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ENERGIA EÓLICA E CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA EM PORTUGAL

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ENERGIA EÓLICA E CONSERVAÇÃO DA

AVIFAUNA EM PORTUGAL

Coimbra, 5-6 de Julho de 2005

Uma organização SPEA e CCDR/Centro

Com o apoio de

CONCLUSÕES

No contexto da crescente pressão para o desenvolvimento da exploração das energias renováveis, a energia eólica é tida actualmente como a alternativa mais viável para a produção de energia eléctrica, face à utilização de combustíveis fósseis. Apesar do reconhecimento dos aspectos positivos associados, têm surgido questões relativas ao impacte causado pela instalação de parques eólicos sobre as comunidades de aves.

O crescimento em ritmo acelerado do número de parques eólicos e o forte investimento que se prevê para os tempos mais próximos poderá significar uma pressão cada vez maior sobre as Áreas Protegidas e Sítios de Interesse Comunitário (Rede Natura 2000), assim como sobre as populações das espécies de aves ameaçadas. A avaliação do estado actual dos conhecimentos demonstra ser possível integrar com sucesso a capacidade de exploração das energias renováveis e os valores naturais. Esta postura requer, contudo, que todos os intervenientes no processo (promotores, autoridades regionais e nacionais, ONG’s e comunidade em geral) trabalhem no sentido de identificar as necessidades locais e as alternativas ambientais aceitáveis.

Nesse sentido, reuniram-se em Coimbra, nos dias 5 e 6 de Julho de 2005, representantes dos vários sectores envolvidos: promotores, empresas de avaliação de impactes ambientais, entidades governamentais de ambiente e de energia, entidades regionais, organizações não governamentais de ambiente e outras entidades (ver Lista de Participantes), com o fim de discutir as estratégias a adoptar relativamente ao desenvolvimento dos parques eólicos, considerando-se ponto de partida fundamental assegurar que os projectos futuros sejam apropriadamente localizados e desenvolvidos, com a devida sensibilidade relativamente aos impactes ambientais associados.

A reunião foi organizada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro, com o apoio da Associação Portuguesa de

COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E

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Produtores Independentes de Energia Eléctrica de Fontes Renováveis (APREN), da Direcção Geral de Geologia e Energia, do Instituto do Ambiente e do Instituto da Conservação da Natureza.

Os participantes discutiram três questões fundamentais:

1. Qual a importância da energia eólica no contexto da política de desenvolvimento sustentável? 2. Quais os impactes induzidos pelos parques eólicos sobre a avifauna?

3. Como compatibilizar o desenvolvimento da energia eólica com a conservação da avifauna em Portugal?

As conclusões principais deste encontro resumem-se em seguida:

Importância da energia eólica no contexto de um desenvolvimento sustentável

1. A importância da energia eólica como parte do desenvolvimento sustentável foi consensual, tendo vantagens ao nível ambiental, económico e social.

2. Todas as formas de energia renovável deveriam ser objecto de apoios que contribuíssem para seu desenvolvimento. Neste momento, a energia eólica é mais viável que outras renováveis (exemplo: fotovoltaica) e por isso mais preponderante. Não foi possível quantificar esta importância. Será elevada a curto prazo (20 anos), mas não a médio/longo prazo;

3. A energia eólica tem um papel de complementaridade na produção e contribui para a diversificação dos modos de produção. A sua importância relativa, no contexto das diversas formas de produção, parece ser limitada no tempo, estando dependente do surgimento de novas tecnologias que permitam a produção de energia a partir de fontes renováveis de forma mais eficaz.

4. O desenvolvimento da produção eólica deverá ser acompanhado de medidas eficazes de redução de consumos e de apoio ao aumento da eficácia na utilização da energia.

5. A energia eólica ajuda a dar resposta a compromissos internacionais, nomeadamente o Protocolo de Quioto e directivas comunitárias.

6. O desenvolvimento de energias renováveis alternativas, especialmente a energia eólica, é importante no aumento da autonomia energética nacional

7. A reversibilidade das áreas em que os parques eólicos se inserem é elevada comparativamente a outras formas de produzir energia.

8. A percentagem de 2,5% de facturação bruta entregue às autarquias deverá reverter directamente para fomento do desenvolvimento sustentável a nível local, nomeadamente ao pôr em prática as agendas 21 local.

Impactes de parques eólicos sobre a avifauna 9. Redução de habitat disponível;

10. Efeito de barreira para as aves.

11. Colisão, com os aerogeradores e com as linhas eléctricas associadas aos PE.

12. Mortalidade em resultado da electrocussão nas linhas de transporte de energia de média tensão (parques eólicos com menor potência instalada).

13. Efeito de exclusão em resultado da presença dos aerogeradores em funcionamento, pelo menos em alguns casos.

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14. Afectações ao nível do sucesso reprodutivo em resultado da perturbação causada pela presença humana, facilitada pela construção de caminhos.

15. Há dificuldades na determinação da extensão dos impactes e previsão e/ou quantificação dos mesmos; a apreciação dos impactes deverá ser feita caso a caso dada a especificidade dos projectos e sítios; algumas quantificações poderão ser feitas sob a forma de intervalos, bem como determinadas certas áreas de exclusão e mapas de risco;

16. Localização dos parques eólicos, as espécies e densidade das aves são questões essenciais, por exemplo, para residentes a desmatação na época de nidificação será uma das maiores preocupações, para as migradoras será a aproximação às zonas de descanso e alimentação. Existem grupos de aves especialmente sensíveis a estes projectos, por exemplo aves rupícolas, aves aquáticas, aves planadoras, aves estepárias e espécies com estatuto de conservação desfavorável. 17. Os impactos são difíceis de quantificar porque os estudos de referência e de monitorização não

dão as respostas adequadas à tomada de decisão devido a metodologias pouco adequadas, à pouca divulgação dos trabalhos, à existência de poucos trabalhos em Portugal.

18. Os impactes sobre a avifauna são potenciados por condições particulares, por exemplo proximidade de zonas de dormitório/nidificação, existência de escarpas com correntes de ar ascendentes, corredores de migração e locais de concentração de aves aquáticas.

Recomendações para compatibilizar parques eólicos e conservação da avifauna

19. O desenvolvimento de parques eólicos deve seguir uma estratégia sustentada que concilie: (a) política energética nacional/europeia; (b) desenvolvimento económico local; e (c) conservação de valores naturais a nível nacional ou internacional (carta de zonamento).

20. Deverá ser feita uma carta de zonamento nas áreas de expansão da rede e de potencial eólico, revista com periodicidade adequada. Deve haver uma definição clara de critérios e metodologias a utilizar e deve-se desenvolver esta ideia através de protocolo com o ICN, a DGGE, a APREN e a SPEA.

21. O zonamento do território nacional deverá ter em consideração a informação recolhida no âmbito do inventário das Zonas Importantes para as Aves (IBA) da BirdLife International e SPEA.

22. No que respeita às áreas propostas para integrar a Rede Natura 2000, a definição de zonas de exclusão e o zonamento das restantes áreas poderá ser efectuado no âmbito do Plano Sectorial. 23. A base de dados daí resultante deverá ser pública e utilizada por todos os intervenientes sectoriais. 24. Deve existir uma monitorização sistemática dos parques eólicos, adaptada a caso concreto. É também desejável uma padronização da metodologia de monitorização, a desenvolver pelas entidades participantes (promotores, administração, universidades e ONGs).

25. Os relatórios de monitorização devem ser publicitados e disponibilizados publicamente, tanto no que se refere aos estudos de impacte ambiental como aos estudos de incidências ambientais. Deve ser desenvolvida uma ficha padrão de dados de monitorização para reunir em formato de base de dados e disponibilizados ficheiros PDF e na Internet, salvaguardando-se a publicitação de dados confidenciais e direitos de propriedade dos dados.

26. Os estudos de monitorização devem seguir metodologias mais adequadas, modernas e fiáveis. Para isso devem também ser disponibilizados financiamentos para apoiar o desenvolvimento dessas metodologias. Dadas as lacunas de conhecimento deveriam ser feitos programas de monitorização a longo prazo em casos de estudo.

27. Os planos de monitorização, mesmo se utilizando metodologias diferentes, devem seguir objectivos e indicadores bem estabelecidos.

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28. Os trabalhos das várias fases de desenvolvimento de parques eólicos devem ser antecedidas de diálogo entre todos os intervenientes.

29. O trabalho de campo dentro dos estudos de impacte ambiental deve ser mais prolongado (duração de um ciclo anual) e iniciar-se o mais cedo possível, garantindo aos consultores a possibilidade de uma boa caracterização dos locais de construção.

30. Integração de um membro da entidade licenciadora (DGGE) nas comissões de avaliação de EIA. 31. Os pareceres das comissões de AIA e as DIA devem ser coerentes e baseados em dados

quantitativos e objectivos.

32. As medidas de compensação têm que ser baseadas nos conhecimentos adquiridos em estudos detalhados para os locais mais problemáticos, sendo específicos para os impactes identificados. Deverá existir um esforço no sentido de envolver a população local.

33. As medidas de compensação devem seguir critérios claros de modo a que a compensação seja real. 34. São necessários mais dados e estudos sobre corredores migratórios em Portugal. Promover estudos que permitam cartografar as rotas migratórias que atravessam o território nacional, identificando os locais críticos no contexto da instalação de PE’s, e que permitam, igualmente, caracterizar zonas que possam potencialmente ser utilizadas para a passagem de aves.

35. Deverá ser efectuado um planeamento das linhas de distribuição e transporte de energia gerada nos PE’s, de modo a evitar a instalação de um número excessivo destas. Quando identificadas situações de risco dever-se-á considerar o enterramento das linhas de transporte de energia para evitar os impactes de colisão e de electrocussão.

36. Promover a avaliação estratégica dos impactes nas zonas onde se prevê a instalação de diversos PE’s. Esta questão deve ser melhor acompanhada por parte das CCDR’s.

37. Promover a elaboração de um Manual de Boas Práticas para a instalação de Parques Eólicos, tendo em conta o processo de selecção dos locais de construção e o processo de avaliação de impactes ambientais. A APAI tem em curso a elaboração de um guia para a realização de estudos de impacte ambiental por tipo de projecto que colheu o apoio por parte da Secretaria de Estado de Ambiente. Este manual/guia deve definir o risco sobre a avifauna que é aceitável para a aprovação de um projecto eólico, nunca esquecendo os impactes cumulativos dos parques eólicos a nível local, regional ou nacional.

38. Devem ser definidos e quantificados os possíveis impactes cumulativos para diferentes espécies e habitats. Deve ser disponibilizada a metodologia mais correcta para determinação destes impactes. 39. Os prazos de processo de licenciamento devem ser respeitados e agilizados pela administração,

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Lista de participantes

Alcinda Tavares ICN-PN Peneda Gerês Alexandra Cabral CCDR Norte

Alexandra Lopes SPEA

Ana Catarina Sousa CCDR-Centro Ana Collaço Enernova

Ana Lopes GENERG

Andreia Cabral CCDR Norte Ansgar Hahn Atlantic Energy António Cunha Pereira BioRia

António Machado Relvão CCDR Centro António Martins CCDR Centro António Sá da Costa APREN Artur Silvério Naturibérica

Carlos Fonseca Universidade de Aveiro Catarina Fialho Instituto do Ambiente Cristina Tadeu CCDR Centro

Ernesto de Deus LPN

Francisco João Cardoso Barros ICN-PNSAC Heitor Araújo Strixplus Henrique Pereira dos Santos ICN

Henrique Soares Pereira ICN-PNAlvão Hugo Costa Bio3

Inês Trigo ICN-DSCN Iván Ramirez SPEA

João Bexiga Instituto do Ambiente João Cabral UTAD

João Pedro Neves SPEA Jorge Manuel Lebre da Costa Veloso ANAFRE José Carlos Correia CCDR Centro José Raposo CCDR Centro Júlia Almeida ICN-DSCN Julieta Costa COBA Luís Costa SPEA Luis Gomes Naturibérica Manuela Nunes ICN-DSCN Marco Fachada

Maria de Jesus da Silva Fernandes ICN-PNSAC Maria Helena Pimentel CCDR-Centro Mário Silva ICN-DSCN Marta Cecília Costa Prosistemas Martins Carvalho DGGE Michael Armelin SPEA Miguel Mascarenhas Bio3

Miguel Pimenta ICN-PN Peneda Gerês Miguel Portugal ICN-PN Peneda Gerês Miguel Repas Strixplus

Nuno Paulino

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Paula Arrais CCDR Centro Paula Pinto CCDR Norte Paulo Alexandre Barros ICN-PNAlvão Paulo Cardoso Bio3

Paulo Gonçalves Saigrene

Paulo Tenreiro ICN-RNP Arzila Paulo Travassos SPEA

Pedro Geraldes SPEA

Pedro Rodrigues Universidade do Minho Pedro Silva Santos UTAD

Ricardo Tomé SPEA

Rita Fernandes Instituto do Ambiente Rui Miguel Brito BioRia

Rui Rufino Mãe d'Água Sílvia Raimundo CCDR-Centro Susana Silveira CCDR-Centro Susete Patrício EnerSis Teresa Saraiva SPEA & CEAI Timóteo Monteiro Enernova Vanessa Oliveira SPEA Vítor Encarnação ICN-DSCN

Referências

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