Ementa e Acórdão
07/05/2013 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102 RIO DE
JANEIRO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) :ESTADO DO RIODE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGDO.(A/S) :ANNIBAL JOSE DELLA LIBERA
ADV.(A/S) :MARCOS JOSÉ NOVAES DOS SANTOS
EMENTA
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Servidor público. Férias não gozadas. Indenização. Possibilidade. Precedentes.
1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o servidor público tem direito ao recebimento de indenização pelas férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a vedação ao enriquecimento sem causa.
2. Agravo regimental não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 7 de maio de 2013. MINISTRO DIAS TOFFOLI
Relator
Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
Relatório
07/05/2013 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102 RIO DE
JANEIRO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) :ESTADO DO RIODE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGDO.(A/S) :ANNIBAL JOSE DELLA LIBERA
ADV.(A/S) :MARCOS JOSÉ NOVAES DOS SANTOS
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
Estado do Rio de Janeiro interpõe tempestivo agravo regimental contra decisão em que conheci de agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário, com a seguinte fundamentação:
“Vistos.
Trata-se de agravo contra a decisão que não admitiu recurso extraordinário interposto contra acórdão proferido por órgão judicante do Estado do Rio de Janeiro que, em síntese, julgou procedente o pedido para condenar o recorrente no pagamento de indenização por férias não usufruídas por servidor público.
Decido.
Ressalte-se, inicialmente, que a jurisdição foi prestada, no caso, mediante decisões suficientemente motivadas, não obstante contrárias à pretensão da parte recorrente. Anote-se que o Plenário deste Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral desse tema e reafirmou a orientação de que a referida norma constitucional não exige que o órgão judicante manifeste-se sobre todos os argumentos de defesa apresentados, mas que fundamente, ainda que suscintamente, as razões que entendeu suficientes à formação de seu convencimento (AI nº 791.292/PE-RG-QO, Relator o Ministro
Supremo Tribunal Federal
07/05/2013 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102 RIO DE
JANEIRO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) :ESTADO DO RIODE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
AGDO.(A/S) :ANNIBAL JOSE DELLA LIBERA
ADV.(A/S) :MARCOS JOSÉ NOVAES DOS SANTOS
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
Estado do Rio de Janeiro interpõe tempestivo agravo regimental contra decisão em que conheci de agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário, com a seguinte fundamentação:
“Vistos.
Trata-se de agravo contra a decisão que não admitiu recurso extraordinário interposto contra acórdão proferido por órgão judicante do Estado do Rio de Janeiro que, em síntese, julgou procedente o pedido para condenar o recorrente no pagamento de indenização por férias não usufruídas por servidor público.
Decido.
Ressalte-se, inicialmente, que a jurisdição foi prestada, no caso, mediante decisões suficientemente motivadas, não obstante contrárias à pretensão da parte recorrente. Anote-se que o Plenário deste Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral desse tema e reafirmou a orientação de que a referida norma constitucional não exige que o órgão judicante manifeste-se sobre todos os argumentos de defesa apresentados, mas que fundamente, ainda que suscintamente, as razões que entendeu suficientes à formação de seu convencimento (AI nº 791.292/PE-RG-QO, Relator o Ministro
Relatório
ARE 725102 AGR / RJ
Gilmar Mendes, DJe de 13/8/10).
Ademais, o acórdão atacado está em sintonia com a orientação firmada nesta Corte, no sentido de ser possível a conversão de férias não gozadas por servidor público em indenização pecuniária, pois, do contrário, haveria enriquecimento sem justa causa da Administração Pública. Nesse sentido, destacam-se os seguintes acórdãos:
‘DIREITO ADMINISTRATIVO. CONVERSÃO DAS FÉRIAS NÃO GOZADAS EM PECÚNIA. INTERESSE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. LOCUPLETAMENTO ILÍCITO POR PARTE DO ESTADO. DECISÃO REGIONAL EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF. PRECEDENTES. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO EM 11.11.2011. Considerados os princípios que norteiam o ordenamento jurídico - com destaque para a vedação ao enriquecimento ilícito-, o acórdão regional, ao prestigiar o direito constitucionalmente garantido às férias, determinando a conversão das férias não gozadas em pecúnia, segue na linha da entendimento desta Casa. Precedentes. As razões do agravo regimental não são aptas a infirmar os fundamentos da decisão agravada, mormente no que se refere à conformidade do entendimento regional com a jurisprudência do STF, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordinário. Agravo regimental conhecido e não provido’ (RE nº 691.350/RJ-AgR, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe de 19/2/13).
‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. FÉRIAS NÃO GOZADAS POR VONTADE DA ADMINISTRAÇÃO. INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte
2
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
Gilmar Mendes, DJe de 13/8/10).
Ademais, o acórdão atacado está em sintonia com a orientação firmada nesta Corte, no sentido de ser possível a conversão de férias não gozadas por servidor público em indenização pecuniária, pois, do contrário, haveria enriquecimento sem justa causa da Administração Pública. Nesse sentido, destacam-se os seguintes acórdãos:
‘DIREITO ADMINISTRATIVO. CONVERSÃO DAS FÉRIAS NÃO GOZADAS EM PECÚNIA. INTERESSE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. LOCUPLETAMENTO ILÍCITO POR PARTE DO ESTADO. DECISÃO REGIONAL EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF. PRECEDENTES. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO EM 11.11.2011. Considerados os princípios que norteiam o ordenamento jurídico - com destaque para a vedação ao enriquecimento ilícito-, o acórdão regional, ao prestigiar o direito constitucionalmente garantido às férias, determinando a conversão das férias não gozadas em pecúnia, segue na linha da entendimento desta Casa. Precedentes. As razões do agravo regimental não são aptas a infirmar os fundamentos da decisão agravada, mormente no que se refere à conformidade do entendimento regional com a jurisprudência do STF, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordinário. Agravo regimental conhecido e não provido’ (RE nº 691.350/RJ-AgR, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe de 19/2/13).
‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. FÉRIAS NÃO GOZADAS POR VONTADE DA ADMINISTRAÇÃO. INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte
2
Relatório
ARE 725102 AGR / RJ
firmou-se no sentido de que o servidor público faz jus à indenização por férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a responsabilidade objetiva desta e a vedação ao enriquecimento sem causa. Precedentes. II - Agravo regimental improvido’ (ARE nº 710.075/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJe de 18/3/13).
‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. FÉRIAS NÃO GOZADAS NO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA.
POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO’ (ARE nº 712.890/RJ-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 2/4/13).
‘Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Servidor público. Férias não gozadas. Indenização pecuniária. Possibilidade. Vedação ao enriquecimento ilícito. Inaplicabilidade da ADI 227 ao caso concreto. 3. Agravo regimental a que se nega provimento’ (ARE nº 715.042/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 5/12/12).
Do voto proferido pelo Relator nesse último julgado, destaca-se a seguinte passagem que bem esclarece a inaplicabilidade ao caso em tela da decisão proferida por esta Corte na ADI nº 227/RJ:
‘(...)
Ademais, conforme anotado na decisão agravada, não se aplica ao caso o julgamento da ADI 227, pois a inconstitucionalidade declarada nessa assentada referia-se
3
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
firmou-se no sentido de que o servidor público faz jus à indenização por férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a responsabilidade objetiva desta e a vedação ao enriquecimento sem causa. Precedentes. II - Agravo regimental improvido’ (ARE nº 710.075/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJe de 18/3/13).
‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. FÉRIAS NÃO GOZADAS NO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA.
POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO’ (ARE nº 712.890/RJ-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 2/4/13).
‘Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Servidor público. Férias não gozadas. Indenização pecuniária. Possibilidade. Vedação ao enriquecimento ilícito. Inaplicabilidade da ADI 227 ao caso concreto. 3. Agravo regimental a que se nega provimento’ (ARE nº 715.042/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 5/12/12).
Do voto proferido pelo Relator nesse último julgado, destaca-se a seguinte passagem que bem esclarece a inaplicabilidade ao caso em tela da decisão proferida por esta Corte na ADI nº 227/RJ:
‘(...)
Ademais, conforme anotado na decisão agravada, não se aplica ao caso o julgamento da ADI 227, pois a inconstitucionalidade declarada nessa assentada referia-se
3
Relatório
ARE 725102 AGR / RJ
a dispositivo que atribuía ao servidor público a faculdade de optar por gozo das férias ou por sua transformação em pecúnia indenizatória, deixando a seu arbítrio a criação de despesa para o erário (art. 77, XVII, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro)’.
Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário.
Publique-se.”
Aduz o agravante, in verbis, que
“[a] hipótese dos autos diz respeito a servidor público estatutário em atividade. Dessa forma, entende a Procuradoria Geral do Estado que a decisão comporta revisão: a jurisprudência deste Excelso Tribunal garante o direito ao servidor inativo, não, àquele em atividade, como no caso.
(…)
O servidor aposentado não tem mais qualquer vínculo funcional com o Estado. Por isso, não tem a possibilidade material de gozo de férias. Diferentemente, o servidor em atividade tem essa possibilidade e pode exercê-la. A permitir-se este seja indenizado por férias que poderia gozar, o que se está criando é a possibilidade de tal servidor decidir sobre a criação de despesa para o Estado, exatamente o mesmo fundamento que levou este Excelso Tribunal a declarar a inconstitucionalidade do art. 77, XVII, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro (ADI 227, DJ 18.5.2001). A matéria foi reiteradamente suscitada tendo o Tribunal a quo afastado a alegação em todas as oportunidades” (fls. 267/268).
É o relatório.
4
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
a dispositivo que atribuía ao servidor público a faculdade de optar por gozo das férias ou por sua transformação em pecúnia indenizatória, deixando a seu arbítrio a criação de despesa para o erário (art. 77, XVII, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro)’.
Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário.
Publique-se.”
Aduz o agravante, in verbis, que
“[a] hipótese dos autos diz respeito a servidor público estatutário em atividade. Dessa forma, entende a Procuradoria Geral do Estado que a decisão comporta revisão: a jurisprudência deste Excelso Tribunal garante o direito ao servidor inativo, não, àquele em atividade, como no caso.
(…)
O servidor aposentado não tem mais qualquer vínculo funcional com o Estado. Por isso, não tem a possibilidade material de gozo de férias. Diferentemente, o servidor em atividade tem essa possibilidade e pode exercê-la. A permitir-se este seja indenizado por férias que poderia gozar, o que se está criando é a possibilidade de tal servidor decidir sobre a criação de despesa para o Estado, exatamente o mesmo fundamento que levou este Excelso Tribunal a declarar a inconstitucionalidade do art. 77, XVII, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro (ADI 227, DJ 18.5.2001). A matéria foi reiteradamente suscitada tendo o Tribunal a quo afastado a alegação em todas as oportunidades” (fls. 267/268).
É o relatório.
4
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
07/05/2013 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102 RIO DE
JANEIRO
VOTO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
Não merece prosperar a irresignação.
A Corte de origem, no julgamento de agravo interno, reformou a sentença de primeiro grau e consignou o seguinte:
“(...) [O] STF declarou a inconstitucionalidade de parte do inciso XVII do artigo 77, exatamente no tocante à possibilidade de transformar período de férias não gozadas em indenização, na ADIN 227-9, retirando a eficácia dessa disposição (...)
(...)
Ocorre que, a pretensão deduzida não se funda no mencionado dispositivo, mas na indenização decorrente do corolário fundamental de Direito, segundo o qual é vedado o enriquecimento sem causa.
Nesse contexto, se a lei assegura ao servidor o gozo remunerado de férias, o seu implemento pela Administração a bem do serviço público deve ser indenizado, sob pena de locupletamento sem causa.
(…) ou seja, apesar de ser vedada a acumulação, acaso esta ocorra por fato da Administração, é direito do servidor exigir o pagamento de indenização pelo desenvolvido” (fls. 193/194).
Desse modo, conforme expresso na decisão agravada, não se aplica ao caso o que decidido na ADI nº 227, Relator o Ministro Maurício
Corrêa. A uma, porque o fundamento para a concessão da indenização
em apreço não foi o inciso XVII do art. 77 da Constituição do Rio de Janeiro, considerado inconstitucional no julgamento da mencionada ação declaratória, mas, sim, a vedação ao enriquecimento sem causa. A duas, porque a Corte de origem afirmou que o servidor, ora agravado, não gozou férias em decorrência de “fato da Administração” e não porque
Supremo Tribunal Federal
07/05/2013 PRIMEIRA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102 RIO DE
JANEIRO
VOTO
O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):
Não merece prosperar a irresignação.
A Corte de origem, no julgamento de agravo interno, reformou a sentença de primeiro grau e consignou o seguinte:
“(...) [O] STF declarou a inconstitucionalidade de parte do inciso XVII do artigo 77, exatamente no tocante à possibilidade de transformar período de férias não gozadas em indenização, na ADIN 227-9, retirando a eficácia dessa disposição (...)
(...)
Ocorre que, a pretensão deduzida não se funda no mencionado dispositivo, mas na indenização decorrente do corolário fundamental de Direito, segundo o qual é vedado o enriquecimento sem causa.
Nesse contexto, se a lei assegura ao servidor o gozo remunerado de férias, o seu implemento pela Administração a bem do serviço público deve ser indenizado, sob pena de locupletamento sem causa.
(…) ou seja, apesar de ser vedada a acumulação, acaso esta ocorra por fato da Administração, é direito do servidor exigir o pagamento de indenização pelo desenvolvido” (fls. 193/194).
Desse modo, conforme expresso na decisão agravada, não se aplica ao caso o que decidido na ADI nº 227, Relator o Ministro Maurício
Corrêa. A uma, porque o fundamento para a concessão da indenização
em apreço não foi o inciso XVII do art. 77 da Constituição do Rio de Janeiro, considerado inconstitucional no julgamento da mencionada ação declaratória, mas, sim, a vedação ao enriquecimento sem causa. A duas, porque a Corte de origem afirmou que o servidor, ora agravado, não gozou férias em decorrência de “fato da Administração” e não porque
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 725102 AGR / RJ
teria simplesmente optado por não gozar as férias e receber seu valor correspondente em dinheiro.
Assim, é de se aplicar ao caso a pacífica jurisprudência desta Corte no sentido de que o servidor público tem direito ao recebimento de indenização pelas férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. Nesse sentido, além dos precedentes citados na decisão agravada, anote-se:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO POR FÉRIAS VENCIDAS E NÃO GOZADAS POR NECESSIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. TRANSGRESSÃO AOS VERBETES Nº 269 E 271/STF. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. As razões deduzidas no agravo não são capazes de desconstituir os fundamentos da decisão ora impugnada. Consoante apontado na decisão monocrática, o Supremo possui jurisprudência consolidada no sentido do reconhecimento do direito à indenização pelas férias não gozadas de servidor, por motivo de interesse público. Nesse sentido: ‘AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. CONVERSÃO DE FÉRIAS NÃO GOZADAS EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. MANDADO DE SEGURANÇA. NORMA
INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA.
IMPOSSIBILIDADE EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. A violação da Constituição do Brasil seria indireta, eis que imprescindível o reexame de matéria processual, nos termos da Lei n. 1.533/51 e do Código do Processo Civil. 2. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de ser possível a conversão de férias não gozadas em indenização pecuniária dada a responsabilidade objetiva desta e vedação ao enriquecimento ilícito. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.’ (AI 768313 – AGR, Rel. Min. Eros Grau, Dje 17/12/09). ‘RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade.
2
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
teria simplesmente optado por não gozar as férias e receber seu valor correspondente em dinheiro.
Assim, é de se aplicar ao caso a pacífica jurisprudência desta Corte no sentido de que o servidor público tem direito ao recebimento de indenização pelas férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. Nesse sentido, além dos precedentes citados na decisão agravada, anote-se:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO POR FÉRIAS VENCIDAS E NÃO GOZADAS POR NECESSIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. TRANSGRESSÃO AOS VERBETES Nº 269 E 271/STF. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. As razões deduzidas no agravo não são capazes de desconstituir os fundamentos da decisão ora impugnada. Consoante apontado na decisão monocrática, o Supremo possui jurisprudência consolidada no sentido do reconhecimento do direito à indenização pelas férias não gozadas de servidor, por motivo de interesse público. Nesse sentido: ‘AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. CONVERSÃO DE FÉRIAS NÃO GOZADAS EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. MANDADO DE SEGURANÇA. NORMA
INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA.
IMPOSSIBILIDADE EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. A violação da Constituição do Brasil seria indireta, eis que imprescindível o reexame de matéria processual, nos termos da Lei n. 1.533/51 e do Código do Processo Civil. 2. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de ser possível a conversão de férias não gozadas em indenização pecuniária dada a responsabilidade objetiva desta e vedação ao enriquecimento ilícito. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.’ (AI 768313 – AGR, Rel. Min. Eros Grau, Dje 17/12/09). ‘RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade.
2
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 725102 AGR / RJ
Jurisprudência assentada. Ausência de razões novas. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões novas, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte. 2. RECURSO. Agravo. Regimental. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa. Aplicação do art. 557, § 2º, cc. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal condenar o agravante a pagar multa ao agravado.’ (AI 407387 – AGR, Rel. Min. Cezar Peluso, Primeira Turma, Dj 17/09/05) 2. O fundamento de ofensa ao princípio da legalidade não encontra guarida, pois o estado recorrido não pode se valer do argumento de ausência de lei prevendo a conversão de férias não gozadas em pecúnia para eximir-se do pagamento do direito laboral constitucionalmente assegurado, sobretudo quando a fruição deste restou inviabilizada por estar o servidor em exercício de função pública indeclinável, a de juiz corregedor do Tribunal da respectiva unidade da federação. Essa proibição está encerrada no princípio geral de direito da vedação ao enriquecimento sem causa, aplicável inclusive à Administração Pública, conforme bem acentuado nos precedentes supracitados. 3. Não incidem, na espécie, as vedações presentes nas Súmulas nº 269 e 271/STF, pois o mandado de segurança foi interposto em razão do indeferimento do pedido na via administrativa. Vê-se, dessa forma, que o presente writ tem como objetivo o reconhecimento do direito do impetrante, eis porque não se pode considerar que esta ação tem como eficácia preponderante a cobrança da dívida. 4. Consigne-se que eventuais efeitos patrimoniais decorrentes da concessão da segurança serão procedidos na via administrativa. Caso insatisfeito, o agravado poderá recorrer à via judicial para efetuar a cobrança dos valores que considerar devidos. 5. In casu, o acórdão impugnado mediante o extraordinário assentou: ‘CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
3
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
Jurisprudência assentada. Ausência de razões novas. Decisão mantida. Agravo regimental improvido. Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões novas, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte. 2. RECURSO. Agravo. Regimental. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa. Aplicação do art. 557, § 2º, cc. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal condenar o agravante a pagar multa ao agravado.’ (AI 407387 – AGR, Rel. Min. Cezar Peluso, Primeira Turma, Dj 17/09/05) 2. O fundamento de ofensa ao princípio da legalidade não encontra guarida, pois o estado recorrido não pode se valer do argumento de ausência de lei prevendo a conversão de férias não gozadas em pecúnia para eximir-se do pagamento do direito laboral constitucionalmente assegurado, sobretudo quando a fruição deste restou inviabilizada por estar o servidor em exercício de função pública indeclinável, a de juiz corregedor do Tribunal da respectiva unidade da federação. Essa proibição está encerrada no princípio geral de direito da vedação ao enriquecimento sem causa, aplicável inclusive à Administração Pública, conforme bem acentuado nos precedentes supracitados. 3. Não incidem, na espécie, as vedações presentes nas Súmulas nº 269 e 271/STF, pois o mandado de segurança foi interposto em razão do indeferimento do pedido na via administrativa. Vê-se, dessa forma, que o presente writ tem como objetivo o reconhecimento do direito do impetrante, eis porque não se pode considerar que esta ação tem como eficácia preponderante a cobrança da dívida. 4. Consigne-se que eventuais efeitos patrimoniais decorrentes da concessão da segurança serão procedidos na via administrativa. Caso insatisfeito, o agravado poderá recorrer à via judicial para efetuar a cobrança dos valores que considerar devidos. 5. In casu, o acórdão impugnado mediante o extraordinário assentou: ‘CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
3
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 725102 AGR / RJ
MAGISTRADO. FÉRIAS NÃO GOZADAS. MOTIVAÇÃO ALHEIA À VONTADE DO SERVIDOR. CONVERSÃO EM PECÚNIA IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. PAGAMENTO EM DOBRO. INDEVIDO. SEGURANÇA CONCEDIDA EM PARTE. I. Férias vencidas e não devidamente gozadas por motivação alheia à vontade do servidor gera direito á sua conversão em pecúnia. II. Não incide imposto de renda sobre as verbas de natureza indenizatória. III. Pagamento em dobro das férias não usufruídas é vantagem assegurada somente aos celetistas. IV. Segurança parcialmente concedida.’ 6. Agravo Regimental a que se nega provimento” (RE nº 636.661/DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 26/6/12).
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. FÉRIAS NÃO GOZADAS POR VONTADE DA ADMINISTRAÇÃO. INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. INOVAÇÃO DE MATÉRIA EM AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o servidor público faz jus à indenização por férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a responsabilidade objetiva desta e a vedação ao enriquecimento sem causa. Precedentes. II - A questão referente à alegação de ofensa às Súmulas 269 e 271 desta Corte não foi arguida nas razões do recurso extraordinário e, desse modo, não pode ser aduzida em agravo regimental. É incabível a inovação de fundamento nesta fase processual. Precedentes. III - Agravo regimental improvido” (RE nº 648.668/MA-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 29/4/13).
Deste último julgado, colhe-se, ainda, o seguinte trecho extraído do voto proferido pelo Relator, o Ministro Ricardo Lewandowski:
4
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
MAGISTRADO. FÉRIAS NÃO GOZADAS. MOTIVAÇÃO ALHEIA À VONTADE DO SERVIDOR. CONVERSÃO EM PECÚNIA IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. PAGAMENTO EM DOBRO. INDEVIDO. SEGURANÇA CONCEDIDA EM PARTE. I. Férias vencidas e não devidamente gozadas por motivação alheia à vontade do servidor gera direito á sua conversão em pecúnia. II. Não incide imposto de renda sobre as verbas de natureza indenizatória. III. Pagamento em dobro das férias não usufruídas é vantagem assegurada somente aos celetistas. IV. Segurança parcialmente concedida.’ 6. Agravo Regimental a que se nega provimento” (RE nº 636.661/DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 26/6/12).
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. FÉRIAS NÃO GOZADAS POR VONTADE DA ADMINISTRAÇÃO. INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. INOVAÇÃO DE MATÉRIA EM AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o servidor público faz jus à indenização por férias não gozadas por vontade da Administração, tendo em vista a responsabilidade objetiva desta e a vedação ao enriquecimento sem causa. Precedentes. II - A questão referente à alegação de ofensa às Súmulas 269 e 271 desta Corte não foi arguida nas razões do recurso extraordinário e, desse modo, não pode ser aduzida em agravo regimental. É incabível a inovação de fundamento nesta fase processual. Precedentes. III - Agravo regimental improvido” (RE nº 648.668/MA-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 29/4/13).
Deste último julgado, colhe-se, ainda, o seguinte trecho extraído do voto proferido pelo Relator, o Ministro Ricardo Lewandowski:
4
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI
ARE 725102 AGR / RJ
“Registre-se, ademais, que não prospera a alegação de que o referido entendimento não seria aplicável aos servidores em atividade. Conforme jurisprudência desta Corte, o direito à indenização das férias não gozadas aplica-se, indistintamente, tanto ao servidor aposentado quanto ao ativo”.
Nego provimento ao agravo regimental.
5
Supremo Tribunal Federal
ARE 725102 AGR / RJ
“Registre-se, ademais, que não prospera a alegação de que o referido entendimento não seria aplicável aos servidores em atividade. Conforme jurisprudência desta Corte, o direito à indenização das férias não gozadas aplica-se, indistintamente, tanto ao servidor aposentado quanto ao ativo”.
Nego provimento ao agravo regimental.
5
Extrato de Ata - 07/05/2013
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102
PROCED. : RIO DE JANEIRO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AGDO.(A/S) : ANNIBAL JOSE DELLA LIBERA
ADV.(A/S) : MARCOS JOSÉ NOVAES DOS SANTOS
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 7.5.2013.
Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli e Rosa Weber. Compareceu o Senhor Ministro Teori Zavascki para julgar processos a ele vinculados.
Subprocuradora-Geral da República, Dra. Cláudia Sampaio Marques.
Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma
Supremo Tribunal Federal
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 725.102
PROCED. : RIO DE JANEIRO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
AGTE.(S) : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AGDO.(A/S) : ANNIBAL JOSE DELLA LIBERA
ADV.(A/S) : MARCOS JOSÉ NOVAES DOS SANTOS
Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 7.5.2013.
Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli e Rosa Weber. Compareceu o Senhor Ministro Teori Zavascki para julgar processos a ele vinculados.
Subprocuradora-Geral da República, Dra. Cláudia Sampaio Marques.
Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma