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FILOSOFIA 1ª SÉRIE. Capítulo 9 Jean-Jacques Rousseau: humanidade natural e sociedade civilizada

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Academic year: 2021

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Capítulo 9 – Jean-Jacques Rousseau: humanidade natural e sociedade civilizada

Introdução

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasceu em Genebra na Suíça, e mudou-se para a França em 1742, onde escreveu suas grandes obras, as quais o imortalizariam. Entre elas destacamos Do Contrato Social, onde o filósofo

apresenta a tese de um soberano conduzindo o Estado segundo a vontade geral do seu povo, sempre levando em consideração o atendimento ao bem comum. Somente este Estado, com bases democráticas, teria condições de oferecer a todos os cidadãos um regime onde houvesse igualdade jurídica.

Outra importante obra foi Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, onde Rousseau coloca como

fundamentais os valores da vida natural e ataca a corrupção, a avareza e os vícios da sociedade civilizada. Faz vários elogios à liberdade de que os selvagens desfrutavam, naquilo que ele chamou de pureza do seu estado natural, contrapondo o homem selvagem à falsidade e ao artificialismo do homem civilizado. Assim, o modo de vida dos homens de seu tempo, era por ele considerado como artificial e falso, diferente da pureza dos selvagens. Foi a partir destas ideias que surgiu o mito do bom selvagem.

Como Hobbes, Rousseau também concebe o homem natural ao modo de um ser que se move exclusivamente por um impulso de conservação. As aproximações, contudo, param por aí, pois as propostas filosóficas de Rousseau são contrárias às de Hobbes, para quem, como já estudamos, a natureza dos homens é agressiva e desejosa de poder. Para Jean-Jacques Rousseau, quem assim define a natureza do homem comete um erro primário, pois vaidade, agressividade e ambição seriam precisamente traços de uma natureza humana que se perverteu, corrompendo-se nas condições da civilização.

1. A condição de natureza

Ao falarmos do homem natural ou selvagem de Rousseau é preciso que destaquemos que o que conta, sobretudo, é que, descrevendo tal condição de natureza, se pretende definir a humanidade natural, quer dizer, como seríamos se não fôssemos desde muito cedo submetidos às influências da vida em sociedade. E na natureza humana, há seres solitários que se movem apenas por seu instinto de conservação e que têm como características o amor de si, a comiseração, a liberdade e a perfectibilidade. É esse o ser humano que nos interessa nesse primeiro momento.

O amor de si, segundo Rousseau, nada mais é do que um sentimento natural de preservação da vida, presente em todos os animais e que se concretiza em movimentos para a sobrevivência, como a busca por comida, água ou proteção. Movidos pelo amor de si, os seres humanos vivem a harmonia da satisfação com os desejos, conseguindo o suficiente para as exigências de seus instintos. Bastam a alimentação, a sexualidade, o descanso, ou seja, não há transtornos de paixões ou graves conflitos, porque o homem em natureza precisa de muito pouco para a sua conservação.

Os atritos ou confrontos acontecem muitas vezes por uma disputa entre dois homens por uma única refeição que resultaria segundo o filósofo em rápidas agressões, que se encerrariam sem maiores consequências, com o vencedor se apossando da presa e o perdedor, sem rancores, procurando seu almoço em outro lugar.

Junto a esse amor de si temos a comiseração ou compaixão – uma disposição natural pelo qual o homem se identifica com os seres vivos, causando-lhe repugnância a contemplação do sofrimento de um ser sensível, especialmente quando se trata de um ser da própria espécie. Para Rousseau, no homem natural, a dor de um é, em certo sentido, a dor de quem a presencia. Podemos concluir então que para o filósofo, no homem natural, o amor de si possibilita a autopreservação individual, e a comiseração promove a sobrevivência da espécie.

Além do amor de si e da comiseração, citamos a liberdade e o senso de perfectibilidade. A liberdade é um dado da natureza específica do homem, distinguindo-o dos demais animais. O homem é dotado de capacidade de resistir ou de ceder às exigências da natureza, de controlar seus impulsos, de adiar uma satisfação diante de outra expectativa, enfim, contemplando com a faculdade de querer, a liberdade, coloca-se como ser espiritual, acima das leis físicas.

A perfectibilidade, por sua vez, é um desdobramento da liberdade, pois o livre-arbítrio humano diversifica os comportamentos da espécie para a satisfação dos seus instintos. É dessa perfectibilidade que se enseja as ações humanas sobre o meio, como a fabricação de ferramentas, a agricultura, manufatura e as ciências, ou seja, um repertório

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cumulativo de conhecimentos por meio dos quais os homens transformam a natureza, tanto interior quanto exterior, ou ainda, a perfectibilidade é uma tendência humana ao progresso e ao aprimoramento do controle do homem sobre o mundo exterior.

2. O surgimento da sociedade civilizada

O surgimento da propriedade privada é afirmado no texto de Rousseau Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, como a chegada do homem à vida civilizada e isso é visto pelo filósofo como a ruptura definitiva

do estado de natureza. Instauram-se, assim, os piores sentimentos entre os homens, que deixa o amor de si e a comiseração, passando a valorizar o amor-próprio, ou seja, uma vida de egoísmo, inveja, deslealdade e a elevação das riquezas materiais ao plano principal da vida.

Importante destacar que o aparecimento da propriedade privada, não é propriamente o momento da corrupção do estado natural, mas a realização concreta de paixões artificiais como a vaidade, o orgulho, a cobiça, a materialização, na desigualdade de riquezas, do leque de vícios abertos pelo amor-próprio.

Desde então, a ânsia por multiplicar a fortuna é a tônica da vida em sociedade e, nesse sentido, a estima por bens materiais já não tem nenhuma correspondência com o impulso de conservação, uma vez que, mesmo quando as riquezas excedem necessidades futuras de sobrevivência, não há saciedade para quem as possui, persistindo o esforço em ampliá-la.

Esse sujeito civilizado é, segundo Rousseau, um homem fora de si, que reforça posições de prestígio, mando e poder, reforça hierarquias nas quais os homens não são mais homens; são senhores uns dos outros, escravos uns dos outros e por essa razão, estão fora de sua humanidade natural.

3. A desigualdade e as relações políticas

A sociedade política ou o Estado como produto de um contrato social surge desta instabilidade social e da divisão da sociedade entre pobres e ricos.

As competições entre os homens, desprovidas de regras que enquadrem suas ações, impedem a harmonia social e colocam sob risco a situação dos afortunados, que mal podem usufruir da superioridade de suas riquezas ante os perigos dos levantes tão comuns à desordem da concorrência civilizada. A procura pela paz, concebida como fixação da desigualdade e institucionalização do domínio dos poderosos sobre os fracos, faz com que os ricos promovam a mobilização da sociedade para a formalização de normas pertinentes à convivência amistosa entre os homens, com a criação de um poder ao qual todos, indistintamente, devem se submeter: o Estado.

O Estado é criado sob o pretexto de evitar aos fracos a opressão dos poderosos, de inviabilizar os projetos ilícitos dos ambiciosos e de assegurar a casa um o usufruto de suas conquistas particulares, estando todos, independente de serem ricos ou pobres, submetidos a direitos e deveres diante do poder estatal.

Rousseau, porém, alerta que, sob a aparência de preocupação com o bem comum, esse pacto social reforça as condições de desigualdade entre os homens e legaliza a sujeição dos homens uns aos outros, eliminando qualquer vestígio de humanidade autêntica e conferindo pretensa legitimidade ao homem fora de si da sociedade civilizada.

4. O contrato social proposto por Rousseau

A proposta filosófica de Rousseau é de uma humanidade que se civilize a partir de sua natureza, e não em perspectiva contrária a essa natureza. O contrato social é a proposta política rousseaniana que tem igualmente por base a retomada da natureza humana em dimensões morais civilizadas, reconhecendo-a como alicerce de um poder que tenha por fim a realização da própria humanidade.

O contrato social propõe a reposição do eu comum dos seres humanos na organização das relações sociopolíticas de acordo com os interesses coletivos dos cidadãos, aos quais devem ajustar-se as expectativas individuais. Dessa forma, a soberania do poder político somente será legítima se expressar, nos planos moral, legal e institucional, a supremacia da identidade entre os homens, sendo esta proveniente da comiseração ou compaixão.

Para explicar isso, é preciso diferenciar os conceitos de vontade geral e vontade da maioria.

Vontade da maioria corresponde às posições defendidas por um número maior de indivíduos, o que é bastante variável, dependendo de contextos específicos e dos assuntos apresentados à apreciação dos cidadãos. Assim, sua face é quantitativa e, portanto, não exprime necessariamente o interesse comum, podendo ser tão somente a soma confusa de interesses individuais.

A vontade geral define-se qualitativamente, quer dizer, não é uma simples relação de soma e subtração, sendo, isto sim, a manifestação do pertencimento de todos os indivíduos à mesma humanidade, que não procede de outra

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coisa senão do sentimento natural de comiseração, pelo qual são capazes de perceber-se na partilha de interesses coletivos.

Conclusão

Nos textos de Rousseau se localizam dois tipos de contrato social: o primeiro é o pacto social de fato instituído sob a aparência do bem comum, mas verdadeiramente realizado na institucionalização do domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. O segundo é o pacto autêntico por ser fundado na natureza e realmente voltado para o bem comum.

Por fim, resta observar que, se muitas das teses filosóficas de Rousseau parecem improváveis quando confrontadas com o desenvolvimento posterior do conhecimento, por outro lado, sua influência não é pouca no mundo contemporâneo, seja no âmbito teórico, seja na realidade sociopolítica.

As críticas de Rousseau à civilização, por exemplo, são válidas para a atualidade, assim como é notável a ascendência de suas reflexões sobre diferentes áreas do saber contemporâneo, como a pedagogia e a sociologia, dentre outras. Do mesmo modo, na história sociopolítica dos últimos séculos, não raramente as ideias de Rousseau exerceram ascendência direta e indireta sobre diversos movimentos sociais reformistas ou revolucionários que se inspiraram em suas teses.

Capítulo 10 – A filosofia crítica de Kant

Introdução

Immanuel Kant (1724-1804) pode ser considerado o último grande filósofo da modernidade. Suas obras são até hoje discutidas e provocaram profundas marcas no pensamento filosófico. Sua produção é vasta e possui como temas centrais os problemas em torno do conhecimento, de nossa capacidade de julgar e da forma adequada de agir.

O que nos interessa agora é seu pensamento ético e explorar o modo como Kant propõe uma filosofia moral que se apresenta como alternativa ao crescente individualismo que assolava a sociedade de seu tempo. O individualismo leva o sujeito a agir com subjetivismo e isso afeta o campo moral, então Kant constrói uma filosofia que sustenta a tese da existência de uma lei objetiva no interior da esfera moral.

Para o filósofo o subjetivismo leva o homem a um excessivo egoísmo, além de não considerar as ações e interesses do outro, portanto, toda filosofia racional deve, segundo Kant, apresentar uma alternativa ao subjetivismo no campo da ética e também no campo no conhecimento.

A filosofia crítica de Kant é, portanto, estabelecer as condições e os limites do conhecimento. Para o filósofo, só podemos conhecer aquilo que está ao alcance de nossa experiência. Portanto, conforme vimos anteriormente (Cap. 5 – O advento do iluminismo), o saber legítimo não pode ultrapassar o que é confirmado pela experiência e apenas a ciência pode se pronunciar com propriedade sobre os objetos presentes no mundo da experiência.

Para explicar isso, Kant sistematiza e aprofunda a postura iluminista no domínio da teoria do conhecimento, estabelecendo uma importante distinção entre fenômeno e coisa em si. Fenômeno equivale “ao que aparece”, tudo aquilo que conhecemos mediante a experiência e coisa em si equivale às coisas sobre as quais podemos pensar, mas que estão fora da esfera do conhecimento.

1. Vontade e liberdade x determinismo causal

Kant se vê diante do desafio de explicar de que maneira seria possível descrever o comportamento humano como decorrência de nosso livre-arbítrio. Essa situação obriga a razão a proceder diante de possibilidades que são contrárias, mas igualmente justificáveis, será chamada de antinomia, que deve ser compreendida como uma contradição inevitável em que a razão incorre, ao ultrapassar seus próprios limites.

Dessa forma, o problema central (ou a antinomia) que se impõe a Kant na esfera moral é verificar se podemos conhecer e provar que existe a liberdade, apesar de assumir que no mundo físico todos os acontecimentos concordam com as leis de causa e efeito. A saída encontrada é conceber nossos atos derivados fora do mundo físico. Ou seja, a liberdade existe e está fora do alcance das leis de causa e efeito. Então, a liberdade está fora do fenômeno, trata-se de uma coisa em si, ela não pode trata-ser conhecida, mas pode trata-ser pensada. Mas como pensar a liberdade e toda a moralidade fora dos limites da experiência?

O homem é dotado de possibilidade de escolhas. Pode escolher fazer o bem ou o mal, o certo ou o errado. Tendo, portanto, possibilidades de escolhas, o homem tem liberdade e tal liberdade é condição fundamental para a ética.

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Dessa forma, no centro da ética kantiana está a noção de autonomia que garante que o homem racional é dotado da condição de autogoverno, isto é, é a causa das suas escolhas.

2. Lei moral, liberdade e dever

Liberdade para Kant, não deve ser entendida como a ausência de regras ou leis que regulam a conduta, mas sim como resultado de uma ação que é racionalmente determinada. Portanto, a liberdade resulta de nossa aceitação dos limites que a razão nos impõe.

Se a liberdade obedece à leis, a pergunta seguinte é: Qual a natureza dessa lei? É a mesma lei que regula os objetos do mundo físico, ou seja, causa e efeito?

Para Kant há uma lei moral que nos obriga a agir de uma ou de outra forma e tal lei não depende da vontade e muito menos da experiência. Sua objetividade decorre do fato de derivar da razão.

Entretanto, Kant sabe que todo ser humano se torna, algumas vezes, refém de seus sentimentos e desejos, conduzindo-se contrariamente ao que estabelece a razão. Ciente disso, o filósofo afirma que como seres racionais, possuímos deveres, ou seja, possuímos um dever moral.

Dever moral é a necessidade de agir conforme a lei enunciada pela razão. Sendo assim, o dever é antes uma lei formal ou máxima que impõe sobre nossa sensibilidade uma vontade racional. A lei formal age no homem como um dever, uma obrigação e não conforme o dever. Por exemplo: quando cedemos o nosso lugar no ônibus a uma pessoa idosa, não fazemos isso porque há uma lei que nos obriga a tal ato, não fazemos conforme o que está escrito no cartaz dentro do ônibus. Fazemos isso pelo dever moral, por uma obrigação que age dentro de cada um de nós, como que nos constrangendo e portanto, reconhecemos como legítima essa disposição em ceder o lugar.

A esfera moral indica, segundo Kant somente o que devemos fazer, entretanto, fica ao critério de cada pessoa escolher se fará ou não o que a lei moral sugere. A análise do dever conduz o filósofo a conceber uma ética constituída por imperativos categóricos que explicamos a seguir.

3. O imperativo categórico

O imperativo não é simplesmente uma regra ou uma ordem. É uma ordem derivada da razão, é uma espécie de regra que é um dever. Podemos resumir pela sentença: “Faça isso!” O imperativo possui duas características:

a) Torna a ação dotada de necessidade. Não admite, portanto, uma exceção.

b) Por ser categórico, está no plano do dever. Não é um meio para se atingir alguma coisa.

Kant explica que uma lei moral é a síntese de uma vontade perfeita, pois se apoia nas máximas extraídas da razão e se reveste da universalidade.

Conclusão

O que podemos perceber é que a teoria ética de Kant está comprometida com máximas que visam abarcar não somente as necessidades da pessoa envolvida na ação, mas também a necessidade de outrem, pois um imperativo não permite fazer qualquer espécie de concessão para obtermos vantagens. O risco de uma concessão é obter uma vantagem hoje, em troca de enfraquecer permanentemente os vínculos que nos tornam seres racionais e sociais.

Capítulo 11 – A ética utilitarista

Introdução

É difícil existir um consenso em torno das questões que envolvem a conduta moral. O objeto deste capítulo não é percorrer todas as tendências éticas que se encontram na filosofia, mas pensar basicamente as teses centrais do utilitarismo ético, uma vez que:

a) ela se apresenta como uma alternativa à ética kantiana.

b) fornece elementos fundamentais para que possamos formular respostas apropriadas aos principais temas que permeiam a discussão acerca da moralidade na sociedade contemporânea.

Em todas as teorias éticas, deparamo-nos com a problematização de certos princípios, valores e normas que pertencem à esfera da conduta moral efetiva, ou seja, tenhamos consciência disso ou não, nossas ações derivam

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destes princípios, valores e normas. Entretanto, surge uma pergunta: Existem regras que são universalmente aceitas? Sem refletirmos com cuidado, podemos afirmar que sim. Exemplos: “não faças a outros o que não querem que te façam” e ainda “age em relação aos outros como queres que os outros ajam em relação a ti”.

Para Kant algumas regras, como as citadas nos exemplos acima, não são logicamente válidas. Nosso assunto anterior tratou disso, ou seja, para o filósofo, uma norma é formal quando ela não especifica o que é certo ou errado, indicando apenas um critério para que possamos distinguir uma coisa da outra.

E o que pensam sobre isso os filósofos utilitaristas?

1. O utilitarismo ético segundo Jeremy Bentham

Segundo Jeremy Bentham (1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873), uma teoria ética deve estar comprometida com o seguinte princípio: Não pode justificar o egoísmo ético, ou seja, não deve avalizar a busca daquilo que é o bem somente “para mim”. Mas também não pode incorrer no outro extremo, que só visa o bem dos outros. Entre os extremos devemos buscar, segundo Bentham, o que é útil para o maior número de pessoas. E o que seria útil?

O conceito de utilidade sugerido por Bentham é emprestada da teoria de David Hume (1711-1776) que afirma que o que levou as pessoas a abandonar seu estado de natureza foi o desejo de tornar a vida mais suportável, ou seja, nossa decisão de viver em comunidade pode ser interpretada como gesto adotado para amenizar nossas dificuldades e tornar a vida mais prazerosa. Utilidade, portanto, implica em dois termos:

a) O exercício da política que deve ser conduzida a um fim proposto.

b) Utilidade está na esfera da moral, vinculando-se à meta de atingir a felicidade. No terreno da moral, a amizade, a justiça, a conduta social e pessoal servem como parâmetros para aferir a felicidade.

Pensando dessa forma, o utilitarismo admite que a avaliação de uma conduta correta ou incorreta depende das consequências produzidas pela ação. Neste sentido, define-se consequencialismo moral na perspectiva utilitarista da seguinte forma: a ação moralmente correta é aquela que tem como consequência um bem maior para todos, inclusive para o agente.

Para Bentham, os homens são regidos por dois senhores: o prazer e o sofrimento. Desta forma, uma regra aceita por todos os sujeitos racionais deveria ser: “devemos sempre procurar alcançar o prazer e nos distanciar do sofrimento”.

2. O desenvolvimento do utilitarismo: as teses centrais de Stuart Mill

A primeira alteração fundamental proposta por Mill consiste em substituir o ponto de partida da teoria utilitarista. No lugar do prazer e da felicidade sensorial, colocamos os prazeres derivados do intelecto. Assim, abandonamos a busca pelo prazer e nos concentramos em buscar algo ideal que repousa na consciência moral.

De acordo com Mill, os bens mais preciosos e cobiçados são a virtude, o autorrespeito, a dignidade, o autodesenvolvimento, ou seja, tudo aquilo que é unicamente humano.

Os elementos que constituem a vida moral são as capacidades próprias do intelecto, a harmonia dos sentimentos, a amizade e a cooperação. Se a meta é garantir a felicidade geral, Mill sustenta que devemos buscar algo para além do ato.

Conclusão

Devemos sempre agir de acordo com a norma que garanta o maior bem para o maior número de pessoas. Nesse sentido, a questão referente ao modo como devemos agir em determinada situação será respondida, não remetendo a alguma regra ou a um imperativo categórico, mas simplesmente escolhendo o que acarretará as melhores consequências, a felicidade, para o maior numero de pessoas.

Referências

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