferentes tipologias textuais, mas que tinham temas em comum, no caso: o amor e a felicidade. Conforme previsto, os discentes sentiram dificuldades ao analisar os fragmentos das obras de José de Alencar e Machado de Assis, pautando-as em: a) vocabulário; b) enredo e c) leitura cansativa; mas conseguiram identificar a presença dos temas abordados pelo autor, a partir da leitura minuciosa de alguns trechos. O vocabulário também foi um obstáculo presente na análise das cantigas de amor, porém, com palavras que se aproximam do nosso vocabulário atual, os mesmos conseguiram identificar rapidamente o tema em questão e em seguida, compreenderam os contextos que entoam o Trovadorismo Português com uma breve explicação do professor. Houve maior facilidade nos contos de Lygia Fagundes Teles, Rubem Braga e no texto escrito por um dos autores deste artigo, embora nesse último houvesse resistências quanto ao vocabulário.

Vale ressaltar o avanço das capacidades ortográficas exercidas pelos discentes, durante o processo de recriação literária, no qual, eles deveriam recriar um desfecho para um dos contos de Rubem Braga. A atividade proporcionou a análise ortográfica dos mesmos, ao passo que eles transcreveram suas ideias em papéis e entregaram ao professor, para que o mesmo pudesse avaliar. Esta didática proporcionou a criação de diversos enredos que aguçaram a curiosidade de outros discentes e apontaram as capacidades criativas dos mesmos para o processo de recriação literária mantendo a originalidade do autor. Para esta atividade, foram usadas como base, as categorias da narrativa que dissertam sobre narrador, personagem, espaço e tempo, com uma breve explicação aos discentes antes do início do processo de reescrita dos enredos.

O uso dos contos de Braga e as tipologias textuais com temas em comum de modo a criar uma intertextualidade literária mostraram aos discentes a riqueza da disciplina de literatura e como a compreensão pode ser efetiva, se levarmos em conta, os estilos de autores, suas escolas literárias e épocas em que os textos foram escritos. Foi possível observar que a formação do leitor requer um dinamismo em leituras de materiais, como a realizada com os

(8)

contos, e que se torna indispensável levar os discentes a manter contato com textos de fácil compreensão com temas baseados em suas perspectivas pessoais e em seu cotidiano.

Tendo em vista os resultados aqui apresentados, torna-se coerente afirmar que os discentes mostraram-se lisonjeados com as atividades de recriação literária, que consideraram suas perspectivas pessoais durante toda a aplicação da pesquisa

Conclusão

O ensino de literatura ainda está cercado de pré-conceitos por parte dos discentes por induzirem que a disciplina é maçante e arcaica, portanto, cabe ao docente a missão de transpor conhecimentos de maneira dinamizada para elucidar os contextos literários que formam a história da literatura, apresentando de forma ativa seus autores (clássicos ou contemporâneos), correntes literárias e épocas de publicação. Para isso, o uso de autores contemporâneos, frente a uma realidade de baixo índice de leitura, torna-se indispensável. Do mesmo modo, a abordagem de temas que fomentam os processos de criação desses autores deve ser perpassada aos alunos como um elemento de discussão pessoal e literária com base nos conhecimentos prévios dos mesmos.

Conforme exposto, a leitura requer tempo e custo financeiro, mediante a uma realidade em que a tecnologia toma a maior parte do tempo dos jovens. Por outro lado, pode-se perceber que a aptidão para os âmbitos da leitura, requer efetiva participação do docente com didáticas atualizadas, principalmente para uma melhor apresentação da disciplina de literatura aos seus discentes em sala de aula, quebrando tabus e pré-conceitos, mediante a observação e investigação de um material literário adequado.

Em suma, o uso de contos modernistas de Rubem Braga neste artigo favoreceu a discussão literária em sala de aula. A facilidade de compreensão do enredo do material literário devido à ortografia e atualidade abordada na obra de Rubem Braga aproximou o discente da leitura, mostrando a ele, a necessidade de uma efetiva rotina literária para melhor compreensão das disciplinas em sala de aula, em especial as de língua portuguesa e literatura. Espera-se que a proposta apresentada neste artigo sirva de exemplo, ou respaldo, para que outros educadores possam aplicá-la ou, modificando-a, utilizá-la em suas salas de aula, tendo em vista, o décift de leitura muito presente em diversas realidades escolares do país.

Referências

COELHO, Luana e PISONI, Sileno. Vygotsky: sua teoria e influência na educação. Revista Modelos – FACOS/CNE C Osório. Ano 02 – Vol. 02 – Nº 02 – AGO / 2012. Disponível em

http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf. Acesso em 01.abr.2014.

FERNANDES, Daniela. Brasil melhora, mas ainda é um dos últimos em ranking de educação. BBC Brasil, dezembro de 2013. Disponível em:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/12/131203_ocde_educacao_fl.shtml acesso

em 03.jul.2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 1ª digitalização.Coletivo sabotagem, 2002. Disponível em

http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/pdf_bib.php?COD_ARQUIVO=17338 acesso

(9)

Bibliografia

CÂNDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. Ciência e cultura, São Paulo, v. 4, p. 803 – 809, set. 1972.

FERNANDES, Alessandra Coutinho. PAULA, Anna Beatriz. Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira: compreensão e produção de textos em língua materna e língua estrangeira. 1ª Edição. Curitiba – PR: ed. IBpex, 2008.

GARCIA, Julia. A Qualidade do novo. 2013. Revista Conhecimento Prático Literatura. São Paulo. Ed. Escala, n. 47, 12 set. 2013. 66 p.

GUINSKI, Lilian Deise de Andrade. Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira: estudos literários e culturais na sala de aula de língua portuguesa e estrangeira. 1ª Edição. Curitiba – PR: ed. IBpex, 2008.

Os melhores contos de Rubem Braga. Seleção de Davi Arrigucci Jr. Ed. Global, 11ª edição. São Paulo, 2001.

Anexo

ANEXO 01 – QUESTIONÁRIO INICIAL

Nome:__________________________________Série: 1º Em uma folha separada, responda a estas questões:

1. Escreva três gêneros de leitura que mais te agrada. 2. Dentre estes três gêneros, destaque um.

3. Qual a média de livros que você leu neste ano? 4. Você costuma ler reportagens na internet?

5. Você conhece o que é um conto? Ou uma crônica?

6. Você conhece o nome do autor que escreveu “Quincas Borba”? E “Dom Casmurro”? 7. Você conhece o nome da autora que escreveu a saga “Crepúsculo”? E “Harry Potter”?

(10)

Referências

Documentos relacionados

Nos tempos atuais, ao nos referirmos à profissão docente, ao ser professor, o que pensamos Uma profissão indesejada por muitos, social e economicamente desvalorizada Podemos dizer que

Nesse sentido, com a realização deste trabalho, objetivou-se avaliar a influência do nível de suplementação no terço final de gestação e início de lactação

Principais fontes de financiamento disponíveis: Autofinanciamento: (corresponde aos fundos Principais fontes de financiamento disponíveis: Autofinanciamento: (corresponde aos

Foi definida uma amostra não probabilística para tornar o estudo viável, pois o ramo de restaurantes de pequeno e médio porte é extenso na cidade de Chapecó.

Ao mesmo tempo ameaçando e reforçando a solidariedade social, a “exclusão” que é de ordem cultural e moral (mais do que material) põe em risco os laços que conectam

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

Atualmente os currículos em ensino de ciências sinalizam que os conteúdos difundidos em sala de aula devem proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades

A leitura em sala de aula para o aluno é uma novidade para o mesmo, pois nessa fase a criança está descobrindo e tem muito interesse em aprender