EUGÉNIA MELO E CASTRO.COM | 2001
1. CANTA MAISTom Jobim/Vinícius de Moraes Canta canta
Sente a beleza e canta Canta
Esquece a tristeza Tanta tanta
Tanta tristeza, canta Canta canta
Quem canta o mal espanta Vai
Sempre cantando Mais mais
Canta pra não chorar Canta canta canta Vai vai
Segue cantando em paz Canta canta
Canta mais
2. OLHOS CASTANHOS Alves Coelho Filho
Teus olhos castanhos De encantos tamanhos São pecados meus, São estrelas fulgentes, Brilhantes, luzentes, Caídas dos céus. Teus olhos risonhos São mundos, são sonhos, São a minha cruz, Teus olhos castanhos De encantos tamanhos São raios de luz. Olhos azuis são ciúme E nada valem para mim, Olhos negros são queixume De uma tristeza sem fim, Olhos verdes são traição, São cruéis como punhais, Olhos bons com coração Os teus, castanhos leais
9. CAMINHO ERRADO João Nobre
Eu sei que essa indiferença é aparente, Eu sei que o meu ciúme te tortura, Eu sei que essa frieza não acende Teu pobre coração que me procura. Também te juro aqui que o meu ciúme Não é mais do que um eco que mal soa, Pois tu, amor, bem sabes o costume “Bem fraco é o ciúme que perdoa...” Eu não sou quem tu procuras, Tu não és quem eu desejo, Mas para quê tantas loucuras Se tudo acaba num beijo? Duas vidas, dois destinos Caminhando lado a lado, Iludidas
Nossas vidas vão Atrás de uma ilusão, Caminho errado!
10. TODO O SENTIMENTO Cristovão Bastos / Chico Buarque Preciso não dormir
Até se consumar O tempo
Da gente Preciso conduzir Um tempo de tea mar
Te amando devagar e urgentemente Pretendo descobrir
No último momento um tempo Que refaz o que desfez
Que recolhe todo o sentimento E deixa no corpo uma outra vez Prometo te querer
Até o amor cair doente, doente Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desenvencilhar da gente Depois de te perder
Te encontro com certeza Talvez num tempo Da delicadeza
3. CONTRASTES Luiz de Freitas Branco João de Vasconcellos e Sá Em tempos que já lá vão, Por minha causa choraste. Eu cheguei, pedi perdão, Tu sorriste e perdoaste. Tudo acabou, entretanto Vê tu que pouco juízo: Rio a pensar no teu pranto, Choro a pensar no teu riso. 4. AMOR É CEGO E VÊ
G. Matos Sequeira / A. Correia Leite /J. M. P. Coelho / A. Da Câmara Rodrigues
No homem ou na mulher Amor é uma cegueira
Mas só não vê quem não quer E vê sempre a quem o queira. Amor é cego e vê, não sei porquê, Amor é cego e vê, não sei porquê. Deus lhe deu esta graça
Este poder fatal
De ver dentro de nós o que se passa Como se o peito fosse de cristal. Se o Amor nos olha, logo a gente Preso na alma o sente
E escuta a sua voz.
Mas o que enfim se não entende: Aquele a quem se prende
É quem nos prende a nós. 5. CORAÇÃO IMPREVISTO
Caetano Veloso / Eugénia Melo e Castro Dentro de mim quase existo
Quase tudo Quase aquilo Quase isso
Oposto desde o início Pelo princípio das metas Dos mitos, mal e bem, Mal e benditos
Vícios de um só mesmo vício Cada um para seu canto
Lados de um só mesmo encanto Como serão afinal
Onde não diremos nada Nada aconteceu Apenas seguirei Como encantada Ao lado teu 11. EMISSÁRIO DE UM REI DESCONHECIDO
Milton Nascimento / Fernando Pessoa Emissário de um rei desconhecido Eu cumpro informes instruções de além E as bruscas frases que aos meus lábios vêm Soam-me a um outro e anómalo sentido Inconscientemente me divido
Entre mim e a missão que o meu ser tem E a glória do meu Rei
Dá-me o desdém
Poe este humano povo com quem lido Não sei se existe o Rei que me mandou Minha missão será eu a esquecer
Meu orgulho o deserto em que em mim estou Mas ah! Eu sinto-me altas tradições
De antes de tempo e espaço e vida e ser Já viram Deus as minhas sensações 12. A LUZ DO MEU CAMINHO Paulo Jobim / Ronaldo Bastos Agora que sonhei teus olhos Não posso mais esquecer Vou andando pelo mundo Pareço triste e solitário
Mas carrego o poder extraordinário de saber Que um dia eu posso te reconhecer
Quem sabe ao dobrar uma esquina Eu vou esbarrar com você
Quem sabe você é aquela menina Quem sabe onde está você Por isso eu me apiaxono tanto Em tudo bebo o seu encanto Cada pessoa me revela ilumina
Um pouco da estrada que me leva a você Você é minha madrugada
E agora não vou mais sozinho Você é a luz da minha vida
A luz do meu caminho, o sol, o som A luz do meu caminho
Você é tudo o que eu quero É tudo o que eu posso querer Vou andando pelo mundo Pareço triste e solitário
Mas carrego o poder extraordinário de saber Que um dia eu posso te reconhecer
Os finais Os infinitos
Tudo é normal e esquisito Meu coração imprevisto Quase tudo
Quase aquilo Quase isso Quase isto
6. A LUZ DO MEU CAMINHO Paulo Jobim / Ronaldo Bastos Agora que sonhei teus olhos Não posso mais esquecer Vou andando pelo mundo Pareço triste e solitário
Mas carrego o poder extraordinário de saber Que um dia eu posso te reconhecer
Quem sabe ao dobrar uma esquina Eu vou esbarrar com você
Quem sabe você é aquela menina Quem sabe onde está você Por isso eu me apiaxono tanto Em tudo bebo o seu encanto Cada pessoa me revela ilumina
Um pouco da estrada que me leva a você Você é minha madrugada
E agora não vou mais sozinho Você é a luz da minha vida
A luz do meu caminho, o sol, o som A luz do meu caminho
Você é tudo o que eu quero É tudo o que eu posso querer Vou andando pelo mundo Pareço triste e solitário
Mas carrego o poder extraordinário de saber Que um dia eu posso te reconhecer
Porque são meus esses diamantes E se eu mereci sonhar
Mereço ser deles amante
Antes que a mão de Deus venha levar Então eu me apaixono tanto
Em tudo bebo o seu encanto Cada pessoa me revela ilumina
Um pouco da estrada que me leva a você Você é minha namorada
E agora não vou mais sozinho Você é a luz da minha vida
A luz do meu caminho, o sol, o som A luz do meu caminho
E se eu mereci sonhar Mereço ser deles amante
Antes que a mão de Deus venha levar Então eu me apaixono tanto
Em tudo bebo o seu encanto Cada pessoa me revela ilumina
Um pouco da estrada que me leva a você Você é minha namorada
E agora não vou mais sozinho Você é a luz da minha vida
A luz do meu caminho, o sol, o som A luz do meu caminho
13. SURPRESAS
Gonzaguinha / Eugénia Melo e Castro As surpresas não existem
E às dúvidas normais Se responde nada Se responde quase nada As certezas não existem Nem nas tão mais certas vezes Se sabe tudo
Se quer saber de quase tudo As tristezas não existem É perto o mais distante olhar Ás vezes não existe mesmo Mesmo existindo outra vez Talvez
Se existe aparece Aparências não existem Aparecem com surpresas As surpresas não desistem Aparências têm surpresas Na verdade não existem Aparências só parecem As surpresas sempre insistem 14. MODINHA
Tom Jobim / Vinícius de Moraes Não!
Não pode mais meu coração Viver assim dilacerado Escravizado a uma ilusão Que é só desilusão
Ah, não seja a vida sempre assim Como um luar desesperado A derramar melancolia em mim Poesia em mim
7. QUANDO A TUA BOCA BEIJO Mário de Vasconcellos e Sá
Quando a tua boca beijo E em teus braços me enleio Sinto-me arder de desejo Desvairado e violento De me deixar devorar Na fogueira dos teus seios Na chama do teu olhar Na fogueira do teu seio Na chama do teu olhar Na tua boca airosa Onde há beijos a florir Eu não sofro e a sorrir Vou fingir a minha dor Boca linda
Diz de novo
Delírio do meu amor És a taça deliciosa
Onde acalmo o meu ardor Quando a tua boca beijo E ao teu corpo me enlaço Sinto-me arder de desejo Violento e desvairado De perecer afogado E morrer em mil anseios No fulgor do teu regaço Entre as brumas dos teus seios 8. A DANÇA DA LUA
Túlio Mourão / Ronaldo Bastos Quando eu olhei para o céu Só vi a primeira estrela Que cintilou no olhar Da minha companheira Dentro da escuridão Procuro a noite inteira Onde você está Ó lua feiticeira Lunera ó luna lunera Luna
Lua feiticeira
Ai de quem de mim te escondeu Lua luar
Lua luar Dona sol
Vai, triste canção, sai do meu peito E semeia emoção
Que chora dentro do meu coração Coração
15. AMARGA VINHA Carlos Lyra
Não for a o fado do meu fado Amada minha
Não fora a terra e a gente A minha sina
Não fora amarga a minha vida Amada minha
Eu sei que te amaria muito mais Amada minha A minha terra A minha gente A minha sina Amarga vinha A minha terra A minha gente Amargo fado
Não fora a dor que há-de ser mágoa A vida minha
Não fora essa saudade adormecida
Não fora vã essa esperança em mim perdida Eu sei que te amaria muito mais
A vida minha A minha mágoa Essa saudade Adormecida Amarga vinha Essa esperança Em mim perdida Amargo fado 15. FOI DEUS Alberto Janes
Não sei, não sabe ninguém Porque canto o fado Neste tom magoado De dor e de pranto, E neste tormento Todo sofrimento Eu sinto que a alma Cá dentro se acalma Nos versos que canto.
Renasce e vem dançar Era tamanho o breu Nem dava pra ver a estrada Quando eu peguei na mão Da minha namorada Tiro do meu chapéu Por conta da minha sina Teu luminoso véu Ó lua dançarina
Foi Deus
Que deu voz ao vento, Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar. Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas que vou desfiando E choro a cantar.
Pôs as estrelas no céu E fez o espaço sem fim, Deu o luto às andorinhas Ai, e deu-me esta voz a mim! Fez poeta o rouxinol,
Pôs no campo o alecrim, Deu as flores à Primavera, Ai, e deu-me esta voz a mim! E deu-me esta voz a mim!