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CENTRO PAULA SOUZA FATEC OURINHOS CURSO DE AGRONEGÓCIO. Diego de Freitas Attaides AS AÇÕES DE PREVENÇÃO DO CANCRO CÍTRICO NO ESTADO DE SÃO PAULO

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CURSO DE AGRONEGÓCIO

Diego de Freitas Attaides

AS AÇÕES DE PREVENÇÃO DO CANCRO CÍTRICO NO

ESTADO DE SÃO PAULO

OURINHOS (SP) 2016

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AS AÇÕES DE PREVENÇÃO DO CANCRO CÍTRICO NO

ESTADO DE SÃO PAULO

Trabalho de graduação apresentado a Faculdade de Tecnologia de Ourinhos para a conclusão do curso de Tecnologia em Agronegócio.

Orientador: Marcos Antônio Perino

OURINHOS (SP) 2016

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AS AÇÕES DE PREVENÇÃO DO CANCRO CÍTRICO NO

ESTADO DE SÃO PAULO

Trabalho de Graduação - TG apresentado a Faculdade de Tecnologia de

Ourinhos como requisito para a conclusão do Curso de Agronegócio.

Data da aprovação: ______/__________/__________

_____________________________________(assinatura) - ___________ (nota)

Orientador: Prof. Me. Marcos Antônio Perino – Fatec – Ourinhos

_____________________________________(assinatura) - ___________ (nota)

Profª. Me.Vera Lúcia Silva Camargo – Fatec – Ourinhos

_____________________________________(assinatura) - ___________ (nota)

Prof. Me. Marco Antônio Silva de Castro – Fatec – Ourinhos

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variedades de citros em geral. A doença está presente nas principais regiões produtoras de cítricos do mundo, entre elas encontra-se o Estado de São Paulo, uns dos maiores produtores de laranja do mundo. A bactéria é bastante agressiva e de disseminação rápida, nenhuma espécie ou variedade estão imune à patologia do cancro cítrico. Como não existe método curativo, a única forma até o momento de eliminar o cancro, é a erradicação do material contaminado. Com a nova legislação será possível monitorar e integrar diferentes medidas de manejo, desde o monitoramento antes da doença estar instalada e depois com o pomar infectado. As perdas econômicas relacionadas ao cancro cítrico, inicia com o processo de desfolha da planta, queda prematura dos frutos, ocasionando baixa produtividade associada à depreciação da qualidade dos frutos pela presença de lesões, restringindo a comercialização da produção, trazendo enormes prejuízos aos produtores.

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attacks the species and varieties of citrus in general. The disease is present in the major citrus producing regions of the world; among them is the São Paulo State, one of the largest orange producers in the world. The bacterium is very aggressive and rapid spread, no species or variety are immune pathology of citrus canker. As there is no curative method, the only way so far to eliminate canker is the eradication of contaminated material. With the new legislation will be possible to monitor and integrate different management measures, from monitoring before the disease is installed and then with the infected orchard. The economic losses related to citrus canker, starts with the process of the plant defoliation, premature loss of fruits, causing low productivity associated to the depreciation of fruit quality by the presence of damages, restricting the commercialization of the production, causing enormous losses to the producers.

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1 INTRODUÇÃO ... 7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 9

2.1 História da citricultura brasileira ... 9

2.2 Importância da citricultura brasileira ... 11

2.3 Cancro cítrico ... 12

2.3.1 Importânciado cancro cítrico ... 13

2.3.2 Sintomas ... 14

2.3.3 Epidemiologia ... 16

2.3.4 Legislação no Estado de São Paulo ... 17

2.3.5 Medidas de controle... 19

2.4 A nova legislação do cancro cítrico ... 20

2.5 Manejo do cancro cítrico ... 21

2.5.1 Quebra-vento ... 22 2.5.2 Variedades resistentes... 23 2.5.3 Medidas de exclusão ... 24 2.5.4 Controle do minador ... 24 2.5.5 Poda ou desfolha ... 25 2.5.6 Mudas sadias ... 25 2.5.7 Controle químico ... 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 29 5 CONCLUSÃO ... 30 6 REFERÊNCIAS ... 31

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1 INTRODUÇÃO

O cancro cítrico é uma das principais doenças da citricultura e ataca os citros em geral e está presente em diversas regiões como o Estado de São Paulo, ocasionando perdas na produtividade, qualidade dos frutos gerando prejuízos econômicos aos produtores.

Quando a doença é identificada no pomar é necessária uma rápida ação de intervenção devido aos prejuízos causados não só a produção, mas devido ao processo que envolve todo o seu controle, incluindo a fiscalização de órgãos competentes que pode influencia no desenvolvimento da atividade citrícola da propriedade.

As medidas de controle utilizadas devem ser um conjunto de estratégia ampla de manejo integrado, já que as medidas que são tomadas de maneira isolada não surtem o efeito desejado de prevenir a inserção e o estabelecimento da doença em novas áreas dentro da produção.

Devido às perdas na qualidade e na quantidade, a comercialização do fruto é diretamente influenciada. Torna-se necessário a inclusão de restrições tanto no comércio nacional, quanto internacional de mudas e frutos in natura para as regiões que estão livres do patógenos.

Num conjunto, o cancro cítrico deve ser observado de perto para evitar grandes estragos não só na produção, mas também na disseminação para as demais propriedades vizinhas, cidades, estados e até países. O produtor rural deve-se atentar ao máximo em relação à doença, evitando assim prejuízos que se contabilizados podem ser superiores aos que são gastos com a prevenção da doença.

Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo analisar a legislação de prevenção do cancro cítrico no Estado de São Paulo.

Objetivo específico

Apresentação sobre a importância da citricultura e do cancro cítrico no Estado de São Paulo, quais as medidas de controle e a utilização da legislação para a erradicação do patógeno no Estado.

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Justificativa

Devido aos grandes danos que o cancro cítrico vem causando nas plantações citrícolas e, como consequência, ocasionando grandes perdas na produção e também perdas financeiras, torna-se necessário uma avaliação para verificar e estabelecer uma situação para que o mesmo não ocorra e influencie tanto na produção.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 História da citricultura brasileira

Segundo Donadio et al. (1998) citado por Zulian et al. (2013), a citricultura é uma atividade de grande importância para o agronegócio brasileiro. As frutas desse grupo pertencem ao gênero Citrus, a principais são: as tangerinas, as laranjas doce, os limões, as limas ácidas, os pomelos, e outras espécies.

A citricultura do Brasil foi alavancada pela laranja Bahia. Apesar de um cultivo lento as mudas passaram a ser disputadas pelo país e continuam sendo espalhadas aos poucos, numa escala considerável (RODRIGUES E OLIVEIRA, 2004).

Fernandes (2010) explica que a laranja foi introduzida no território brasileiro pelos portugueses e tinha como objetivo o abastecimento de vitamina C, utilizada como antídoto do escorbuto, doença que assolava as tripulações dos navios no período do descobrimento do Brasil.

Fernandes (2010) ainda explica que a adaptação da fruta foi tão boa que era possível confundir com as plantas nativas. Como consequência dessa adaptação foi produzida uma variedade particular, conhecida internacionalmente como: a laranja Bahia, baiana ou de umbigo, que teria se originando de uma árvore em meados de 1800, de laranja seleta, num pomar em Salvador. E foi por meio da propagação da laranja baiana que a citricultura se tornou um ramo da agricultura brasileira.

Mas, desde o início, foi na região centro-sul do Brasil que a citricultura teve maior destaque, principalmente em função das condições edafo-climáticas e pela proximidade com o mercado consumidor. Assim, São Paulo é reconhecido até hoje pelo domínio neste setor, sendo que das 1.178 máquinas extratoras do suco de laranja instaladas no país, 1.061 estão localizadas no estado de São Paulo, 72 estão no Sul e 45 no Nordeste (NEVES et al., 2010 citado por ZULIAN et al., 2013).

Fernandes (2010) explica que por volta de 1800, técnicos em citricultura da Califórnia aproveitaram os serviços diplomáticos norte-americanos no Brasil e receberam mudas de laranja Bahia. Devido a viagem, só duas mudas vingaram, porém, foram delas que saíram as mudas que se disseminaram por todos os Estados Unidos e pelo mundo. O intercâmbio entre o Brasil e os Estados Unidos foi fundamental para o ponto de partida da citricultura nesses dois países.

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O período preliminar de evolução da citricultura coincide com mudanças fundamentais no Brasil. No período entre 1822 e 1889, foi declarada sua independência e proclamada a república, na economia saiu o açúcar e entrou o café, no trabalho saiu o escravo e entrou o imigrante (FERNANDES, 2010).

Assumia no início apenas um caráter doméstico, sendo cultivada somente em quintais urbanos e em fazendas para consumo familiar, a produção foi aumentando até que em 1911 ocorre a primeira exportação de laranja para a Argentina (FERNANDES, 2010).

O período de 1930 a 1939 pode ser chamado “primeira fase área da citricultura”, pois com alternâncias do anos favoráveis e anos infortunosos, a produção e a exportação aumentaram continuamente, firmando-se a expectativa de um futuro brilhante para essa atividade (RODRIGUEZ E VIÉGAS, 1980).

De acordo com Martinelli (1987) citado por Fernandes (2010), o governo paulista esteve presente na citricultura desde a década de 20, e como consequência contrastava bastante com o que ocorria nos demais estados. Essa intervenção foi um dos principais condicionantes para a posição do Estado de São Paulo na produção de laranja no país.

A citricultura está suscetível às mudanças climáticas e às doenças que afetam as frutas. Essas situações interferem na produção, no preço de mercado e, consequentemente, em todo andamento da atividade. A consolidação da indústria brasileira no mercado de citros ocorreu definitivamente após as geadas que afetaram a Flórida nos anos de 1977, 1981, 1982, 1983, 1985 e 1989, causando perdas na produção americana de laranja e firmando as exportações de suco brasileiro (NEVES et al., 2010 citado por ZULIAN et

al., 2013).

Neves et al (2010) citado por Zulian et al (2013), ainda afirma que como passar do tempo, como qualquer outra atividade, houve períodos de prosperidade, que maximizou o número de produtores na atividade citrícola, porém houve períodos de recessão, muitas vezes devido ao hiato temporal entre o início do plantio, o crescimento das plantas e o amadurecimento das frutas para a venda.

O suco de laranja foi, na verdade, uma opção alternativa de comercializar a fruta quando, no início da década de 1940, período da Segunda Guerra Mundial, ela foi proibida de ser exportada in natura ((NEVES e JANK, 2006 citado por ZULIAN et al., 2013).

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A queda das exportações brasileiras só não foi maior justamente porque os produtores fluminenses, que exportavam para a Argentina, não foram afetados pela guerra, mas os paulistas que detinham a maior porcentagem das exportações perderam todo o seu mercado, e na tentativa de reverter essa situação buscaram o mercado interno, porém este mercado não era desenvolvido suficiente para consumir todo o excedente da produção (FERNANDES, 2010).

Segundo Zulian et al (2010), surgiram várias empresas processadoras e exportadoras do suco, que beneficiaram os produtores, as indústrias, os municípios por meio da agregação de valor com a transformação da laranja em suco. Resultando assim, conforme Neves e Jank (2006) citado por Zulian et al (2010), benefícios para os setores antes da porteira, dentro da porteira e depois da porteira. Além disso, também possibilitou o desenvolvimento do setor de pesquisas científicas com avanços tecnológicos e do mercado de trabalho.

2.2 Importância da citricultura brasileira

Nos últimos 20 anos, a cultura da laranja apresentou um grande crescimento em nível nacional, principalmente pela valorização que o suco concentrado e congelado teve em países importadores (IBGE, 2007 citado por THEISEN, 2007).

Com uma das maiores coleções de citros – cerca de 2 mil tipos de laranjas, tangerinas e limões, o Brasil possui um patrimônio representado por um parque de mais de 210 milhões de arvores de citros (SOUZA, 2001 citado por TURRA e GHISI, 2003).

A citricultura apresenta números expressivos, que refletem a grande importância econômica e social desta atividade para o Brasil. Em 2003, a citricultura movimentou US$ 3,23 bilhões, gerou US$ 1,33 bilhão em divisas através das exportações e recolheu US$ 139,41 milhões em impostos federais (NEVES e LOPES, 2006 citados por VEIGAS, 2006).

Segundo dados da FAO (2005), o Brasil é o principal produtor de laranja do mundo, respondendo por 28% da produção mundial e essa é a oitava commodity mais produzida neste país (em termos de valor) (VEIGAS, 2006).

A indústria citrícola brasileira é muito eficiente e possui claras vantagens comparativas no contexto internacional. Sua produção é voltada basicamente ao mercado internacional, principalmente europeu e norte-americano, com exportações atingindo volumes crescentes (VEIGAS, 2006).

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2.3 Cancro cítrico

O cancro cítrico é uma doença que ataca os citros em geral (laranjas doces, tangerinas limões e limas ácidas). Causadas pela bactéria Xanthomonas citri subs. citri, está presente no Brasil desde 1957 (FUNDECITRUS, 2008).

O cancro cítrico é uma doença presente em algumas das principais regiões produtoras de cítricos do mundo, as quais incluem os Estados de São Paulo e Flórida (Estados Unidos), os maiores produtores mundiais de suco de laranja. Embora esteja presente nessas e em outras regiões nos continentes asiático e americano há várias décadas, a doença ainda provoca danos e perdas relevantes (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

O cancro cítrico foi introduzido no Brasil na região de Presidente Prudente, no Estado de São Paulo, por meio de material propagativo de citros contaminado vindo do Japão, segundo Bitancourt, 1957 citado por Reis, 2006.

O cancro cítrico é considerado mundialmente como uma das mais importantes doenças que ocorre nos citros, afetando diversas variedades de importância comercial, tais como laranjeiras, limoeiros, limeiras e pomeleiros. Causado por organismos bastante agressivos e de rápida disseminação, atualmente o cancro está presente em pomares de citros de várias partes do mundo, incluindo países líderes na produção de laranjas para a indústria de suco, como o Brasil e Estados Unidos (FUNDECITRUS, 2004 citado por REIS, 2006).

De acordo com Fundecitrus (2006) citado por Neto et al (2007), nenhuma das espécies e variedades estão imunes à patologia do cancro cítrico, porem alguma delas são mais resistentes a doença como: Poncan, Mexerica do rio, Limão Tahiti, Laranja ‘Pêra’, Laranja ‘Natal’ e Laranja ‘Valencia’, Tangor “Murcote’, Limão ‘Cravo’, Laranja ‘Hamlin’, Laranja ‘Baianinha’, Limão ‘Galego’, Limão ‘Siciliano’ e Pomelo.

Essa doença se manifesta por meio de lesões, que são parecidas com verrugas em folhas, frutos e ramos, que ocasiona a queda das folhas e frutos, diminuindo a produção (NETO et al, 2007 citado por FUNDECITRUS, 2006).

O número de ocorrências de cancro cítrico nos pomares paulistas é crescente desde 2009, a expectativa é que a incidência da doença continue aumentando nos próximos anos no Estado. Não se sabe, no entanto, qual será a velocidade de progresso do cancro cítrico no parque citrícola paulista. As diversas alterações ocorridas na legislação de erradicação desde a década de 1990 têm levado à desuniformidade no rigor das medidas adotadas para

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controlar a doença nas propriedadescitrícolas, dificultando a elaboração de prognósticos (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

Essa doença tem importância devido aos danos que ela causa tanto na produção, como na qualidade dos frutos, e por não existirem medidas de controle eficazes (KOLLER, 1994 citado por REIS, 2006).

2.3.1 Importânciado cancro cítrico

De acordo com Behlau e Belasque (2014), o cancro cítrico é uma das principais e mais importantes doenças da citricultura mundial. Tanto nas áreas que a doença é amplamente distribuída, quanto nas áreas que ela está presente em pequenas partes dos pomares a principal forma de controle é a erradicação das plantas. Em áreas livres da doença, ações são adotadas para evitar a entrada do patógeno, ações essas que exigem recursos financeiros e humanos.

As perdas causadas pelo cancro cítrico dependem da severidade com que a doença ocorre, pois envolve a desfolha e a consequente redução da produção em virtude da queda prematura de frutos, depreciação de frutos, atraso no crescimento de plantas jovens, aumento do custo de produção, restrições ao uso de cultivares suscetíveis e existência de limitações de ordem legal na comercialização de frutos e mudas produzidos em regiões contaminadas (PORTO, 2006 citado por THEISEN, 2007).

Segundo Gottwaldet al (2001) citado por Behlau (2006), devido a debilitação das plantas e também a perda de quantidade e qualidade de frutos, a ocorrência do cancro cítrico implica em restrições na comercialização nacional e internacional de mudas e frutos in natura para as regiões que estão livres do patógeno. O cancro cítrico é uma doença quarentenária e o comércio mundial é regulamentado por medidas que buscam impedir principalmente a entrada do patógeno em áreas livres da doença.

Para Behlau e Belasque (2014), as regiões que o cancro cítrico está controlado oficialmente e a erradicação das plantas contaminadas é a principal medida de controle, o impacto da doença está relacionado diretamente com o aumento dos custos de produção com a desinfestação de máquinas e principalmente com inspeções e eliminação das plantas. Quanto mais rígida a medida de prevenção, menor é o risco do cancro se estabelecer na propriedade. Caso a doença tenha sido detectada, os focos são formados por poucas plantas e consequentemente os impactos no custo de produção é menor.

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2.3.2 Sintomas

O cancro cítrico ocorre em toda a parte aérea das plantas, sendo os sintomas característicos, porém podem variar de acordo com o órgão afetado e com a sua idade no momento da infecção (LEITE, 1990 citado por THEISEN, 2007).

Behlau e Belasque (2014), esclarecem que diferente de algumas doenças os sintomas do cancro cítrico são característicos e devido a isso, são fáceis de identificar no campo. Os sintomas podem ocorrer nos frutos, folhas e com menor frequência nos ramos. De maneira geral as lesões têm as mesmas características nos diferentes órgãos da planta em que ocorrem.

As lesões provocadas pelo cancro cítrico são salientes, o que não ocorre na maioria das outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem nas folhas, e são nestas que se encontra em maior quantidade, quando comparado com a presença dos sintomas em frutos e ramos (FIGUEIREDO et al, 2006).

De acordo com Amaral (2003) citado por Reis (2006), por mais que os principais sintomas sejam característicos, todos os órgãos da planta localizados acima do solo são afetados. São suscetíveis à infecção todos os tecidos jovens, quando há aberturas no tecido vindas de orifícios naturais ou causados por danos físicos como perfurações provocadas por insetos e espinhos da própria planta.

Nas folhas o primeiro sintoma visível é o aparecimento de pequenas lesões salientes, que surgem nos dois lados das folhas, sem deformá-las. As lesões aparecem na cor amarela e logo se tornam marrons. Quando a doença está em estágio mais avançado, as lesões nas folhas ficam corticosas, com centro marrom e um anel amarelado em volta (FIGUEIREDO et al, 2006).

Figura 1 - Lesões de cancro em folhas de pomelo (cimboa, pt).

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Nos frutos, os sintomas são lesões idênticas às das folhas, porém, normalmente apresentam-se em tamanho maior. Quando o ataque é intenso, ocorre a queda de frutos, antes mesmo de atingirem a maturação (GOTTWALD et al, 2002 citado por THEISEN, 2007).

Figura 2 - Fruto de pomelo (cimboa, pt) com lesões de diferentes tamanhos, resultado de repetidos ciclos de infecção separados no tempo.

Fonte: Gottwald e Graham (2005)

Nos ramos, os sintomas são mais severos nas cultivares mais suscetíveis à doença (LEITE, 1990 citado por REIS, 2006).

Figura 3 - Lesões nos ramos na laranjeira ‘Hamlin’.

Fonte: Gottwald e Graham (2005)

Sendo que pode ocorrer a morte dos mesmos na presença de várias lesões, que apresentam coalescência, ou seja, agrupam-se formando lesões de formato irregular e com

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maior extensão, além de não apresentarem nítida formação de halo amarelo (AMARAL, 2003 citado por REIS, 2006).

Segundo Gottwaldet al (2002), os ramos são fontes secundarias de infecção na planta, pois perpetuam a bactéria durante vários ciclos de crescimento (THEISEN, 2007).

2.3.3 Epidemiologia

O ciclo do patógeno normalmente tem início a partir de lesões ativas da doença, localizadas em ramos, folhas e em frutos remanescentes na planta (THEISEN, 2007).

A partir das lesões, células bacterianas são disseminadas principalmente através da água de chuva para plantas mais próximas. As gotas de água quando se chocam com lesões de cancro dispersam o inóculo para ramos e plantas ao redor por meio de gotículas, as quais podem atingir maiores distâncias na presença de vento (GOTTWALD e TIMMER, 1995 citado por BEHLAU, 2006).

De acordo com Figueiredo et al (2006), a disseminação do cancro dentro de um pomar ocorre entre as folhas, frutos e ramos de uma planta doente e entre plantas vizinhas. O tempo de contaminação da doença no pomar depende da variedade ou espécie cítrica, idade, condição do pomar, ocorrência de chuvas com vento, o transito de pessoas, adoção de medidas de prevenção da doença entre outros fatores.

Amorim e Bergamin (2001) atribuem a dispersão da bactéria a uma distância de até 15 metros, aos respingos de água da chuva associados ao vento (THEISEN, 2007).

Portanto, a utilização de quebra-ventos pode constituir uma importante medida de prevenção, pois atenuando a velocidade dos ventos, diminui a entrada e a penetração forçada do patógeno (PORTO, 1993 citado por REIS, 2006).

Além da ação dos fatores climáticos, a bactéria pode ser levada a outras áreas por meio de materiais vegeteis infectados, como frutos, material propagativo e mudas, assim como por meio de ferramentas, caixas de colheita e veículos (LEITE, 1990 citado por THEISEN, 2007).

O clico da doença começa com a sobrevivência da bactéria na margem das lesões que provoca, no entanto, quando exposta a luz do sol e/ou ao dessecamento na superfície do órgão vegetal a sua morte prematura. A sua sobrevivência é de apenas alguns dias quando presente no solo e de alguns meses quando incorporada juntamente com o tecido vegetal no solo, possivelmente devido à competição com organismos saprofíticos. A bactéria

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pode sobreviver por vários anos em tecidos vegetais que se apresentam dessecados e livres do solo (GOTO, 1992 citado por FIGUEIREDO et al, 2006).

O rápido declínio da população da bactéria pode ser atribuído à falta de capacidade de sobreviver e competir com a microflora antagonística presente nesses substratos (LEITE E MOHAM, 1990 citado por BEHLAU, 2006).

Como não existe método curativo para a doença, a única forma de eliminar o cancro é por erradicação do material contaminado. Por essa razão o citricultor deve estar atento às medidas de prevenção e não esquecer da inspeção rotineira. No entanto, só a erradicação das arvores contaminadas não garante a eliminação da bactéria causadora do cancro cítrico. Também é importante eliminar as rebrotas que surgem na área onde foi realizada a erradicação e queima das arvores (FUNDECITRUS, 2006 citado por FIGUEIREDO et al, 2006).

Todo o material, máquinas e implementos usados na eliminação das rebrotas devem ser pulverizados com bactericida. Área onde o foco da doença foi encontrado deve ficar temporariamente interditada (FUNDECITRUS, 2006 citado por FIGUEIREDO et al, 2006).

Segundo Fundecitrus (2006) citado por Figueiredo et al. (2006), as demais áreas podem ser comercializadas, porém precisam de inspeção. Não é autorizado o replantio de citros durante dois anos, nas áreas que tiveram plantas erradicadas devido à doença.

2.3.4 Legislação no Estado de São Paulo

O cancro cítrico é uma “praga quarentenária” em muitos países como o Brasil, e o comercio nacional e internacional de cítricos é regulado por medidas obrigatórias de exclusão e erradicação do patógeno (BEHLAU e BELASQUE, 2014).

Esse status quarentenário deve-se à inexistência do patógeno em muitas regiões produtoras de cítricos, nos cinco continentes, as quais objetivam manter sua condição de área livre. A legislação brasileira determina dois tipos de pragas quarentenárias – A1 e A2. Quarentenárias A1 são as pragas exóticas não presentes no país. As quarentenárias A2 são as pragas de importância econômica potencial, já presentes no país, porém apresentando disseminação localizada e submetidas a programa oficial de controle (BEHLAU e BELASQUE, 2014).

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De acordo com Defesa Agropecuária (2013), a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, visando manter a baixa incidência do cancro no estado de São Paulo, estabeleceu que a Resolução SAA – 147 fosse implantada em 31/10/2013.

A resolução é composta pelos seguintes artigos:

Artigo 1º - Estabelecer os procedimentos visando a manutenção da supressão/erradicação do cancro cítrico no estado de São Paulo (DEFESA AGROPECUÁRIA, 2013)

Parágrafo Único – Fica adotado para o Estado de São Paulo, o método de eliminação da planta contaminada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, causadora do cancro cítrico e pulverização das demais plantas de citros abrangidas pelo raio perifocal mínimo de 30 metros, medido a partir da planta contaminada, com calda cúprica na concentração de 0,1 % de cobre metálico, repetindo a pulverização a cada brotação (DEFESA AGROPECUÁRIA, 2013).

No Artigo 2º resolve que todo produtor que explore comercialmente a cultura dos citros, deve promover a cada três meses uma vistoria em todas as plantas de citros da propriedade, cita Defesa Agropecuária (2013).

Artigo 3º - Efetuadas as vistorias, o produtor deverá apresentar à Coordenadoria de Defesa Agropecuária até o dia 15 de julho um relatório semestral por propriedade comercial e por unidade de produção (UP) ou talhão, relativo às vistorias feitas entre 1º de janeiro a 30 de junho, e outro até 15 de janeiro, relativo às vistorias feitas entre 1º de julho a 31 de dezembro (DEFESA AGROPECUÁRIA, 2013).

De acordo com Behlau e Belasque (2014), o Artigo 4º explica que a Coordenadoria de Defesa Agropecuária fará fiscalizações em amostras de plantas de citros de propriedades comerciais, para verificar o cumprimento da norma.

Artigo 5º – Em propriedades não comerciais, seja em áreas urbanas ou rurais, públicas ou privadas, compete à Coordenadoria de Defesa Agropecuária promover a realização de fiscalizações amostrais, visando detectar a ocorrência de cancro cítrico.

Os demais artigos que compõe a resolução são referentes as vistorias do órgão competente e o cumprimento do que é estabelecido pela lei pelo proprietário rural para a erradicação do cancro na propriedade.

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2.3.5 Medidas de controle

Nos pomares de São Paulo e nos Estados Unidos da América, as duas maiores regiões produtoras de citros do mundo, o controle do cancro cítrico baseia-se principalmente nas medidas de exclusão e erradicação (GOTTWALD e IREY, 2007 citado por THEISEN 2007).

No Brasil, estas medidas foram estabelecidas no programa nacional de erradicação, 1974 com a criação da CANECC (Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico). Esta campanha conseguiu impedir a rápida disseminação da doença nas principais regiões produtoras, mas mostrou-se incapaz de erradica-la (LEITE, 1990 citado por THEISEN, 2007).

O controle do cancro cítrico deve ser considerado dentro de uma estratégia ampla de manejo integrado, visto que medidas isoladas não tem sido satisfatória para prevenir a introdução e o estabelecimento da doença em novas áreas (LEITE, 1990 citado por REIS, 2006).

Desde a primeira campanha contra o cancro cítrico no Estado de São Paulo a única solução adotada oficialmente tem sido a erradicação das plantas contaminadas e das plantas vizinhas. Esta condição, como é de esperar, causa reações contrarias principalmente por parte de pequenos produtores que tem sua sobrevivência ameaçada. A prevenção da doença, portanto, é de suma importância para assegurar a sanidade dos pomares e as medidas para isto tem sido constantemente aperfeiçoada e divulgada através de amplas campanhas de treinamento e divulgação na mídia e outros meios. As medidas de prevenção se dividem em ações governamentais, com fiscalização e barreiras sanitárias, e ações especificas que devem ser tomadas individualmente pelos diversos agentes da cadeia agroindustrial da laranja, como produtores, comerciantes e indústrias (SALA, 2003).

A erradicação é uma prática de controle adotada depois do patógeno ser introduzido em uma nova área, mas que não tenha ainda se estabelecido permanentemente, eliminando-se o hospedeiro doente ou que tenha sido exposto ao patógeno (BEHLAU, 2006).

De acordo com Behlau (2006), a erradicação é uma drástica medida de controle que pode ocasionar a eliminação de milhares de plantas em pomares e viveiros, e como consequência, proporcionar gastos de elevadas quantidades dos recursos financeiros.

Além da erradicação Behlau e Belasque (2014) citam que a inspeção é outra medida de controle que deve ser feita em áreas livres ou sob erradicação, para cada citricultor saber se

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o cancro cítrico ocorre em seus pomares e também na microrregião que a sua propriedade está inserida.

A presença da doença numa propriedade qualquer, ou nos seus arredores, exige ações de erradicação quando a detecção dos focos da doença, para a manutenção da sanidade dos pomares (BEHLAU e BELASQUE, 2014).

A utilização de quebra-ventos ao redor do pomar ou viveiro é também uma medida bastante incentivada, o que contribui para evitar a dispersão da bactéria através do vento e evita o ferimento das folhas de plantas expostas à corrente de ar predominante (REIS, 2003).

Segundo Gottwald et al. (2002) citado por Reis (2003), o cancro cítrico também é manejado mundialmente com pulverizações preventivas de bactericidas cúpricos, que são utilizados como forma de reduzir a quantidade de inóculo presente e também proteger os novos fluxos de brotação e a superfície dos frutos.

Além dessas medidas também são importantes o treinamento e a conscientização de funcionários e colhedores sobre a importância da prevenção do cancro (SALA, 2003).

2.4 A nova legislação do cancro cítrico

De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (2016), uma nova legislação referente ao cancro cítrico será publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), onde estabelece medidas para controlar o cancro cítrico em todo o país. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento (2016) explica que essa medida abre a possibilidade de estados com a incidência da doença de fazer a mitigação de risco, adotando novas práticas que não exclusivamente a erradicação.

Estimulados pela pressão do setor citrícola que está sofrendo as consequências do alastramento e crescimento da incidência de cancro cítrico, sobretudo no estado de São Paulo, o Ministério de Agricultura, Pesca e Abastecimento (MAPA) e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) abriram discussão para rever a legislação sobre a doença (FUNDECITRUS, 2016).

Atualmente a lei estadual determina que o citricultor faça quatro inspeções por ano e que arranque as plantas doentes. As árvores que estiverem ao entorno devem receber aplicações periódicas de cobre (FUNDECITRUS, 2016).

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Por meio da mitigação será possível monitorar as pragas que afetam a citricultura, integrando diferentes medidas de manejo, como o cadastramento das lavouras, a inspeção na lavoura e corte de frutos e cargas lacradas na origem, além do funcionamento e adequação da unidade de beneficiamento (SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTACIMENTO, 2016).

A Instrução Normativa Nº37, de 5 de setembro de 2016 estabelecida pelo Ministério de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é composta por 93 artigos que discorrem sobre a nova lei do cancro cítrico, onde fica resolvido que:

Art. 1º Ficam instituídos, em todo o território nacional, na forma desta Instrução Normativa, os critérios e procedimentos para o estabelecimento e manutenção do status fitossanitário relativo à praga do cancro cítrico, Xanthomonascitrisubsp. citri, de: I - Área com Praga Ausente; II - Área Livre da Praga (ALP); III - Área sob Erradicação ou Supressão; e IV - Área sob Sistema de Mitigação de Risco (SMR) (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2016).

Os demais artigos da Instrução Normativa são referentes a caracterização, implantação, manutenção e reconhecimento de status sanitário de cada tipo de área especificada no Art. 1º., onde são explicados cada fase que deve ser feita para o controle antes da doença estar instalada e depois com o pomar infectado.

2.5 Manejo do cancro cítrico

Controlar doenças de plantas é empreender quaisquer ações que visem prevenir ou reduzir os danos provocados pelo agente causal da doença da cultura (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

Como para a grande maioria das doenças de plantas, o controle do cancro cítrico deve-se basear no emprego de um conjunto de medidas, as quais são determinadas pela estratégia a ser adotada. De forma simplificada, existem duas estratégias globais de controle para o cancro cítrico (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

Behlau e Belasque (2014) concluem que, de maneira simplificada existem duas formas que são determinadas para o controle do cancro cítrico. Uma é a erradicação ou exclusão do patógeno, onde o objetivo é, manter os pomares livres da doença. A outra é o manejo integrado, com a finalidade de reduzir os danos e perdas em áreas com disseminação ampla da doença.

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De acordo com Leite (1990) citado por Schiavini (2011), o controle do cancro cítrico deve ser elaborado dentro de uma estratégia de manejo integrado, quando são utilizados métodos isolados não é possível prevenir a introdução e nem o estabelecimento da doença em áreas livres.

O manejo integrado de qualquer doença envolve uma série de medidas que em conjunto visam eliminar ou reduzir os níveis de ocorrência do patógeno em determinada região (BEHLAU, 2006).

Behlau (2006) completa que antes das medidas de controle serem adotadas é essencial que a eficácia sobre os níveis de cancro cítrico dos pomares e seu efeito sobre a produção sejam estudados consistentemente.

Segundo Schiavini (2011), são medidas de controle a inspeção de pomares, utilização de quebra vento, variedades resistentes, medidas de exclusão, controle da larva minadora, barreiras sanitárias, entre outros.

2.5.1 Quebra-vento

De acordo com Behlau e Sala (2014), a utilização de quebra-vento é recomendada nos limites da propriedade e também entre os talhões. As árvores formam uma espécie de obstáculo natural, causando uma redução na velocidade das rajadas de vento e consequentemente, reduzindo também a capacidade de disseminar a bactéria do cancro cítrico.

Os quebra-ventos arbóreos devem ser plantados perpendicularmente à direção dos ventos dominantes ou em sistema de compartimentação, em áreas onde não haja uma direção predominante dos ventos (LEAL, 1986 citado por SCHIAVINI, 2011).

O uso do quebra-vento arbóreo é uma das medias mais eficazes para prevenção e controle do cancro cítrico, pois reduz a ação do vento dentro do pomar, proporcionando condições menos favoráveis para a disseminação e penetração da bactéria nos tecidos suscetíveis (LEITE, 1990 citado por SCHIAVINI, 2011).

As espécies utilizadas como quebra-vento devem apresentar menor competição com as plantas cítricas, crescimento rápido e uniforme, copa densa, porém permeável e não serem hospedeiras de patógenos e pragas que afetam os citros (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

Segundo Andrade (2005) citado por Schiavini (2011) e Behlau e Belasque (2014), as melhores espécies de quebra-vento são a grevílea (Grevílea robusta), cipreste (Cupressus

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Lusitânica), pinus (pinus spp), casuarina (Casuarina equisetifolia e C. cunninghamiana) e eucalipto (Eucalyptus spp).

2.5.2 Variedades resistentes

Todas as espécies e variedades comerciais de citros podem ser afetadas pelo cancro cítrico, mas existem diferenças significativas de suscetibilidade entre genótipos (BEHLAU E SALA, 2014).

As diferenças observadas entre cultivares resistentes e suscetíveis devem-se ao número de lesões e principalmente à população bacteriana emergente das lesões. Cultivares suscetíveis com número de lesões semelhante ou menor que cultivares resistentes podem conter lesões com população bacteriana significativamente superior (GRAHAM, 1990 et al citado por SCHIAVINI, 2014).

De acordo com Leite e Santos (1988) citado por Behlau (2006), a utilização de variedades resistentes é fundamental no manejo integrado, pois é um meio econômico e eficiente no controle da doença.

A identificação de cultivares apresentando características agronômicas e comerciais desejáveis, com níveis adequados de resistência à doença, constitui um fator de grande importância para diminuir os riscos de contaminação nas áreas indenes, em novos plantios localizados em áreas livres desta doença ou em áreas onde ocorreu erradicação e liberação para replantio (LEITE, 1990 citado por SCHIAVINI, 2011).

A suscetibilidade de plantas cítricas ao cancro cítrico não depende apenas da variedade da copa, pois o porta-enxerto também influencia o desenvolvimento da doença (BEHLAU E BESLAQUE, 2014).

Behlau e Belasque (2014) completam que independentemente da variedade ou espécie, a intensidade da doença diminui à medida que as plantas ficam mais velhas, devido ao fato que a proporção de tecidos suscetível em plantas adultas é menor que em plantas mais jovens.

Behlau e Sala (2014) classificam a variedades como altamente resistente (Calamondin e Kumquat), Resistente (Tangerinas Ponkan, Satsuma. Cleopatra e Sunki), menos suscetível (Laranjas Pêra, Valência e Folha Murcha; Tangerinas Clementina Dansy e Cravo), suscetível (Laranjas Hamlin, Westin, Rubi, Pineapple, Baía e Natal; lima ácida Tahiti

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e tangor Murcott) e em altamente suscetível (Pomelo; lima ácida Galego e limões verdadeiros).

2.5.3 Medidas de exclusão

Segundo Schiavini (2011), as medidas de exclusão são utilizadas como medida fitossanitária alternativa, que previne a entrada e o estabelecimento do cancro cítrico em uma área isenta.

Medidas de exclusão praticadas com o objetivo de evitar a entrada do patógeno na área, envolvem a restrição de acesso e fiscalização à circulação de pessoas, veículos e implementos em pomares, principalmente aqueles provenientes de outras propriedades citrícolas. A exclusão preconiza também a pulverização de veículos, implementos e equipamentos de colheita antes de adentrarem os pomares. Além disso, é recomendada a construção de silos na entrada da propriedade para a estocagem provisória de frutos colhidos e a aquisição de mudas sadias e certificadas como forma de evitar a entrada do patógeno na área de cultivo (KIMATI E BERGAMIN, 1995 citado por BEHLAU, 2006).

A prevenção com a finalidade de impedir a entrada da bactéria, principalmente nos primeiros anos de formação do pomar, demonstra ser de grande importância, pois é a fase em que as plantas apresentam maior suscetibilidade (LEITE, 1990 citado por BEHLAU, 2006).

2.5.4 Controle do minador

O minador é um inseto que provoca ferimentos na planta, principalmente nas brotações e abre entradas para a penetração da bactéria do cancro cítrico (BEHLAU E SALA, 2014).

Com o surgimento da larva minadora dos citros houve um importante aumento nos níveis de cancro cítrico e mudança no comportamento da doença nos pomares do Brasil e da Flórida, onde o inseto também ocorre (BERGAMIN et al., 2001 citado por BEHLAU, 2006).

O controle da larva minadora é uma forma de importante de se prevenir a entrada do patógeno do cancro cítrico nas folhas, pois se sabe que os ferimentos causados por esta praga são a porta de entrada para a bactéria. Para controlar a praga, há duas formas mais usuais, que são o controle químico, com inseticidas, de preferência seletivos, e o controle biológico, onde se utiliza, principalmente no Brasil, a dispersão da vespa Ageniaspis

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citrícola, que é inimiga natural da larva minadora (FUNDECITRUS, 2007

citado por SCHIAVINI, 2011).

De acordo com Behlau e Belasque (2014), além da larva minadora contribuir para a infestação do cancro cítrico, a larva é uma praga que pode trazer prejuízos significativos à planta. As galerias formadas pelo ataque desse inseto atrasam o crescimento de mudas, prejudicam o ramo produtivo, provocam queda prematura de folhas, que por sua vez levam à redução da taxa fotossintética e da produção das plantas (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

2.5.5 Poda ou desfolha

Segundo Behlau e Belasque (2014), devido a colonização do cancro cítrico ser de maneira localizada, a poda dos tecidos sintomáticos ou a desfolha das plantas doentes podem ser empregadas como métodos de controle da doença.

Realizar a poda eliminando-se pequenos ramos e folhas que apresentam sintomas da doença é mais uma técnica utilizada para controlar o cancro cítrico em pomares contaminados (SCHIAVINI, 2011).

Este trabalho deve ser executado preferencialmente no final do outono e inverno, evitando a primavera e o verão, pois nessas estações, a poda leva ao surgimento de novas brotações suscetíveis ao cancro cítrico (THEISEN, 2007 citado por SCHIAVINI, 2011).

A eficácia da poda e da desfolha na redução do inoculo dependerá da remoção por completo dos tecidos sintomáticos das plantas doentes e da retirada e destruição desses restos culturais por queima ou enterro (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

2.5.6 Mudas sadias

A aquisição de mudas de citros, certificadas produzidas em viveiros registrados pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento é o ponto inicial para a formação de um pomar saudável (BEHLAU E SALA, 2014).

O emprego de mudas sadias deve sempre ocorrer em áreas livres do cancro cítrico e também em áreas nas quais pratica-se o manejo dessa doença. Para isso é fundamental a aquisição das mudas de viveiros fechados com cobertura plástica e tela antiafídeos, nas laterais, nos modos de produção de mudas cítricas do estado de São Paulo (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

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Devido ao risco da ocorrência de cancro cítrico em viveiros, recomenda-se a realização de inspeções mensais nas estufas para detecção da doença, além de inspeções rotineiras dos pomares próximos a área de produção de mudas (BEHLAU E BELASQUE, 2014).

2.5.7 Controle químico

De acordo com Behlau (2006), no manejo integrado do cancro cítrico o uso de cultivares mais resistentes a doença é complementada com o controle químico, praticado pelo uso de produtos durante a estação de crescimento das plantas, com o objetivo de proteger as brotações novas.

Diversos produtos químicos vêm sendo utilizados no controle dessa infecção bacteriana, grande parte deles a base de cobre, entre eles: o oxicloreto de cobre, sulfato de cobre, hidróxidos de cobre, óxido cuproso, etc (SCHIAVINI, 2011).

A aplicação de cobre não previne a entrada da bactéria no pomar, mas ajuda a reduzir a quantidade de sintomas nas plantas e a queda de frutos (BEHLAU E SALA, 2014).

O cobre atua na proteção do tecido vegetal contra as bactérias e na diminuição da população bacteriana na superfície foliar. Há necessidade de várias aplicações durante o ano para se conseguir um controle adequado do cancro cítrico, A época e o número de pulverizações dependem de vários fatores, entre eles a idade da planta, a suscetibilidade da cultivar, as condições ambientais e adoções de outras medidas de controle (SCHIAVINI, 2011).

Leite (1990) citado por Behlau (2006) afirma que as pulverizações são realizadas entre os meses de setembro a fevereiro, período de maior crescimento vegetativo das plantas e também na época de melhores condições ambientais para o desenvolvimento do cancro cítrico.

Neste período é importante fazer a cobertura da copa com aplicações com produtos à base de cobre, pois são pequenas as quantidades de lesões da doença, assim impede-se o acumulo de inoculo evitando a infecção de brotações posteriores (INTA, 1997 citado por SCHIAVINI, 2011).

Apenas a aplicação de bactericidas cúpricos não é suficiente para impedir a infecção de novas plantas e talhões e, o crescimento cítrico no pomar, esta ação deve estar sempre

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associada à inspeção de plantas e à eliminação dos focos da doença (BEHLAU E SALA, 2014).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração do presente trabalho foram realizadas pesquisas em livros, artigos científicos, dissertações, teses, revistas cientificas, sites que são da área abordada no trabalho ou áreas similares.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O cancro cítrico é uma doença que está presente em várias regiões citrícolas do mundo, onde inclui o Estado de São Paulo, que é responsável por umas das maiores produções de citros do mundo.

A doença tem um poder de propagação muito grande, fazendo com que as medidas de controle e prevenção sejam aplicadas assim que a doença é identificada na propriedade, para ocasionar o mínimo de danos possíveis na produção, evitando assim prejuízos menores para o produtor.

Para o controle da doença foi estabelecida em 2013 uma Resolução para a supressão e erradicação da doença nos pomares do Estado de São Paulo. Então decidiu-se que quando houvesse a presença do cancro cítrico, a única medida que seria tomada era a exclusão da planta contaminada e a pulverização do restante do pomar.

Com essa medida, se o cancro cítrico estivesse afetado um talhão inteiro, a perca seria total, sem chance de produção.

Depois de alguns anos sob essa resolução, a legislação foi alterada abrindo espaço para novas medidas de controle que não seja exclusivamente a erradicação de plantas contaminadas. Com a possibilidade do produtor de fazer a mitigação de risco, o produtor vai conseguir fazer o monitoramento da lavoura podendo realizar diferentes tipos de manejo da doença.

Diferente da antiga legislação, onde a perca dos frutos era total, agora mesmo tendo prejuízo com a realização das técnicas de controle é possível ainda obter a produção dos frutos de talhões que estão contaminados.

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5 CONCLUSÃO

Devido ao seu alto poder de contaminação, o cancro cítrico se tornou uma doença que os produtores tiveram que aprender a conviver com elas nos pomares de citros. Com o passar do tempo a doença foi tomando conta dos pomares e se espalhando pelas propriedades, exigindo medidas de controle.

Para tentar assegurar que a doença não causasse danos ou que eles fossem de menor escalas, técnicas de manejo foram estabelecidas pelos órgãos competentes para o controle da mesma.

A exclusão ou supressão das plantas contaminadas pelo cancro cítrico era a única forma de controle estabelecida. Esse método não era bem aceito pelos produtores devido ao fato de que além de ser necessário fazer um investimento maior para excluir todas as plantas contaminadas, a perda se tornava maior pois toda a produção era perdida.

Com o passar do tempo, novas possibilidades foram analisadas para a mudança do cenário, tanto para o controle da doença quanto para o produtor, que só perdia diante das medidas estabelecidas.

Com a revisão da legislação, se tornou possível utilizar diferentes formas de manejo da doença, onde agora o produtor consegue analisar qual a real necessidade de controle do pomar, e verificar qual medida de controle se adequa aquela situação do pomar e também avalia qual técnica pode ser aplicada de acordo com seu investimento.

Ressaltando que com as diferentes medidas de controle que podem ser aplicadas como a utilização de quebra-vento, controle químico, podas e os demais métodos, ainda é possível obter produção do talhão, mesmo que pequena, a perda não é tão grande como quando utilizado o método de erradicação.

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