AS CRUZADAS
História do Cristianismo I
AS CRUZADAS
Antecedentes
Os séculos XI ao XIII marcam o auge do feudalismo com o reconhecimento dos direitos dos grandes nobres, a diminuição dos conflitos, a valorização da cavalaria, crescimento demográfico.
Essas mudanças foram possibilitadas por vários fatores, tais como: fim das invasões, melhorias climáticas, desenvolvimento e/ou redescoberta de técnicas agrícolas, incorporação de novas terras (arroteamentos) destro da própria Europa, intensificação do comércio, crescimento da vida urbana, fortalecimento da Igreja.
AS CRUZADAS
Antecedentes
A melhora das condições gerais da produção agrícola fez surgir pela primeira vez na Idade Média os excedentes de produção que eram apropriados pela nobreza laica e religiosa através de pesados tributos. Mesmo assim, registrou-se um grande crescimento populacional.
A Europa começou a parecer pequena: os nobres que desejavam mais terras; os camponeses que tinham aumentar a produção para garantir sua sobrevivência; os comerciantes, principalmente italianos, cobiçavam o rico comércio com o Oriente.
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Antecedentes
Observem o gráfico no próximo slide.
Vejam que a população cresce até que no século XIV há uma depressão. Este problema foi fruto de muitos fatores, dentre eles, a uma grande epidemia de Peste Bubônica, a chamada Peste Negra, que matou aproximadamente 1/3 da população européia; as guerras, como a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra; as revoltas camponesas; e a fome ocasionada pela perda de colheitas e falta de mão-de-obra.
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Antecedentes
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Antecedentes
Jerusalém era Terra Santa tanto para cristãos, quanto por judeus e muçulmanos. A cidade era considerado como centro do mundo nos mapas da época, das mãos dos “infiéis”.
Com a Expansão Islâmica, a Palestina tinha sido tomada pelos muçulmanos.
A conquista dos turcos, em 1065, foi a origem dos problemas. Os turcos hostilizavam os peregrinos. No século XI, com a pressão populacional dentro da
própria Europa, apareceu a oportunidade de tentar recuperar Jerusalém das mãos dos árabes.
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Antecedentes
O papa Urbano II recebeu em março de 1095 uma carta do Imperador Bizantino Alexis I Komnenos pedindo auxílio contra os muçulmanos (*turcos seljúcidas*) que tinham conquistado boa parte da Anatólia (*Ásia Menor*).
Em novembro do mesmo ano, durante o Concílio de Clermont, o Papa conclamou a Cristandade a retomar à Terra Santa.
O movimento ficou conhecido como Cruzada, porque os que se engajavam levavam o símbolo da cruz em sua roupa.
AS CRUZADAS
Antecedentes
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Antecedentes
Uma Cruzada é por princípio um movimento armado convocado pela Igreja com o intuito de recuperar terras que os cristãos acreditavam serem suas.
Uma Cruzada – guerra santa – poderia ser movida contra os infiéis (*muçulmanos*) ou hereges.
A Reconquista na Península Ibérica é uma Cruzada.
No século XIII, o papa Inocêncio III convocou uma Cruzada contra os hereges cátaros no Sul da França.
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Antecedentes
Além da motivação religiosa, as Cruzadas foram animadas por outros interesses:
• Empurrar o excedente populacional (nobres e camponeses) para o Oriente, aliviando a pressão demográfica dentro da Europa;
• canalizar a violência dos cristãos contra “alvos legítimos”, no caso, os “infiéis”;
• era a oportunidade para os cavaleiros conseguirem fama e fortuna, talvez até um feudo;
• os comerciantes italianos viam as Cruzadas como uma grande possibilidade de ganhos comerciais.
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Rumo à Jerusalém
Quem participasse das Cruzadas recebia o perdão de seus pecados. Oferecer-se para sair em Cruzada também poderia implicar na anulação de penas por crimes cometidos.
Um dos efeitos imediatos das Cruzadas foi o crescimento do antijudaísmo dentro da Europa. Os judeus passaram a ser alvo do furor dos cruzados, que viam neles também infiéis.
Em muitos lugares, só a proteção dos grandes prelados salvou as comunidades judaicas do extermínio.
AS CRUZADAS
Houve oito cruzadas contra os muçulmanos e houve outras não reconhecidas pela Igreja.
A primeira das cruzadas “extra-oficiais” foi a Cruzada de Pedro, o Eremita, que, atendendo ao chamado de Urbano II, partiu à frente de 5000 camponeses e mendigos rumo a Jerusalém.
Atingiram Constantinopla em 1096 e foram aconselhados pelos bizantinos a retornar.
Como não tinham esta intenção, e estavam causando desordens na cidade, os bizantinos os transportaram até a Ásia Menor onde foram massacrados pelos turcos.
AS CRUZADAS
Houve oito cruzadas contra os muçulmanos e houve outras não reconhecidas pela Igreja.
A primeira das cruzadas “extra-oficiais” foi a Cruzada de Pedro, o Eremita, que, atendendo ao chamado de Urbano II, partiu à frente de 5000 camponeses e mendigos rumo a Jerusalém.
Atingiram Constantinopla em 1096 e foram aconselhados pelos bizantinos a retornar.
Como não tinham esta intenção, e estavam causando desordens na cidade, os bizantinos os transportaram até a Ásia Menor onde foram massacrados pelos turcos.
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Outra dessas Cruzadas populares foi a famosa “Cruzada das Crianças”, de 1212, que teve um ramo francês e outro alemão.
Inspirada por pregadores populares, ela terminou se tornando uma grande tragédia.
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As crianças francesas se dirigiram a Paris, onde sem o apoio do Rei, receberam oferta de armadores. Agora, tinham os navios para poderem ir “libertar Jerusalém”. Alguns barcos afundaram, e os sobreviventes foram vendidos em mercados de escravos do Egito. Em sua homenagem foi construída a Igreja dos Santos Inocentes em Paris. Os Cruzados alemães foram direção à Roma mas a
nobreza e a igreja, temendo revoltas, insuflou a população contra as crianças que, de santos, passaram a ser vistos como inspirados pelo diabo. A maioria foi morreu, poucos voltaram para casa.
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Mapa da I Cruzada. Os muçulmanos chamavam os cristãos de “francos”, pois a maioria dos primeiros cruzados era francesa.AS CRUZADAS
Por ordem as Cruzadas oficiais foram:
1ª Cruzada (1096-99): Composta por grandes senhores, partiu sob os auspícios de Urbano II. Tomou dos muçulmanos uma parte da Ásia Menor e Jerusalém onde se fundaram reinos cristãos sob o modelo feudal.
Os cristãos promoveram massacres indiscriminados na cidade, não pouparam os inimigos muçulmanos, nem outros cristãos, nem judeus.
Fundaram-se nesse momento as Ordens dos Templários e Hospitalários.
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As terras conquistadas pelos cristãos foram organizadas segundo o modelo feudal francês.
O mais importantes desses reinos era o de Jerusalém.
As Ordens de Cavalaria tiveram papel importante na região, mas os ataques dos muçulmanos recomeçaram. Uma nova Cruzada foi
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2ª Cruzada (1147-49): Congregou vários príncipes europeus, entre eles o Imperador Conrado II e o Rei Luís VII da França. Marcada pelos desentendimentos, foi um grande fracasso.
Sob o comando de Saladino, curdo nascido no Egito, os muçulmanos recuperaram praticamente todos os territórios nas mãos dos cristãos. Por fim, em 2 de outubro de 1187, Jerusalém foi tomada.
O nobre Balian de Ibelin, nobre francês responsável pela defesa da cidade, conseguiu negociar com Saladino a liberação de boa parte da população cristã. Os judeus foram protegidos por Saladino.
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3ª Cruzada (1189-92): Uma das mais conhecidas, a “Cruzada dos Reis” reuniu o Imperador Frederico, Barba Ruiva (*faleceu na Terra Santa*), o Rei Filipe Augusto da França e o Rei Ricardo Coração de Leão da Inglaterra. Do outro lado os muçulmanos eram comandados por Saladino.
O conflito entre os gênios militares (*Saladino de um lado e Ricardo do outro*) deu aura romântica à esta Cruzada de batalhas sangrentas, negociações diplomáticas e traições. Não conquistou a Terra Santa, mas conseguiu para os cristãos o direito à peregrinação.
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4ª Cruzada (1202-04): convocada pelo Papa Inocêncio III, foi ditada por interesses comerciais dos venezianos e da nobreza por terras, abandonou o objetivo de conquistar a Terra Santa e a capital dos Bizantinos. Fundou-se então o Império Latino de Constantinopla.
5ª Cruzada (1213/1217-21): Liderada pelo Rei André II da Hungria, o Duque Leopoldo IV da Áustria, atacou o Egito antes de se dirigirem para Jerusalém. Contou com auxílio de um sultanato turco. Francisco de Assis participou da expedição com o objetivo de pregar aos muçulmanos. Alguns franciscanos foram martirizados no Egito.
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6ª Cruzada (1228-29): Liderada pelo Imperador Frederico II que, ao invés de guerrear, negociou a liberação de Jerusalém e outros lugares sagrados cristãos para a peregrinação.
Frederico tinha enviado tropas para a 5ª Cruzada, mas evitou participar diretamente, porque estava envolvido em lutas dentro da Europa. Como prometeu várias vezes e não partiu para a Cruzada, foi excomungado pelo papa Gregório IX.
Hábil diplomata, conhecedor de várias línguas, e com um exército em caso de emergência, o Imperador conseguiu impressionar os muçulmanos. Em 1244, os turcos desfizeram o tratado.
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7ª Cruzada (1248-54): Luís IX, rei da França, tenta conquistar o Egito. Toma Damieta em 1249 mas seu exército é dizimado pelo tifo e o rei é feito prisioneiro.
Seus vassalos tiveram que reunir grande soma para resgatá-lo. Depois de libertado retorna ao seu país.
8ª Cruzada (1270): Nova tentativa de Luís IX que acaba morrendo de tifo na Tunísia. Por causa de sua piedade e martírio Luís IX foi canonizado.
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9ª Cruzada (1271–1272)?
Nem sempre a contagem das Cruzadas é a mesma em todos os livros. A 5ª e a 6ª Cruzadas podem ser consideradas como uma só por causa da participação de Frederico II, ou a 7ª e a 8ª uma única porque foram lideradas por Luís IX.
Assim, a 9ª Cruzada, liderada por Eduardo, Príncipe Herdeiro da Inglaterra, é vista como parte da 8ª. As tropas atacaram a Terra Santa, conseguiram algumas vitórias, mas recuaram por não terem condição de tomar Jerusalém. Um assassino tentou matar o príncipe, que quase morreu na Palestina.
AFINAL, PARA QUE SERVIRAM AS
CRUZADAS?
As Cruzadas não conseguiram o reconquistar a Terra Santa, mas trouxeram muitas mudanças para a Europa:
• Crescimento do comércio.
• Permitiram um maior intercâmbio com o Oriente de onde vieram novos produtos agrícolas (cana-de-açúcar, arroz), técnicas de cultivo e de produção de tecidos.
• Os maiores beneficiados com a dinamização do comércio no Mediterrâneo foram os italianos de Gênova e Veneza.
PARA QUE SERVIRAM AS
CRUZADAS?
• Crise do Feudalismo → fracassos militares, o endividamento e a morte de muitos nobres permitiu o avanço do poder real e o enfraquecimento dos laços de servidão.
• Enfraquecimento dos poderes universais (*imperador e papa*) → fortalecimento do poder dos reis.
• A intensificação do intercâmbio cultural com o Oriente (Islã e Bizâncio) → além de trazer novas (e velhas) idéias para a Europa, auxiliou no “refinamento” da sociedade européia.
PARA QUE SERVIRAM AS
CRUZADAS?
• Fundação de várias Ordens Militares, algumas delas, como a dos Cavaleiros Teutônicos, existem ainda hoje.
• Os Teutônicos atuaram no
leste Europeu → na
evangelização e na expansão dos interesses comerciais da Liga Hanseática.
• Intolerância religiosa → a agressão dos cristãos acirrou a rivalidade com os muçulmanos que, por sua vez, começaram a diminuir a sua tolerância em relação aos cristãos.