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Trabalhando com o lúdico: motivação nas aulas de língua estrangeira para crianças. Temática: Aquisição de linguagem, variação e ensino: um balanço

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Academic year: 2021

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¹ Acadêmica do 9º Semestre do Curso de Letras Português/ Espanhol – Campus Jaguarão ² Acadêmica do 3º Semestre do Curso de Letras Português/ Espanhol – Campus Jaguarão

Trabalhando com o lúdico: motivação nas aulas de língua estrangeira para crianças

Deise Anne Terra Melgar (UNIPAMPA)¹ Vanessa David Acosta (UNIPAMPA)² Orientadora: Cristina Pureza Duarte Boéssio

Temática: Aquisição de linguagem, variação e ensino: um balanço

Resumo: Certamente a maioria das pessoas já ouviu dizer que aprender uma língua estrangeira ainda criança é mais fácil, ou que as crianças aprendem melhor ou mais rápido uma língua estrangeira que os adultos. A veracidade dessas afirmações até pode ser discutida, mas ao participar de um projeto de extensão da Universidade Federal do Pampa – campus Jaguarão, que trabalha com o ensino de Espanhol para crianças, percebemos que, quando há uma abordagem adequada, que motive os alunos, o ensino se torna mais prazeroso para eles. O referido projeto, “Español Básico para Niños”, tem o objetivo de ensinar essa língua estrangeira a crianças das séries iniciais do ensino fundamental, com o uso de atividades lúdicas ancoradas na oralidade, em um ambiente de imersão na língua alvo, pois acreditamos que uma criança nesta faixa etária, que ainda não está totalmente alfabetizada em sua língua materna, poderá ter maior dificuldade de aprender a língua estrangeira. Por isso trabalhamos na perspectiva de aquisição da língua estrangeira (CARIONI, 1998) semelhante ao que acontece com a língua materna no ambiente familiar, antes de a criança ingressar na escola. Portanto, a partir de observações realizadas nas aulas do projeto e de leituras teóricas sobre a temática, pretendemos analisar de que forma a abordagem utilizada nas aulas de língua estrangeira influencia a motivação das crianças.

Palavras-chave: motivação; crianças; língua estrangeira.

Introdução

No ano de 2007 teve início na Universidade Federal do Pampa, campus Jaguarão, o projeto de pesquisa “O futuro docente de língua espanhola e as séries

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iniciais do fundamental – aprendizagem/aquisição através de canções”, que tinha como principal objetivo estudar métodos de ensino de língua estrangeira para crianças dos anos iniciais da educação básica. A partir desse projeto de pesquisa, foi criada a disciplina optativa “Espanhol através de canções”, que tinha como foco de estudo, o ensino do idioma através de canções, de forma prazerosa e lúdica. Nessa disciplina, eram discutidas a adequação das canções aos objetivos, ao público alvo e a utilização dessas canções como textos autênticos. Posteriormente foi criada outra disciplina optativa chamada “O ensino de língua estrangeira nas séries iniciais do fundamental”, que tinha o objetivo de refletir sobre como ensinar a língua espanhola a crianças dos anos iniciais da educação básica, utilizando recursos como canções, vídeos, jogos e histórias.

A partir dessa disciplina foi criado, então, o projeto de extensão “Español Básico para Niños”, no qual, eram colocados em prática os estudos da disciplina. As aulas eram ministradas por alunos dos cursos de Letras e Pedagogia participantes do projeto de pesquisa, juntamente aos alunos da disciplina. Com o grande êxito obtido pelo curso e com os pedidos dos alunos e de seus pais, se deu continuidade ao projeto e foram criados os níveis II e III.

Nas aulas do projeto de extensão se busca criar um ambiente de imersão da língua espanhola, partindo do cotidiano do aluno, de suas necessidades e desejos, para que ele adquira o novo idioma. Para isso, utilizamos recursos como canções, vídeos e jogos em atividades lúdicas que despertem o gosto das crianças pelo espanhol.

O ensino de espanhol

Em nossa vida escolar, na qual estivemos expostas quase que exclusivamente ao método de ensino de espanhol que utilizava principalmente a gramática e tradução de textos, não víamos um resultado satisfatório nas aulas, que eram descontextualizadas, uma vez que a cada encontro um novo assunto era introduzido sem que tivesse conexão com o que foi visto anteriormente, não estimulava a participação ativa e nem as contribuições dos alunos.

Ao entrarmos na universidade, pudemos perceber, a partir das leituras teóricas que começávamos a fazer, de um aprofundamento na aprendizagem de

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Espanhol e de uma exposição maior ao assunto, que o ensino que tivemos na escola foi deficitário e pouco produtivo, uma vez que o aprendido não era usado em situações reais e não era condizente com a importância que este ensino vem adquirindo nas últimas décadas.

Com a criação do MERCOSUL, e, mais recentemente, com a lei 11.161, de 5 de agosto de 2005, que obriga a oferta dessa disciplina na grade curricular do ensino médio e que estipula o ano de 2010 como prazo para todas as escolas se adequarem, o espaço e a procura pelo aprendizado do Espanhol vem aumentando. Fernández (apud SALINAS, 2005, pág. 54) aponta que se pode “verificar um aumento no interesse dos brasileiros pela língua espanhola manifestado pela demanda de vagas nos centros de estudo desse idioma e pela inclusão como disciplina nos currículos educacionais”.

Por sua vez, as escolas e centros educacionais, principalmente os particulares, que já ofereciam essa disciplina, passaram a disponibilizar este ensino cada vez mais cedo, desde o início da educação infantil, como é o caso da escola particular Nelson Wortman, a cidade de Jaguarão/RS de onde escrevemos, que oferece o ensino de espanhol em todos os níveis dos ensinos fundamental e médio. O ensino de línguas estrangeiras, desde as séries iniciais pode ser prejudicial ao aprendizado da criança, dependendo da abordagem utilizada em aula, já que nessa fase ela ainda não foi totalmente alfabetizada na sua língua materna e pode confundir e misturar os dois idiomas e/ou retardar sua alfabetização na língua materna.

Como a demanda de mercado tende a seguir esse rumo e nossa formação docente não nos preparava para trabalhar com crianças das séries iniciais do ensino fundamental, passamos a procurar e estudar novas abordagens para entender como se dá o processo de ensino/aprendizagem de língua estrangeira para crianças de 7 a 9 anos.

Em nossa pesquisa encontramos o teórico Krashen e suas 5 hipóteses sobre aquisição de segundas línguas: a do input, que se refere a informação nova na língua alvo, sempre em grau além do estágio atual em que se encontra o indivíduo, e quanto maior e melhor for o input que o aluno receber, melhor será seu output; a do filtro afetivo, que se refere a resistência do indivíduo em relação à língua estrangeira, ou seja, quanto mais positiva for a atitude do aluno em relação à língua

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estrangeira, mais favorecida será a recepção do input; a da ordem natural, que afirma que as regras da nova língua que são adquiridas em uma ordem previsível, não dependendo da ordem em que essas regras são ensinadas na sala de aula; a da distinção entre aprendizagem e aquisição, que diz que aprender um idioma pressupõe um conhecimento formal sobre esse idioma, exige um esforço consciente, e que adquirir o idioma é algo natural, inconsciente, que se dá com a interação; e a do monitor, que pressupõe que quando o indivíduo já possui um aprendizado e dentro de um determinado contexto “erra”, o inconsciente identifica automaticamente o “erro”. Dessas hipóteses consideramos essenciais para o nosso estudo, a da distinção entre aquisição e aprendizagem, a do input e a do filtro afetivo, por versarem sobre a aquisição inicial da língua estrangeira, foco do nosso trabalho no projeto de extensão.

Em nossa busca por teóricos também encontramos Jonhson, que nos diz que os professores de língua estrangeira devem agir como os “cuidadores de niños”, já que esses, ao interagir com as crianças, não impõem regras nem começam sua fala de um nível mais fácil até um mais difícil, mas as expõem ao todo da língua, simplesmente começando em um nível lexical menos complexo, o que se aproxima muito a hipótese da ordem natural de Krashen.

Situações reais de comunicação

No projeto Español básico para niños, o principal foco é trabalhar com a oralidade na perspectiva de aquisição da língua estrangeira, para isso utilizamos recursos como canções, vídeos, jogos, de maneira lúdica para estimular essa aquisição. O uso de canções no ensino de língua estrangeira nos parece favorável, pois segundo Boéssio (2010),

as canções são facilitadoras para o desenvolvimento da compreensão auditiva, servindo como input para o desenvolvimento da oralidade e para a aquisição da língua como um todo, de forma prazerosa, lúdica e natural. As canções são retidas com facilidade e ficam guardadas na memória por bastante tempo, facilitando a aquisição do ritmo e de aspectos fonéticos e fonológicos, gramaticais, sintáticos e lexicais. (BOÉSSIO, 2010, p.87-88)

Observando as diversas turmas que passaram pelo projeto, percebemos que as canções realmente ficam gravadas na memória das crianças, fazendo com que

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elas, associem e gravem as informações aprendidas no decorrer dos básicos. Por exemplo, um aluno que participa do básico I e aprende algumas canções, ao chegar ao básico III, lembra de detalhes dessas canções, mesmo depois de bastante tempo.

Ao longo dos básicos, trabalhamos com a retomada de conteúdos, tanto de um básico para outro, como a retomada da aula anterior, por exemplo. Nessas retomadas são utilizadas canções já trabalhadas, para que os alunos possam associar o conteúdo que já aprenderam. Pensamos que assim os alunos conseguem lembrar com mais facilidade as coisas que trabalharam na aula anterior.

No projeto também procuramos fazer, em cada aula, um link com a atividade da aula anterior, para que os alunos possam atribuir significado ao que estão aprendendo, e para que as aulas não fiquem fragmentadas, sem uma ligação entre uma e outra, com conteúdos soltos.

Quando usamos os jogos temos o objetivo de promover a interação, e percebemos que conseguimos alcançar nossa meta quando se trata da interação aluno x professor, e em atividades planejadas antes das aulas entre aluno x aluno, em um diálogo, por exemplo. Porém, notamos que, quando se tratam de atividades cujo diálogo não é foco, a interação entre os alunos se dá na língua materna.

Notamos que muitas vezes os alunos quando não estão participando de alguma atividade que o professor está realizando, atividades em que os alunos precisam conversar entre si, mas sem que o professore esteja monitorando, a comunicação acontece na língua materna.

Motivação

O objetivo desse trabalho é analisar de que forma a abordagem utilizada nas aulas de língua estrangeira influencia a motivação das crianças, a partir de observações realizadas nesse projeto.

Segundo Schütz,

A motivação pode ser definida como o conjunto de fatores circunstanciais e dinâmicos que determina a conduta de um indivíduo. (...) A origem da motivação é sempre o desejo de se satisfazer necessidades. (...) Essa tendência integrativa da pessoa é o principal fator interno ativador da motivação para muitos de seus atos. Por exemplo, se estivermos em um

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ambiente caracterizado pela presença de uma língua estrangeira, naturalmente teremos uma forte e imediata motivação para assimilarmos essa ferramenta que nos permite interagir no ambiente, dele participar e nele atuar. (SCHÜTZ, 2003, p. 1)

Percebemos o quanto é importante criar-se um ambiente de imersão na língua alvo para que a aquisição dessa língua se dê de forma mais natural possível. Acreditamos que a aquisição só se dá quando o indivíduo sente a necessidade de interagir com os outros falantes da língua. Por isso, no projeto, os professores utilizam a língua alvo em todas as situações de comunicação para ministrar as aulas. Concordando com Schütz, afirmamos que as atividades devem ocorrer em um ambiente o mais próximo possível do real, procurando falar na língua alvo, para que o grau de motivação seja alto, porque se o ambiente for muito formal e pouco autêntico, sem materiais no idioma, por exemplo, o nível de motivação será baixo, como acontece, por exemplo, quando pensamos em um plano com atividades que já realizamos anteriormente e que nele não foram visados os interesses reais dos alunos.

Notamos que quando trabalhamos com atividades como canções e jogos, os alunos sentem-se mais motivados a realizar tais atividades, isso acontece, porque tais atividades se aproximam mais da vida real do aluno. Diferente do que acontece quando realizam atividades em que são solicitados a descrever alguma coisa, por exemplo. Confirmamos o êxito de nossas atividades quando lemos em Schütz que

A pessoa que tiver oportunidade de ter contato com a língua estrangeira em situações reais de comunicação, em ambientes autênticos dessa língua e de sua cultura, onde a língua está presente como meio de interação e não ausente, ministrada em doses pequenas e amargada pela repetição mecânica descontextualizada, ou pela dissecação gramatical, vai certamente alcançar fluência. (SCHÜTZ, 2003, p. 1)

Outra atividade que motiva muito os alunos, e por isso muito exitosa, são as visitas que fazemos à cidade de Rio Branco/Uruguai. Por se tratar de uma cidade de fronteira, Jaguarão nos dá a possibilidade de fazermos incursões aos. Ao final da cada ciclo de três ”básicos”, levamos os alunos para fazer compras na cidade vizinha, com o objetivo de promover uma interação real em língua espanhol.

Para que essa interação ocorra de fato, os estudantes são estimulados a perguntar aos atendentes do comércio visitado o valor de determinada mercadoria, a pedir determinado produto, e por fim, os próprios alunos vão ao caixa para pagar por

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essas mercadorias. Vale ressaltar que nas aulas anteriores ao passeio as crianças são apresentadas à moeda uruguaia, aprendem que seu valor é distinto da nossa, simulam as situações de compra em sala de aula, com objetos reais ou folders de mercados, com a finalidade de desenvolver um maior conhecimento e aumentar sua desenvoltura para a atividade que vão realizar a seguir.

E para finalizar o passeio, geralmente fazemos um piquenique na praça de Rio Branco, também estimulando, assim, a interação das crianças brasileiras com as uruguaias.

Isto nos leva à conclusão de que, devemos pensar a motivação como um fator importante na aquisição de uma língua estrangeira, que favorece o aluno em sua aprendizagem/aquisição. Pensamos que ela deve ser parte do planejamento do professor, e que esse não deve esperar que aconteça somente por parte do aluno. Ou seja, o professor ao propor uma atividade em seu planejamento, deve pensar na motivação que essa atividade proporcionará ao aluno.

Referências bibliográficas

BOESSIO, Cristina Pureza Duarte. Práticas docentes com o ensino da língua espanhola nas series iniciais, 2010. Disponível em:

<http://taniaporto.dominiotemporario.com/doc/TT_2010_Cristina.pdf> acesso em: 14/03/2012.

CARIONI, Lilia. Aquisição de segunda língua: a teoria de Krashen. In: BOHN, Hilaric; RICHARDS, Jack C; LOCKHART, Charles. Estrategias de reflexión sobre la

enseñanza de idiomas. España: Cambrige University Press, 1998.

JOHNSON, K. Aprender y enseñar lenguas extranjeras: una introducción. México: Fundación de Cultura Económica – FCE, 1997.

Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº 11.161, DE 5 DE AGOSTO DE 2005. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11161.htm> Acesso em 24 nov. 11.

SALINAS, Arturo. Ensino de espanhol para brasileiros: destacar o uso ou a forma? In: SEDYCIAS, João [org.]. O ensino do espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

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SCHÜTZ, Ricardo. A Evolução do Aprendizado de Línguas ao longo de um Século, 2007. Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-apren.html>. Acesso em: 18/06/2012.

______. Motivação e Desmotivação no Aprendizado de Línguas, 2003. Disponível em <http://www.sk.com.br/sk-motiv.html>. Acesso em 18/06/2012.

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