• Nenhum resultado encontrado

Pesquisa, Áreas de Fronteira e Pós- Graduação em Química

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pesquisa, Áreas de Fronteira e Pós- Graduação em Química"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

Ciência, Tecnologia e Inovação

Pesquisa, Áreas de Fronteira e

Pós-Graduação em Química

Oswaldo Luis Alves

Instituto de Química – UNICAMP

Campinas 2004

(2)
(3)

Pesquisa, Áreas de Fronteira e Pós-Graduação em Química

3

PESQUISA, ÁREAS DE FRONTEIRA E PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

ANTECEDENTES

Qualquer abordagem que se faça sobre o binômio Pesquisa e Pós-Graduação em Química no Brasil não pode deixar de considerar o impacto decisivo causado pelo PADCT – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, através do subprograma de Química e Engenharia Química, cuja gestação teve início em 1982.

O Programa de Química e Engenharia Química foi elaborado por um Grupo Técnico de Química e Engenharia, o qual reuniu cientistas, professores e profissionais da Química, vinculados a universidades, empresas e órgãos de governo, ligados a diferentes ministérios. Foi uma experiência absolutamente inovadora porque, pela primeira vez, um grupo de pessoas, cobrindo um amplo espectro de atividades, fazia um diagnóstico da área, definia estratégias e objetivos de ação, metas concretas, com cronograma e recursos cuidadosamente dimensionados. O Programa foi também inovador no acompanhamento cuidadoso, fazendo sempre avaliações em vários níveis, que permitiram que o mesmo sofresse as correções de curso determinadas pelas circunstâncias.1

Passados mais de 20 anos do início deste Programa, seus efeitos ainda se fazem sentir na comunidade química brasileira. Praticamente quase todas as grandes lideranças científicas nacionais da Química, bem como muitas das importantes facilidades laboratoriais concebidas – várias delas em pleno uso até hoje -, foram construídas durante a vigência deste Programa.

Tal situação fez com que a Química brasileira se firmasse, não só a nível nacional, mas também internacional, como altamente produtiva, participando ativamente do processo de aumento da produtividade científica brasileira, com uma contribuição de aproximadamente 13% dos trabalhos indexados.

(4)

SINGULARIDADES DA QUÍMICA

Um aspecto singular da Química Moderna é o fato de ser ela uma ciência na qual, para cada uma de suas disciplinas componentes, existir um correspondente na atividade industrial. Tal aspecto faz com que a Química tenha um impacto altamente significativo sobre a vida econômica do país, em razão do setor industrial: volume de produção, número de empregos gerados, etc., indo muito além disso, pois ainda desempenha papel estratégico, dado alimentar, direta ou indiretamente, todas as outras atividades, inclusive as sociais.

Dado tais características, o fato do repensar constante da pesquisa, áreas de fronteira e formação de recursos humanos em Química torna-se uma questão recorrente.

PESQUISA

Quando falamos, de forma geral, em Pesquisa Científica no Brasil, o fator financiamento aparece sempre como questão de fundo, caracterizado, sobremodo, por sua descontinuidade. Tal questão é vital para o desenvolvimento de uma área, sobretudo o seu planejamento, a curto médio e longo prazo.

O financiamento à pesquisa no Brasil, mais recentemente, sofreu várias mudanças importantes, caracterizadas sobretudo pelos editais universais e pela entrada em funcionamento dos denominados fundos setoriais. Outro ponto importante a ser destacado está relacionado à própria organização da pesquisa, através da criação centros de excelência, redes temáticas e institutos do milênio. Neste contexto é importante analisarmos os impactos destas mudanças na produção científica e tecnológica, tanto em termos qualitativos quanto no que diz respeito a um ”arejamento” e disposição para o enfrentamento de novos problemas científicos e tecnológicos, sintonizados com o cenário nacional.

Outro ponto que nos parece importante sublinhar é até que ponto os programas em desenvolvimento têm, primeiramente, permitido acesso de jovens doutores ao financiamento inicial e, em segundo lugar, em que medida, estaríamos finalmente deixando, de maneira paulatina, de realizar uma pesquisa majoritariamente reflexa, em favor de uma pesquisa com maior autonomia, relevância, liderança

(5)

Pesquisa, Áreas de Fronteira e Pós-Graduação em Química

5 local e, sobretudo, com implicações conseqüentes para o desenvolvimento científico, tecnológico, social e cultural de nosso país. 2

As questões, entretanto, não vêm somente do financiamento e da organização da pesquisa, vêm também da identificação de quais são os grandes desafios das ciências químicas de hoje e, sobretudo, quais serão os avanços nas interfaces da química que propiciarão novos desafios no seio das suas disciplinas.3

Além destes aspectos, é importante considerar a questão da

infra-estrutura, ou seja, de quais mudanças na estrutura e nas atividades

de suporte serão necessárias para permitir novos avanços em nosso

meio.

4

ÁREAS DE FRONTEIRA

A Química tem avançado em várias direções nos últimos tempos, sendo que algumas podem ser consideradas como áreas de fronteira. Sob pena de omissões inevitáveis, poderíamos citar complexidade molecular, medicamentos, química supramolecular, materiais avançados, eletrônica molecular, conversão de energia (eletroquímica e fotoquímica), química verde, a química do meio ambiente, síntese combinatória e a nanotecnologia.5

Vários grupos de pesquisa no Brasil estão envolvidos com estas temáticas e começam a produzir trabalhos de elevado nível, publicados nas revistas mais importantes que cobrem tais áreas. Portanto, há uma sensibilização importante dentro da comunidade para os temas de fronteira. O que nos parece ser extremamente necessário é o desenvolvimento e consolidação de uma cultura de patentes, que preserve os conhecimentos gerados. Por se tratar de temas que fazem parte das chamadas Novas Tecnologias, se não houver a proteção do conhecimento, o mesmo será fatalmente apropriado por outros, e as universidades e centros de pesquisa deixarão de contabilizar tais realizações,

(6)

tanto do ponto de vista do prestígio, como de seu patrimônio, uma vez que, em última instância, são os proprietários legais destes porta-fólios.

Deve ser salientado que, de todos os temas citados, somente aqueles relacionados aos fármacos e nanotecnologia apresentam uma boa articulação, na forma de programas nacionais, em implantação. No caso da Nanotecnolgia, pelo seu caráter altamente pervasivo, a mesma acaba por ter fronteiras importantes com as demais temáticas citadas.6

Julgamos oportunas discussões que permitam avaliar outras possibilidades, ou mesmo aprofundar as temáticas citadas, valendo-se da oportunidade de uma apropriação destes conhecimentos, dentro da perspectiva das políticas públicas e pelo setor produtivo nacional.

PÓS-GRADUAÇÃO

A questão da pós-graduação, em seus aspectos formais, será tratada por convidados responsáveis pela formulação das políticas pertinentes. Entretanto, consideramos que algumas ponderações de caráter geral poderão encontrar aqui seu espaço. A primeira delas passa pelo valor das bolsas - recentemente aumentado -, mas ainda baixo, que cria dificuldades, sobretudo para atrair os melhores e mais brilhantes jovens estudantes para a tarefa de perseguir os grandes desafios científicos e tecnológicos das ciências químicas. A segunda, a constatação de que, salvo melhor juízo, o sistema universitário encontra-se próximo de uma saturação, o que nos coloca o desafio de abrir perspectivas de emprego para os novos doutores, em outras estruturas, seja em centros e institutos de pesquisa, seja - e isto consideramos muito importante -, no setor produtivo.7

A questão dos recursos humanos é de fundamental importância. Partindo desta premissa, a base da formação de tais recursos deve contemplar, segundo cremos, o binômio excelência e diversidade. Nessa direção, devemos apontar para a formação de recursos humanos, tanto em nível de mestrado (normal e profissional), doutorado e mesmo pós-doutorado, no mais alto nível.

(7)

Pesquisa, Áreas de Fronteira e Pós-Graduação em Química

7 Uma proposta que nos parece interessante, já feita em outras oportunidades e que aqui reiteramos, é a criação de programas de pós-graduação multidisciplinares e multiinstitucionais. É extremamente relevante que nossos jovens alunos possam usufruir de toda a expertise nacional sobre as diferentes áreas relevantes da Química, o que permitiria, num tempo relativamente pequeno, melhorar significativamente a qualidade dos diferentes cursos de pós-graduação.

CONCLUSÃO

O contexto que vivemos no nosso país, em que podem ser observados vários sinais de um aumento significativo da atividade econômica e levando-se em conta que o segmento químico apresenta um faturamento que ultrapassa 45 bilhões de dólares, não há como não considerar a grande oportunidade que a discussão dessas questões - em conjunto com as demais colocadas em outras mesas-redondas -, cria uma oportunidade ímpar e auspiciosa de pensarmos a Química Brasileira em seus múltiplos desdobramentos.

O período de execução do PADCT foi de radical mudança da Química brasileira: fomentou um surto de grande crescimento, qualitativo e quantitativo, das atividades científicas, tecnológicas e de ensino e educação química. Terminada a primeira fase do PADCT, o sucesso do subprograma de Química e Engenharia Química era tal, que este foi mantido como o principal subprograma do PADCT, na sua segunda fase. A esta altura, os impactos eram muitos e nítidos: nos laboratórios de ensino e de pesquisa, nas bibliotecas, nas plantas multipropósito de desenvolvimento e de produção de produtos e de processos e em centros de desenvolvimento tecnológico. Houve, também, um impacto importante sobre o CNPq, que se mostrou capaz de implementar administrativamente e acompanhar projetos de centenas de milhares de dólares, rompendo com uma tradição de só responsabilizar-se por projetos pequenos - no valor e nos propósitos

(8)

Essas preocupações já tinham sido colocadas por nós, em artigo denominado “ Os desafios da pesquisa no Brasil”, publicado na revista São Paulo em Perspectiva, volume 16, número 4, de dezembro de 2002 (Fundação SEADE). Aqui referimo-nos às interfaces entre as ciências químicas e outras áreas, tais como a biologia, ciências do meio-ambiente, eletrônica, medicina física, etc.

As idéias aqui estão relacionadas à necessidade de melhoria de parques instrumentais envolvendo equipamentos de grande porte, utilizados de forma compartilhada (ou mesmo operados remotamente via recursos da Internet), que possam permitir acesso a um maior número de pesquisadores à instrumentação no “estado-da-arte”. Dentre tais facilidades, destacamos: equipamentos de espectrometria de massas de alta resolução; ressonância nuclear magnética de altos campos; microscopias eletrônicas e de prova, entre outras.

Um inventário importante sobre o que aconteceu em química moderna nos últimos 30 anos, bem como as tendências em pesquisa nos mais variados campos teóricos e experimentais da química, pode ser visto na obra “Neoquímica”, de autoria de Nina Hall, traduzida para o português por P.S. Santos, O. L. Alves, C. Pasquini e G.C. Azellini, editada pela Editora Bookman, Porto Alegre, 2004.

Para o caso específico da Nanotecnologia, muitos documentos podem ser consultados. Dentre eles citamos “Desenvolvimento da Ciência e Nanotecnologia”, proposto pelo Grupo de Trabalho criado pela Portaria MCT no. 252, como subsídio ao Programa de Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia do PPA 2004-2007. Além deste documento, outros textos podem ser consultados no número de agosto da Revista Parcerias Estratégicas, editado pelo CGEE- Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, número inteiramente dedicado ao tema .

O CNPq tem um programa específico destinado à fixação de pós-docs no sistema produtivo. Entretanto, a despeito do esforço da agência, os resultados ainda são muito pouco significativos. Talvez, nesta oportunidade, seja interessante aprofundarmos esta questão, que nos parece um bom ponto de partida no relacionamento academia/empresa. A CAPES também tem mostrado

(9)

Pesquisa, Áreas de Fronteira e Pós-Graduação em Química

9 preocupação nesta direção e, salvo melhor juízo, trabalha na formatação de programa semelhante.

1. O período de execução do PADCT foi de radical mudança da Química brasileira: fomentou um surto de grande crescimento, qualitativo e quantitativo, das atividades científicas, tecnológicas e de ensino e educação química. Terminada a primeira fase do PADCT, o sucesso do subprograma de Química e Engenharia Química era tal, que este foi mantido como o principal subprograma do PADCT, na sua segunda fase. A esta altura, os impactos eram muitos e nítidos: nos laboratórios de ensino e de pesquisa, nas bibliotecas, nas plantas multipropósito de desenvolvimento e de produção de produtos e de processos e em centros de desenvolvimento tecnológico. Houve, também, um impacto importante sobre o CNPq, que se mostrou capaz de implementar administrativamente e acompanhar projetos de centenas de milhares de dólares, rompendo com uma tradição de só responsabilizar-se por projetos pequenos - no valor e nos propósitos

2. Essas preocupações já tinham sido colocadas por nós, em artigo denominado “ Os desafios da pesquisa no Brasil”, publicado na revista São Paulo em Perspectiva, volume 16, número 4, de dezembro de 2002 (Fundação SEADE).

3. Aqui referimo-nos às interfaces entre as ciências químicas e outras áreas, tais como a biologia, ciências do meio-ambiente, eletrônica, medicina física, etc.

4. As idéias aqui estão relacionadas à necessidade de melhoria de parques instrumentais envolvendo equipamentos de grande porte, utilizados de forma compartilhada (ou mesmo operados remotamente via recursos da Internet), que possam permitir acesso a um maior número de pesquisadores à instrumentação no “estado-da-arte”. Dentre tais facilidades, destacamos: equipamentos de espectrometria de massas de alta resolução; ressonância nuclear magnética de altos campos; microscopias eletrônicas e de prova, entre outras.

5. Um inventário importante sobre o que aconteceu em química moderna nos últimos 30 anos, bem como as tendências em pesquisa nos mais variados campos teóricos e experimentais da química, pode ser visto na obra “Neoquímica”, de autoria de Nina Hall, traduzida para o português por P.S. Santos, O. L. Alves, C. Pasquini e G.C. Azellini, editada pela Editora Bookman, Porto Alegre, 2004.

6. Para o caso específico da Nanotecnologia, muitos documentos podem ser consultados. Dentre eles citamos “Desenvolvimento da Ciência e Nanotecnologia”, proposto pelo Grupo de Trabalho criado pela Portaria MCT no. 252, como subsídio ao Programa de Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia do PPA 2004-2007. Além deste documento, outros textos podem ser consultados no número de agosto da Revista Parcerias Estratégicas, editado pelo CGEE- Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, número inteiramente dedicado ao tema .

7. O CNPq tem um programa específico destinado à fixação de pós-docs no sistema produtivo. Entretanto, a despeito do esforço da agência, os resultados ainda são muito pouco significativos. Talvez, nesta oportunidade, seja interessante aprofundarmos esta questão, que nos parece um bom ponto de partida no relacionamento academia/empresa. A CAPES também tem mostrado preocupação nesta direção e, salvo melhor juízo, trabalha na formatação de programa semelhante.

Referências

Documentos relacionados

(2017) dos flavonóides amarelos na polpa dos frutos de mangabeira, os do presente trabalho são inferiores à média de 6,29 mg. Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey

ELLEN CRISTINA DA CONCEICAO PI ELLEN LEAL DA ROSA CARVALHO ELLEN SIMONE DOS SANTOS FRANCA ELTON ROBERTO SANTANA MONTEIRO EMANUEL RODRIGUES DE SOUZA EMANUELA CRISTINA M PEREIRA

Na área de Química, têm-se os Programas de Pós-graduação em Química que também abrigam pesquisas sobre o ensino, como o Programa de Pós-graduação em Química

O processo de amonólise pode, por conseguinte, ser controlado pelos parâmetros termodinâmicos (por exemplo, temperatura, pressão), que têm uma forte influência sobre a

De forma alternativa, neste trabalho foi empregado métodos voltamétricos para a determinação dos HPAs benzo(a)pireno, pireno e fluoranteno, utilizando o eletrodo de

A coordenação do Programa de Pós Graduação em Química e a Comissão de Bolsas do Programa de Pós Graduação em Química, PPGQ/UNICENTRO, no uso de suas atribuições, vem

Os valores dos parâmetros estimados dos modelos cinético de adsorção aos dados experimentais de adsorção do Fe 2+ pelo adsorvente Supergel TM SGC 650H estão

O procedimento preparatório da célula para receber os fluidos segue os cuidados observados nos ensaios anteriores. Aqui, uma bomba peristáltica é acoplada ao sistema. Esta vazão de