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Mata Atlântica no Livro Didático:

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

VIVIANE DA SILVA CRISTINO CORDEIRO

Mata Atlântica no Livro Didático:

Conhecer para Conservar

RIO DE JANEIRO 2009

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Viviane da Silva Cristino Cordeiro

Mata Atlântica no Livro Didático:

Conhecer para Conservar

Orientadora: Profª. Drª. Marilene de Sá Cadei

Rio de Janeiro 2009

Monografia apresentada ao Departamento de Ensino Ciências e Biologia, do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Ciências Biológicas.

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CORDEIRO, Viviane da Silva Cristino.

MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO: CONHECER PARA CONSERVAR / Viviane da Silva Cristino Cordeiro. – 2009.

Orientadora: Profª. Drª. Marilene de Sá Cadei

Curso de Ciências Biológicas. Monografia de licenciatura (Graduação) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, IBRAG, 2009.

1. Livro Didático; 2. Mata Atlântica; 3. Vertebrados em Extinção; 4. Ensino Fundamental.

I. CADEI, Marilene de Sá (orientadora). II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, IBRAG. III. Título.

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VIVIANE DA SILVA CRISTINO CORDEIRO

MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO: CONHECER PARA CONSERVAR

Monografia apresentada ao Departamento de Ensino Ciências e Biologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como

requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas.

Aprovação em: _____/_____/_____

Banca examinadora:

Professor Dr. José Ricardo Mermudes

Professora Dra. Cibele Schwanke

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Dedico este trabalho...

Aos meus pais, Rosa e Euzenir, pelo amor, carinho e dedicação dispensados à mim.

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AGRADECIMENTOS

“A Deus pelo cuidado, proteção e força concedidos durante toda caminhada feita até aqui e pela que ainda irá se seguir”.

“Aos meus pais, Rosa e Euzenir, por todo o amor, carinho, cuidado, conselhos, pelas oportunidades de estudos, por me apoiarem nas minhas escolhas e pela vontade de me

ver crescer”.

“Aos meus irmãos, Vanessa e Matheus, pelas brincadeiras e momentos de descontração”.

“Ao meu noivo, Jean, por todo carinho, compreensão, atenção, dedicação e palavras de ânimo, demonstrados ao longo de minha graduação. Amo-te muito!”

“Aos amigos Clayton, Grazi e Amanda pelo entusiasmo e auxílio, pelas palavras de força e ânimo e principalmente pela amizade de vocês. Vocês tiveram um papel

fundamental para mim!”

“Em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce um irmão”

“Aos demais amigos de classe, pela vivência nestes últimos quatro anos, pelas alegrias e tristezas compartilhadas. Sem vocês não teria graça”.

“À querida profª Lúcia Cristina da Costa Aguiar, do CAp-UERJ, pelo auxílio e dicas que me ajudaram na elaboração deste trabalho”.

“À minha orientadora, Dra. Marilene de Sá Cadei, pela oportunidade, auxílio, paciência e confiança. Muito obrigada!”

“Aos professores Drs. da Banca examinadora, José Ricardo e Cibele, por terem atendido prontamente ao convite”.

“À todos, muito obrigada!!!”

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“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”

Bíblia Sagrada. Filipenses 4.13

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RESUMO

O livro didático é um dos materiais pedagógicos utilizados na mediação do conhecimento, tendo assumido um papel importante no processo de ensino e aprendizagem em escolas do Brasil. Ele pode ser decisivo para a qualidade do aprendizado e muitos temas importantes podem ser abordados. Uma abordagem importante que deve ser feita no Livro Didático é a excepcional diversidade biológica do Brasil. Um bioma brasileiro com grande biodiversidade é a Mata Atlântica, porém, com o seu desmatamento, muitas espécies de animais perderam parte ou completamente o seu habitat e correm o risco de extinguir. Deste modo, verifica-se uma urgência em demonstrar à população a necessidade de se conservar a Mata Atlântica. A introdução desta temática no início da vida escolar (no Ensino Fundamental) é muito proveitosa, pois estimularia procedimentos de conservação nos alunos desde os primeiros anos de escolaridade. O objetivo deste trabalho foi verificar se os capítulos que apresentam os biomas brasileiros e a classificação dos animais vertebrados nos livros didáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental contribuem para o conhecimento e a conservação de vertebrados da fauna da Mata Atlântica, principalmente aqueles ameaçados de extinção. Para isso, realizou-se uma pesquisa do tipo bibliográfica utilizando-se como objeto de estudo oito livros avaliados e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2008. Este estudo permitiu observar que apesar das falhas encontradas nos livros didáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental, como a não referência dos animais ameaçados, ou uma citação sem atualização, é possível afirmar que os livros didáticos contribuem para o aumento do conhecimento sobre os vertebrados, mas precisam dar mais atenção à fauna da Mata Atlântica, em especial, às medidas e ações que visam à conservação dos vertebrados de Mata Atlântica, principalmente os que estão ameaçados de extinção.

Palavras-chave: Livro Didático; Mata Atlântica; Vertebrados em Extinção; Ensino Fundamental.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Figura 1: Mata Atlântica. Floresta da Tijuca, 2008... 20

Figura 2: Mata Atlântica. Ilha Grande, 2006... 20

Figura 3: Mico-leão-dourado da Fundação RIOZOO, 2009... 24

Figura 4: Gavião-pomba da Fundação RIOZOO, 2009... 26

Figura 5: Onça-pintada da Fundação RIOZOO, 2009... 27

Figura 6: Anta da Fundação RIOZOO, 2009... 28

Figura 7: Jacutinga da Fundação RIOZOO, 2009... 30

Figura 8: Macaco-prego-do-peito-amarelo da Fundação RIOZOO, 2009... 33

Figura 9: Livro Projeto Araribá – 6ª Série... 38

Figura 10: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)... 38

Figura 11: Livro Ciência e Interação – 6ª Série... 39

Figura 12: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)... 39

Figura 13: Livro Investigando a Natureza – 6ª Série... 40

Figura 14: Livro Investigando a Natureza – 8ª Série... 41

Figura 15: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)... 41

Figura 16: Livro Construindo Consciências – 6ª Série... 42

Figura 17: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)... 42

Figura 18: Livro Ciência Novo Pensar – 6ª Série... 43

Figura 19: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)... 43

Figura 20: Livro Ciências: O meio ambiente – 5ª Série... 44

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Figura 22: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)... 45

Figura 23: Papagaio-cara-roxa (Amazona brasiliensis)... 54

Figura 24: Sagui-da-serra (Callithrix flaviceps) e preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus)... 55

Figura 25: Animais traficados da Mata Atlântica... 56

Figura 26: Perfil do relevo da Mata Atlântica... 57

Figura 27: Animais da Mata Atlântica... 58

Figura 28: Lagartixa-da-areia (Liolaemus lutzae)... 59

Figura 29: Tico-tico (Coryphaspiza melanotis) e Tiê-sangue (Ramphocelus bresilius)... 59

Figura 30: Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia)... 60

Figura 31: Cutia (Dasyprocta azarae) e Gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus)... 60

Figura 32: Jaguatirica (Leopardus pardalis) e Gato-macarajá (Leopardus wiedii)... 61

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LISTA DE ABREVIATURAS

CNLD = Comissão Nacional do Livro Didático CR = Criticamente em Perigo

DD = Deficiente em Dados

EMBRAPA = Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EN = Em Perigo

EX = Espécie Extinta

FNDE = Fundo Nacional Desenvolvimento Escolar

IBAMA = Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IEF = Fundação Instituto Estadual de Florestas

LC = Não ameaçada LD = Livro Didático

MEC = Ministério da Educação e Cultura MMA = Ministério do Meio Ambiente NT = Quase Ameaçada

OMS = Organização Mundial de Saúde PCN = Parâmetros Curriculares Nacionais PNLD = Plano Nacional do Livro Didático RJ = Rio de Janeiro

USP = Universidade de São Paulo VU = Vulnerável

WWF = World Wildlife Fund

(12)

SUMÁRIO

Pág.

INTRODUÇÃO... 12

1. LIVRO DIDÁTICO... 16

1.1 – Breve Histórico... 16

1.2 – Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)... 16

1.3 – Livro Didático no Ensino de Ciências... 17

2. MATA ATLÂNTICA... 20

2.1 – Características... 20

2.2 – Vertebrados da Mata Atlântica... 26

2.3 – Por que Conservar?... 35

3. VERTEBRADOS DA MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO... 37

3.1. Informações sobre os Vertebrados da Mata Atlântica... 46

3.2. Uso de Terminologia Científica... 53

3.3. Ilustrações... 54

3.4. Ocorrência de Visão Antropocêntrica... 63

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 65

REFERÊNCIAS... 67

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INTRODUÇÃO

A criança não é cidadã do futuro, mas já é cidadã hoje, e, nesse sentido, conhecer ciência é ampliar a sua possibilidade presente de participação social e viabilizar sua capacidade plena de participação social no futuro. (SERAFIM, 200-).

A inclusão do Ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental é relativamente recente, tendo início após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961. Essa lei estendeu a obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas as séries ginasiais (do 6º ao 9º anos atuais), mas foi a partir de 1971, com nova versão da Lei nº 5.692, que o Ensino de Ciências passou a ter caráter obrigatório nas séries do Ensino Fundamental (BRASIL, 1998).

Segundo Quesado e Martins (2003), é durante a Educação Básica, no Ensino Fundamental, o momento apropriado da escolarização em que se introduzem formalmente os alunos no contexto científico, proporcionando uma grande oportunidade de apropriação e resignificação de conhecimentos em e sobre ciências.

Esta inserção dos alunos nos discursos científicos nas séries iniciais é muito importante para que eles reconheçam até onde suas necessidades podem ser supridas pelo ambiente com o qual se relacionam. Isso é necessário, pois o ser humano necessita dos recursos que existem no meio ambiente, como alimentos para obter energia, água para saciar sua sede, de espaços/ambientes saudáveis para assegurar a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, entre outros, sendo cada ponto importante para a vivência do ser humano (BRASIL, 1998).

Entretanto, pela falta de conhecimento e de sensibilização para o cuidado com o meio ambiente, o homem tem causado danos à natureza, como por exemplo, a poluição de rios, o desmatamento de grandes florestas, a poluição do ar com a emissão de gases tóxicos, as alterações nas camadas de ozônio, a produção de chuva ácida etc. Essas ações dos seres humanos têm trazido, inclusive para si próprio, sérios prejuízos, como os citados anteriormente.

Com esta visão antropocêntrica, o homem apropriou-se da natureza causando uma crise ambiental que coloca em risco a vida de muitos seres vivos e, inclusive, a

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própria vida (MORALES e CORTESÃO, 2000), não se preocupando com o meio ambiente e com o que poderia acontecer no futuro com o planeta Terra.

Sendo assim, é essencial que o Ensino de Ciências Naturais vá além da descrição de suas teorias e experiências e passe a se preocupar com as questões ambientais locais e globais. Ao mesmo tempo, deve refletir sobre seus aspectos éticos e culturais, pois esta é uma área em que se pode reconstruir a relação ser humano-natureza, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência social e planetária (BRASIL, 1998).

Um ensino diferenciado, no qual desde cedo os alunos seriam sensibilizados a cuidar da natureza, não apenas em palavras e propostas, mas também em atitudes, pode contribuir para mudar o que se observa nos dias de hoje. Existem diversas formas dessa sensibilização e desse conhecimento chegar até os alunos, como, por exemplo, os materiais pedagógicos utilizados por professores e alunos. Estes materiais são mediadores decisivos da cultura das escolas, e nestes está demonstrada a cultura real do que se aprende (SACRISTÁN, 1999).

O livro didático é um desses materiais pedagógicos utilizados na mediação do conhecimento, e atualmente tem assumido um papel importante no processo de ensino e aprendizagem em escolas do Brasil. Devido à precariedade na situação educacional do país, o livro didático tem ditado conteúdos e condicionado estratégias de ensino, marcando, de forma decisiva, o que se ensina e como se ensina. Embora não seja o único material de que professores e alunos irão utilizar no processo de ensino e aprendizagem, ele pode ser decisivo para a qualidade do aprendizado resultante das atividades escolares (NÚÑEZ et al., 2006; LAJOLO, 1996).

Uma vez que se conhece este poder de uso do livro didático, várias questões podem ser trabalhadas com a sua utilização. Temas importantes que geram curiosidades e dúvidas podem ser abordados e pontuados nele, de forma a esclarecer o assunto, tratando-o de forma mais clara e explicada para a compreensão. Um tema de grande relevância a ser tratado através do livro didático é a conservação do ambiente natural.

A questão do cuidado com o meio ambiente tem levantado muitas discussões e gerado muitos trabalhos de âmbito nacional para a sua melhoria, já que o ambiente

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está intimamente relacionado à saúde humana (BRASIL, 2007c). Esta perspectiva de cuidado com meio ambiente pode ser apresentada para os alunos utilizando-se o livro didático, a fim de maior esclarecimento e aproximação deles a este tema, assim como a questão da preservação do patrimônio nacional, das riquezas tanto minerais quanto culturais e biológicas do país.

Neste foco, uma das riquezas excepcionais do Brasil que pode ser tratada neste ensino é a diversidade biológica, encontrada nos biomas ao longo de todo Brasil. Um magnífico bioma brasileiro é a Mata Atlântica. Ela é uma floresta tropical que se estende desde o Rio Grande do Norte até o sul do Brasil em montanhas e planícies litorâneas, representando um dos biomas terrestres mais biodiversos do planeta e, ao mesmo tempo, um dos mais ameaçados pela ação antrópica (MITTERMEIER et al.,1999 apud FRANKE et al, 2005).

Com o desmatamento da Mata Atlântica, muitas espécies de animais perderam parte ou completamente o seu habitat e correm o risco de extinguir. Espécies da fauna e da flora utilizadas por estes animais como alimento, moradia e/ou esconderijo, também estariam sujeitos à extinção. Por exemplo, espécies de plantas teriam sua reprodução comprometida devido a sua não polinização pelos animais específicos, comprometendo as demais espécies de seres vivos com as quais ela estabelece relação.

Outro exemplo de interação entre animais e plantas, que poderia ser desestabilizado, é o que ocorre entre o mico-leão-dourado e determinadas espécies vegetais. Este pequeno primata é um importante dispersor de sementes, pois se alimenta destas, engolindo-as sem mastigar, carregando para outro lugar onde a semente será eliminada e poderá germinar (LAPENTA, 2009).

Segundo uma entrevista à TV Cultura com a bióloga Marina Lapenta, da USP, que trabalha com dispersão de sementes e micos há oito e doze anos, respectivamente, o mico-leão-dourado é considerado o melhor dispersor de sementes. Ele é mais eficaz que roedores, morcegos e outros animais que também se alimentam de sementes, porém o mico-leão-dourado come o fruto e engole a semente inteira, que sai nas fezes de forma intacta (LAPENTA, 2009). No entanto, hoje ele é considerado

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como uma das espécies da Mata Atlântica ameaçada de extinção, devido, principalmente, ao tráfico de animais e ao desmatamento.

Outros animais, como a anta (Tapirus terrestris), que já esteve ameaçada de extinção, também é considerada um excelente dispersor das sementes de plantas como da guabiroba, do araçá, do coquinho jerivá, do palmito, entre outras. Estes animais, assim como outros, possuem grande importância para a subsistência da Mata Atlântica, e hoje correm risco de extinção pelo desmatamento, realizado para produção de móveis, artesanato ou construções, de forma que esses animais podem ficar sem alimentos e abrigo. Também o tráfico dos animais (para domesticação, venda ou estudo em lugares fora do Brasil) tem sido um importante fator para colocar sob ameaça de extinção muitas espécies de animais.

Verifica-se então uma urgência em demonstrar à população a necessidade de se conservar a Mata Atlântica. A introdução desta temática no início da vida escolar (no Ensino Fundamental) seria muito proveitosa, pois estimularia procedimentos de conservação nos alunos desde os primeiros anos de escolaridade. Além disso, toda a comunidade escolar, assim como toda a comunidade em geral seriam envolvidas neste contexto, uma vez que os alunos se tornam multiplicadores do saber e adquirem novas posturas perante o ambiente em que vivem, transformando suas ações de modo responsável.

Diante do exposto, o objetivo central deste trabalho foi verificar se os capítulos que apresentam os biomas brasileiros e a classificação dos animais vertebrados nos livros didáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental contribuem para o conhecimento e a conservação de vertebrados da fauna da Mata Atlântica, principalmente aqueles ameaçados de extinção. Para isso, realizou-se uma pesquisa do tipo bibliográfica utilizando-se como objeto de estudo oito livros avaliados e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2008.

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5. LIVRO DIDÁTICO

5.1 – Breve Histórico

No Brasil, o livro didático passou a ter uma atenção, em nível oficial, a partir da Legislação do Livro Didático, criada em 1938 pelo Decreto-Lei 1006 (FRANCO, 1992). Nesta época, já se considerava o livro didático como uma “ferramenta da educação política e ideológica” (NÚÑEZ et al, 2006). Com base na regulamentação legal em que o Estado era quem censurava e criticava o livro, os professores escolhiam os livros a partir de uma lista pré-determinada pela Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) que examinava e julgava os livros didáticos, tendo um controle político-ideológico ao invés de ter uma função didática (ALMEIDA, 2007).

A questão do livro didático é regulamentada legitimamente pelo Decreto 91 54/85 que propõe o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) (SANDRIN et al., 2005), e que também determina uma contínua avaliação dos livros. Hoje, o processo que organiza e regula o PNLD é a Resolução/CD/FNDE nº 603, de 21 de Fevereiro de 2001 (NÚÑEZ et al, 2006).

Para uma melhor qualidade dos livros didáticos foram formados vários grupos para sua avaliação pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Porém este processo tem sido lento e, conforme Núñez et al. (2006), tem encontrado divergências entre os interesses das editoras e as orientações para se trabalhar o Ensino de Ciências. Outro fator que interfere na adequada avaliação é o limitado preparo dos professores que participam nos processos de seleção dos livros. Geralmente são especialistas em apenas uma área de Ciências, permitindo uma deficiência nas demais áreas.

5.2 – Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

Atualmente estes programas de avaliação de livros didáticos, como o PNLD, existem tanto para o Ensino Médio como para o Ensino Fundamental, onde são observados vários aspectos, como: proposta pedagógica; conhecimentos e conceitos; pesquisa, experimentação e prática; cidadania e ética; ilustrações, diagramas e figuras; e manual do professor.

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Estes programas trazem um guia de auxílio ao professor no momento da escolha do LD. O guia aponta os aspectos significativos de cada coleção de LD, buscando orientar o professor quanto à escolha de uma ou outra obra. Ele também ressalta a importância de se ter em vista a proposta pedagógica da escola, no qual o LD escolhido deverá ser o que melhor se encaixa na realidade daquela comunidade escolar (BRASIL, 2007a).

O PNLD não se resume apenas em descrever os tópicos encontrados nos livros avaliados, mas ressalta outros pontos importantes para o professor na hora da escolha do livro didático. Ele lembra ao professor que este processo de escolha é sua responsabilidade e que este livro selecionado o acompanhará por três anos seguidos, portanto esta escolha deve ser realizada por um conjunto de professores, de forma reflexiva e consciente.

O PNLD traz dicas de como utilizar o livro, no qual o professor deve saber criticá-lo e interpretá-criticá-lo. Demonstra também a importância da leitura dos alunos, pois eles terão contato com palavras diferentes do seu dia-a-dia no livro e do cuidado com o qual o livro deve ser manuseado para sua conservação (BRASIL, 2007a).

Conforme o PNLD – Ciências (BRASIL, 2007b), a educação em Ciências não deve ser um mero armazenamento do conhecimento científico, mas sim uma compreensão da natureza da ciência, sua essência, seu funcionamento. Em Ciências, recomenda-se uma interação entre o contexto social do aluno e o seu dia-a-dia e as descobertas científicas, que são geradas a partir da curiosidade humana ou mesmo na tentativa de solução de problemas. O livro didático, assim como o professor, são instrumentos que irão desafiar o aluno, levantando questões ou criando uma problemática que permita ao aluno aguçar sua criatividade e curiosidade, auxiliando no desenvolvimento de indivíduos críticos e pensantes.

5.3 – Livro Didático no Ensino de Ciências

O livro didático tem um papel informativo, de auxílio em sala de aula e referência bibliográfica, pois é um recurso acessível tanto para o aluno como para o professor. Ele muitas vezes é o único recurso utilizado na elaboração da aula e da prática educativa.

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Em uma entrevista feita pelo PNLD (2008) aos professores, foi registrado o seguinte depoimento de um professor: “as imagens do livro didático são importantes nas aulas de ciências uma vez que a maioria das escolas não dispõe de retroprojetor, projetor de slides, multimídia e as cópias de xérox são racionadas” (BRASIL, 2007a. p. 10 e 11).

Apesar de todo avanço tecnológico, o livro didático ainda continua sendo a ferramenta mais utilizada em sala de aula (CARNEIRO; SANTOS e MÓL, 2005). Em certos momentos o livro didático pode apresentar novos temas ao professor uma vez que, teoricamente, há uma atualização a cada triênio.

Essa atualização é muito importante, pois se tratando de Ciências no qual a tecnologia está sempre inovando, o livro deve acompanhar as novas descobertas e assim o professor pode vir a se guiar por ele. Mesmo assim, é importante ressaltar que o professor não deve ficar apenas com o que o livro apresenta, mas sim buscar outras fontes. O livro funcionaria, neste caso, mais como um referencial. O professor se aprofundaria nas novas descobertas, buscando outras bibliografias, como livros especializados e artigos científicos. Portanto, na prática de sala-de-aula, com um professor atualizado e que saiba utilizar o livro didático, este recurso didático pode aproximar o aluno da realidade de hoje.

Atualmente, a sociedade está sendo muito influenciada pela tecnologia e pelos novos conhecimentos científicos que são noticiados a todo o momento, por isso, a abordagem desses temas deve ser realizada em sala de aula. Como apoio para a abordagem e a pesquisa destes novos temas, o professor tem o livro didático.

No entanto, muitas vezes o livro não chega a acompanhar as mudanças tecnológicas e científicas, podendo conter capítulos desatualizados (LAJOLO, 1996). Nesta situação, os professores necessitam buscar por si mesmos a sua atualização.

Apesar de ocorrer uma atualização a cada triênio, os livros didáticos apresentam dificuldades em acompanhar o avanço da tecnologia. Além disso, muitos livros não têm a preocupação de aproximar o aluno da realidade, buscando interesses próprios (da editora) e não os conhecimentos necessários para a formação do estudante. Por isso é tão importante que o professor escolha o livro que vai utilizar privilegiando o que se aproxima mais da realidade do aluno (BRASIL, 2007a).

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O livro didático também contribui com a organização curricular (GAYÁN e GARCIA, 1997). É um importante objeto para o ensino e fundamental para a formação dos “futuros cidadãos”.

Aproveitando que as Ciências Naturais tem se destacado como um componente importante da educação básica (BRASIL, 2007a), pesquisas e questões como ética, novas descobertas, conservação de espécies, biodiversidade, tecnologias, entre muitos outros temas que geram curiosidade, podem ser trabalhados em sala de aula, tendo como suporte o livro didático.

Neste caso, evidencia-se a importância da abordagem de temas sobre meio ambiente nos livros didáticos, principalmente no que se refere aos cuidados com o meio ambiente natural e a conservação da diversidade biológica brasileira, como por exemplo, a fauna da Mata Atlântica, onde há uma grande diversidade de espécies, sendo que muitos animais não são encontrados em outros ecossistemas (SOS MATA ATLÂNTICA, 2008).

O livro didático pode oferecer informações sobre vertebrados e o ambiente em que eles vivem, aproximando o aluno desta realidade. No caso do Ensino Fundamental esta abordagem é importante, pois é durante a infância que ocorrem a construção de valores e conceitos, pois as crianças estão em processo de formação da identidade. Portanto, o livro didático pode contribuir com esta formação, influenciando na transformação dos conhecimentos e das ações dos educandos em relação aos vertebrados da Mata Atlântica.

Embora seja de conhecimento dos professores, vale ressaltar que, o LD é apenas um instrumento para auxiliar o professor em sala de aula, não sendo um material livre de erros. Portanto, uma atualização do professor deve ser feita além do LD e, caso determinado assunto não esteja bem definido e explicado no livro (justamente pela deficiência que pode ocorrer devido à especialização do autor daquele livro e/ou coleção), o professor poderá ainda recorrer à livros paradidáticos específicos do tema que o professor esteja trabalhando no momento, pois estes fazem uma abordagem mais profunda.

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6.

MATA ATLÂNTICA

2.1- Características

A Mata Atlântica (Figura 1 e 2) é um importante bioma brasileiro, possuindo uma biodiversidade excepcional em seus ecossistemas. Os ecossistemas do bioma de Mata Atlântica se dividem em: Formações Florísticas Associadas (Manguezal e Restinga), Floresta Ombrófila (Densa, Aberta e Mista), Floresta Estacional (Decidual e Semidecidual) e Campos de Altitude.1

Figura 1: Mata Atlântica. Floresta da Tijuca, 2008. Figura 2: Mata Atlântica. Ilha Grande, 2006. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.

Esta grande variação vegetal deve-se ao fato de que a Mata Atlântica originalmente percorria todo o litoral brasileiro. Estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ocupando uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, sendo a segunda maior floresta tropical úmida do Brasil (MARTINS, RÓZ e MACHADO, 2007). Colocando em dados percentuais, esta extensão totalizava 15% do território brasileiro,

1

Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/ecossistemasMata_atlantica.htm>. Acesso em: 19 ago. 2009.

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porém hoje está reduzida em aproximadamente 7% do que era antes (MORALES e CORTESÃO, 2000).

Este bioma é considerado como o mais alterado bioma do Brasil e segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2007), mais da metade (cerca de 60%) dos táxons das espécies ameaçadas no Brasil se encontram neste bioma (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Atualmente, restam cerca de 7,3% de sua cobertura florestal original, tendo sido inclusive identificada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo. Na Mata Atlântica existem 1.361 espécies da fauna brasileira, com 261 espécies de mamíferos, 620 de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios, sendo que 567 espécies só ocorrem nesse bioma. Possui, ainda, cerca de 20 mil espécies de plantas vasculares, das quais 8 mil delas também só ocorrem neste bioma. Várias espécies da fauna são bem conhecidas pela população, tais como mico-leões e muriquis, espécies de primatas dos gêneros Leontopithecus e Brachyteles, respectivamente (IBAMA, 2008).

O clima da Mata Atlântica é equatorial ao norte e quente temperado sempre úmido ao sul. Sua temperatura média é elevada ao longo de todo ano e não apenas no verão como em determinadas regiões. Este bioma possui uma alta pluviosidade devido à barreira que a serra constitui para os ventos que sopram do mar. Seu solo é pobre e com uma topografia bem irregular. No interior da mata a incidência de luz é reduzida devido à densidade da vegetação, que caracteriza a mata fechada (MARTINS, RÓZ e MACHADO, 2007).

Este bioma apresenta uma coleção de características especiais e formações florestais, estendendo-se em faixas litorâneas, florestas de baixada, matas interioranas e campos de altitude. Nessas regiões encontra-se 62% da população brasileira, sendo aproximadamente 110 milhões de pessoas e, devido a este grande número, prova-se que a maior ameaça ao equilíbrio da biodiversidade da Mata Atlântica é a ação humana, com a pressão da sua ocupação e dos impactos causados pela sua atividade (SOS MATA ATLÂNTICA, 2008).

Segundo os autores do “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção” (2008), o Brasil é o quinto maior país do mundo, possuidor de seis grandes biomas terrestres, competindo assim com a Indonésia pelo primeiro lugar, em biodiversidade, entre as nações do mundo. Diversidade esta na qual se estima a

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existência de aproximadamente 1,8 milhões de espécies, porém não se conhece nem 10% dessas espécies, pois ainda há muitas espécies desconhecidas pelo homem.

Esse número estimado de espécies deve-se ao fato de que em apenas 17 anos foram descritas, no Brasil, 7.320 espécies de animais metazoários2. Não só este exemplo, mas também outro no qual em apenas dois anos de estudos nos remanescentes florestais de Mata Atlântica no sul da Bahia, pesquisadores descobriram 14 novas espécies de anfíbios (SILVANO e PIMENTA, 2003 apud PAGLIA; FONSECA; SILVA, 2008).

Em outro estudo, num espaço de aproximadamente dez anos, 18 novas espécies de mamíferos foram descritas, e este valor corresponde a aproximadamente 3,5% das espécies de mamíferos conhecidas no Brasil. Em distinto estudo, entre os anos de 1990 e 2004, foram descritas 19 novas espécies de aves (MARINI e GARCIA, 2005 apud PAGLIA; FONSECA e SILVA, 2008).

Uma parte considerável dessa diversidade encontra-se ameaçada de extinção, tanto da já conhecida como a ainda desconhecida. Esta ameaça não está distribuída de forma homogênea no território brasileiro. A partir dos estudos feitos para a formulação do Livro Vermelho, se observou dois hotspots3 de áreas ameaçadas, a Mata Atlântica e o Cerrado, que são locais que respondem por mais de 72% das espécies da lista feita por este estudo, sendo um total de 458 táxons (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Devido ao alto grau de endemismo, que é quando uma espécie é encontrada apenas em uma determinada região, a acentuada devastação e a fragmentação florestal na Mata Atlântica fazem com que ela apresente os mais elevados índices de espécies ameaçadas sendo mais de 60% das espécies citadas na lista com a sua distribuição nesse bioma. Em relação aos vertebrados terrestres, “considerando os números de riqueza e endemismo na Mata Atlântica [...], afirma-se que cerca de 8,5% das espécies deste bioma, e uma em cada quatro espécies endêmicas a ele, estão

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Diz-se animais metazoários os organismos animais constituídos por muitas células, ou seja, pluricelulares.

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Hotspots é uma expressão usada para se referir a lugares com grande riqueza biológica e mais ameaçados da Terra.

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ameaçadas de extinção” (PAGLIA, FONSECA e SILVA. In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008, p. 67).

Dentro dos biomas do Brasil, a Mata Atlântica e a Caatinga são os dois biomas que apresentam a maior proporção de espécies que são consideradas como as que estão “criticamente em perigo de extinção”, sendo mais de 22% quando comparadas aos outros biomas. Enquanto que o Pantanal e o Cerrado são os biomas que possuem maior número de espécies em situação considerada como “vulnerável” (PAGLIA, FONSECA e SILVA. In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Diante do que foi demonstrado, não há dúvidas de que a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais sofreu modificações desde a época do Brasil colonial, tendo efeitos irreversíveis sobre a sua biodiversidade. Um fator intrigante é que locais em que ocorrem fragmentos desse tipo de bioma também coincidem com os locais de maior concentração do conhecimento científico do país. Portanto, faz-se necessária a criação e estruturação de centros difusores de conhecimento, distribuídos de maneira mais uniforme nas demais regiões brasileiras, onde se alocam estes fragmentos (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Algumas espécies que estão ameaçadas de extinção só sobreviverão por meio de intervenções, pois se forem deixadas na situação que estão encontradas hoje, elas podem vir a desaparecer em um curto espaço de tempo. Além destas espécies, há uma parte de espécies desconhecidas pela Ciência, que podem estar sendo perdidas sem que se tome consciência de tal fato e que sejam conhecidas (PAGLIA, FONSECA e SILVA. In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), “O Estado do Rio de Janeiro se insere integralmente no bioma da Mata Atlântica”. Porém, desde o início da colonização até os dias de hoje, a Mata Atlântica só tem diminuído a sua área total no estado do Rio de Janeiro. Isso se deve ao desmatamento realizado para formação de lavouras de cana-de-açúcar (em torno do litoral carioca) e posteriormente para lavoura cafeeira, entre os séculos XVI e XVIII. Com o declínio do café pelo empobrecimento do solo e com a libertação dos escravos, essas áreas passaram a ser utilizadas para pastagens com a criação de gado. Com o passar do tempo, a população foi aumentando devido a expansão das áreas de pecuária e pelo crescimento industrial, elevando-se também o

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desmatamento para ceder espaço para a urbanização, com a construção de casas e para obtenção de material lenhoso, principalmente para fins energéticos.

Quanto mais cresciam as técnicas de trabalho no campo, as indústrias e a urbanização, mais diminuíam as áreas de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, devido ao desmatamento e às queimadas. Com a redução da Mata, espécies de animais e vegetais foram extintos ou carregam até hoje a ameaça de extinção. Esses fatores foram os responsáveis pelo que se observa hoje com relação à destruição da Mata Atlântica (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Com o desmatamento, não só a flora fica ameaçada, mas também a fauna. Uma das espécies de fauna encontradas em fragmentos de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro é o mico-leão dourado (Figura 3), sendo ele uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Como plano para evitar sua extinção urge-se garantir habitat suficiente para abrigar uma população de 2000 animais até o ano 2025 (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008). Outra espécie encontrada no Estado do RJ que corre grande risco de extinção é o mono-carvoeiro, o maior macaco do Brasil, proveniente da Mata Atlântica. Restam poucos “exemplares” na mata atualmente. Outras espécies também correm sérios riscos, podendo já estar em processo de extinção, que é quando há ainda seres vivos de determinada espécies, porém eles não são capazes de se reproduzir de forma a restabelecer a espécie.

Figura 3: Mico-leão-dourado da Fundação RIOZOO, 2009. Arquivo: Fundação RIOZOO.

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Florestas tropicais como a Mata Atlântica, possuem uma fauna diversificada, e como fonte de alimentação de alguns animais existem o néctar, o pólen, óleos e outros recursos florais onde, a maioria das plantas possuem flores adaptadas à polinização por animais, como aves, insetos e muitos mamíferos.

Os animais polinizadores são muito importantes na dispersão direcional de pólen, sendo muito eficientes para a polinização de algumas plantas. A característica de mata fechada em diversos pontos da Mata Atlântica cria barreiras físicas que impedem o vento, outro agente polinizador, de levar o pólen para longe da sua planta mãe, não sendo tão eficaz como um animal seria (ARCHIBOLD apud RAMALHO e BATISTA In: FRANKE et al, 2005).

Assim como os animais são importantes para as plantas, estas plantas são importantes para a alimentação de muitos animais e, para outros, serve como moradia e abrigo. Por isso, quando se fala sobre a problemática que o desmatamento causa, não são apenas as árvores e plantas que são as prejudicadas, mas sim os animais que as utilizam.

2.2 – Vertebrados da Mata Atlântica.

De modo geral, mesmo sendo um grupo menos diverso, o conhecimento sobre os vertebrados é proporcionalmente maior do que o conhecimento que se tem acerca dos invertebrados. Deste modo, existe um maior conjunto de dados sobre os vertebrados, permitindo uma avaliação de maior qualidade, podendo-se observar que este possui mais da metade dos animais conhecidos em perigo de extinção (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Vários vertebrados encontrados no ambiente de Mata Atlântica são também encontrados em outro bioma, principalmente em regiões de transição de biomas. Entretanto, segundo o SOS Mata Atlântica (2008) “das 1.711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes”. Essa diferença que ocorre entre os valores dos animais encontrados na Mata Atlântica deve-se ao fato de que existem diferentes pesquisas sendo realizadas simultaneamente por diferentes grupos, e os números dos animais estão sempre sendo alterados.

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Recentes descobertas foram feitas neste bioma, e foram descritas novas espécies de animais, como é o caso da rã-de-alcatrazes e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes listrura-boticário e o moenkhausia-bonita, e um novo primata, o mico-leão-da-cara-preta, entre outros (SOS MATA ATLÂNTICA, 2008).

Além destes animais recentemente descritos, existem aqueles que são conhecidos como “cartão postal” da Mata Atlântica, que é o caso do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) que como o nome popular já diz, apresenta uma bela pelagem amarelo-dourada. O pássaro tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) possui parte do corpo coberto por uma plumagem vermelho-sangue e este também é encontrado na Mata Atlântica, sendo bem representado. Outros exemplos de aves conhecidas que se encontram na mata são, o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis); a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus); tucanos-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus); harpias ou também conhecido como gavião real (Harpya harpya); o gavião-pomba (Leucopternis lacernulata) (Figura 4) e o pica-pau-cara-amarela (Dryocopus galeatus). Os macucos (Tinamus solitarius) também são aves típicas da Mata Atlântica.

Figura 4: Gavião-pomba da Fundação RIOZOO, 2009. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.

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Como exemplo de mamíferos encontrados na Mata Atlântica tem-se a onça-parda (Puma concolor); o saguí-da-cara-branca (Callithrix geoffroyi) além de outros saguis; micos-leões; paca (Cuniculus paca); a onça-pintada (Panthera onça) (Figura 5); vários tipos de tatus, como o tatu-canastra (Priodontes maximus); marsupiais, como o gambá (Didelphis aurita) e a cuíca-d’água (Chironectes minimus); tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), ocorrendo também na mata os tamanduás-mirins (Tamandua tetradactyla); lontra (Lutra longicaudis); antas (Tapirus terrestris) (Figura 6); veados, como o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus); quatis, como o quati-de-cauda-anelada (Nasua nasua); vários morcegos. O muriqui (Brachyteles arachnoides) também conhecido como mono-carvoeiro, é a maior forma encontrada de macaco tropical. Outros exemplos ainda são observados, como o sauí-preto (Leontopithecus chrysopygus), que é o mais raro dos símios brasileiros; os sauás (Callicebus personatus); os macacos-prego (Cebus nigritus) e o guariba (Alouatta seniculus), também conhecido como bugio e, que está sendo extinto (PROJETO CURUCUTU, 200-; WWF, 2009200-; AMBIENTE BRASIL, 2009200-; EMBRAPA, 2009).

Figura 5: Onça-pintada da Fundação RIOZOO, 2009. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.

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Figura 6: Anta da Fundação RIOZOO, 2009. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.

Dos canídeos, o cachorro-do-mato (Speothos venaticus) é um dos predadores mais comum, juntamente com os furões (Mustela putorius), a irara (Eira bárbara), o cangambá (Mephitis mephitis). Felinos, como gatos-do-mato (Leopardus tigrinus) que se alimentam de animais como o tapiti (Sylvilagus brasiliensis).

Outros animais observados são os ratos-do-mato (Kunsia fronto), caxinguelês (Sciurus aestuans), cutia (Dasyprocta azarae), ouriço-cacheiro (Coendou villosus) e o raro ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) endêmico da Mata Atlântica. Também se encontram preguiças, com destaque a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) que atualmente está representada de forma insuficiente na natureza e, ameaçada de extinção (WWF, 2009; MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Como representante dos anfíbios tem-se a perereca (Hypsiboas cymbalum), no qual ainda se sabe pouco sobre esta espécie. Outra perereca é a perereca-de-alcatrazes (Scinax alcatraz) conhecida da Mata Atlântica. Rãs e principalmente sapos são grupos muito diversos encontrados na Mata Atlântica (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Dos animais encontrados na Mata Atlântica, muitos sofrem uma forte pressão ambiental com relação à ação antrópica. Pegando como exemplo os anfíbios, os locais de desova utilizados por este animal para sua procriação, que são geralmente áreas

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alagadiças e brejos, são muitas vezes utilizados como sumidouros ou então drenados e aterrados para construção de casas, prédios entre outros.

Esses animais possuem um importante papel na natureza, mantendo o seu equilíbrio, com relação aos insetos e outros invertebrados e eles também servem como alimento para outros animais como répteis, aves e mamíferos. A redução do habitat de um animal altera significativamente sua vida. Em pouco tempo, pode-se ocorrer à extinção deste animal, principalmente se esta pressão continuar cada vez maior (SOS MATA ATLÂNTICA, 2008).

Em relação às aves brasileiras, segundo a lista de animais ameaçados, quatro aves já foram extintas na natureza. Esta afirmação se deve ao fato de que os estudiosos não as registram há muito tempo, concluindo assim que elas provavelmente já desapareceram por completo. Dentre elas estão duas espécies que ainda sobrevivem em cativeiro, para reproduzirem, e mais tarde serem re-introduzidas na natureza. Essas duas espécies são a ararinha-azul-de-spix (Cyanopsitta spixii) e o mutum-de-alagoas (Mitu mitu) são endêmicas do Nordeste do Brasil, sendo exemplos de dois biomas brasileiros, a Caatinga e a Mata Atlântica. Elas se encontram neste estado vulnerável devido à caça e pela destruição absurda que sofreram nas últimas décadas (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Outra ave da Mata Atlântica que se encontra em situação vulnerável no Rio de Janeiro é o gavião-pomba ou gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulata). Atualmente ele se restringe a remanescentes florestais e áreas adjacentes, devido à perda de seu hábitat. Outra ave é a jacutinga (Aburria jacutinga) (Figura 7), sendo considerada como um dos mais belos e emblemáticos endemismos da Mata Atlântica. Acredita-se que tenha sido muito abundante neste bioma. Basicamente frugívora, possui uma dieta ampla, incluindo frutos do palmito (Euterpe edulis). Ela regurgita as sementes ingeridas ou as elimina juntamente com as fezes, sendo importantíssima para a dispersão de sementes (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

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Figura 7: Jacutinga da Fundação RIOZOO, 2009. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.

Para a preservação destes animais, e outros que não chegaram a ser citados, é necessária a conservação do seu habitat natural. Têm-se como medidas que visam à preservação desses animais e seus ambientes: fiscalização da caça e da pesca; combate ao tráfico de animais e comércio ilegal de espécies silvestres; controle da ocupação do ambiente natural; combate ao desmatamento; impedir a construção de sumidouros em lagos, rios e brejos. Além destes tipos de proteção, pode-se ainda realizar programas de educação ambiental com a população, principalmente com aquelas que moram em áreas fronteiriças com fragmentos de Mata Atlântica.

As maiores concentrações de remanescentes de Mata Atlântica encontram-se no Sudeste e no Sul do Brasil, regiões nas quais concentra-se grande parte dos centros de pesquisa brasileiros (universidades e institutos de pesquisa). Essa maior concentração de pesquisadores resulta em maior grau de conhecimento da fauna e de seu estado de conservação (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Já foi visto que há uma grande diversidade na Mata Atlântica e que a ação do homem vem pressionando as espécies deste ambiente. Num total, a encontra-se hoje na Mata Atlântica cerca de 2.180(1.711) espécies de vertebrados, mamíferos, anfíbios, répteis, peixes e aves, sendo que 800 destas espécies são endêmicas. Conforme o levantamento de dados da Conservation Internacional "Do total de 265 espécies de vertebrados ameaçados, 185 ocorrem nesse bioma (69,8%), sendo 100 (37,7%) deles endêmicos” (ANUÁRIO DA MATA ATLÂNTICA, 200-).

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Das 160 aves da relação, 118 (73,7%) ocorrem nesse bioma, sendo 49 endêmicas. Entre os anfíbios, as 16 espécies indicadas como ameaçadas são consideradas endêmicas da Mata Atlântica. Das 69 espécies de mamíferos ameaçados, 38 ocorrem nesse bioma (55%), sendo 25 endêmicas. Entre as 20 espécies de répteis, 13 ocorrem na Mata Atlântica (65%), sendo 10 endêmicas, a maioria com ocorrência restrita aos ambientes de restinga (APREMAVI, 2009).

Preocupados com esta situação dos animais em extinção, não só os da Mata Atlântica como de todo país, o Ministério do Meio Ambiente publicou o “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”, organizado por Machado, Drummond e Paglia (2008) onde são colocadas espécies em extinção, áreas de preservação etc.

Nele encontra-se uma relação de espécies que são classificadas como:

v Espécie Extinta (EX) quando já não há mais organismos vivos daquela espécie ou que não tem mais como se reproduzirem a ponto de restabelecer a espécie;

v Criticamente em Perigo (CR) que é quando um táxon é considerado Criticamente em Perigo de extinção extremamente, em um futuro imediato;

v Em Perigo (EN) quando um táxon corre risco muito alto de extinção na natureza em futuro próximo, mas não tão grave quanto o anterior;

v Vulnerável (VU) quando um táxon corre risco alto de extinção na natureza em médio prazo, em menor grau de preocupação que os dois anteriores; v Quase Ameaçada (NT) quando um táxon não chega ao critério ameaçado

ou vulnerável, mas está bem próximo dele, e caso ele não seja protegido, correrá risco de ameaça rapidamente;

v Não ameaçada (LC) que significa que uma espécie que foi avaliada e não se enquadra em uma das categorias de risco, segundo os critérios adotados;

v Deficiente em Dados (DD) que é quando um táxon não possui dados suficientes sobre ele que permitem saber se está ou não ameaçado

Dentro desta classificação organizada no livro, as espécies de anfíbios consideradas como NT, VU, EN, CR e EX, e a maioria das espécies DD, encontram-se no domínio da Mata Atlântica. Isto é justificável pelo alto endemismo da região

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unindo-se ao elevado índice de destruição do bioma pela ação antrópica. Frente ao fato da Mata Atlântica encontra-se com cerca de apenas 7% de território original, esperava-se um maior número de espécies ameaçadas de extinção ou extintas (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Como a Mata Atlântica abrange diversos tipos de relevo, desde regiões costeiras até regiões de cadeias de montanhas, há a formação de micro-habitats com regiões de clima úmidos e ambientes pouco perturbados deste bioma, pois apresentam trechos de solo irregulares, que não chamam atenção para práticas de agropecuárias. Isto permite a sobrevivência de grande número de espécies e dentre elas encontram-se uma altíssima diversidade de anfíbios (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Os estudos e pesquisas realizados para a formulação Livro Vermelho chegaram a conclusão que algumas espécies que estavam ameaçadas de extinção na Mata Atlântica foram retiradas da lista, pois se observou que elas encontram-se em outros ecossistemas considerados ainda como preservados. Como exemplo, tem-se o gavião-real (Harpya harpya) e o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) que também se encontram em regiões de alta preservação na Amazônia e no Pantanal. Outros nomes que foram retirados foram algumas espécies de primatas, como o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), o macaco-prego (Cebus nigritus) e o guigó (Callicebus nigrifrons), além de espécies de outras ordens, como o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) e a anta (Tapirus terrestris) (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do MMA (2008), “o muriqui é o maior primata do continente americano, com ocorrência restrita à Mata Atlântica, cujas populações se encontram ameaçadas principalmente pela destruição e fragmentação do hábitat e pela caça”. Através de estudos genéticos e morfológicos, atestou-se a existência de duas espécies distintas de Brachyteles, sendo que antes acreditava-se haver apenas um gênero. Dessas espécies, uma ocorre em Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia (Brachyteles hypoxanthus), e outra ocorrente em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná (Brachyteles arachnoides). Esta descoberta elevou a necessidade e urgência de ações para a conservação do muriqui, com uma definição de estratégias especificas para cada uma das duas espécies.

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Outro exemplo de espécie ameaçada é o macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) (Figura 8), sendo considerado um dos primatas mais ameaçados de extinção no mundo e tem envolvido diversas pesquisas para se conhecer as maiores causas de sua ameaça.

Muitas espécies, como a citada anteriormente, são alvo de estudos diversos a fim de se encontrar a melhor forma de preservação com o alvo de se retirar a espécie do risco de extinção. Dentre estas espécies, pode-se citar: papagaio-da-cara-roxa ou papagaio-chauá (Amazona brasiliensis); o rato-do-cacau (Callistomys pictus); a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus); o gravatazeiro (Rhopornis ardesiaca); o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopitheus chrysomelas); barbado (Alouatta belzebul); sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita); guigó (Callicebus coimbrai); e o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), hoje considerado como espécie “bandeira” (que é quando uma espécie simboliza uma região e podendo ser chamada também de “espécie(s)-bandeira”) na conservação da biodiversidade de fragmentos de Mata Atlântica no interior de São Paulo (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Figura 8: Macaco-prego-do-peito-amarelo da Fundação RIOZOO, 2009. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.

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Cerca de 80% das quatorze espécies de primatas que ocorrem na Mata Atlântica são consideradas ameaçadas de extinção. Para a reversão deste quadro, muitos trabalhos e projetos estão sendo realizados e servirão para facilitar a formulação de propostas de manejo adequado a fim de se manter resguardada a integridade gênica das populações de primatas da Mata Atlântica, objetivando conseguir informações que possam subsidiar programas voltados à sua preservação, contribuindo assim para a conservação da natureza (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Outras espécies também merecem atenção, como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que corre risco de extinção, assim como, o tatu-canastra (Priodontes maximus); a onça-pintada (Panthera onça) que é o maior felino das Américas e o único representante atual do gênero Panthera no continente; o gato-maracajá (Leopardus wiedii); a jaguatirica (Leopardus pardalis mitis); o morcego-beija-flor (Lonchophylla bokermanni) que é uma espécie considerada em perigo de extinção, entre outras.

Dos roedores de pequeno porte, apenas um é encontrado na lista nacional de animais em extinção. É o ouriço-preto (Chaetomys subspinosus), um gênero monotípico e endêmico da Mata Atlântica brasileira, e é classificado como espécie vulnerável. As suas principais ameaças são a perda de hábitat (Mata Atlântica, de Sergipe ao norte do Rio de Janeiro) e o isolamento das populações. A caça é outra ameaça, pois a espécie é usada para o consumo sempre que encontrada (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Répteis ocorrem em praticamente todos os ecossistemas brasileiros, sendo principalmente encontrados em regiões mais quentes do país. Na Mata Atlântica são encontradas quase 200 espécies (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008). Dentro das que estão com quantidades de dados deficiente está a surucucu da Mata Atlântica (Lachesis muta rhombeata). Outros exemplos de répteis que estão passando por algum risco de extinção ou se encontram em situação vulnerável estão: a jararaca-de-Alcatrazes (Bothrops alcatraz) e a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis).

Conforme o MMA (2008):

A maior representação de espécies da Mata Atlântica na lista de espécies ameaçadas se deve principalmente ao fato de este bioma ser um dos mais ricos

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em espécies de répteis, e por ele ter perdido mais de 90% de sua vegetação original, desde a época do descobrimento.

Um grande número de espécies de peixes de pequeno porte que habitam riachos e ribeirões de Mata Atlântica são ameaçados, como, por exemplo, as piabas/lambaris Mimagoniates lateralis, M. sylvicola, Spintherobolus broccae, Hyphessobrycon flammeus, Rachoviscus crassiceps e R. graciliceps, o Characidium grajahuensis conhecido popularmente como canivete, a corredora Corydoras macropterus, o bagrinho Taunayia bifasciata, a cambeva de água doce (Trichogenes longipinnis) e as cambevas Listrura spp. e Microcambeva barbata. Estes peixes, assim como outros, estão ameaçados devido à destruição de seus habitats, onde o ser humano tem removido a cobertura florestal e deteriorando pequenos cursos d’água. A presença de mata marginal é extremamente importante para a alimentação das espécies de peixes encontrados em rios e riachos (ROSA e LIMA In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).

Estes são apenas alguns exemplos de espécies da Mata Atlântica que estão ameaçadas de extinção, sendo que muitas espécies de animais ainda não são totalmente conhecidas. Neste caso, espécies de animais que podem estar ameaçadas não possuem nenhuma ação contra a ameaça de extinção, já que não se têm dados suficientes sobre estas espécies.

2.3 - Por Que Conservar?

Depois de conhecer sobre as características e importância da Mata Atlântica é importante justificar a conservação deste bioma. Um dos motivos para preservar o que restou da Mata Atlântica é a rica biodiversidade, ou seja, a grande variedade de animais e plantas. Sabendo que a Mata Atlântica possui a maior concentração de biodiversidade, pode-se explicar melhor o termo diversidade biológica da seguinte maneira: “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo os ecossistemas terrestres, aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro das espécies, entre espécies e de ecossistemas” (MAIA apud FRANKE et al., 2005).

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A diversidade biológica é extremamente importante para a sociedade brasileira e para o mundo, tanto para aspectos culturais, sociais, econômico, de lazer, na produção de bens e serviços ecológicos, fundamentais à espécie humana.

Através do conhecimento de plantas nativas e de estudos em busca de compostos bioativos, muitos medicamentos derivados de plantas foram feitos, resultando em um potencial sustentável para o Brasil. Embora haja estudos, apenas 8% das espécies da flora brasileira foram estudadas com esta finalidade (MAIA apud FRANKE et al, 2005).

A Mata Atlântica também é importante para o ecoturismo que é um fator que beneficia a economia brasileira, mas é importante ressaltar que deve ser bem administrado para não causar impactos sociais e ambientais.

Estes fatores já seriam suficientes o bastante para trazer à consciência da importância da conservação da Mata Atlântica, mas há ainda muitos outros fatores. Lévêque (1999) mostra a importância da biodiversidade na manutenção dos processos evolutivos do planeta, regulação do equilíbrio químico e físico do planeta, regulação de ciclos biogeoquímicos e hidrológicos, bem como fertilidade e proteção do solo, produção e reciclagem do carbono e oxigênio, na decomposição de poluentes orgânicos e minerais, contribuindo para a purificação da água e do ar (LÉVÊQUE apud MAIA, 2005).

Embora já venha sendo realizado por muitas instituições, privadas ou não, todo um trabalho de sensibilização em relação à conservação dos ecossistemas e da sua biodiversidade, muitas pessoas ainda acreditam que os “serviços ecológicos” como polinização, manutenção da estabilidade climática, da qualidade do ar e da água, entre outros, estarão sempre lá, funcionando, sob qualquer condição antrópica e sistema de exploração econômica da natureza.

Não é fácil imaginar que alguém pense, nos inúmeros processos ecológicos que asseguram a presença da água cada vez que se abre a torneira de sua casa e é mais difícil ainda em relação à ciclagem de nutrientes e a polinização (BENSUSAN, 2002. apud MAIA, 2005).

Com a perda da diversidade ecológica, haverá uma necessidade de substituir os “serviços naturais” por atividades artificiais, diminuindo a qualidade de vida e aumentando o valor dos produtos e serviços (BENSUSAN, 2002. apud MAIA, 2005).

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Hoje, muito animais considerados peçonhentos e venenosos estão sob estudo, onde as propriedades de suas toxinas atuam como anti-hipertensivos, broncodilatador assim como outras ações. A importância de tal estudo permite a criação de novos fármacos, podendo talvez, atuar de forma menos tóxica ao organismo por se tratar de uma molécula não-sintética, como muitos fármacos são.

Diante de tudo o que foi escrito anteriormente, fica explícita a importância da inclusão de conteúdos sobre os vertebrados da Mata Atlântica, principalmente os que correm risco de extinção, nos livros didáticos de Ciências Naturais.

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7. VERTEBRADOS DA MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO

Este estudo consiste em uma pesquisa do tipo bibliográfica. Segundo Ribas (2004) uma pesquisa bibliográfica consiste no exame de bibliografias por levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado assunto onde esta pesquisa procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos.

Para realizar esta pesquisa foram escolhidas, de forma aleatórias, seis coleções, sendo um total de oito livros didáticos do Ensino de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental que foram avaliados e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2008.

Nestes livros foram examinados os capítulos que continham os seguintes conteúdos: ecossistemas ou biomas brasileiros e seres vivos (vertebrados).

Algumas coleções traziam uma distribuição dos conteúdos de forma diferenciada do tradicional. Os conteúdos aparecem fragmentados nos livros de uma mesma coleção e em todos os livros se observa um pouco sobre as partes do corpo humano, ecologia, Terra e Universo, química e física, entre outros temas.

Mediante isto, em análise de determinadas coleções, buscou-se outro livro da mesma coleção no qual, segundo a descrição do PNLD, falava sobre os ambientes brasileiros e vertebrados terrestres.

Para compor o referencial teórico básico foram utilizados livros de graduação e especialização da área de ecologia e zoologia, bem como artigos, teses, monografias e textos de endereços eletrônicos de páginas da internet relacionados à esta área.

A seguir, segue a relação dos oito livros, sendo que alguns fazem parte da mesma coleção bibliográfica, pois o conteúdo havia sido distribuído em mais de um livro da coleção. O quadro de avaliação pelo PNLD/2008 de cada livro encontra-se junto às informações básicas de cada livro.

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Livro 1:

• Coleção: Projeto Araribá

• Ciências 6ª série

• Organizadora: Editora Moderna – obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna.

• Editor responsável: José Luis Carvalho da Cruz

• Ilustrações: Adilson Secco, Alessandro P. da Costa, Cecília Iwashita, Érika Onodera, Fernando Monteiro, Hiroe Sasaki, Jurandir Ribeiro, Paulo Manzi, Rodrigo C. Moutinho, Vicente Mendonça, Wilma Marilsa Chiarelli Monteiro.

• 1ª edição – São Paulo, 2006.

• Código do livro: 00068C0406 tipo: L

Figura 9: Livro Projeto Araribá – 6ª Série. Fonte: CRUZ, 2006.

Figura 10: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007). Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.

(41)

Livro 2:

• Coleção: Ciências e Interação

• Ciências – 6ª série

• Autora: Alice Costa

• Ilustrações: Angela Giseli de Souza; Luis Moura

• Editora: Positivo

• 1ª edição – Curitiba, 2006.

• Código PNLD 2008: 00086 COL 04

Figura 11: Livro Ciência e Interação – 6ª Série Fonte: COSTA, 2006.

Figura 12: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007). Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.

(42)

Livro 3:

• Coleção: Investigando a Natureza – Ciências para o Ensino Fundamental

• Ciências Naturais – 6ª série

• Autora: Mônica Jackievicius; Ana Paula Hermanson

• Ilustrações: Ulhôa Cintra

• Editora: IBEP

• 1ª edição – São Paulo, 2006.

• Código da Coleção 00119COL 04

Figura 13: Livro Investigando a Natureza – 6ª Série Fonte: JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006a.

(43)

Livro 4:

• Coleção: Investigando a Natureza – Ciências para o Ensino Fundamental

• Ciências Naturais – 8ª série

• Autora: Mônica Jackievicius; Ana Paula Hermanson

• Ilustrações: Ulhôa Cintra

• Editora: IBEP

• 1ª edição – São Paulo, 2006.

• Código da Coleção 00119COL 04

Figura 14: Livro Investigando a Natureza – 8ª Série Fonte: JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006b.

Figura 15: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007). Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.

(44)

Livro 5:

• Coleção: Construindo Consciências

• Ciências 6ª série

• Autores: Carmem Maria de Caro; Helder de F. e Paula; Mairy B. L. dos Santos; Maria Emília C. de C. Lima; Nilma Soares da Silva; Orlando Aguiar Jr.; Ruth Schmitz de Castro; Selma Ambrozina de Moura Braga.

• Ilustrações: Antonio Robson; Camila de G. Teixeira; Cassiano Röda; Franscisco de B. L. de Prado; Gabriella T. Lima; Jurandir Ribeiro; Luiz Maia; Marisa I. Martim; MW Editora e ilustrações Ltda; Osni de Oliveira; Paulo César Pereira; Ricardo Girotto; Sthar-Mar de V. Silva; Walmir da S. S. e Allmaps.

• Editora: Scipione

• 1ª edição – São Paulo, 2007.

• Código da coleção: 00098 COL 04

Figura 16: Livro Construindo Consciências – 6ª Série Fonte: CARO et al., 2006.

Figura 17: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007). Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.

(45)

Livro 6:

• Coleção: Ciências Novo Pensar. Edição renovada

• Ciências – 6ª série – 7º ano

• Autores: Demétrio Gowdak; Eduardo Martins.

• Ilustrações: Alex argosino; Arthur Kenji; Fábio Marra; Paulo César Pereira; Paulo Nilson.

• Editora: FTD

• 2ª edição – São Paulo, 2006.

• Código da Coleção 00056COL 04

Figura 18: Livro Ciência Novo Pensar – 6ª Série Fonte: GOWDAK & MARTINS, 2006.

Figura 19: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007). Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.

(46)

Livro 7:

• Coleção: Ciências – O meio ambiente

• Ciências 5ª série

• Autores: Carlos Barros e Wilson Paulino

• Ilustrações: Carlos Avalone, Hiroe Sasaki, Ingeborg Asbach, Joel Bueno, Luís A. Moura, Osvaldo Sequetin e Paulo Manzi.

• Editora: Ática

• 3ª edição – São Paulo, 2007.

• Código da Coleção 00023 COL 04

Figura 20: Livro Ciências: O meio ambiente – 5ª Série Fonte: BARROS & PAULINO, 2007.

(47)

Livro 8:

• Coleção: Ciências – Os seres vivos

• Ciências 6ª série

• Autores: Carlos Barros e Wilson Paulino

• Ilustrações: Avelino Guedes, Hiroe Sasaki, Ingeborg Asbach, Joel Bueno, Luís A. Moura, Noemi de Carvalho, Osvaldo Sequetin e Rioberto Rosário Jr.

• Editora: Ática

• 3ª edição – São Paulo, 2007.

• Código da Coleção 00023 COL 04

Figura 21: Livro Ciências: O meio ambiente – 6ª Série Fonte: BARROS & PAULINO, 2007.

Figura 22: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007). Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.

Referências

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