Ficha de Entrevista – Modos de Vida e Conhecimentos Tradicionais
Projeto Porto E&P Nome do
Entrevistado
Dilma Neves Brito
Idade
Especialização Artesã
Investigador Luis Vinícius/Natalie Data 23/02/2011
Localização
Estado ES Segmento
Município / Local Anchieta – Praia de Ubu
Coordenada
UTM Datum SA69
Elementos Patrimoniais Detetados
GPS Item Patrimonial
Elementos patrimoniais1
Inédito AT AS PHE PHM PI PPC
Entrevista
Vilma nasceu e viveu toda sua vida em Ubu, seus irmãos são pescadores assim como seu marido e filho. Toda a família ainda mora na região, alguns sairam para trabalhar em outras cidades, como Vitória e Vila Velha mas acabaram voltando.
Quando criança as casas da região eram de palha, as casas de telha surgiram apenas por volta de 30 anos atrás. Hoje, ela nos conta, que as melhores áreas e casas da região pertencem aos turistas, os moradores locais moram nas residências menores e mais simples.
A vegetação nativa e a faixa de areia da praia cobriam boa parte do que hoje é uma rua asfaltada.
Seu marido e filho passam vários dias em alto mar, vivem da pesca e das vendas dos artesanatos que ela produz, crochê e tricô.
Vilma diz que a pesca hoje não rende mais tantos frutos como na época de sua infância. Ela recorda de ver a areia da praia coberta de pilhas de peixe, que precisavam ser salgados
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AT (Arqueológico Terrestre), AS (Arqueológico Subaquático), PHE (Patrimônio Histórico Edificado), PHM (Patrimônio Histórico Móvel), PI (Patrimônio Imaterial) e PPC (Patrimônio Paisagístico Cultural).
tipos de peixes e hoje já quase não se consegue pescar.
Não só a escassez de peixes é um problema, como os consumidores, apesar do grande número de turistas que frequenta a região no verão, esses não tem o hábito de comprar peixes. Além disso, uma parte dos turistas pesca os próprios peixes.
Ela ainda lembra de festas de quando era criança, como a festa de quadrilha, onde a comunidade se reunia para dançar quadrilha e forró; a folia de reis; e a festa do Congo, que acontece na época do Natal, e de todas foi a única que sobreviveu ao tempo e ainda é tradição na região.
Sobre comidas típicas da região, Vilma fala do arroz de polvo, moqueca de peixe, principalmente moqueca de sururu.
A região atualmente sofre com desemprego e falta de opções de lazer, a entrevistada fala que existem muitos jovens usuários de droga e que acredita que faltam opções culturais e de entretenimento para atrair os jovens e ajudar que não se envolvam com as drogas.
Ficha de Entrevista – Modos de Vida e Conhecimentos Tradicionais
Projeto Porto E&P
Nome do Entrevistado Magno de Souza Coutinho
Idade Especialização Dono de estabelecimento comercial (Bar)
Investigador Luis Vinícius/ Natalie Data
Localização
Estado ES Segmento
Município / Local Anchieta – Recanto do sol Coordenada
UTM Datum SA69
Elementos Patrimoniais Detetados
GPS Item Patrimonial
Elementos patrimoniais2
Inédito AT AS PHE PHM PI PPC
Entrevista
Magno é dono de um bar na comunidade Recanto do Sol, localizada em Anchieta. A comunidade é recente, se formou em um loteamento abandonado por volta de 18 anos atrás. Ele nos conta que a comunidade nasceu a partir da invasão desse loteamento, e que antes disso quase não haviam moradores na região.
Sobre a economia local, ele afirma que não existem muitos pescadores.
Magno nasceu em Ubu, mas foi um dos primeiros moradores da nova comunidade, onde logo abriu seu estabelecimento. Sua clientela é formada principalmente por moradores locais e funcionários da SAMARCO.
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AT (Arqueológico Terrestre), AS (Arqueológico Subaquático), PHE (Patrimônio Histórico Edificado), PHM (Patrimônio Histórico Móvel), PI (Patrimônio Imaterial) e PPC (Patrimônio Paisagístico Cultural).
Nome do Entrevistado
Maria da Penha Garcia Ferreirinha
Idade
Especialização
Investigador Luis Vinícius/Natalie Data 28/02/2011
Localização
Estado ES Segmento
Município / Local Anchieta – Praia de Ubu
Coordenada
UTM Datum SA69
Elementos Patrimoniais Detetados
GPS Item Patrimonial
Elementos patrimoniais3
Inédito AT AS PHE PHM PI PPC
Entrevista
Maria da Penha é da família Garcia, nasceu e viveu quase toda a vida em Ubu, saiu apenas para estudar mas logo retornou a região.
Trabalhou quase sempre no restaurante da família, deu aulas um período mas logo
retornou. Assumiu a direção do negócio em 1984, uma grande reforma foi feita em 1996 e a clientela cresceu, tornando o restauante conhecido também em outras regiões do estado. Ela nos conta que, durante sua infância, Ubu foi uma vila de pescadores, com sua economia baseada na pesca, porém esse perfil começa a mudar com a chegada da SAMARCO a região. Maria da Penha conta que a empresa se instalou na região por volta de 1980, e passou a ser mais uma fonte de emprego para a população local.
Não só a SAMARCO é responsável pelas mudanças no perfil da economia local, com a escassez de peixes muitos pescadores se viram forçados a buscar outras formas de sustento. Contudo, os pescadores mais antigos, que trabalharam a vida toda na pesca, mostram muita dificuldade em se adaptar a outras formas de trabalho, assim os jovens que apresentam maior capacidade de adaptação a esse novo panorama e que absorvem a maior parte das vagas de trabalho.
que é muito diferente da pesca que existia na sua infância. A pesca artesanal e de barcos a vela foi substituída; agora são barcos maiores, que passam muitos dias em alto mar. Sobre a escassez de peixes a entrevistada conta, que durante sua infância, quando seus pais ainda administravam o restaurante, muitos dos peixes utilizados do restaurante, eram comprados na própria vila de Ubu, porém hoje a região já não é capaz de suprir a demanda. Além da falta de lagosta ela nos dá como exemplo o Sururu, peixe que anteriormente era encontrado abundante na região e que compões pratos típicos capixabas, hoje já quase não se vê no local.
Sobre os pratos típicos feitos no restaurante, Maria fala da moqueca capixaba, que pode ser feita com uma grande variedade de peixes.
A receita tradicional é feita em uma panela de barro, com coentro, tomate, cebola, cebolinha verde e óleo de urucum (diferente da moqueca bahiana que leva óleo de dendê).
Além do restaurante a família Garcia também produz doces típicos locais, como o bombom de jaca.
Nome do Entrevistado
Pedro Souza Fernandes
Idade
Especialização Manutenção e construção de barcos
Investigador Luis Vinícius/Natalie Data 01/03/2011
Localização
Estado ES Segmento
Município / Local
Anchieta
Coordenada
UTM Datum SA69
Elementos Patrimoniais Detetados
GPS Item Patrimonial
Elementos patrimoniais4
Inédito AT AS PHE PHM PI PPC
Entrevista
Pedro nasceu no interior e veio para Anchieta em 1968, foi nessa época que começou a pescar, antes disso nunca havia exercido essa prática.
Logo comprou um terreno na região e começou a trabalhar com manutenção de confecção de barcos, Pedro nos conta que aprendeu o oficio sozinho e por algum tempo continuou pescando mas logo abandonou a prática para se dedicar apenas aos barcos. Hoje ele é o único na região a exercer esse tipo de função.
Na confecção dos barcos ele conta que utiliza dois tipos de madeira, garapa e ipê. A madeira é encomendada e já vem em tábuas e na bitola desejada, em sua oficina eles lixam as tábuas para deixa-las polidas.
Ele também é responsável por toda a parte mecânica do barco e pela pintura, trabalho que realiza com o auxílio de seus filhos. Poucas coisas são compradas prontas, como o timão, que é soldado e possui muitas engrenagens; quase toda a estrutura do barco é
confeccionada em sua oficina.
barcos maiores com aproximadamente 14 metros de comprimento.
Devido ao aumento considerável no preço da madeira, Pedro deixou um pouco de lado a confecção dos barcos se dedicando mais a parte de manutenção. O preço alto da madeira acabou subindo o preço dos barcos diminuindo a procura. Além disso, com a diminuição no número de peixes, também caiu a procura por novas embarcações.
Para a confecção de um barco de aproximadamente 10 metros, Pedro diz que leva de 5 a 6 meses, mas com dedicação exclusiva esse tempo se reduz a 3 meses. Muito tempo de expêriencia, Pedro revela que durante toda sua vida produziu por volta de 300