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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.245.403 - SC (2011/0070682-3)

RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO

RECORRENTE : UNIBANCO UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A ADVOGADOS : PRISCILA GEZISKI E OUTRO(S)

LUCIANO CORREA GOMES E OUTRO(S)

ADVOGADA : LIVIA BORGES FERRO FORTES ALVARENGA E OUTRO(S)

RECORRIDO : MAURÍCIO MACEDO MUSSI

ADVOGADO : LUIZ LAZZARIS FERNANDES E OUTRO(S)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. BANCÁRIO. REVISIONAL DE CONTRATO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO EM 12% AO ANO. SÚMULA 596/STF. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS. CONTRATAÇÃO. AFERIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 5 e 7/STJ.

1. Inocorrência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia com clareza as questões essenciais ao julgamento da lide. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos deduzidos pelas partes.

2. "Nos contratos de mútuo em que a disponibilização do capital é imediata, o montante dos juros remuneratórios praticados deve ser consignado no respectivo instrumento. Ausente a fixação da taxa no contrato, o juiz deve limitar os juros à média de mercado nas operações da espécie, divulgada pelo Bacen, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o cliente" (REsp 1112879/PR, Rel. Min.

NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 19/05/2010).

3. Permite-se a capitalização mensal dos juros, nas operações realizadas pelas instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir da publicação da Medida Provisória n. 1.963-17 (31.3.00) e desde que pactuada.

4. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.

DECISÃO

Vistos etc.

Trata-se de recurso especial interposto por UNIBANCO UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A com fundamento nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa

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Catarina, assim ementado (fl. 386):

Ação revisional. Contrato de abertura de crédito - cheque especial - pessoa física.

Operação bancária. Submissão à disciplina jurídica do Código de Defesa do Consumidor. Súmula 297 do STJ. Flexibilização do princípio pacta sunt servanda.

Juros remuneratórios. Inaplicabilidade do artigo 192, § 3º, da Constituição Federal. Súmula 648 do STF.

Encargos contratuais. Período de normalidade. Ausência de parâmetros para aferir a abusividade. Preservação da taxa convencionada, sem o acréscimo de outros juros remuneratórios, juros moratórios, correção monetária, multa contratual e comissão de permanência.

Período de prorrogação do ajuste. Limitação dos juros remuneratórios em 12% ao ano, cumulados, tão-somente, com correção monetária. Fator de atualização não previsto no contrato. Adoção do INPC.

Capitalização de juros. Ausência de expressa previsão legal. Vedação.

Possibilidade de restituição simples dos valores eventualmente cobrados em excesso, após a compensação. Artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor.

Sucumbência recíproca. Despesas processuais e honorários advocatícios distribuídos proporcionalmente. Ônus sucumbenciais mantidos.

Recurso do banco desprovido. Apelo do autor provido, em parte.

Opostos embargos de declaração, estes restaram rejeitados nos seguintes termos (fl. 395):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RECLAMO PREVISTAS NO ART. 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO, DE OFÍCIO, DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.

Inviável o manejo de embargos declaratórios visando à rediscussão de assertivas outrora analisadas, porquanto adstrita tal via recursal a sanar os vícios elencados no art. 535 da Lei Adjetiva Civil.

A omissão deverá ser visivelmente constatada no decisório atacado, e não interpretada ou ainda aventada posteriormente, sob o risco de supressão de uma esfera de julgamento.

"Litiga de má-fé aquele que interpõe recurso com intuito manifestamente protelatório (art. 17, VII, do Código de Processo Civil), devendo, pois, ser condenado às respectivas penas" (TJSC -

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Apelação Cível n. 2003.029590-9, de Criciúma, Primeira Câmara de Direito Civil, rel. Des. Joel Dias Figueira Júnior, j. 06/03/2007).

No presente recurso especial, o recorrente alegou violação do art. 535, inciso II, do Código de Processo Civil ao fundamento de que houve negativa de prestação jurisdicional.

Afirmou que a taxa de juros remuneratórios praticada no contrato firmado entre as partes não está limitada em 12% ao ano.

Sustentou que é possível a capitalização mensal de juros nos contratos bancários ainda que não haja prévia estipulação contratual.

Acenou, ainda, pela ocorrência de dissídio jurisprudencial.

Requereu, por fim, o provimento do presente recurso especial, a fim de que seja reformado o acórdão recorrido.

É o relatório. Passo a decidir.

Inicialmente, não há negativa de prestação jurisdicional no acórdão que decide de modo integral e com fundamentação suficiente a controvérsia posta. O Tribunal de origem, no caso, julgou com fundamentação suficiente a matéria devolvida à sua apreciação.

Ademais, o juízo não está obrigado a se manifestar a respeito de todas as alegações e dispositivos legais suscitados pelas partes.

Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. NECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL NO RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELA ALÍNEA "C". SÚMULA Nº 284/STF. 1. Não se verifica ofensa ao art. 535 do CPC, tendo em vista que o acórdão recorrido analisou, de forma clara e fundamentada, todas as questões pertinentes ao julgamento da causa, ainda que não no sentido invocado pela parte. 2. A jurisprudência desta Corte orienta-se no sentido de que, para ser apreciado o recurso especial interposto pela alínea "c" do art. 105 da Constituição Federal, cabe ao recorrente indicar o dispositivo de lei federal violado, pois o dissídio jurisprudencial baseia-se na interpretação divergente da norma federal. Aplica-se, por analogia, o

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disposto na Súmula nº 284 do Excelso Pretório diante da deficiência na fundamentação do recurso, na espécie, caraterizada pela ausência de indicação da norma federal tida por violada. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 1099762/RJ, Rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA

(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA

TURMA, julgado em 12/05/2009, DJe 25/05/2009)

No que diz respeito aos juros remuneratórios, esta Corte tem entendimento assente no sentido de que as instituições financeiras não se sujeitam à limitação estipulada na Lei de Usura (Súmula 596/STF) e que a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade apta a possibilitar a revisão das taxas contratadas, a qual só se admite em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade fique cabalmente demonstrada, no caso concreto.

Nesse sentido:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS DE CONTRATO BANCÁRIO. INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. JUROS REMUNERATÓRIOS. CONFIGURAÇÃO DA MORA. JUROS MORATÓRIOS. INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO.

(...)

ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS

a) As instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF;

b) A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade;

c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02;

d) É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada – art. 51, §1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do julgamento em concreto. (...)

Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido, para declarar a legalidade da cobrança dos juros remuneratórios, como pactuados, e ainda decotar do julgamento as disposições de

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ofício.

Ônus sucumbenciais redistribuídos" (REsp 1061530/RS, Rel. Min.

NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008, DJe 10/03/2009 )

Ocorre que, no caso concreto, o Tribunal de origem asseverou que:

Não há, entretanto, para o aludido período, taxa de juros remuneratórios pactuada pelas partes, restando ao julgador reportar-se à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito, a fim de promover a sua definição.

A fixação de encargos unilateralmente pelo estabelecimento financeiro, a seu puro arbítrio, é inadmissível e manifestamente ilegal, porquanto representa procedimento potestativo, vedado pelos artigos 115 do Código Civil de 1916 e 122 do Código Civil em vigor. (...)

Com estes argumentos, limita-se, neste período, a taxa de juros remuneratórios em 12% ao ano, admitida a incidência conjunta de atualização monetária.

No entanto, é entendimento pacífico desta Corte que diante da ausência de cláusula expressa que indique o percentual contratado, circunstância consignada na instância ordinária, deve ser adotada a taxa média de mercado, consoante se verifica da leitura do seguinte julgado:

BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS DE CONTRATO BANCÁRIO. INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. JUROS REMUNERATÓRIOS. CONTRATO QUE NÃO PREVÊ O PERCENTUAL DE JUROS REMUNERATÓRIOS A SER OBSERVADO.

I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS QUE CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE.

ORIENTAÇÃO - JUROS REMUNERATÓRIOS 1 - Nos contratos de mútuo em que a disponibilização do capital é imediata, o montante dos juros remuneratórios praticados deve ser consignado no respectivo instrumento. Ausente a fixação da taxa no contrato, o juiz deve limitar os juros à média de mercado nas operações da espécie, divulgada pelo Bacen, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o cliente.

2 - Em qualquer hipótese, é possível a correção para a taxa média se for verificada abusividade nos juros remuneratórios praticados.

II - JULGAMENTO DO RECURSO REPRESENTATIVO - Consignada, no acórdão recorrido, a abusividade na cobrança da taxa de juros, impõe-se a adoção da taxa média de mercado, nos

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termos do entendimento consolidado neste julgamento.

- Nos contratos de mútuo bancário, celebrados após a edição da MP nº 1.963-17/00 (reeditada sob o nº 2.170-36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. Ônus sucumbenciais redistribuídos" (REsp 1112879/PR, Rel. Min.

NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 19/05/2010 )

No que tange à capitalização de juros, se houver expressa pactuação e o pacto for celebrado após 31 de março de 2000 (data da primitiva redação do artigo 5º Medida Provisória 2.170-36), permite-se seja cobrada na periodicidade mensal.

A propósito:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO REVISIONAL - CONTRATO BANCÁRIO - CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS - PRETENSÃO DE ENFOQUE CONSTITUCIONAL - IMPOSSIBILIDADE EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL - COMPETÊNCIA DO STF - COBRANÇA - POSSIBILIDADE, NA ESPÉCIE - TABELA PRICE - SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO - QUESTÃO FÁTICO-PROBATÓRIA - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO DA SÚMULA N. 7/STJ - RECURSO IMPROVIDO.

1 - A competência desta Corte Superior de Justiça se limita à interpretar e uniformizar o direito infraconstitucional federal, a teor do disposto no art. 105, III, da Carta Magna, sob pena de usurpação da competência atribuída ao Supremo Tribunal Federal, via recurso extraordinário.

2 - A capitalização mensal de juros é permitida nos contratos firmados posteriormente à entrada em vigor da MP n. 1.963-17/2000, de 31 de março de 2000 (atualmente reeditada sob o n.2.170-36/2001), desde que pactuada.

3 - O sistema de amortização pela Tabela Price pode importar incorporação de juros sobre juros, circunstância cuja verificação não é cabível em sede de recurso especial, já que supõe exame de matéria de prova.

4 - Recurso improvido. (AgRg no AgRg no Ag 986.713/DF, Rel.

Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/11/2008, DJe 18/11/2008 ).

Não verificado o preenchimento dos requisitos exigidos por esta Corte, consoante se depreende da leitura do acórdão recorrido, impõe-se a manutenção da

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decisão que afastou a capitalização mensal.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para afastar a limitação em 12% ao ano da taxa de juros remuneratórios.

Mantidos os ônus sucumbenciais. Intimem-se

Brasília (DF), 24 de agosto de 2012.

Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO Relator

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