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Vista do Unidade de Conservação da Natureza, uma Ferramenta da Tecnologia Social Usada como Metodologia de Ensino de Ecologia Humana

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Academic year: 2021

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Biólogo, M.Sc. Ecologia, M.Sc. Ciência Ambiental e Dr. Ciências Sociais (Antropologia) Docente das Faculdades Integradas Teresa D´Ávila, Lorena, SP

Paulo Sergio de Sena

unidade de ConSerVaÇÃo da naTureZa,

uMa FerraMenTa da

TeCnologia SoCial uSada CoMo

MeTodologia de

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RESUMO

PalaVra CHaVe

Ciência&Tecnologia; Inovação; Tecnologia e Ensino; Educação Universitária

Este trabalho quer contribuir para as discussões sobre ensino-aprendizagem de Ciência & Tecnologia e Inovação no Ensino Superior. O modelo apresentado se mostrou inovador na medida em que além de tratar do ensino-aprendizagem envolvido com a pesquisa científica, também articulou o elemento Extensão Universitária. Para tanto, se utilizou de uma ferramenta da Tecnologia Social - Unidade de Conservação de Recursos Naturais como instrumento metodológico para a construção do conhecimento científico em Ecologia Humana. O modelo permitiu criar um ambiente de ensino-aprendizagem capaz de aproximar o universitário da produção do conhecimento, da reprodução do mesmo e do vínculo acadêmico com os grupos sociais envolvidos com o objeto de pesquisa.

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abSTraCT

This paper contributes to discussions on teaching and learning of Science & Technology and Innovation at the University. The model proved to be innovative because it worked with the teaching and learning involved in scientific research, also articulated the University Extension element toward the social groups involved with the object of study.For this purpose, we used a tool of Social Technology - Natural Resources Conservation Unit as a methodological tool for the construction of scientific knowledge in Human Ecology. The model could create an environment of teaching and learning which brought together the university’s knowledge production, reproduction and attachment of the same academic with the social groups involved with the research object.

keywordS

Science&Technology, Innovation, Technology and Education, Education at the University

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inTroduÇÃo

No final do Século XX e início do Século XXI o mundo foi surpreendido pela descoberta do ancestral humano mais antigo do que a tão badala Lucy de Learkey, se tratava de “Ardi”, um pseudônimo do Ardipithecus ramidus, encontrado na Etiópia, com cerca de 4,5 milhões de anos. A essa surpresa, com algumas controvérsias, se agregou, em 2001, outros fósseis encontrados no Chade, Sahelanthropus tchadensis, com idades próximas de 5,4 a 6,3 milhões de anos, se aproximando do momento da possível separação entre os hominídeos e os chipanzés. São achados magníficos da Ciência. No entanto ainda, enquanto humanos, estamos nos perguntando: O que nos faz humanos? Para muitos, no ambiente está a chave de nossa identidade.

Na busca da identidade humana, os grupos sociais vão se pensando enquanto seres vivos especiais e capazes de inovar sua forma de estar neste ou noutro planeta. Para tanto, desenvolvem ferramentas (tecnologias) para enfrentar os desafios que lhes são imputados todos os dias pelos elementos do ambiente que constituem o ecossistema particular dos humanos.

A Ciência & Tecnologia humanas estão na pauta da sobrevivência, respondem aos desafios e projetam novas possibilidades capazes de gerar inovações que dialogam com suas várias formas de pensar o viver. Nessa pauta há a inovação do conceito, entendido como ferramenta que pode usar tecnologias já disponíveis que se aplicam a ideias novas, distintas de tudo o que existe no cotidiano. Seguindo essa lógica da inovação conceitual, nesse espaço se pretende compreender uma velha ferramenta, a Unidade de Conservação da Natureza, como ferramenta social, que muito provavelmente, nos auxilia pensar o que nos faz humanos: o uso e o destino que imprimimos aos ambientes que interagem com cada indivíduo, grupos e sociedades humanas.

Explorar essa temática da tecnologia, inovação e ensino é ir além do conceito tradicional de cada referência humana. Assim, trazer o conceito e o concreto das Unidades de Conservação da Natureza como ferramenta de ensino traduz essa superação da referência

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humana técnica e projeta a preocupação da ciência e da tecnologia em inovar o olhar e incomodar as instituições estabelecidas quando tira os conceitos do lugar comum.

O objetivo deste trabalho é estimular a articulação de conceitos estabelecidos a respeito de Unidades de Conservação da Natureza, Tecnologia Social e Ensino-aprendizagem e criar lugares dialógicos num ecossistema humano.

Para “lugarizar” esse diálogo conceitual se tomará os conceitos de Unidades de Conservação, Tecnologia Social, Ecossistema humano e algum lastro significativo de teoria de ensino-aprendizagem para a Ecologia Humana, enquanto disciplina.

eCologia HuMana

A Ecologia Humana é um segmento dos estudos de Ecologia que emerge da Escola de Chicago nos anos pós-segunda grande guerra e que se agrega às abordagens de Ecologia Cultural, Ecologia Política entre outras para compreender as relações entre os seres humanos e seu ambiente natural.

Nessa trajetória surge a necessidade de se pensar no Ecossistema Humano. Primeiramente é pertinente lembrar que o termo “Ecossistema” foi tratado pela primeira vez em 1935 por Arthur Tansley com variações de denominações e conceitos. De modo geral, Ecossistema pode ser considerado como a unidade que agrega todos os organismos (biótico), que se encontram interagindo com o ambiente físico-químico (abiótico). Essa interação geral constitui um fluxo de energia e um ciclo de matéria capaz de manter a integridade do ambiente. (ODUM, 2001)

Portanto, um “ecossistema” é um conceito que envolve combinações complexas e dinâmicas que ocorrem no ambiente, das quais as unidades vivas ou não vivas dependem uma das outras. Para ilustrar o conceito, um exemplo comum de ecossistema: um campo onde os insetos polinizam flores e ervas, o gado se alimenta das plantas e seus dejetos servem de substrato para a decomposição por organismos contidos no solo, processo esse que permite nutrir

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a terra para que as plantas possam sobreviver e sustentar toda a estrutura biótica local.

Para a humanidade este conceito de ecossistema não é diferente, os seres humanos, como seres vivos, essa estrutura ecossistêmica oferece à humanidade uma infinidade de benefícios que passaram a ser conhecidos como “bens e serviços ecossistêmicos”. Os “bens” produzidos pelos ecossistemas incluem alimentos (carne, peixe, legumes, etc.), água, combustíveis e madeira, enquanto os “serviços” incluem o fornecimento de água e a purificação do ar, a reciclagem natural de resíduos, a formação do solo, a polinização e os mecanismos de regulação que a natureza, por si mesma, utiliza para controlar as condições climáticas e as populações de animais e outros organismos.

Em função dos usos dos serviços ambientais, numa síntese, quatro tipos diferentes de serviços foram identificados e nomeados por BISHOP e LANDELL-MILLS (2002):

a. Serviços de fornecimento: oferecem bens, como os alimentos, a água, a madeira, fibras, etc.;

b. Serviços de regulação: agem sobre o clima e a pluviosidade, a água (por exemplo, as inundações), os resíduos e a disseminação de doenças;

C. Serviços culturais: incluem a beleza, a inspiração e a recreação que contribuem para o nosso bem-estar espiritual;

d. Serviços de apoio: abrangem aqueles que sustentam a formação do solo, a fotossíntese e a renovação dos nutrientes, que estão na base do crescimento e da produção.

Com esse universo de possibilidades de criar olhares para o ecossistema humano, é importante compreender e desenhar formas de introduzir as metodologias de uso dos ambientes e seus recursos de forma mais pedagógica, isto é, mais sistematizada para que o aprendizado humano da vivência no ambiente seja sustentável. A Disciplina de Ecologia Humana dá o tom e busca esta metodologia, no sentido de articular o estudo da base territorial de um grupo social que sustenta, regula e dá apoio às condições de ocupação humana e dos outros seres vivos, bem como determina e possibilita (Teorias do determinismo e possibilismo) as atividades culturais humanas.

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Em Ecologia Humana, numa discussão de Ecossistema Humana, se explora do conceito de uso ecossistêmico como recurso cultural e se estabelecem as ferramentas de intervenção humana no ambiente, sustentado por grupos sociais distintos, em unidades territoriais de particular importância para a sobrevivência desses grupos, são as Tecnologias Sociais desenhadas para explorar os recursos do ambiente.

TeCnologia SoCial

Fica estabelecido como referencial para este trabalho que o Sistema Social é um conjunto de estruturas sociais que direcionam o fluxo e o uso dos recursos ambientais, se apresenta como um conjunto de instituições sociais, sob o conceito de estruturas com soluções coletivas para os desafios ou necessidades sociais universais referentes à justiça, religião e o sustento cotidiano por meio da agro-pecuária, manejo de recursos naturais, etc. Apresentam-se ainda, como padrão sistêmico com temporalidades que sustentam os ciclos sociais e a distribuição dos recursos, tidos como críticos.

Os padrões podem se apresentar como descritos por MACHLIS (1992):

a. Temporais Fisiológicos – exemplo, padrão diurno e noturno; b. Institucionais - definem períodos de pesca, caça, coletas, etc.; c. Alocação para uma área, por exemplo uma área natural protegida;

d. Mudanças no clima local; entre outras...

Os “ciclos sociais” são importantes componentes para se estabelecer os usos dos recursos naturais de uma região, principalmente porque estão inseridos em um ritmo coletivo cultural da comunidade, como exemplo suas festas, colheitas, estações de caça, etc.

O Sistema Social também desenha uma ordem social na forma de um conjunto de padrões culturais que organizam a interação entre indivíduos e grupos. Essa ordem social exibe mecanismos chaves para ordenar o comportamento humano, pois promove a identidade dos indivíduos (idade ou gênero, por exemplo), normas e hierarquias

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(relação de posse ou poder).

As Tecnologias Sociais são ferramentas do Sistema Social para gerar soluções coletivas aos desafios ou necessidades sociais, principalmente quando considera esta tecnologia como aquela que se ampara na condição de criar práticas que fomentam as interações entre estas tecnologias e os grupos sociais. Sob este eixo de ideias a respeito da tecnologia social é possível ir de encontro à proposta de RODRIGUES e BARBIERI (2008) quanto aos princípios, parâmetros e implicações que derivam do uso metodológico das concepções de tecnologia social sob o eixo interativo tecnossocial.

No recorte para esse trabalho, o foco fica para os princípios definidos por RODRIGUES e BARBIERI (2008), que mostra a aprendizagem e a participação social como processos que dão o tom da transformação educacional que requer uma ampla compreensão da realidade, o que evoca uma abordagem sistêmica que agrega as identidades dos grupos sociais locais, estabelecendo um estado de ordem social.

Os parâmetros que balizam a tecnologia social fornecem a capacidade crítica para com as ações sociais que possam ter suas origens a partir do processo de atender as demandas sociais concretas dos grupos sociais locais; dos processos de tomada de decisão que estão agregadas às estratégias que objetivam a mobilização e à participação da população; do protagonismo dos grupos sociais, quanto à participação, apropriação e aprendizado pertinentes; ao planejamento e aplicação do conhecimento de forma otimizada; e a sustentabilidade social, econômica, política, cultural e ambiental.

No que se refere às implicações do conceito de tecnologia social é pertinente ressaltar, para este trabalho, o modo operativo do processo ou produto social para com a intervenção sobre a realidade, principalmente porque estão balizados pelos ciclos sociais determinantes para o estabelecimento dos modos de uso dos recursos naturais de uma região protegida por Unidades de Conservação da Natureza e o processo de aprendizagem humana de manejo dos recurso naturais do ambiente.

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unidade de ConSerVaÇÃo

A Lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação - SNUC (BRASIL, 2000) foi criada, objetivando instituir o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e estabelecer critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação, esperando uma melhor gestão do patrimônio ambiental brasileiro. Portanto, o SNUC foi o instrumento legal, criado pela sociedade para Proteger os recursos naturais, em outras palavras, foi o instrumento legal que criou a Tecnologia Social Unidade de Conservação.

As Unidades de Conservação, definidas por Lei categorizaram-se em dois grupos: as unidades de proteção integral que objetivam preservar a natureza, permitindo somente o uso indireto dos seus recursos naturais; e as unidades de uso sustentável que combinam a conservação ambiental com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.

A diversidade etno-ecológica na realidade brasileira foi a protagonista da diversidade de categorias de Unidades de Conservação pelo país a fora. Unidades de Proteção Integral: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional ou Estadual, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. As Unidades de Conservação de Uso Sustentável: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Património Natural. Cada uma com suas particularidades e necessidades de tratamento social individualizado.

Para esse tratamento social individualizado, as Unidades de conservação são submetidas à um zoneamento ambiental, uma das formas de garantir a proteção dos recursos e o uso sustentável das áreas. De acordo com a THE WORLD CONSERVATION UNION – IUCN (2008), o estabelecimento de um plano de zoneamento tem os seguintes objetivos:

1. Promover a proteção dos ecossistemas e dos processos ecológicos;

2. Separar as atividades humanas conflitantes;

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4. Preservar algumas áreas no seu estado natural, permitindo apenas práticas científicas e educativas.

5. Segundo o IBAMA (2002), o zoneamento de Unidade de Conservação pode seguir os conceitos de:

6. zona intangível: é aquela dedicada à proteção integral dos ecossistemas, dos recursos genéticos e ao monitoramento ambiental;

7. zona primitiva: é aquela cujo objetivo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo, a promoção de atividades de pesquisa científica e educação ambiental;

8. zona de uso extensivo: tem o objetivo de manter um ambiente natural com impacto humano mínimo, mas com acesso ao público para fins de recreação e educação;

9. zona de uso intensivo: área onde concentra-se a infra-estrutura de visitação da unidade, como centro de visitantes, museus e estabelecimento de serviços;

10. zona histórico-cultural: é aquela cujo objetivo é a proteção de sítios arqueológicos, paleontológicos e históricos, de forma harmônica com a conservação ambiental;

11. zona de recuperação: é uma zona provisória cujo objetivo é a restauração das áreas degradadas. Quando o objetivo é cumprido, a área passa a integrar uma outra zona;

12. zona de uso especial: área onde concentra-se a infra-estrutura administrativa da unidade;

13. zona de uso conflitante: espaços cujos usos, estabelecidos antes da criação da unidade, conflitam com seus objetivos de conservação. São áreas ocupadas, em geral, por empreendimentos de utilidade pública, como linhas de transmissão, oleodutos, antenas, barragens, estradas e cabos óticos;

14. zona de ocupação temporária: áreas onde se concentram as populações residentes. Uma vez essas populações reassentadas em outro local, essa área passa a uma outra zona;

15. zona de superposição indígena: áreas onde há terras indígenas, homologadas ou não, sobrepostas a unidade de conservação.

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Nesse caso, o Roteiro recomenda uma negociação, caso a caso, envolvendo o povo indígena, a Funai e o órgão ambiental; 16. zona de interferência experimental: zona específica para

as estações ecológicas, consiste em no máximo 3% da unidade, não podendo superar 1.500 hectares. Seu objetivo é o desenvolvimento de pesquisas comparativas em áreas protegidas.

17. Esse processo de zoneamento de uma Unidade pode se constituir em um elemento de conflito social. Por exemplo, quando unidades de proteção integral são implantadas em áreas que há populações residentes ou usuárias de recursos naturais. O instrumento de zoneamento passa a ser a chave para amenizar ou acirrar os conflitos pelo uso dos recursos. É com essa problemática que neste trabalho se quer explorar o uso dessa tecnologia social Unidade de Conservação para se tratar dos temas que compõem as discussões da Ecologia Humana.

enSino de eCologia HuMana

Numa estrutura curricular da Disciplina de Ecologia Humana que dialoga com o Curso de Ciências Biológicas ou Biologia, é possível verificar os seguintes conteúdos:

1. Organização e Complexidade do Ambiente; 2. Abordagens da Ecologia Humana;

3. Uso do Habitat, teoria de nicho e aspectos bioculturais humanos;

4. Modelos ecológicos: forrageamento ótimo;

5. Populações humanas e funcionamento dos ecossistemas; 6. Bases biológicas do Comportamento Humano;

7. Modelos de transmissão cultural e Ecologia Humana; 8. Etnobiologia e Etnoecologia;

9. Recursos comuns e conservação.

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se presta a várias possibilidades pedagógicas. No entanto, o uso da metodologia de ensino: ENSINO COM PESQUISA pode contribuir para ratificar o tripé da Universidade: ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO.

Associar a utilização dos princípios da construção do conhecimento científico como metodologia de aprendizagem cria-se uma concepção de conhecimento e ciência que estimula a dúvida e a crítica, elementos fundamentais para a iniciação científica e da pesquisa. É uma oportunidade de assumir um tipo de estudo que privilegia situações construtivas e significativas, exigindo compromisso, foco e autonomia. O desafio é fazer o rito de passagem da simples reprodução do conhecimento para um produzir conhecimento.

Para tornar visível tal metodologia, este trabalho quer mostrar um momento pedagógico dentro da Disciplina de Ecologia Humana, desenvolvida no Curso de Licenciatura em Biologia, nas Faculdades Integradas Teresa D´Ávila, em Lorena, São Paulo. A abordagem se dá no tópico de conteúdos: Recursos comuns e conservação. Nesse tópico, como derradeiro da disciplina, é o momento da reflexão sobre a conservação dos recursos comuns aos grupos sociais e para a manutenção da base territorial que sustenta a cultura daqueles grupos.

A proposta metodológica se dá segundo o modelo que se segue: 1. A disciplina já vem trabalhando com essa metodologia

para outros tópicos, assim, não há novidade sobre a forma de aplicar a coleta de dados. No entanto, para efeito desse trabalho, é pertinente discutir um pouco sobre as formas de coleta de dados em Ecologia Humana (observação direta ou indireta; pesquisa participativa; aplicação de questionários; entre outras.);

2. Distribuir aos alunos um instrumento de coleta de dados sobre Unidade de Conservação (de preferência de Proteção Integral) há duas semanas que antecedem a aula. Solicitar que os dados sejam entregues na próxima semana, há uma semana da aula, pois dará tempo para sistematizar os resultados e preparar a aula a partir dos dados coletados;

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Modelo de inSTruMenTo de ColeTa de dadoS:

Tema: Unidade de Conservação e Ecossistema Humano

Considerando uma amostra n = 10 de pessoas adultas de ambos os sexos, pesquise sobre suas relações com as Unidades de Conservação.

3. Após a devolução do instrumento de coleta de dados pelos alunos se dá a sistematização dos dados que devem ser apresentados em aula para discussão. Segue um modelo de respostas e apresentação de uma das turmas de Ecologia Humana de 2011.

1. Você sabe o que é uma Unidade de Conservação?

Sim Não (Se sim responda as próximas questões) 2. Você já foi à uma Unidade de Conservação?

Sim Não

3. Você já foi a uma Unidade de Conservação? Não Sei

Preservação e Conservação da Biodiversidade Lugar de Natureza

Lugar para as pessoas morarem

Lugar de exploração comercial/turístico Lugar de contato com a natureza Outro:

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4. Com esses resultados é possível iniciar uma discussão sobre o ecossistema humano e os serviços ambientais desenvolvidos a partir da ferramenta social Unidade de Conservação:

1. Serviços de fornecimento: As unidades de Conservação são importantes para manter a qualidade dos recursos naturais (bens - alimentos, a água, a madeira, fibras, etc.) para o ecossistema humano;

2. Serviços de regulação: São necessárias pois contribuem para criar um gradiente que age sobre o clima e a pluviosidade, a água (por exemplo, as inundações), os resíduos e a disseminação de doenças;

3. Serviços culturais: São as instâncias que garantes a sobrevivência da base territorial que alimenta os modos de uso dos recursos naturais pelos grupos sociais;

4. Serviços de apoio: As áreas de proteção ambiental sustentam a formação do solo, a fotossíntese e a renovação dos nutrientes, que estão na base do crescimento e da produção.

5. A ferramenta Unidade de Conservação da Natureza reserva em sua concepção a zonação, um exercício absolutamente importante para explorar a convivência humana com as áreas naturais que necessitam proteção. Criar um mapa ou um modelo gráfico que demonstre a presença humana no ambiente e seus usos é um exercício de aprendizado do uso de tecnologia a partir da aquisição de conhecimento junto aos grupos sociais;

6. Ao término da exposição e discussão se pode fazer um fechamento a partir de um relatório que interfacia os resultados de cada aluno com o resultado da sala de aula como um todo, é o momento de abstração e considerações finais;

ConSideraÇõeS FinaiS

O que se quis apresentar nesse trabalho foi a inserção real do ensino com iniciação à pesquisa na Universidade. Esse procedimento oferece ferramentas para que os graduandos adquiram alteridade

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e responsabilidade em produzir novos conhecimentos e possam desenvolvam cada disciplina como instrumento de tomada de decisão na busca da solução para os problemas (problema de pesquisa) até o esgotamento das informações. É uma das ferramentas que se mostrou eficaz para o desenvolvimento de trabalho intelectual sob supervisão e orientação do professor.

O que se destacou nesse trabalho foi o uso de uma Tecnologia Social, que além de tratar de um tema técnico-científico, aproximou os graduandos da realidade social que estava no entorno do objeto de pesquisa. Neste contexto do ensino com iniciação científica foram tratados alguns princípios fundamentais:

1. O conteúdo como conhecimento provisório, não acabado, necessitando de atualização do referencial teórico, que somente será possível a partir dos resultados de novas investigações; 2. A importância de se tratar os conteúdos como temas para novos

estudos, com o intuito de reformular o existente com novas perspectivas;

3. Adotar atitude científica: 1.Usar os critérios de probabilidade, plausibilidade, demonstração, evidência lógica e empírica para validação do novo conhecimento; 2. Formar pesquisadores iniciantes com disciplina e persistência na busca de dados ou informações; 3. Exercitar o processo de observação, da constância da leitura, dos princípios de redação científica, da metodologia da análise e da síntese;

4. Valorizar o modelo de ciência que estabelece um diálogo real com os grupos sociais envolvidos com o problema de pesquisa.

Para materializar esse projeto de pensar metodologias de ensino-aprendizagem que interfacie ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO é necessário investir no cotidiano pedagógico com uma atitude de busca de equilíbrio entre a reprodução das informações existentes e as novas que emergem da pesquisa com metodologia científica apropriada, no desenvolvimento de pensamento claro, crítico, construtivo e com alteridade.

Há a possibilidade de se aproximar, com todo o cuidado pedagógico que se exige no tratamento do nível de ensinagem da Graduação Universitária, do diferencial do ensino para pesquisa, desenvolvido na pós-graduação,

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quanto à alteridade do pesquisador, o que exige uma ação docente com abordagens que enfatizem a construção das atitudes científicas, como tratadas por Niuvenius (1992).

O destaque deste trabalho foi para as ferramentas sociais desenvolvidas pela Tecnologia Social, mais particularmente o uso da ferramenta Unidade de Conservação da Natureza e a aproximação do processo de construção do conhecimento com o envolvimento tanto da mobilização, como da construção e elaboração da síntese do conhecimento. O diferencial ficou por conta do tratamento dado ao vínculo do papel acadêmico e a construção da realidade ou de uma versão sobre ela, incluindo nessa realidade o vínculo social da pesquisa científica.

reFerênCiaS

BISHOP, J., LANDELL-MILLS, N. Forest environmental services: an overview. In: PAGIOLA, S., BISHOP, J., LANDELL-MILLS, N. (ed). Selling forest environmental services. London: EARTHSCAN, 2002.

BRASIL. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000. Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), 2000

IBAMA, 2002. Roteiro metodológico de planejamento-parque nacional, reserva biológica, estação ecológica. IBAMA, Brasília.

NIUVENIUS, Paoli. Ensino com pesquisa. anais do V Forum da Pro- reitoria de graduação da uFPr, 1992

ODUM, EP. Fundamentos de ecologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

MACHLIS, G. E. The contribution of sociology to biodiversity research and management. biological Conservation 61:161-170, 1992.

MACHLIS, G.E., FORCE, J.E. e BURCH Jr., W.R. O ecossistema humano parte I: O ecossistema humano como um conceito organizador no manejo de ecossistemas. Societ & natural resources 10(4): 347-367, 1997.

RODRIGUES, I. e BARBIERI, J.C. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. revista de administração Pública, Rio de Janeiro 42(6):1069-94, 2008.

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