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LEITURA DA LITERATURA: ESTRATÉGIAS EM PRÁTICA

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Academic year: 2021

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Autor: Judith Aparecida de Souza Bedê e-mail: judithbede@seed.pr.gov.br Fone: (44) 9141 2766 res. 3026 0891 judithbede@gmail.com

NRE: Maringá Município: Maringá

Escola: Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes Fone: (44)30310039

Disciplina: Língua Portuguesa (x) Ensino Médio

Disciplina da relação interdisciplinar 1: Arte

Disciplina da relação interdisciplinar 2: História; Religião Conteúdo estruturante: Discurso enquanto prática social. Conteúdo específico: Prática de leitura e dramatização.

Título: LEITURA DA LITERATURA: ESTRATÉGIAS EM PRÁTICA ( Das mulheres de Atenas às mulheres de olhos de ressaca: a figura feminina ontem e hoje).

“[..] torna-se indispensável aos homens atuais uma maior intimidade com a história e, principalmente, com a literatura, como meta para expandir a autoconsciência”. Lígia Helena Nagel1

Problema inicial

Pra começar...Você já ouviu falar de Eva, Pandora, Maria Madalena, Amélia, Maria da Penha e Capitu? Quem são, quando e onde vivem/viveram? Quais semelhanças há entre elas e seus destinos? Como são caracterizadas as figuras masculinas a elas ligadas? E quanto ao restante do contingente feminino, mulheres comuns da sociedade brasileira, como têm sido vistas ao longo da história? Quais são seus direitos e deveres? Como é a mulher de hoje? Pesquise e discuta com os colegas e com a professora. Não se esqueça de anotar as fontes de onde tirou as informações trazidas para a sala de aula.

Desenvolvimento teórico disciplinar e contemporâneo Mulheres de Atenas2

(Chico Buarque3 e Augusto Boal)

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas Quando amadas, se perfumam

Se banham com leite, se arrumam Suas melenas

Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem, imploram Mais duras penas

1 NAGEL, Lizia Helena. Dançando com os textos gregos: a intimidade da literatura com a educação. Maringá: Eduem, 2006.p. 21.

2 BUARQUE, Chico, BOAL, Augusto. In: Chico Buarque – letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 144.

3Vídeo do artista tocando violão e interpretando a música disponível em <http://www.bastaclicar.com.br/musica/videos.asp?id_artista=125> Acesso em 02 de dez. de 2007.

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Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas Quando eles embarcam, soldados

Elas tecem longos bordados Mil quarentenas

E quando eles voltam sedentos Querem arrancar violentos Carícias plenas

Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho

Costumam buscar o carinho De outras falenas

Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas

Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade

Nem defeito nem qualidade Têm medo apenas

Não têm sonhos, só têm presságios O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas

Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem pro seus maridos, heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas

E as gestantes abandonadas Não fazem cenas

Vestem-se de negro se encolhem Se confortam e se recolhem Às suas novenas

Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas.

Após ter lido a letra da música, é possível formar uma imagem a respeito da mulher de Atenas. Que imagem é esta? Que adjetivos caracterizariam aquelas mulheres? Ainda existem mulheres de Atenas? Você as conhece da ficção ou da realidade? Atente para aspectos positivos e negativos de ser uma “mulher de Atenas”. O que significava ser mulher de Atenas em Atenas? Qual a diferença para

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os nossos dias? A partir da caracterização da mulher é possível formar um perfil do homem de Atenas. Como ele era? Discuta todas as questões com os colegas e não deixe de registrar suas impressões.

Em seguida, leia atentamente a letra de outra música brasileira: “Ai que saudades da Amélia”, composta por Mário Lago em 1941:

Ai Que Saudades da Amélia Samba (1941)

Música de Ataulfo Alves e Letra de Mário Lago

Eu nunca vi fazer tanta exigência Nem fazer o que você me faz Você não sabe o que é consciência Não vê que eu sou um pobre rapaz Você só pensa em luxo e riqueza Tudo que você vê você quer

Ai meu Deus que saudade da Amélia Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome a meu lado E achava bonito não ter o que comer E quando me via contrariado

Dizia, meu filho, o que se há de fazer? Amélia não tinha a menor vaidade Amélia que era a mulher de verdade Amélia não tinha a menor vaidade Amélia que era a mulher de verdade Letra: Mário Lago

Música: Ataulfo Alves

Você já ouviu a expressão “Ai que saudade da Amélia...”? Ela é bem antiga, dos anos 40 do século anterior. Mas a questão é: o que ela significa? Como era (ou deveria ser) a mulher dos anos 40 no Brasil? Pergunte a seus avós ou pessoas com idade superior a 75 anos. Como está caracterizado o eu-lírico (o homem que fala na música)? Você já ouviu falar em “Estatuto da mulher casada”? É uma lei da década de 40, informe-se sobre a legislação e veja o que ela dispunha. Compare a lei com as mulheres de Atenas e as Amélias do Brasil.

Análise comparativa dos textos

Tendo discutido os sentidos possíveis das letras das músicas apresentadas, procure detalhar mais o texto, comprovando ou refutando hipóteses.

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1. Você sabe o que é um estereótipo? Isto ocorre com a caracterização dos envolvidos (homens e mulheres) nos dois textos?

2. Faça o resumo de ambas as letras transformando-as em textos informativos que tenham como tema a caracterização da mulher dos períodos envolvidos. 3. Retome os textos e elabore um quadro comparativo onde fiquem claras as

diferenças entre homens e mulheres nas duas músicas/épocas.

4. Em qual das letras o uso dos adjetivos se torna mais intenso em termos de efeito no leitor (ouvinte) ? Por que isto acontece? Comprove sua afirmação com passagens do texto.

5. Retome o texto “Mulheres de Atenas” e observe a composição das frases e responda:

a) Qual o papel da repetição dos versos iniciais?

b) Os verbos também seguem uma sistemática, as mulheres choram, temem, vestem, imploram. O que este tempo verbal dá a entender?

6. Agora retome o texto de Mário Lago

7. Qual a posição do eu-lírico nos dois textos? Apreciam ou não as Amélias e mulheres de Atenas? Comprove com trechos das letras das músicas.

8. No contexto visto, onde se situam Eva, Pandora e Capitu?

9. Divida a sala em grupos para ser feito um júri simulado: a) advogados de defesa; b) promotores para a acusação; d) três juízes; e) réus (ex-marido da Amélia e maridos das mulheres de Atenas); f) jurados (número ímpar); g) um escrivão (para anotar o desenvolvimento do júri). Os advogados ficarão com a defesa das mulheres de Atenas e das Amélias, afirmando que devem continuar assim; o outro grupo (promotores) tomará posição diversa, exigindo mudanças na vida destes dois estereótipos de mulheres e pedindo a condenação dos maridos.

Uma outra possibilidade de mulher

A visão acima apresentada é muito comum quando se trata de definir padrões de comportamento feminino; contudo, ocultas sob a aparente obediência, há outras mulheres, e outros homens que vêem mais tipos de mulheres, se bem que ainda não se trate de uma qualidade totalmente positiva, há a mulher má, a mulher que causa dores (ainda que não o queira), a mulher inatingível, além de outras mulheres reais e da literatura. Há aquela que lutam por seus direitos, queimam sutiãs, exigem legislação para atender suas necessidades. Mulheres que trabalham fora, que

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sustentam sozinhas seus filhos. Vamos ver como esta mulher é retratada, ou como se tem mostrado na nossa sociedade.

Desenvolvimento teórico interdisciplinar

A figura feminina, assim como tantos exemplos_ a criança, o herói, o vilão, o bom moço, a pessoa generosa, a fada, a bruxa_ tem sido, recorrentemente desenvolvida na literatura; ora como “vítima”, ora como “algoz”, mas se deve observar que é reincidente a idéia de que ela é a causadora de dores, males e motivo que desatina pais bravios e amantes apaixonados, fazendo-os cometer loucuras ou agir de modo a colocar sua vida em perigo. Assim, o problema em torno do qual se desenvolve este trabalho é o retrato que se fez (e se faz) da mulher, analisando sua caracterização como reflexa de concepções míticas, sociais, religiosas e históricas.

Como você deve ter encontrado na sua pesquisa, Pandora e Eva são figuras femininas muito antigas, anteriores ao advento do cristianismo, enquanto Capitu é uma famosa personagem do romancista Machado de Assis, que a criou no século XIX. Já Maria da Penha é uma mulher contemporânea, responsável pela luta contra a violência doméstica contra a mulher. Distantes entre si no tempo e de nossos dias, ou mulheres reais e atuantes socialmente, suas características guardam muitas semelhanças.

Se você fizer um pequeno esforço, tentando recordar as heroínas da teledramaturgia nacional, verá que há sempre mulheres maravilhosas, generosas, belas, amigas, mães e amantes dispostas a tudo por seus amados e amores, mas que também são causadoras de muito sofrimento aos seus pares, normalmente por alguma fraqueza: covardia, desconfiança, excesso de zelo, enfim, com se fossem culpadas não só pelo sofrimento alheio, mas também pelo próprio sofrimento. No final, pelo menos na maioria das vezes, perdoam e são perdoadas e “vivem felizes para sempre”.

Leia o romance “Senhora” de José de Alencar e preste atenção:

1) Início_ a caracterização da Aurélia pobre e depois, como rica.

2) No final, sobretudo a cena em que Aurélia pretende reconciliar-se com Seixas.

3) Houve mudanças no comportamento das personagens centrais? Explique.

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Pandora? Eva, até onde se conhece das escrituras, passou o resto de seus dias a trabalhar e a ter filhos. Que fim teve Maria Madalena? No best seller “O código da Vinci” ela é divinizada, mas durante século foi chamada de prostituta. E quem defendeu a honra de Capitu? Até hoje se discute se houve (ou não) traição. Maria da Penha está viva e atuante na defesa dos direitos da mulher. É isso que faremos, tentaremos buscar as explicações míticas, religiosas e sociais que geraram estes destinos pouco convencionais. As aulas de História podem nos ajudar a entender que tipo de sociedade gera esta visão de mulher.

Leia o texto abaixo para ajudá-lo a entender o contexto da música de Chico Buarque:

Memória discursiva4.

“Mulheres de Atenas” faz referência a aspectos da sociedade ateniense do período clássico e a alguns episódios e personagens da mitologia grega. A letra faz uma alusão aos famosos poemas épicos Ilíada e Odisséia, ambos atribuídos a Homero. Penélope, mulher de Ulisses, herói do poema Odisséia, viu seu marido ficar longe de casa por vinte anos, período em que ela se porta com dignidade e absoluta fidelidade; mas, por um lado, sua formosura, e, por outro, os bens familiares atraem a cobiça de pretendentes, que julgavam seu marido morto. Ela lhes dizia que só escolheria o futuro marido após tecer uma mortalha, que, a bem da verdade, não fazia questão de terminar: passava o dia tecendo e, à noite às escondidas, desmanchava o trabalho realizado. E enquanto seu marido se mantinha ausente, embora por tanto tempo sem notícia, ela se vestia de longo, tecia longos bordados, ajoelhava-se, pedia e implorava para a deusa Atena que providenciasse o retorno de seu amado.

Helena, filha de Zeus, era considerada a mulher mais bela do mundo. Sua história é uma das mais conhecidas na mitologia grega. Esposa de Menelau, rei de Esparta, foi seduzida e raptada por Páris, filho do rei de Tróia. Esse rapto deu origem à guerra de Tróia, que os gregos promoveram para resgatar Helena; fato narrado em Ilíada de Homero. Embora Ulisses não figurasse no primeiro plano da Ilíada, nela é freqüentemente mencionado, como um viajante conduzido a terras distantes e herói da batalha de tróia. Por essa escolha Homero, o poeta, relaciona 4 ROCHA, José Atanásio. Análise da letra de Mulheres de Atenas de Chico Buarque e Augusto Boal. Disponível em < http://www.mundocultural.com.br/analise/Mulheres_de_Atenas.PDF> Acesso em 02 dez. 2007. Este material é parte integrante do site www.mundocultural.com.br e pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e de que todas as informações acima sejam mantidas. Para maiores informações escreva para fazam@mundocultural.com.br. Atenciosamente, Equipe Mundo Cultural.

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as duas epopéias. A esposa de Ulisses, a prudente Penélope, opõe-se à esposa infiel – senão verdadeiramente culpada – Helena, que na Ilíada é causa inicial da guerra. Por essas e outras razões a Odisséia está intimamente ligada à Ilíada.

Assim, como uma referência histórica de um momento da humanidade que data de 5 séculos antes de Cristo, os autores de “Mulheres de Atenas” valem-se da ideologia de Odisséia para chamar a atenção das mulheres que ainda “vivem” e “secam” por seus maridos ao estilo ateniense. Após a narrativa da morte dos pretendentes de Penélope, o rei Agamêmnon, filho de Atreu, lamenta profundamente a morte dos que lhes eram caros e faz a seguinte referência à esposa de Ulisses, descrita em Odisséia, de Homero, na Rapsódia XXIV, p. 216, Abril Editora, edição de 1981: “A alma do filho de Atreu exclamou: ‘Ditoso filho de Laertes, industrioso Ulisses, grande era o mérito da que tomaste por esposa. Nobres os sentimentos da irrepreensível Penélope, filha de Icário, que soube manter-se sempre fiel a seu esposo Ulisses! Por isso, jamais perecerá a fama de sua virtude, e os Imortais inspirarão aos homens belos cantos em louvor da prudência de Penélope’”.

Os autores também realizam um apurado trabalho com a linguagem, no que se refere tanto à construção das frases quanto à seleção e ao emprego das palavras. Para obtermos uma melhor compreensão desse texto, necessariamente teremos de percorrer os caminhos da história, da mitologia, e reconhecer o diálogo aberto com outros textos, contido em “Mulheres de Atenas”. Entretanto, não é nosso ofício nos deter extensivamente com a história que envolvia a sociedade ateniense na época de Odisséia. Por essa razão, e colaborando com o trabalho de estabelecer essas pontes, antes do desenvolvimento de nossa análise, de forma sucinta, apresentamos um trecho escrito pelo historiador Edward MacNall Burns sobre o comportamento das mulheres de Atenas dos séculos V e IV a.C.:

“Embora o casamento continuasse a ser uma instituição importante para a procriação dos filhos, que se tornariam os cidadãos do Estado, há razão para se crer que a vida familiar tivesse declinado. Ao menos os homens de classes mais prósperas passavam a maior parte do tempo longe de suas famílias. As esposas, relegadas a uma posição inferior, deviam permanecer reclusas em casa. O lugar de companheiras sociais e intelectuais dos maridos foi ocupado por mulheres estranhas, as famosas heteras1, algumas das quais eram naturais das cidades jônicas e demonstravam grande cultura. Os homens casavam para assegurar legitimidade ao menos a alguns de seus filhos e para adquirir prosperidade por meio do dote. Era também necessário, naturalmente, ter alguém para tomar conta da

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casa”.

É comum, ainda nos dias de hoje, leitores menos avisados considerarem essa música como uma apologia à submissão e à subserviência feminina ao machismo brasileiro, a exemplo das mulheres da Grécia antiga. Aliás, isso aconteceu com muitas mulheres que se diziam feministas, algumas leitoras vacilantes e obtusas, que criticaram os autores porque julgaram a música “machista” – segundo elas, a letra da música sugeria que as mulheres de hoje tivessem o mesmo comportamento das mulheres da antiga Atenas. Não conseguiram perceber a inteligente ironia do texto... Onde se lê “Mirem-se...” sugere-se que se faça o contrário; dessa forma, o texto é um hino contra a submissão das mulheres que se sujeitam às regras ditadas pelas sociedades patriarcais. O próprio Chico Buarque, em uma entrevista à televisão Cultura, ao ser indagado sobre o pensamento das feministas da época, disse: “Elas não entenderam muito bem. Eu disse: mirem-se no exemplo daquelas mulheres que vocês vão ver o que vai dar. A coisa é exatamente ao contrário”.

Para pesquisar e refletir:

1. A leitura do texto de José Atanásio Rocha provocou alguma mudança no seu entendimento da letra da música? Qual e por quê? Procure na internet a Lei nº. 11.340 de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha. Tente encontrar também textos que comentem a legislação acima referida. A ementa da lei é a seguinte:

“Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as

Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.

Após esta pesquisa, responda:

b) os casos vistos nos textos estudados adaptam-se ao disposto na lei? Justifique sua resposta; b) Em sua opinião, por que o nosso país, em pleno século XXI, precisou editar uma lei deste teor?; c) Há outras leis parecidas com esta? Pesquise.

2. Caso o júri simulado acontecesse hoje você mudaria sua posição? Por quê?

3. Vamos ampliar nossos estudos?

a) Leia o livro do Gênesis na Bíblia sagrada e veja como Eva está caracterizada. Lembre-se de não se envolver emocionalmente, não

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estamos criticando igrejas ou religiões, apenas fazendo uma análise dos textos disponíveis.

b) Após isso leia as duas versões sobre o mito de Pandora (em uma ela é presente aos homens, no outro é castigo enviado por Zeus).

c) Ambos os textos falam da primeira mulher, como ela é descrita?

d) Reúna-se com os colegas e faça um levantamento das informações que você julgou relevantes até agora. Juntos, redijam um texto inicial sobre o papel da mulher na sociedade através dos tempos.

Leia o livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis e vá registrando a descrição que o narrador-personagem faz de Capitu (Capitolina), bem como trechos descritos por ele a respeito do comportamento dela.

A obra de Machado de Assis está em domínio público, sendo possível encontrar muitos de seus contos e romances já digitalizados. No entanto, é preciso tomar cuidado com a procedência do material, a fim de evitar problemas com a falta de fidelidade ao texto original, por esse motivo recomendamos o acesso ao link “Literatura on-line” no portal da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, <www.diaadiaeducacao.gov.pr.br>5, a qual se vale dos dados da Biblioteca Virtual do

Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br> , da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo, e também da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo permitido o uso dos textos apenas para fins educacionais. O material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as informações acerca da origem e responsabilidade sejam mantidas6. Mas cuidado, há pequenos

deslizes no texto, por exemplo, uma troca de nomes no capitulo XXV, onde José Dias é chamado de José Tobias e a numeração equivocada do capítulo XXXIII “O penteado”, digitado XIXI. BOA LEITURA!

Para ajudá-lo na tarefa de ler uma obra que tem mais de 100 anos, deixaremos aqui algumas questões de mera retomada de leitura, que têm apenas a função de ajudá-lo a compreender a organização da obra, além de destacar alguns detalhes relevantes. Também propomos que você observe alguns detalhes importantes. Ao manusear o livro identifiquem informações sobre quem escreveu o texto; quem editou; se foi ilustrado e quem fez isso; data da edição; época em que

5http://200.189.113.123/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/literatura/obras_completas_literatura_bra sileira_e_portuguesa/MACHADO_ASSIS/DCASMURRO/DCASMURRO.PDF?PHPSESSID=49ab81334 cdbd42f0649e5afa5574f78

6 Para maiores informações, escreva para <bibvirt@futuro.usp.br>. Eles estão em busca de patrocinadores e voluntários para ajudá-los a manter este projeto. Se você quer ajudar de alguma forma, mande um e-mail para <parceiros@futuro.usp.br> ou <voluntario@futuro.usp.br>

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foi escrito; outras informações sobre capa, revisão, introdução, sumário.

1. No capítulo I o narrador-personagem explique o título da obra, enquanto no capítulo II explica o porquê da escolha do tema da narrativa. Já é possível ao leitor imaginar como é a personalidade e a conduta de Bentinho (D. Casmurro)? Descreva sua impressão inicial.

2. Qual a razão do título do capítulo III ser “denúncia”? 3. Por que o menino deveria ser colocado num seminário?

4. A leitura do capítulo VI deixa entrever o tratamento entre mãe e filho. Como era ele?

5. Os capítulos IX e X comparam a vida à ópera. Na sua opinião, é fácil compreender esta comparação? Por quê?

6. No capítulo XI, continuando no capítulo XII, o narrador-personagem retoma a cena em que ouvia a conversa de sua mãe com o agregado e com os tios. Que atitude toma o menino?

7. O capítulo XII é intitulado “Capitu”, mas é realmente nele descrita a personagem? Se sim, indique em que passagem. Se não, onde está a caracterização de Capitu?

8. O capítulo XVI termina com a expressão “[...] ele fere e cura”. A mesma expressão é utilizada como título do capítulo XVII, o que une os capítulos. Este fenômeno de entrelaçamento de um capítulo no seguinte ocorre em outras situações (antes ou depois desta)?

9. Qual o plano esboçado por Capitu, no capítulo XIX, para evitar que Bentinho fosse mandado para o seminário? E a que se propôs ele no capítulo XX a fim de conseguir seu intento?

10. Discuta em sala, com seus colegas, as respostas dadas, a condução da narrativa nos primeiros vinte capítulos, o delineamento dos personagens, que já é visível, curiosidades e dificuldades encontradas. Atente para a caracterização das mulheres na obra e, sobretudo, de Capitu. Sugiro que vocês elaborem um grande quadro de anotações na parede da sala para registrar os eventos marcantes, além das conclusões a que a turma for chegando.

É certo que o teor das questões elencadas é extremamente fácil, tendo por objetivo fazer com que você reveja o texto lido compreendendo-o melhor e, até mesmo, para ajudá-lo a lembrar-se dele; afinal, o linguajar é centenário e a narrativa de memórias nem sempre seja linear. Lido o texto, respondidas (ou demarcadas no

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texto) as questões, você provavelmente já dominou sua estrutura. Deste modo, reúna-se com os colegas e passe a elaborar as perguntas capazes de fazer a retomada do texto nos próximos vinte capítulos. Após esta tarefa, discuta em sala os acontecimentos narrados e faça os respectivos registros.

Ei-nos no capítulo XLI, caro leitor (como diria Machado de Assis), o menino conversa com a mãe. Vamos fazer uma leitura dialogada deste capítulo? O mesmo pode ser feito com o texto do capítulo XLIII.

Os próximos dez capítulos falam da separação de Capitu e Bentinho, resuma estes acontecimentos. E continua firme na sua leitura!

A partir do capítulo LVI aparece a figura de Escobar, amigo e pivô da intriga, observe como ele é descrito, que ações toma, quais características lhe delimitam a personalidade. Descubra a crucial diferença entre ele e Bentinho. Após, releia as afirmações abaixo:

Capítulo LVIII_ “ As visões feminis seriam de ora avante consideradas como simples

encarnações dos vícios”

Capítulo LXII_ José Dias falando sobre Capitu “[...]é uma tontinha. Aquilo enquanto não

pegar algum peralta da vizinhança, que case com ela...” e o pensamento de Bentinho sobre o fato: “E a alegria de Capitu confirmava a suspeita; se ela vivia alegre é que já namorava a outro, acompanhá-lo-ia com os olhos na rua, falar-lhe-ia à janela, às ave-marias, trocariam flores e... E... quê? Sabes o que é que trocariam mais”.

Capítulo LXV_Conversam Capitu e Bentinho numa de suas visitas ao sábados.

“—Escobar é muito meu amigo, Capitu! —Mas não é meu amigo.

—Pode vir a ser; ele já me disse que há de vir cá para conhecer mamãe.

—Não importa; você não tem direito de contar um segredo que não é só seu, mas também meu, e eu não lhe dou licença de dizer nada a pessoa nenhuma”.

E ainda outro trecho:

“Capitu fez-se muito séria, e perguntou-me como é que queria que se portasse, uma vez que suspeitavam de nós; também tivera noites desconsoladas, e os dias, em casa dela, foram tão tristes como os meus; podia indagá-lo do pai e da mãe. A mãe chegou a dizer-lhe, por palavras encobertas, que não pensasse mais em mim”.

Capítulo LXVI_“Capitu ia agora entrando na alma de minha mãe. [...] Demais, Capitu usava

certa magia que cativa, prima Justina acabava sorrindo, inda que azedo mas a sós com minha mãe achava alguma palavra ruim que dizer da menina”.

Capítulo LXIX_Um dos gestos que melhor exprimem a minha essência foi a devoção com

que corri no domingo próximo a ouvir missa em S. Antônio dos Pobres.

Note, pelos trechos destacados, o início do ciúme de Bentinho, como seus gestos são encarados (sempre escondendo segundas intenções), como ele próprio se descreve diante das circunstâncias em que se encontra. O que dizer deste tão complexo narrador-personagem e do modo como vê Capitu? Discuta com os colegas. Ela era uma dissimulada ou era vista assim?

Caro leitor, terminemos nossa leitura, pois faltam-nos ainda 80 capítulos. Lemos tudo até o final, dividimo-nos em equipes, em torno de dez, cada qual fica

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com oito capítulos e os expõe para a turma utilizando recursos audiovisuais, cartazes, quadro negro, imagens, enfim, tudo o que se fizer necessário para esclarecer a história contada pelo protagonista.

Ao final, elaboremos um debate, vejamos o que pensa a turma sobre a suposta traição. Não se esqueçam, meus alunos, de colacionar trechos/situações que comprovem seus argumentos. É uma boa hora para compor uma redação.

Para refletir: Como a mulher tem sido vista socialmente e como tem sido retratada na literatura através dos tempos? Somos castigos ou presentes divinos? Mais Amélias ou mais Capitus? Registre suas impressões e vamos discutir em sala.

A elaboração de uma peça, contando a história de Capitu seria excelente meio de discutir o tema com outras turmas da sua escola. Precisaremos de roteiristas, diretores, atores, responsáveis técnicos pelo som, cenários, figurinos. Organizem-se e mostrem do que são capazes. Você podem buscar auxílio em sites educacionais um deles é o educarede. Entre no portal e busque o link das estratégias de trabalhar com teatro7.

Referências.

BUARQUE, Chico, BOAL, Augusto. In: Chico Buarque – letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 144.

NAGEL, Lizia Helena. Dançando com os textos gregos: a intimidade da literatura com a educação. Maringá: Eduem, 2006.p. 21.

ROCHA, José Atanásio. Análise da letra de Mulheres de Atenas de Chico Buarque e Augusto Boal. Disponível em <http://www.mundocultural.com.br/ analise/Mulheres_de_Atenas.PDF> Acesso em 02 dez. 2007.

BRASIL. Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em

http://www.planalto.

gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm>. Acesso em 08 dez. de 2007.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Portal <diaadiaeducacao.gov.pr.br>

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