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Comentários das provas Específicas da UFPR 2ª fase

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Academic year: 2021

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Comentários das provas Específicas da UFPR – 2ª fase

Prova de História

Comentadas pelos professores Expoente

01 - Considere a seguinte afirmação sobre o termo bizantino:

“É essencial lembrar que bizantino não tem conotação étnica, mas civilizacional (...). O termo bizantino foi vulgarizado apenas a partir do século XVI, depois do desmembramento do império, que, em vida, se via como herdeiro e continuador do império Romano.”(FRANCO JR., Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. O Império Bizantino. SP: Brasiliense, 1987, p. 7-8)

Em que medida o Império Bizantino pode ser considerado herdeiro e continuador do Império Romano? Estabeleça as diferenças entre esses dois impérios entre os séculos V e VII.

O Império Bizantino como ficou conhecido buscou no Império Romano a justificativa de sua existência, buscando na Antiguidade Clássica a fonte de sua “civilização”. Dessa forma, o Corpus Juris Civilis que resgatava a legislação, jurisprudência desde o século V aC - A Lei das XII Tábuas – até as Leis de Justiniano no século VI dC. De outra forma, o césaro-papismo queestabelecia uma ligação entre o Estado e a Igreja que mais tarde determinaria o rompimento da Igreja Católica através do Cisma do Oriente (1054).

As diferenças entre os dois impérios residem no modo de vida urbano em contraste com a ruralização vigente na Europa (formação de reinos bárbaros no Ocidente) e o processo de centralização da autoridade imperial (auge do Império Bizantino) em contraste com a descentralização ocidental (colapso do Império Romano Ocidental).

02 - Durante o período das Cruzadas, São Bernardo de Claraval (1090-1153) escreveu:

“Mas os soldados de Cristo combatem confiantes nas batalhas do Senhor, sem nenhum temor de pecar por pôr-se em perigo de morte e por matar o inimigo. Para eles, morrer ou matar por Cristo não implica qualquer crime, pelo contrário, traz a máxima glória. (...) Em outras palavras: o soldado de Cristo mata com a consciência tranquila e morre com a consciência mais tranquila ainda.” (São Bernardo de Claraval apud COSTA, Ricardo da. Apresentação: A Cruzada Renasceu? BLASCO VALLÈS, Almudena, e COSTA, Ricardo da (coord.). Mirabilia 10. A Idade Média e as Cruzadas. jan.-jun. 2010/ISSN 1676- 5818, p. XIII)

No que se refere às Cruzadas no período medieval, determine quem eram esses soldados de Cristo referenciados no trecho acima, quais as motivações para empreender suas batalhas e quais as suas consequências para o mundo ocidental daquele período.

A partir da convocação das Cruzadas durante o Concílio de Clermont , o Papa Urbano II conclamou a cristandade ocidental a participar da Guerra contra os “infiéis” para a libertação de Jerusálem. A cruzada dos mendigos é um dos exemplos do homem atingido pelo discurso do Papa. Assim, como os mendigos, o camponês assentiu ao chamado clerical. Era o início das Cruzadas. As motivações

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que levaram desde camponeses até reis a lutarem pela cruz de Cristo eram essencialmente religiosas no seu início. Com o tempo, as ambições foram se alterando tornando-se territoriais e por riquezas materiais o que auxiliou na corrupção do movimento. Dentre as consequências do movimento cruzadista destaca-se a reabertura do Mediterrâneo ao comércio ocidental, a decadência do sistema feudal e do poder clerical, o fortalecimento das monarquias, o renascimento urbano e comercial e o surgimento da burguesia.

03 - Considere os dois extratos de documentos abaixo:

1. Ilustrações publicadas na obra “De humani corporis fabrica”, do médico belga André Vessálio (1543). (Fonte: http://www.nlm.nih.gov/exhibition/historicalanatomies/vesalius_home.html).

2. “Aconselho-te, meu filho, a que empregues a tua juventude em tirar bom proveito dos estudos e das

virtudes (...) Do direito civil quero que saibas de cor os belos textos e que mos compare com filosofia. Enquanto ao conhecimento das coisas da natureza, quero que a isso te entregues curiosamente (...) depois (...) revisita os livros dos médicos gregos, árabes e latinos, sem desprezar os talmudistas e cabalistas, e por frequentes anatomias adquire perfeito conhecimento do outro mundo [o microcosmos] que é o homem.” (RABELAIS, François. Pantagruel [1532]. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1976, v. 11)

Considerando os documentos acima, além dos conhecimentos sobre o período, disserte sobre as principais características do Renascimento, relacionando-as com as transformações sociais em curso na Europa.

A partir das imagens e do texto é possível depreender o Humanismo, o Racionalismo e o Classicismo. O Mundo da transição feudo-capitalista, da Idade Média para a Moderna,por conta da decadência do poder feudal e clerical abriu espaço para novas mentalidades, que incluíam as características acima citadas. Percebe-se um mundo novo, curioso, empírico que se abre aqueles que buscam na erudição o conhecimento censurado pela chamada “Idade das Trevas” (termo este que foi utilizado pelos humanistas para caracterizar a época anterior a eles).

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04 - Considere a afirmação do historiador Pedro Paulo Funari:

"A guerra do Peloponeso não deixou de ser, até os nossos dias, uma narrativa histórica maior. Pode parecer espantoso ver como recorrente um uso político contemporâneo de um conflito tão distante no tempo e concernente a uma realidade histórica tão específica quanto a das cidades gregas. Com efeito, os primeiros a lerem, relerem e a se inspirarem em Tucídides foram as elites britânicas. Desde os primórdios da Inglaterra moderna, nascida dos conflitos com o continente, os ingleses abandonaram todas as pretensões de potência terrestre europeia, em proveito da conquista dos mares." (FUNARI, Pedro Paulo. Usos da Guerra do Peloponeso. Revista Brasileira de História Militar. Ano II, n. 4, abril de 2011)

Com qual cidade-Estado os ingleses se identificaram nos relatos de Tucídides sobre a Guerra do Peloponeso? Justifique sua resposta, explicando o que foi a Guerra do Peloponeso, no que se refere aos principais envolvidos, a suas motivações e às consequências para o mundo grego.

A Identificação da Inglaterra com a atividade comercial a aproxima das pretensões imperialistas da Atenas de Péricles (século V aC). Essa identificação derivava das guerras napoleônicas ocorridas no início do século XIX e que culminaram na vitória inglesa mesmo em inferioridade militar terrestre (equivalente a luta de Atenas contra a militarista Esparta).

Dentre as motivações para a Guerra do Peloponeso destacam-se a formação das Ligas de Delos e do Peloponeso, as rivalidades entre Atenas e Esparta e suas diferenças políticas, econômicas e culturais. As consequências para o mundo grego foram o enfraquecimento da sociedade das pólis e a conquista macedônica sobre o mundo grego.

05 - Leia o trecho do discurso do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, na 60ª assembleia da ONU, em 2005:

“Pois bem, nós lutaremos pela Venezuela, pela integração latino-americana e pelo mundo. Reafirmamos aqui nesse salão, nossa infinita fé no homem, hoje sedento de paz e de justiça para sobreviver como espécie. Simón Bolívar, pai de nossa pátria e guia de nossa revolução, jurou não dar descanso a seu braço, nem repouso a sua alma, até ver a América livre. Não demos nós descanso a nossos braços, nem repouso a nossas almas até salvar a humanidade.” (CHAVEZ, H. apud SOUZA, Maria de Fátima Rufino de; MARQUES DA SILVA, Maria Zélia. Bolívar, para além das representações e discursos políticos. Ameríndia. Vol. 5, número 1/2008, p. 3)

Discorra sobre os problemas de implantação do projeto de desenvolvimento almejado por figuras políticas como Simón Bolívar e San Martin para as ex-colônias hispânicas no século XIX. Em seguida, explique por que e de que forma a figura de Bolívar é lembrada e cultuada nos dias atuais na política latino-americana.

A luta pela independência da América Espanhola traduzida no confronto entre criollos, chapetones, indígenas e a Coroa Espanhola (comandada por José Bonaparte e depois por reis enfraquecidos da Dinastia Bourbon) acabou de forma que a elite fundiária da América conseguisse a manutenção da divisão de Estados como na época colonial. Com isso, não ocorreram drásticas alterações na configuração dos Estados independentes mantendo a estrutura sócio-econômica. Há uma discussão no Congresso do Panamá acerca do pan-americanismo, proposto por Bolívar, vindo de uma utopia para se formar uma “América Unida”. Projeto que não se realizou por conta dos interesses latifundiários. O uso e apropriação da imagem desses “libertadores” latino-americanos pelos governos atuais da América Latina, especialmente de Hugo Chavez demonstra a tentativa de associar a imagem de seu governo como uma luta contra o imperialismo norte-americano.

06 - "A descolonização, essa 'troca de soberania', não teve como causa exclusiva a luta dos povos por sua

libertação ." (FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas à independência – séculos XIII a XX. SP: Cia das Letras, 1996, p. 346)

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Comente essa frase, dissertando sobre os fatores que influenciaram de forma geral os movimentos de emancipação nacional das colônias europeias na Ásia e na África dos anos 1940 a 1970. Em seguida, explique por que o autor referiu-se à descolonização como "troca de soberania".

As causas do processo de Descolonização Afro-asiática incluem o desgaste econômico dos impérios coloniais francês e britânico por conta das Guerras Mundiais. Em conjunto a este motivo encontram-se movimentos nacionalistas (como Gandhi e Nasencontram-ser), e a Guerra Fria que colocou em evidência novas superpotências em disputa por áreas de influência. Um dos exemplos dessa influência foi a Conferência de Bandung na Indonésia em 1955.

Marc Ferro ao expressar que a descolonização foi uma troca de soberania faz referência à própria Guerra Fria quando União Soviética e EUA disputaram as terras das antigas colônias britânica e francesa. Outro fator dessa troca de soberania foi o surgimento de elites locais que procuraram se afirmar nos territórios recém-independentes.

07 - No Brasil, os vinte primeiros anos do século XX foram marcados por uma série de greves em vários setores produtivos nos nascentes centros urbanos. Disserte sobre as principais reivindicações dos grevistas naquela época, a importância dos trabalhadores imigrantes no movimento e os resultados deste movimento social ao final dos anos 1910.

A jovem República Brasileira passou por diversos conflitos sociais, embora o Estado vigente da Política do Café-com-Leite os visse como “questão de polícia”. Assim, houve um processo de “criminalização” desses movimentos, especialmente, a influência ideológica de imigrantes europeus que traziam na bagagem, o anarquismo, o sindicalismo e o socialismo. Dessa forma, greves e passeatas surgiram ao longo do final da década de 10 e mesmo reprimidos pela força policial mantiveram-se na luta por melhores salários, jornada de trabalho menor e melhores condições de trabalho.

08 - “Diria o historiador cearense Gustavo Barroso sobre os cangaceiros: foram heróis e bandidos.

Barroso prefere unir os dois adjetivos com a conjunção ‘e’ do que usar ‘ou’ para excluir uma das opções” (MILLAN, Polianna. “Heróis ou bandidos?”. Gazeta do Povo. 12/07/2008. http://www.gazetadopovo.com.br/ vidaecidadania/conteudo.phtml?id=786236)

Comente a ideia defendida pelo historiador, explicando o contexto histórico da atuação dos bandos de cangaceiros do final do século XIX até 1940 e explorando as diferentes interpretações conferidas a esses personagens.

A passagem da monarquia para a República permitiu o surgimento de grupos camponeses até então não vistos no sertão brasileiro. As novas leis da República causavam estranhamento em toda a população, desde os coronéis até aos camponeses. Este foi o terreno propício para o surgimento do cangaceiro, nome originário do hábito de usar a canga, bornais e sacos de couro, típicos do Nordeste.

O historiador Gustavo Barroso refere-se às diversas imagens que os cangaceiros ocupam na memória brasileira. De um lado, bandidos, pois diante das leis repressoras, carestia, desmandos dos coronéis, prisões arbitrárias e assassinatos de posseiros, os cangaceiros tomaram posição de justiceiros e diante das autoridades eram vistos como tal. Embora, o imaginário popular no geral os visse como heróis por conta desse aspecto de luta contra o poder estabelecido. Os bandos também assolavam cidades e oprimiam camponeses relativizando ainda mais a imagem “heróis ou bandidos”.

09 - “O processo de construção da unidade territorial e da formação do Estado no Brasil tem que ser visto como fruto de um longo

consolidar de interesses e projetos em disputa, o que nos leva a concordar com Ilmar R. de Mattos, quando afirmou a

impossibilidade de se conceber a consolidação do Estado brasileiro antes da década de 1840.” (PEREIRA, Aline Pinto. O Arquivo Nacional e a História Lusa-brasileira. Disponível em: http://www. historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua. exe/sys/start.htm?infoid=1440&sid=128)

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Discorra sobre os interesses e projetos em disputa que impediram a consolidação do Estado nacional antes dos anos 1840.

Antes da ascensão de D. Pedro II em 1840, os interesses regionais de fazendeiros e comerciantes de diversas regiões do país buscavam se consolidar no poder e afastar a influência portuguesa e, depois, do Rio de Janeiro, capital da época. Dentre estes projetos podem-se citar revoltas regionalistas como a Confederação do Equador (1824), a Independência da Cisplatina (1828, que torna independente o Uruguai), Farrapos (1835) entre outras. Esses conflitos armados se manifestaram em meio a disputas políticas entre grupos liberais e conservadores, conhecidos na época como progressistas e regressistas, respectivamente. Este confronto político atrasa o processo para a consolidação do Estado, mas adianta a Maioridade de Pedro II, necessária para a pacificação interna e estruturação definitiva do Estado.

10 - Observe a charge de Kalixto publicada na revista "O Malho" de 14 de abril de 1916, retratando o presidente da República Venceslau Brás e o Tio Sam, símbolo da política externa norte-americana. Na legenda da charge:

“Tio Sam (professor) – Vosmecês não ter nada que mete nariz nos coisas do Europa! Vosmecês trata

somente de cultiva seu força e seu amizade e de fazer negócios... só comigo!

Venceslau (Presidente da República) – Entenderam? São palavras de velho muito sabido... Mais ou menos

isto: Para evitar ‘entrosgas’, cada um em sua casa com sua mulher e seus filhos... E, quanto a negócios, a América para os americanos... do Norte!

Zé Povo – Confere! E agora só falta uma coisa: escolhermos o molho com que devemos ser comidos...”

(Fonte: Revista Nossa História, ano 1, n. 3, jan. 2004, p. 88)

Comente o tipo de relação entre Brasil e Estados Unidos referenciada na charge ao lado e responda: é possível afirmar que ela tenha ocorrido durante todo o século XX? Justifique sua resposta com dois eventos históricos que envolvam as relações entre Brasil e Estados Unidos, e comente a atual relação entre esses dois países.

Sim, pois segundo a charge e a legenda que o segue, os interesses são de ordem econômica e política. Durante a República “Velha” através do fornecimento de café e outros gêneros primários. Durante a Era Vargas através da Política da Boa Vizinhança e o interesse mútuo entre as nações, com o financiamento da CSN (Cia. Siderúrgica Nacional). Após a II Guerra Mundial, com a Guerra Fria, o Brasil consolida sua posição como aliado norte-americano, inclusive na “caça aos comunistas”, como por exemplo o Regime Militar.

Atualmente, o Brasil mais urbano e industrial que no passado mantém em menor proporção esta influência norte-americana especialmente na dependência do mercado internacional.

Vale ressaltar que na cultura em diversos momentos o Brasil tentou romper com a hegemonia norte-americana, sobretudo, nas artes como a Semana de Arte Moderna, na influência fascista da Era Vargas e na forte ideologia das músicas de protesto contra o regime militar.

Ainda podem ser citados como momentos de tentativas populistas de se opor a essa hegemonia, os governos de Vargas no seu segundo governo, Jânio e João Goulart.

Referências

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