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Victoria Vicente Rodrigues Lopes Universidade do Estado do Rio de Janeiro -

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Academic year: 2021

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Victoria Vicente Rodrigues Lopes Universidade do Estado do Rio de Janeiro - victoria.vicentesjm@hotmail.com

Marcela Figueiredo Cáceres Nunes Universidade do Estado do Rio Janeiro - marcelafcaceres@gmail.com

ENSINO DE GEOGRAFIA: O CORDEL NO OLHAR REGIONAL

RESUMO

As práticas pedagógicas desenvolvidas pelo Pibid/ CAPES e pelo Cap-UERJ, promoveu no ano de 2015 o projeto intitulado “A geografia Regional através de cordéis”. Este, fora realizado na Escola municipal Francisco Campos, atendendo alunos do 7º ano da educação Básica. As atividades consistiram no planejamento, pesquisa e execução de tarefas que permitissem a maior apreensão dos conteúdos referente à região Nordeste do Brasil, auxiliando na compreensão das relações sócioespaciais entre as macrorregiões brasileiras. Os objetivos deste, fora a compreensão da dinâmica dos fluxos migratórios, atentando para os fatores que promoveram essa repulsão e atração, e, tendo como finalidade a exaltação da relevância do Trabalhador nordestino nas atividades econômicas desenvolvidas por eles, assim como sua importância cultural na Cidade do Rio de Janeiro. As atividades alcançaram resultados satisfatórios, atingindo os objetivos estipulados. Por meio do trabalho de campo, os alunos puderam através de relatos de nordestinos, vivenciar parte da cultura em questão e compreenderam os motivos que levaram a migração, identificando as principais atividades econômicas da região que se encontram no âmbito da feira, com isto, passaram a admirar e respeitar as diversidades regionais. A síntese de toda apreensão foi transformada em um forte aspecto cultural da região: a literatura de cordel, em que o aluno pode, de forma positiva e criativa, colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante o projeto. Posteriormente, os trabalhos foram expostos em forma de mural para o corpo escolar, juntamente com o mapa temático da região elaborado pelas turmas.

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Palavras-chave: Região, Cordéis, Ensino.

INTRODUÇÃO

O projeto realizado na Escola Municipal Francisco Campos, desenvolvido com as turmas de sétimo ano do Ensino Fundamental, consistiu no planejamento, pesquisa e execução de atividades que permitissem a maior apreensão dos conteúdos referentes a Região Nordeste do Brasil, um dos principais temas do conteúdos programáticos para este ano de escolaridade.

Buscando isto, o objetivo deste trabalho consistiu em levar aos educandos a compreensão da dinâmica dos fluxos migratórios, tendo como finalidade, principalmente, entender os motivos pelos quais ocorreu a migração. A fim de enriquecer a Ciência Geográfica e tornar o ensino de forma significativa aos alunos, a atividade envolveu outros recursos didáticos, como a literatura de cordel e o trabalho de campo, não ficando somente na explicação teórica do conteúdo.

Este trabalho estará estruturado, primeiramente, na apresentação das atividades desenvolvidas em sala, abordando a relevância da literatura de cordel como recurso didático nas aulas de Geografia regional. Posteriormente, será descrito sobre o trabalho de campo realizado na feira de tradições nordestinas, assim como sua importância para que o aluno aprenda, através da sua vivência, aquilo que foi aprendido de forma teórica. Por fim, serão apresentados os resultados alcançados nesta proposta.

A LITERATURA DE CORDEL NO ENSINO DE GEOGRAFIA

O mundo passa por constantes alterações, o que era há dez anos não permanece igual ao que temos hoje, nada permanece cristalizado. Mudam-se as relações, alteram-se os pensamentos e são adicionados novos conhecimentos a cada fração de segundos. Com isto, é necessários que se mude a educação, a fim de atender aos alunos que estão inclusos neste contexto.

Concordamos com Vesentine a respeito do ensino de geografia:

“Uma coisa é certa: o ensino tradicional da geografia-mnemônico e descritivo, alicerçado no esquema “a

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Terra e o Homem” - não tem lugar na escola no século XXI. Ou a geografia muda radicalmente e mostra que pode contribuir para formar cidadãos ativos, para levar o educando a compreender o mundo em que vivemos para ajudá-lo a entender as relações problemáticas entre sociedade e natureza e entre todas as escalas geográficas, ou ela vai acabar virando uma peça de museu.” (2013, p.220).

Sendo assim, é preciso saber usufruir dos recursos que tem disponível e transformar o modelo tradicional de ensino, que em nada desperta o desejo de aprender no aluno, em uma proposta que seja significativa para o educando. Segundo SILVA, “Ensinar geografia não é apenas transmitir conceitos, é ensinar a ver o espaço e suas relações, é ensinar a duvidar, a interrogar, a pesquisar e claro ensinar para a vida, e interpretar as relações cotidianas” (2014, p.9).

É baseado nestes ideais que realizamos em sala o projeto de Geografia regional, abordando especificamente a região nordeste do Brasil. Região esta que constantemente é retratada como a “região problema” nos livros didáticos, exaltando temas como a seca e a miséria como principais problemas.

A primeira atividade desenvolvida foi apresentação da literatura de cordel, apresentando sua origem e a grande apreensão da mesma pela cultura nordestina, sendo esta considerada um símbolo da cultura popular da região. Segundo Medeiros e Holanda, “Por muitos anos ela foi o jornal do sertanejo, sendo em algumas décadas o único meio de comunicação existente. Envolvendo criativamente ao abordarem saberes históricos e geográficos.”( 2008, p.100)

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Produção de cordéis. Acervo pessoal.

A literatura de cordel, portanto, utilizada como recurso didático nas aulas de geografia, muito pode contribuir para a aprendizagem da questão regional, proporcionando um olhar diferenciado da Região Nordeste que é retratada nos livros didáticos, apresentado aos alunos à visão de Nordeste que o próprio autor nordestino possui de sua região.

Consideramos que,

“A variedade de ferramentas, quando utilizada de forma adequada e de acordo com cada conteúdo, promove ao longo das aulas o desenvolvimento das múltiplas competências e habilidades do aluno relacionadas à sua aprendizagem e seu crescimento intelectual e cognitivo.” (SILVA, 2014, p.11).

A literatura de cordel é um gênero literário que remete a uma cultura popular. Sua origem remonta ao século XVI e tem seu nome oriundo em Portugal, onde eram denominados como folhetos, sendo estes expostos e pendurados em cordas. Essa forma de arte retrata, principalmente, fatos históricos e situações da qual a comunidade possui conhecimento, ou seja, retrata a realidade e a cultura local a partir do ponto de vista do autor.

Apresentando o que seria o cordel para os alunos e após terem sido realizadas leituras pelos mesmos, foi proposto que elaborassem seus próprios textos em uma tentativa de estimular sua criatividade. Nos primeiros cordéis elaborados não foi exigidos nenhum tema específico, dessa forma, em grupos, os alunos escreveram sobre aquilo que mais lhes interessavam. Já o grande cordel elaborado ao final do projeto teve como assunto a experiência dos alunos e a sua visão sobre o Nordeste.

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Cordéis elaborados pelos alunos. Acervo pessoal

O TRABALHO DE CAMPO COMO RECURSO DIDÁTICO-FEIRA DE TRADIÇÕES NORDESTINAS

Em busca de entender os nordestinos e a importância dos mesmos para o Rio de Janeiro, é que tornamos a feira como o recorte espacial para nosso estudo, já que acreditamos que a mesma pode ser importante para uma maior compreensão dos alunos sobre a cultura da região e também por entendermos que “um lugar é sempre cheio de histórias e expressa/ mostra o resultado das relações que se estabelecem entre as pessoas, os grupos e também das relações entre eles e a natureza.” (CALLAI, 2005, p.234).

Segundo Tomita, “Acrescenta-se que o trabalho de campo é uma prática indispensável para o ensino de geografia, mas não suficiente. Não se deve encarar essa atividade como um fim, mas como meio que tenha o seu prosseguimento ao retornar à sala de aula.” (1999, p.15).

E é nesta prática em que o aluno age como o construtor de seu conhecimento, pois ele estará em contato com o objeto de estudo proposto, tendo suas próprias experiências e vendo, principalmente, na realidade aquilo que ele aprendeu através dos livros e das informações do professor nas aulas.

Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo estava sob orientação de um estagiário, sendo o grupo responsável por aplicar questionários nas ruas da feira

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já determinadas. Incluía-se na pesquisa perguntas como local de origem, trabalho realizado na feira e, principalmente, o motivo da migração.

Entrevista com comerciante da feira. Acervo pessoal

Sendo assim, no trabalho de campo “a visão de mundo do aluno é incorporado ao processo de aprendizagem, que está associado a uma leitura crítica da realidade e ao estabelecimento da relação da unidade entre a teoria e a prática.” (RODRIGUES&OTAVIANO, 2001, p.35). O aluno torna-se capaz de ver a teoria transformando-se na realidade.

Com este trabalho de campo foi possível o aluno ter contato com a cultura nordestina. As músicas, as comidas e artesanatos da cultura em questão, atraíram a atenção dos educandos e com isto, puderam compreender a riqueza e a diversidade cultural existente em nosso país e compreenderam que o principal motivo da migração em destino ao Rio de Janeiro foi causada, principalmente, pela necessidade de trabalhar e manter o sustento da família.

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Alunos no trabalho de campo. Acervo pessoal.

RESULTADOS DA PESQUISA

Foram entrevistadas ao todo 44 pessoas, destas, 20% possuíam idades entre 20 a 29 anos e 28% entre 50 a 69 anos. O estado de origem das mesmas foi variado, sendo a maioria oriunda da Paraíba com 27% das pessoas entrevistas, seguido de 21% provenientes do Ceará.

A questão sobre migração foi a que gerou mais curiosidade por parte dos alunos, sempre queriam descobrir se o que haviam lido no livro didático era uma realidade obtivemos um bom resultado nesse aspecto, já que a maior parte dos entrevistados migrou para o Rio de Janeiro em busca de trabalho.

Segundo Oliveira e Januzzi (2005, p. 140):

“O Nordeste brasileiro tem-se caracterizado como uma área de intensos fluxos emigratórios. No cerne desses movimentos podem ser localizados alguns fatores historicamente conhecidos, como a estagnação econômica, as mais diversas manifestações de desigualdades sociais, sobretudo os elevados níveis de desemprego nas áreas urbanas da região.”

No entanto, mesmo com dados indicando que a partir da década de 70, com diversas mudanças direcionadas à estrutura produtiva e de vida, principalmente, ao processo de desconcentração econômica, pode-se perceber um movimento de retorno, a maior parte dos entrevistados não deseja voltar ao seu estado de origem, ainda apontando questões de infraestrutura e falta de emprego como motivo para ficar.

Posterior ao trabalho de campo os alunos escreveram relatórios a respeito da atividade, mostrando um resultado satisfatório e o sucesso da atividade em atingir seus objetivos. Tais relatos ficaram expostos para o corpo escolar em um mural reservado para o Pibid, juntamente com um cordel coletivo, criado pelos alunos no fechamento do conteúdo sobre a região nordeste e, também, um mapa temático da região, ilustrado com imagens de danças, comidas, vestimentas e pontos turísticos do local.

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As atividades ofereceram aos discentes uma melhor compreensão das questões nordestinas como um todo, à medida que permitiram aproximar esses estudantes da realidade regional, desde sua cultura, particularidades, vivências, influências, dentre outros aspectos, muito presentes no cotidiano de nossa cidade. As questões referentes a essa importante região brasileira foram tratadas de forma direta, atraente e prazerosa, com a ativa participação dos alunos.

Juntamente com o que foi desenvolvido em sala de aula, os questionários e as entrevistas realizadas com os trabalhadores do Centro de Tradições Nordestinas, ampliaram seus conhecimentos Geográficos, contribuindo para que, além da aquisição de informações, os alunos passassem a respeitar e admirar ainda mais a diversidade regional brasileira, em particular a nordestina.

Em síntese, a apreensão de toda essa riqueza, social, econômica e cultural, teve seu ponto de culminância no espaço escolar, onde os estudantes construíram atividades proativas, como suas próprias literaturas de cordel, resumos, relatórios, dentre outras, colocando em prática todo o conhecimento adquirido e ainda, apresentando seus resultados para toda a comunidade escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLAI, H.C. APRENDENDO A LER O MUNDO: A GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago 2005. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br

CASTELLAR, S; VILHENA, J. ENSINO DE GEOGRAFIA. 1. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

OLIVEIRA, K. F.; JANNUZZI, P. M. MOTIVOS PARA MIGRAÇÃO NO BRASIL E RETORNO AO NORDESTE: PADRÕES ETÁRIOS, POR SEXO E ORIGEM/DESTINO. São Paulo Perspec, vol.19, no.4, São Paulo, Oct/Dec. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392005000400009

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RODRIGUES, A.B; OTAVIANO, C.A. GUIA METODOLÓGICO DE TRABALHO DE CAMPO EM GEOGRAFIA. Geografia: Revista do Departamento de Geociências, Londrina, v. 10, n. 1, p. 35-43, jan./jun. 2001

SILVA, E. M. ENSINO DE GEOGRAFIA: POSSIBILIDADES DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA A PARTIR DO RECURSO DIDÁTICO CORDEL. 2014, 27 p. Trabalho de conclusão de curso. Universidade do Estado da Paraíba.Paraíba.

SILVA, F.I.C.; SOUZA, E.D. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL: O ACESSO À INFORMAÇÃO NA LITERATURA DE CORDEL. Revista: Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.16, n.1, p.215-222, jan./jun. 2006. Disponível em: http://www.ies.ufpb.br/ojs/index.php/ies/article/view/455

TOMITA, L. M. S. TRABALHO DE CAMPO COMO INSTRUMENTO DE ENSINO EM GEOGRAFIA. Geografia: Revista do Departamento de Geociências, Londrina, v.8, nº.1,p.13-15, jan./jun.1999.

VESENTINI, José William. REALIDADES E PERSPECTIVAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL. In:______. O ensino de Geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2008. p. 219-248.

Referências

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