Direito do Consumidor
(Lei n. 8.078 de 11 de setembro de 1990)
Fernanda Theophilo Carmona Kincheski
Partes na Relação de Consumo
Consumidor:
Art. 2. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo Único: Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Fornecedor:
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
* REAL – participa da cadeia produtiva
Tipos de * PRESUMIDO – coloca sua logomarca
Fornecedor no produto, mesmo sem produzi-lo * APARENTE – é o comerciante, o
importador (são intermediantes)
* PADRÃO/REAL – é o destinatário final que retira o produto ou serviço do mercado de
Tipos de consumo através de sua aquisição ou
Consumidor utilização (art.2º)
* EQUIPARADO – coletividade que haja intervindo na relação de consumo
(parágrafo único do art.2º), vítimas do evento danoso (art.17), à coletividade (art.29)
Relação de consumo:
É aquela realizada entre o consumidor que adquire ou utiliza produtos ou serviços do fornecedor
JURISPRUDÊNCIA RELAÇÃO DE CONSUMO Produtor Agrícola – Compra de Adubo
Código de Defesa do Consumidor – Destinatário final: conceito – Compra de adubo – Prescrição – Lucros cessantes. 1. A
expressão “destinatário final”, constante da parte final do art. 2 do CDC, alcança o produtor agrícola que compra adubo para o preparo do plantio, à medida que o bem adquirido foi utilizado pelo profissional, encerrando-se a cadeia produtiva respectiva, não sendo objeto de transformação ou beneficiamento.
(STJ – 3a. T. – REsp 208793/MT – j. 18.11.1999 – rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito)
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR
a) da vulnerabilidade do consumidor – O consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo, merecendo especial proteção do Estado.
b) do intervencionismo do Estado – Para garantir a proteção ao consumidor, não só com a previsão de normas jurídicas, mas com um conjunto de medidas que visam o equilíbrio das relações de consumo, coibindo abusos, a concorrência desleal e quaisquer outras práticas que possam prejudicar o consumidor. c) da harmonização de interesses – Visa garantir a
compatibilidade entre o desenvolvimento econômico e o atendimento das necessidades dos consumidores, com respeito à sua dignidade, saúde e segurança.
d) da boa-fé e equidade – Garante o equilíbrio entre consumidores e fornecedores, buscando a máxima igualdade em todas as relações, com ações pautadas na veracidade e transparência. e) da transparência - Garantido pela educação para o consumo e, especialmente, pela informação clara e irrestrita ao consumidor e ao fornecedor sobre seus direitos e obrigações.
Direitos Básicos:
O Código de Defesa do Consumidor, entre outras
finalidades, visa proteger o consumidor quanto: – aos prejuízos à saúde e segurança.
– à educação sobre o consumo adequado. – à informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, sua quantidade, características, composição, qualidade e preço. – à publicidade enganosa e abusiva
– modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou excessivamente onerosas.
– efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais.
– acesso aos órgãos judiciários e administrativos. – facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, observada a verossimilhança e a
Responsabilidade pelo Fato do Produto ou Serviço
O fabricante, o produtor, o construtor e o
importador, respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados ao
consumidor por defeitos:
– de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulações, apresentação ou acondicionamento de produtos, por informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização ou riscos.
Defeito
– O defeito que dá margem à reparação do dano não é o defeito estético, mas o
defeito de substância, de concepção
– É aquele que atinge a incolumidade física e ou psíquica do consumidor.
Direito:
indenização por danos materiais(físicos), morais (psíquicos) causados ao consumidor.
JURISPRUDÊNCIA Acidente de consumo
Responsabilidade civil – Agência de viagens – CDC – Incêndio em embarcação. A
operadora de viagens que organiza pacote turístico responde pelo dano decorrente do incêndio que consumiu a embarcação por ela contratada. Passageiros que foram obrigados a se lançar ao mar, sem proteção de coletes salva-vidas, inexistentes no barco. Dano moral fixado em valor equivalente a 400 salários mínimos. Recurso não conhecido.
(STJ – REsp 291384/RJ – rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar – j. 15.05.2001)
JURISPRUDÊNCIA
Dano moral – Indenização – Consumidor que ingere refrigerante estragado – Verba devida independentemente de ter havido ou não prejuízo material. Ementa: Sofreu, o
autor, sem dúvida, dano moral, consistente na dor psicológica de saber ter ingerido refrigerante estragado, dentro do qual havia um batráquio em putrefação, fato notoriamente suficiente para uma grande repugnância,o que lhe causou, além de nojo e humilhação, a preocupação com a sua saúde, ao ponto de procurar socorro médico. Deve, pois, ser indenizado de tal dano...
(TJSP – 2a. Câm. Cív. – Ap.Cív. 215043-1/2 – rel. Des. Lino Machado – j. 07.03.1995)
Responsabilidade por Vício do Produto ou do Serviço
Qualidade e quantidade
– Os fornecedores respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade e quantidade que tornem o produto
impróprio ou inadequado ao consumo, ou lhe diminuam o valor.
– O vício de qualidade atinge a estética, o funcionamento ou a qualidade do
Responsabilidade por Vício do Produto ou do Serviço
Direitos
– Não sendo sanado o vício, em 30 dias, pode o consumidor exigir:
A substituição do produto.
A restituição da quantia paga.
Responsabilidade por Vício do Produto ou do Serviço
Serviços
– Igualmente respondem pelos vícios de qualidade os fornecedores de serviços e pela disparidade com as indicações
publicitárias, podendo exigir:
Restituição imediata da quantia paga. O abatimento do preço.
JURISPRUDÊNCIA VÍCIO
Cancelamento de Vôo – Serviço inadequado
Transporte aéreo – Ação indenizatória – Cancelamento de vôo – Dano moral, material e lucros cessantes – Convenção de Varsóvia – CDC... É de ser reconhecida a responsabilidade da
empresa aérea em indenizar os danos causados aos passageiros, em virtude de cancelamento de vôo, cujas circunstâncias não restaram comprovadas nos autos. Responsabilidade objetiva do fornecedor, de acordo com o CDC... Danos morais devidos, face os transtornos a que submetidos os demandantes, assim como os lucros cessantes, em razão de compromissos profissionais de alguns dos autores... (TJRS – 12a. Câm. – Ap.Cív. 70000490128 – rel. Des. Orlando Heemann Júnior – j. 14.09.2000)
Fato
Art. 12/17
Ofende a integridade física
ou psíquica
Conceito: acidente de consumo Consumidor real é a vítima
Prazo prescricional 5 anos (art. 27) Responsabilidade é do fornecedor real.
Fornecedor aparente será responsável nos
casos do art. 13
Direito: indenização pelos danos
materiais e morais Vício • Art. 18/25 • Ofende a integridade econômica • Conceito: problema de qualidade/quantidade • Consumidor padrão
• Prazo decadencial: 30 dias para não duráveis e 90 para duráveis (art. 26)
• Responsabilidade solidária de todos os fornecedores da cadeia de produção
• Direito: opções do § 1º art. 18 e incisos do art. 19
Regra da responsabilidade civil no
CDC: objetiva
Exceção para os profissionais liberais,
que dependem da comprovação de
culpa
Garantia Legal de Adequação para Vício no Produto ou Serviço - art. 24 c/c 26 e 50
Garantia legal para produtos ou
serviços não-duráveis: 30 dias
Garantia legal para produtos ou
Garantia Legal de Adequação para
Fato do Produto ou Serviço
Art. 27. Prescreve em cinco anos a
pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Garantia contratual
É dada pelo fornecedor real, mediante
termo expresso e complementa a
garantia legal (art. 50)
OFERTA
Publicidade é uma das formas mais
comuns de oferta, ocorrendo através de anúncios nos meios de comunicação escritos, televisão, rádio, folhetos, rótulos, embalagens.
Oferta é qualquer informação prestada ao
consumidor, seja ela dada pela gerente do banco, pelo funcionário do atendimento telefônico, ou seja é qualquer informação prestada ao consumidor, por qualquer meio de comunicação escrita, verbal, gestual etc
Art. 30. Toda informação ou publicidade,
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
PUBLICIDADE
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
Obs:
Crime previsto nos artigos 66 ao 68 do CDC
Sanções
Responsabilidade civil e penal
Sanções administrativas: multas, apreensão
do produto, cassação do registro do produto em um órgão competente, suspensão temporária do fornecimento ou do serviço, suspensão temporária das atividades, cassação da licença do estabelecimento, interdição total ou parcial do estabelecimento, intervenção administrativa, imposição da contrapropaganda e indenização ao consumidor.
Inscrição nos cadastros de
consumidores (SERASA, SPC)
- dever de comunicar previamente, por escrito, abertura de cadastro
- 5 dias úteis para correção de erros
- permanência da inscrição: prazo máximo de 5 anos
JURISPRUDÊNCIA INSCRIÇÃO CADASTRO DE INADIMPLENTES
Basta a inscrição indevida no SPC para
caracterização do dano moral, em caso de falso título ou mantença indevida no
cadastro – Ato ilícito – Dano moral puro.
(TJRS – Ap.Cív. 59614185 – rel. Des. Araken de Assis)
Práticas Abusivas
Art. 39. É vedado ao fornecedor de
produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou
fornecer qualquer serviço;
Direito de Arrependimento
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.