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DIFERENTES ESTÁGIOS DA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA. Campus Universitário Caixa Postal 354 CEP

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Academic year: 2021

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AS CARACTERÍSTICAS DE UMA PERSONALIDADE EMPREENDEDORA NOS DIFERENTES ESTÁGIOS DA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA

Autor(es): COSTA, Tiago Férsula; LÚCIO, Caroline Schneider Apresentador: Tiago Férsula da Costa

Orientador: Mario Duarte Canever Revisor 1: Volnei Krause Kohls Revisor 2: Morgan Yuri Machado

Instituição: Universidade Federal de Pelotas - UFPEL

AS CARACTERÍSTICAS DE UMA PERSONALIDADE EMPREENDEDORA NOS DIFERENTES ESTÁGIOS DA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA

COSTA, Tiago Férsula1; LÚCIO, Caroline Schneider2 1,2Departamento de Ciências Sociais Agrárias – FAEM/UFPel

Campus Universitário – Caixa Postal 354 – CEP 96010-900. tifersula@bol.com.br

1. INTRODUÇÃO

Empreendedorismo é a habilidade para criar, renovar, modificar, implementar e conduzir empreendimentos inovadores. Atualmente o empreendedorismo é visto como um dos principais impulsionadores do desenvolvimento social e econômico em todo o mundo (Dolabela, 2005; Gurol e Atsan, 2006).

No Brasil, a demanda por uma economia baseada em empreendedores é crescente face os benefícios que um alto nível de empreendedorismo oferece à sociedade e particularmente aos estudantes que estão concluindo seus estudos nas universidades. Um alto nível de empreendedorismo é tido como uma força importante para a criação de novas oportunidades de trabalho, visto que cerca de 40% das vagas de trabalho são geradas nas micro e pequenas empresas criadas por empreendedores (Cher, 2003; Dornelas, 2000).

Em contraponto com a importância do empreendedorismo para a sociedade, na educação universitária brasileira o desenvolvimento do espírito empreendedor não é considerado algo tão relevante. Em geral, os estudantes são educados para entrar no mercado de trabalho como empregados, e não como empreendedores. Para alguns autores a universidade ao invés de incentivar o espírito empreendedor dos alunos faz exatamente o contrário, limita e até mesmo inibe a capacidade empreendedora (Dolabela, 2005). As universidades como formadoras de novos profissionais deveriam ter como uma de suas metas, incentivar características empreendedoras em seus acadêmicos.

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Em vista disso, a pergunta que se faz é se a experiência universitária realmente é capaz de influenciar as características que perfazem o perfil de um indivíduo empreendedor. Neste estudo objetiva-se analisar as características empreendedoras dos estudantes em relação ao estágio de suas experiências universitárias. Mais especificamente, pretende-se identificar se a necessidade de auto-realização, a tendência à criatividade, o desejo de autonomia, a propensão ao risco e o locus de controle das atitudes que são fatores individuais relacionados a uma personalidade empreendedora mudam com o passar do tempo na universidade.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Existem diversas características que devem estar presentes em um empreendedor (ver, por exemplo, Dolabela, 2005; Júnior e Gimenez 2004; Louw et al., 2003). Entre as mais estudadas e consideradas importantes estão: Necessidade de auto-realização, necessidade de autonomia, tendência à criatividade, propensão ao risco e locus de controle. Necessidade de auto-realização é o sentimento que leva o indivíduo a buscar o sucesso e o reconhecimento (Gurol e Atsan, 2006). Necessidade de autonomia caracteriza o empreendedor como uma pessoa que gosta de tomar as decisões e ter o controle das situações (Hansemark, 1998). Tendência à criatividade é uma característica que é importante para as pessoas desenvolverem e inovarem seja através da criação de novos produtos, métodos ou da geração de novos negócios (Gurol e Atsan, 2006). A propensão a tomar decisões que envolvem risco calculado é uma forte característica empreendedora, pois em toda inovação existem riscos de insucesso, e o empreendedor deve ter a capacidade de analisar racionalmente o risco envolvido em cada situação (Gurol e Atsan, 2006). Locus de controle é um traço, uma variável, da personalidade que está relacionada com as expectativas que um indivíduo tem de controlar os eventos em sua própria vida. Quando um indivíduo tem um locus de controle interno ele acredita que pessoalmente controla os eventos e as consequências destes em sua vida (Gurol e Atsan, 2006), enquanto indivíduos com um locus de controle externo atribuem o seu desempenho à circunstâncias além de seu imediato controle, como sorte/azar, destino e outras pessoas.

3. METODOLOGIA

Esse trabalho utilizou como instrumento de pesquisa um questionário desenvolvido na universidade de Durham (Inglaterra) e traduzido para o Português e adaptado para esta pesquisa. O questionário se divide em duas partes: a primeira parte é composta por informações sócio-demográficas e de planejamento futuro para o pós formatura; e a segunda parte é composta por cinqüenta e quatro questões que medem as 5 dimensões da personalidade empreendedora. Os respondentes indicaram o seu grau de acordo ou de desacordo com cada questão baseada em uma escala Likert de 5 pontos (1 = discorda totalmente a 5 = concorda totalmente). A dimensão auto-realização foi acessada através de 12 perguntas do tipo “Eu gosto

de desafios que expandem minhas habilidades e não gosto das coisas que eu posso realizar facilmente”. A dimensão necessidade de autonomia foi medida através de 6

perguntas do tipo “Eu raramente preciso ou uso ajuda dos outros e gosto de deixar

minha marca nos trabalhos/atividades que faço”. A dimensão tendência à

criatividade foi acessada através de 12 perguntas do tipo “As vezes eu me debruço

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soluções”. A dimensão propensão a tomar risco calculado foi acessada por 12

perguntas ao estilo de “Eu gosto de ousar e fazer o que nunca ninguém fez antes”.

Locus de controle foi medido por 12 perguntas do tipo “As pessoas geralmente recebem (ganham em $) o que elas merecem”.

Nossa amostra foi composta por acadêmicos de seis cursos da Universidade Federal de Pelotas, dois cursos da área de ciências sociais aplicadas(Economia, n=41 e Administração de Empresas, n=43 ), dois cursos da área de ciências agrárias (Agronomia, n=86 e Veterinária, n=72 ), e dois cursos da área da saúde (Odontologia, n=57 e Nutrição, n=70 ). Utilizamos mais especificamente alunos que estão nos semestres iniciais (Estágio 1) e os que estão cursando os semestres finais (Estágio 2), para assim capturar os efeitos que a universidade pode provocar nas características empreendedoras desses estudantes.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através de Análise de Variância (ANOVA) observou-se que 3 das 5 dimensões analisadas apresentam diferenças significativas entre os grupos (Tabela 1): Auto-realização (F=8,99; gl = 1, 367; p<0,01), Autonomia (F=3,73; gl = 1, 367; p<0.001) e

Locus de controle (F= 13,67; gl=1, 367; p<0,001). Os resultados mostram portanto

que a experiência universitária pode de fato influenciar nas características empreendedoras dos estudantes.

Em relação a necessidade de auto-realização e locus de controle os estudantes iniciantes são mais ávidos a buscar o seu próprio sucesso e auto-reconhecimento e mais inclinados a responsabilizar-se pelo próprio sucesso do que os estudantes na fase final de curso. Porém, em relação a autonomia os dados revelam uma reversão nesta tendência, pois os estudantes no início do curso apresentam menor necessidade de autonomia do que os estudantes que estão na fase final.

Tabela 1. Características da personalidade empreendedora e estátio no curso de graduação

Caracteristicas Estágio no curso Amostra Deviation Std. Mean

1 244 ,43 3,61 Autorealização* 2 125 ,47 3,46 1 244 ,60 2,79 Autonomia* 2 125 ,64 3,12 1 244 ,45 3,17 Criatividade 2 125 ,51 3,09 1 244 ,46 3,43 Risco 2 125 ,44 3,37 1 244 ,47 3,54 Locus de controle* 2 125 ,50 3,34

* Características que diferem entre os grupos ao nível de p< 0,05.

Os resultados nos mostram que existe uma alteração negativa nas características que influenciam no ímpeto empreendedor durante o decorrer da formação acadêmica, uma vez que excluindo a dimensão autonomia, todas as outras dimensões tiveram redução em suas médias. Dessa forma, podería-se corroborar o argumento de Dolabela (2005), de que a universidade tende a inibir o espírito empreendedor dos estudantes. Porém, ao se testar a preferência por montar

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o próprio negócio (ou seja, tornar-se um empreendedor) entre o estágio inicial e terminal do curso de graduação, não se verifica diferença significativa (ver Lúcio e Costa, 2007), o que nos informa que inexiste correlação entre o desejo de se tornar empreendedor com as características de uma personalidade empreendedora. Portanto, embora a experiência universitária reduza a média das características empreendedoras, isto não está associado a reduções no interesse de se tornar empreendedor no futuro.

A redução nas médias das características empreendedoras não pode ser atribuída unicamente a universidade, uma vez que instabilidades políticas e sociais além da falta de incentivos institucionais, podem levar os universitários a buscarem pela segurança do emprego assalariado (Gurol e Atsan, 2006). O fato dessa coincidência surgir durante a vida acadêmica pode ser em razão de que é nessa fase que as pessoas passam a ter um maior conhecimento da realidade sócio-econômica e das reais oportunidades existentes. Porém, salienta-se que, a universidade pode sim ter um papel crucial no incentivo das características empreendedoras de que trata o estudo.

5. CONCLUSÕES

Com excessão da dimensão necessidade de autonomia, as demais características que perfazem uma personalidade empreendedora apresentaram menores médias para os estudantes no estágio final dos cursos em comparação para com os estudantes que estão na fase inicial. Em uma perspectiva superficial tais resultados comprovariam a proposição de que a universidade tende a inibir o espírito empreendedor dos alunos. Porém, isto não é o caso por que não encontrou-se associação significativa entre tornar-encontrou-se empreendedor e as características preconizadas como importantes para um empreendedor. Sugere-se futuras investigações para identificar as razões que levam estas características diferirem entre os dois estágios dos cursos, e quais as consequências, se existem, para a formação de uma personalidade empreendedora.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHER, Rogério. O meu próprio negócio. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luísa. 14ª Ed. São Paulo: Cultura, 2000. DORNELAS, José. C. A. Empreendedorismo – transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001.

GUROL, Y.; ATSAN, N. Entrepreneurial characteristics amongst university students: Some insights for entrepreneurship education and training in Turkey. Education + Training, V. 48, n. 1, p. 25-38. 2006.

HANSEMARK, O. C. The effects of an entrepreneurship programme on need for achievement and locus of control of reinforcement. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, V.4, n.1, p., 28-50. 1998.

JÚNIOR, E. I.; GIMENEZ, F. A. P. Potencial Empreendedor: Um instrumento para Mensuraçao. Revista de Negocios, V.9 n.2, p. 107-116. 2004.

LOUW L.; EEDEN, S.M.; BOSCH, J.K. e VENTER, D.J.L. Entrepreneurial traits of undergraduate students selected South African tertiary institutions. Management Dynamics, V. 6, n.4, p.73-90. 2003.

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LÚCIO, C. S.; COSTA, T. F. O empreendedorismo e o futuro profissional nos diferentes estágios da vida acadêmica e dos cursos de graduação. In: XVI CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPel, Pelotas, Anais... Pelotas: UFPel, 2007 (no prelo).

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