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Oposição ao procedimento extrajudicial pré-executivo: competência material

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Academic year: 2021

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Oposição ao procedimento extrajudicial pré-executivo:

competência material

A questão que se pretende analisar consiste em saber como se determina o órgão jurisdicional com competência em razão da matéria para decidir a oposição deduzida pelo requerido ao procedimento extrajudicial pré-executivo.

1. Após a distribuição do requerimento inicial (arts. 6.º e 7.º da LPEPEX1) e não

tendo havido motivo para recusa do seu recebimento (art. 8.º), o agente de execução procede às diligências de consulta às bases de dados, ao registo informático de execuções, bem como ao SISAAE, com vista à elaboração do relatório previsto no n.º 1 do art. 10.º, contendo os resultados das pesquisas e as informações referidas no n.º 3 do mesmo normativo.

No caso de não terem sido identificados bens pertencentes ao requerido suscetíveis de penhora, o agente de execução, depois de elaborar aquele relatório, notifica o mesmo ao requerente (art. 10.º, n.º 4) para que este, no prazo de 30 dias, requeira a convolação do procedimento em processo de execução (art. 19º, n.º 1); em alternativa, o requerente pode pretender a notificação do requerido nos termos do n.º 1 do art. 12.º (cf. art. 11.º, n.º 1).

Na hipótese de o credor ter pretendido a notificação do requerido, não há lugar à transformação do procedimento extrajudicial pré-executivo em processo de execução, sendo o requerido notificado para, no prazo de 30 dias, pagar a dívida, celebrar acordo de pagamento, indicar bens penhoráveis ou opor-se ao procedimento (art. 12.º, n.º 1), sem prejuízo da faculdade que a este assiste de deduzir, em qualquer fase do procedimento, impugnação limitada aos aspetos de legalidade das decisões e dos atos praticados pelo agente de execução (art. 27.º, n.º 1).

1 Todas as disposições legais citadas, sem indicação do diploma legal, pertencem à Lei n.º 32/2014, de 30 de maio.

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2 Se, uma vez notificado, o requerido deduzir oposição ao procedimento naquele prazo, a oposição é apresentada, preferencialmente por via eletrónica, através do sistema informático de suporte à atividade dos tribunais (aplicação CITIUS), sendo distribuída como processo especial de oposição e tramitada de forma autónoma (art. 16.º, n.º 3).

A questão que se pretende resolver consiste em saber se a competência para preparar e julgar aquela oposição do requerido é aferida pela regra de competência residual da instância local estabelecida no art. 130.º, n.º 1, al. a), da LOSJ2 ou pelas regras em matéria de competência executiva (cf. art. 117.º,

n.º 1, al. b), 129.º, n.º 1, e 130.º, n.º 1, al. d), da LOSJ).

Analisaremos criticamente cada uma destas soluções, tendo em vista a necessidade de harmonizar, por um lado, o respeito pelas regras da LOSJ quanto à determinação da competência material dos tribunais de competência especializada e, por outro, a necessidade de evitar a disrupção do critério da especialização das jurisdições, que a nova organização judiciária veio reforçar.

2. A primeira solução indicada – nos termos da qual a competência é aferida pela regra de competência residual do art. 130.º, n.º 1, al. a), da LOSJ – é aquela que aparentemente se pode apresentar como a mais acertada. Atendendo a que a oposição ao procedimento extrajudicial pré-executivo tem lugar num momento anterior à instauração de uma ação executiva, a determinação da competência para decidir aquele processo especial faz-se sem a necessidade de convocar as regras da LOSJ relativas à competência em matéria de execuções.

A bondade desta conclusão parece também manifestar-se ao afirmar-se que as normas da LOSJ relativas à competência em matéria de execuções cíveis (cf. art. 117.º, n.º 1, al. b), 129.º, n.º 1, e 130.º, n.º 1, al. d), LOSJ) exigem a verificação de um tríplice requisito: a espécie de ação (executiva), a natureza da causa (cível) - ainda o valor, no caso das secções cíveis da instância central (cf. art. 117.º, n.º 1, al. b), LOSJ) – e o regime processual aplicável (previsto no Código de Processo Civil). No âmbito do procedimento extrajudicial pré-executivo apenas se verifica o requisito relativo à natureza da causa.

2 Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto, com as alterações decorrentes da Declaração de Retificação n.º 42/2013, de 24 de outubro.

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3 Conquanto a oposição do requerido surja numa fase pré-executiva – um dos pressupostos de admissibilidade do procedimento consiste precisamente na falta de instauração da ação executiva –, isso não significa que a competência para preparar e julgar aquela oposição não pertença a uma instância com competência executiva.

Embora pareça que o art. 16.º da LPEPEX concebe aquela oposição especial apenas como um meio processual de impugnação ao procedimento extrajudicial pré-executivo, esta é uma forma redutora de ver a questão: a oposição do requerido permite também que este impugne o próprio título exibido pelo credor. Ou seja, este meio impugnatório permite não só que o requerido se oponha ao procedimento extrajudicial pré-executivo, alegando como fundamentos de oposição a falta de verificação dos requisitos que definem o âmbito de aplicação e a admissibilidade deste procedimento (cf. art. 3.º) e a falta ou nulidade da notificação (cf. art. 13.º, 14.º e 24.º, n.º 2), como também habilita o requerido a contestar a pretensão do credor baseada no título por este invocado no requerimento inicial, invocando outros fundamentos para além da falta ou insuficiência do título executivo, nos termos previstos no Código de Processo Civil para a oposição à execução, de acordo com o título em causa (cf. art. 729.º e 731.º, do nCPC). Tudo isto decorre explicitamente do n.º 1 (quanto à natureza dos fundamentos) e do n.º 2 (quanto ao regime processual) do art. 16.º da LPEPEX.3

Enquanto a primeira categoria de fundamentos (admissibilidade do procedimento e notificação do requerido) poderia justificar a competência residual da instância local (cf. art. 130.º, n.º 1, al. a), da LOSJ), já a segunda categoria de fundamentos (oposição à pretensão executiva baseada no título executivo exibido pelo credor) torna legítima a orientação de que a competência material para decidir a oposição do requerido deve ser deferida a órgãos jurisdicionais especializados de execução - secção cível da instância central (cf. art. 117.º, n.º 1, al. b), da LOSJ) ou secção de execução (cf. art. 129.º, n.º 1, da LOSJ) –, sempre que, de acordo com a lei de organização

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O título dado à execução define a amplitude da pretensão executiva do credor (cf. art. 10.º, n.º 5, do nCPC), isto é, o credor não pode, por via da execução, obter mais do que o título lhe permite. Por sua vez, a pretensão executiva demarca o âmbito da defesa do devedor. Ficam, por isso, de fora do objeto do processo todas as questões que não estejam relacionadas nem com o título executivo nem com a defesa a esse título.

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4 judiciária, aqueles órgãos sejam os competentes na circunscrição em matéria de execuções.

Por outro lado, mal se compreenderia que todo o esforço feito com a implementação da nova organização judiciária, quer no plano dos recursos humanos (magistrados e funcionários judiciais), quer ao nível de recursos financeiros (investimento em equipamento informático, rendas de imóveis para instalação de tribunais especializados, etc.), não fosse rentabilizado e, ao invés, se impusesse às instâncias locais, cuja estrutura orgânica foi dimensionada para uma certa realidade processual, o exercício das mesmas competências já atribuídas a órgãos jurisdicionais de competência especializada. Repare-se, aliás, que o diploma que aprova o procedimento extrajudicial pré-executivo é posterior à entrada em vigor da nova lei de organização judiciária.

Acresce que a aplicação da regra de competência residual da instância local (cf. art. 130.º, n.º 1, al. a), da LOSJ) depara-se com uma dificuldade no domínio da distribuição de processos nas hipóteses em que o título exibido pelo requerente seja uma sentença: quando houver lugar a convolação do procedimento extrajudicial pré-executivo em processo de execução, o requerimento executivo de decisão judicial condenatória é apresentado no processo declarativo no qual a decisão judicial a executar foi proferida em primeira instância, correndo a execução de forma enxertada naqueles autos ou em traslado eletrónico na secção especializada de execução, quando esta exista na circunscrição, de acordo com a lei de organização judiciária (cf. art. 85.º, n.ºs 1 e 2, do nCPC).

Por conseguinte, se o título de que o credor estiver munido for uma sentença proferida, por hipótese, pela secção cível da instância central, a oposição do requerido, por força do disposto no n.º 2 do art. 16.º da LPEPEX – que remete para o n.º 1 do art. 732.º do nCPC –, deverá ser autuada por apenso ao processo de declaração em que foi proferida essa sentença. Não é de admitir, deste modo, que a competência material para decidir aquela oposição seja deferida, em qualquer circunstância, à instância local.

Como decorre do art. 18.º, n.º 1, al. a) da LPEPEX, a admissibilidade do procedimento extrajudicial pré-executivo não pressupõe a exibição de um título extrajudicial; podem, por isso, servir de título executivo a este

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5 procedimento as decisões de mérito condenatórias, os despachos que condenem no cumprimento de uma obrigação, as sentenças homologatórias (de transação ou confissão do pedido e de partilha), e as decisões que conferem força executiva à petição inicial no âmbito da ação declarativa especial para o cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos, nos termos do art. 2.º do Regime Anexo ao Decreto-Lei n.º 269/98, de 1 de setembro. Apenas nos parece que devem ficar excluídos do campo de aplicação da Lei n.º 32/2014 os casos de títulos a cuja execução seja aplicável forma de processo especial, bem como a decisão judicial condenatória quando tenham sido julgados procedentes de forma conjunta os pedidos para pagamento de quantia certa, entrega de coisa certa ou prestação de facto.

3. Centremos, agora, a nossa análise na segunda solução enunciada: aplicação das regras em matéria de competência executiva (cf. art. 117.º, n.º 1, al. b), 129.º, n.º 1, e 130.º, n.º 1, al. d), da LOSJ).

A maior dificuldade reside em ultrapassar o requisito da natureza das competências executivas (apenas as previstas no Código de Processo Civil), que é imposto por estes normativos. Na verdade, da circunstância de se aplicar à oposição do requerido o regime processual da oposição à execução previsto no Código de Processo Civil não decorre que o meio processual previsto no art. 16.º seja o previsto nos art. 728.º e 732.º do nCPC.

No entanto, não pode deixar de reconhecer-se que a competência das secções de execução tem natureza residual em matéria de execuções, ou seja, que são esses órgãos jurisdicionais os competentes para decidir os processos de execução que não sejam atribuídos a mais nenhuma outra secção ou tribunal.

Com efeito, no que se refere às secções especializadas de execução, verifica-se que nem verifica-sempre são estas as competentes em matéria de execuções. Existem processos atribuídos a outras secções e a outros tribunais, como resulta do n.º 2 do art. 129.º, do n.º 2 do art. 122.º e do art. 131.º da LOSJ. Também se encontram excetuadas da competência das secções especializadas de execução as ações executivas fundadas nas decisões proferidas pelos tribunais de competência territorial alargada (cfr. art. 111.º, n.º 2, 112.º, n.º 3, e 113.º, n.º 2, da LOSJ).

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6 Por conseguinte, se no domínio da competência própria das secções de execução estas não são exclusivamente competentes, isso significa que a sua competência é residual, sobretudo quando existam dúvidas na determinação da competência em matéria de execuções.

Só que a competência residual das secções especializadas de execução apenas existe quando se verificam cumulativamente os três requisitos de que a LOSJ faz depender a competência dos órgãos jurisdicionais em matéria de execuções: a espécie de ação (executiva), a natureza da causa (cível) e o regime processual aplicável (previsto no Código de Processo Civil). O critério da competência residual das secções de execução não é, assim, decisivo para a nossa análise.

Em linha com o princípio fundamental da especialização das jurisdições que enforma a nova organização judiciária, a competência para decidir as impugnações dos atos praticados pelo agente de execução em qualquer fase do procedimento extrajudicial pré-executivo, quanto aos aspetos de legalidade desses atos, cabe aos órgãos jurisdicionais com competência para exercer, no âmbito dos processos de execução de natureza cível, as competências previstas no Código de Processo Civil (cf. art. 27.º, n.º 1).

Atente-se que faz sentido tanto atribuir a competência para decidir as impugnações dos atos praticados pelo agente de execução no âmbito do procedimento extrajudicial pré-executivo aos órgãos jurisdicionais com competência executiva (cf. art. 27.º, n.º 1), como deferir a competência material a tais órgãos quando esteja em causa o julgamento da oposição do requerido ao mesmo procedimento, pois do que se trata, em qualquer dos casos, é da apreciação de matérias substantivas e processuais com especificidade na sua aplicação e interpretação. Por isso, quanto mais não seja, a determinação da competência material no domínio do art. 16.º deve tomar em consideração o disposto no art. 27.º, n.º 1.

Pode-se estranhar a clarificação feita pelo legislador a propósito das impugnações dos atos praticados pelo agente de execução, o que já não sucede no âmbito do art. 16.º quanto à oposição deduzida pelo requerido. Mas esta falta de harmonização dos preceitos legais é apenas aparente: enquanto o meio processual de impugnação dos atos praticados pelo agente de execução no procedimento extrajudicial pré-executivo está previsto e regulado num

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7 diploma avulso (a Lei n.º 32/2014, de 30 de maio, mais concretamente no seu art. 27.º), já a oposição à execução, cujo regime se aplica à oposição do requerido (art. 16.º, n.º 2), está prevista e regulada no Código de Processo Civil (cf. art 728.º e 732.º do nCPC).

No âmbito do art. 16.º, o legislador não sentiu necessidade de esclarecer qual o órgão jurisdicional competente em razão da matéria para decidir a oposição do requerido, uma vez que, aplicando-se a este meio de impugnação o regime processual da oposição à execução, ficam preenchidos os requisitos dos art. 117.º, n.º 1, al. b), e 129.º, n.º 1, da LOSJ, a saber, a espécie de ação (processo de execução) e a natureza da causa (cível), cujo regime processual se encontra previsto no Código de Processo Civil. Tenha ou não sido esta a perspetiva do legislador, isso não impediu que se verifique uma lacuna teleológica no domínio do art. 16.º no que se refere à determinação do órgão jurisdicional com competência em razão da matéria para decidir a oposição deduzida pelo requerido ao procedimento extrajudicial pré-executivo, por aquele normativo não conter a resposta explícita a esta questão jurídica.

Mas existe outro argumento importante a favor da nossa interpretação. Porque a oposição é facultativa e como o requerido, na medida em que ainda não tem apreendido o seu património, pode ser menos diligente em encontrar argumentos para impugnar o título executivo, há que entender que aquele meio processual constitui uma primeira defesa quanto à pretensão executiva do requerente, fundada no título por este exibido no requerimento inicial, em função de uma eventual ação executiva que o mesmo venha a instaurar posteriormente com base no mesmo título. E porque assim é, a decisão que vier a ser proferida no âmbito da oposição do requerido não pode ser indiferente para o resultado processual de uma possível oposição a essa execução.

Com efeito, se a oposição for julgada procedente, o credor fica impedido de instaurar ação executiva contra o requerido com base no mesmo título executivo, face à extinção do seu direito fundado neste título, constituindo a decisão proferida nessa oposição caso julgado quanto à existência, validade e exigibilidade da obrigação (art. 16.º, n.ºs 2 e 9, e art. 732.º, n.º 5, do nCPC). Por sua vez, aquele efeito extintivo pode conduzir à extinção do próprio direito subjetivo do credor quando a emissão do título constituir uma novação da

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8 dívida. O credor fica, nesta situação, impedido de propor posteriormente qualquer ação, declarativa ou executiva, contra o requerido.

Quando a oposição for julgada improcedente, não é admissível a convolação do procedimento extrajudicial pré-executivo em processo de execução. Nesta hipótese deve proceder-se também à extinção do procedimento, pois fica esgotada a sua finalidade (art. 2.º).

O credor não fica impedido, todavia, de instaurar uma ação executiva com base no mesmo título. No entanto, a decisão proferida no incidente de oposição especial constitui caso julgado quanto à existência, validade e exigibilidade da obrigação exequenda em relação a todas as questões substantivas objeto de pronunciamento judicial. Em relação a razões de ordem processual, vale ressalvar a autoridade de caso julgado, dado que esta impede que o juiz, que decida a posterior oposição à execução comum, conheça das questões que já foram concretamente apreciadas em sede da oposição especial deduzida no âmbito do procedimento extrajudicial pré-executivo (teoria processual do caso julgado).

A apreciação global e dinâmica da defesa do devedor impõe que a competência para decidir a oposição do requerido pertença ao órgão jurisdicional dotado de competência especializada de execução. É por isso que se admite a possibilidade de o juiz que aprecia a oposição à execução, se entender conveniente, mandar apensar à execução o processo de oposição especial já findo.4

Em conclusão: a competência para decidir a oposição deduzida pelo requerido ao procedimento extrajudicial pré-executivo cabe às secções de execução nas circunscrições com competência executiva especializada (cf. art. 129.º, n.º 1, da LOSJ), independentemente do valor do procedimento5; quando, nos termos

da lei de organização judiciária, não existam aqueles órgãos jurisdicionais na circunscrição, essa competência cabe às secções cíveis da instância central (cf.

4

O juiz de execução poderá não ser o mesmo; basta, para tanto, que, após a dedução da oposição ao procedimento extrajudicial pré-executivo e antes da instauração da ação executiva, o devedor tenha mudado de domicílio.

5

A LOSJ concebe as secções de execução como tribunais de competência especializada (art. 81.º, n.º 2 da citada Lei), pois a sua competência é fixada em razão da matéria, competindo-lhes preparar e julgar os processos de execução de natureza cível, independentemente do valor e da forma de processo aplicável. Esta nova qualificação das instâncias de execução – na esteira do que já se encontrava estabelecido na Lei n.º 52/2008, de 28 de agosto (cf. art. 74.º) – gera incompetência absoluta.

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9 art. 117.º, n.º 1, al. b), da LOSJ6) ou, quando o valor da execução não seja

superior a € 50 000, às secções de competência genérica da instância local ou as secções cíveis em que esta se encontre desdobrada (cf. art. 130.º, n.º 1, al. d), e n.º 2, da LOSJ).

Para se determinar o órgão jurisdicional competente ratione loci, deverá atender-se, quando o título for extrajudicial, ao critério do domicílio do requerido, que é a regra geral de competência em razão do território (cf. art. 80.º, n.º 1, e 89.º, n.º 1, do nCPC), ou ao disposto no art. 85.º, n.º 1, do nCPC – que estabelece uma regra de competência por conexão incidental7 –, quando o

título for judicial. Ou seja, deverão manter-se as regras de competência em matéria de execuções em vigor nos termos do Código de Processo Civil, quer quando a execução se baseia em sentença (art. 85.º, n.º 1, do nCPC), quer quando a execução é fundada em título extrajudicial (art. 89.º, n.º 1, do nCPC), pois não se vislumbram razões ponderosas que imponham solução diversa.

4. A solução proposta permite compor todos os princípios convocáveis na resolução da questão: o respeito pelas regras de competência material estabelecidas na LOSJ; a salvaguarda do critério de especialização das jurisdições; e a conexão entre as decisões proferidas quer na oposição especial, quer na oposição à execução. É também a solução menos incoerente dentro da pouca coerência evidenciada pelo legislador.

Aliás, a questão em análise apenas existe por culpa do legislador, que quis ir mais além da obtenção de uma certidão eletrónica de incobrabilidade da dívida.

J. H. Delgado de Carvalho

6

Quanto ao requisito do valor, é possível executar um título na forma sumária tendo o pedido valor superior a € 50.000 (por exemplo, uma injunção por dívida emergente de transação comercial - cf. art. 550.º, n.º 2, al. b), do nCPC).

7

O art. 85.º, n.º 1, do nCPC não consagra uma regra de competência material: este preceito não estabelece como princípio que os tribunais ou secções têm competência exclusiva para executar as suas próprias decisões; dispõe apenas que existem casos em que a execução da sentença corre nos autos do processo em que esta foi proferida, o que é bem diferente. A nosso ver, o art. 85.º, n.º 1, do nCPC prevê uma regra de competência por conexão incidental.

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