FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA-UNIR
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AMBIENTAIS-DACSA CURSO DE BACHALERADO EM GESTÃO AMBIENTAL
ANA PAULA PEREIRA DE SOUZA
USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA RESERVA EXTRATIVISTA RIO OURO PRETO
Guajará-Mirim 2017
ANA PAULA PEREIRA DE SOUZA
USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA RESERVA EXTRATIVISTA RIO OURO PRETO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Rondônia– UNIR, como requisito para obtenção do título de bacharel em Gestão Ambiental.
Orientador: Ma. Mônica Gambero Coorientador: Dr. Gabriel Cestari Vilardi
Guajará-Mirim 2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Fundação Universidade Federal de Rondônia
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a) S729u Souza, Ana Paula de .
Uso de Plantas Medicinais na Reserva Extrativista Rio Ouro Preto / Ana Paula Pereira de Souza. -- G.Mirim, RO, 2017.
46 f. : il.
Orientador(a): Ma. Mônica Gambero Coorientador(a) Dr. Gabriel Cestari Vilardi
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Gestão Ambiental) – Fundação Universidade Federal de Rondônia
1.Plantas Medicinais. 2.Reserva Extrativista Rio Ouro Preto. 3.Etnobotânica.4.Fitoterápicos. I. Gambero, Mônica. II. Título.
CDU 581 Bibliotecário(a) Eliane Gemaque Gomes Barros CRB 11-549
ANA PAULA PEREIRA DE SOUZA
USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA RESERVA EXTRATIVISTA RIO OURO PRETO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Rondônia– UNIR, como requisito para obtenção do título de bacharel em Gestão Ambiental.
Aprovado em: 02 de dezembro de 2017.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ Ma. Mônica Gambero
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
__________________________________________ Dra. Ana Lucy Caproni
Universidade Federal de Rondônia - UNIR
__________________________________________ Dr. Ronaldo Almeida
Dedico a todas as pessoas que contribuíram para a realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me conceder o privilégio da vida e da saúde para que pudesse realizar o presente estudo.
Ao meu pai que sempre me apoiou e, contribuiu de maneira imprescindível para minha formação acadêmica.
Aos meus professores e orientadores que foram de grande importância para que este trabalho fosse finalizado.
“Biodiversidade é a biblioteca da vida.”
RESUMO
O uso de plantas medicinais na Reserva Extrativista Rio Ouro Preto (ROP) é uma prática bem comum no cotidiano dos moradores, que utilizam os vegetais não somente como meio para tratar e curar suas doenças, mas também como fonte de alimento e instrumento para confecção de objetos e moradia. O levantamento das espécies vegetais usadas como recurso terapêutico foi realizado através de entrevistas com questionário semiestruturado aplicado a 13 entrevistados. Foram identificadas 82 espécies distribuídas entre 42 famílias botânicas, destas, duas tiveram grande destaque devido ao numero de citações: Gengibre (Zingiber officinale) da família Zingiberaceae e, o Matruz (Chenopodium ambrosioides) da família Amaranthaceae. A parte vegetal mais utilizada foi às folhas, sendo o chá a forma de consumo mais usual. As doenças mais tratadas são as inflamações, doenças hepáticas, respiratórias e virais. Em relação à faixa etária dos entrevistados evidenciou-se que os que fazem mais uso e consequentemente detém maior conhecimento sobre plantas medicinais são os com idade mais avançada e com baixo nível de escolaridade. A razão pela qual utilizam os vegetais na maioria dos casos acontece por acreditarem fortemente em sua eficácia.
Palavra- chave: Etnobotânica. Plantas Medicinais. Reserva Extrativista Rio Ouro
ABSTRACT
The use of medicinal plants in the Rio Ouro Preto Extractive Reserve (ROP) is a common practice in the daily lives of the residents, who use the plants not only as a means to treat and cure their diseases, but also as a food source and instrument for making objects and housing. The survey of the plant species used as a therapeutic resource was conducted through interviews with a semi-structured questionnaire applied to 13 interviewees. It was identified 82 species distributed among 42 botanical families, of which two were notable due to the number of citations: Ginger (Zingiber officinale) of the family Zingiberaceae and Matruz (Chenopodium ambrosioides) of the family Amaranthaceae. The most used vegetal part was the leaves, being the tea the most usual form of consumption. The most commonly treated diseases are inflammations, liver, respiratory and viral diseases. Regarding the age group of the interviewees, it was evidenced that those who make more use and consequently have greater knowledge about medicinal plants are those with more advanced age and with low level of schooling. The reason they use vegetables in most cases is because they strongly believe in its effectiveness.
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Figura 1 – Mapa de localização da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto. ... 17 Figura 2 - Faixa etária dos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu. ... 19 Figura 3 – Gênero dos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do
Pompeu. ... 20 Figura 4 - Nível de escolaridade dos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu. ... 21 Figura 5 - Quantidade de pessoas por residência no Ramal dos Macacos e no
Ramal do Pompeu. ... 21 Figura 6 – Indicações das plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados no
Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 26 Figura 7 – Parte vegetal utilizada pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 27 Figura 8 – Modos de preparo das plantas medicinais utilizados pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 27 Figura 9 – Indicações sobre a utilização das plantas medicinais mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal Pompeu. ... 29 Figura 10 – Partes das plantas medicinais mais citadas pelos entrevistados no
Ramal dos Macacos e Ramal Pompeu. ... 30 Figura 11 – Modos de preparo das plantas medicinais mais citadas pelos
entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 31 Figura 12 – Gengibre (Zingiber officinale). ... 32 Figura 13 – Frequência da utilização das plantas medicinais pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 33 Figura 14 – Razão da utilização das plantas medicinais pelos entrevistados no
Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 34 Figura 15 – Casos de intoxicações apresentados pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 35 Figura 16 – Origem das plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 36 Figura 17 – Preferência da utilização de plantas medicinais pelos entrevistados no do Ramal dos Macacos e ramal do Pompeu. ... 36 Figura 18 – Influência sobre a utilização das plantas medicinais pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e ramal do Pompeu. ... 37
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Modos de preparo das plantas citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu. ... 22
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Espécies de plantas listadas no questionário aplicado no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu ... 23 Continuação Tabela 1 – Espécies de plantas listadas no questionário aplicado no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu. ... 24 Tabela 2 – Plantas adicionadas a lista pelos moradores entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu ... 25 Tabela 3 – Espécies de plantas mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 28 Continuação Tabela 3 – Espécies de plantas mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu. ... 29
LISTA DE BREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ROP Reserva Extrativista Rio Ouro Preto
SISBio Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade
UC Unidade de Conservação
Sumário 1 INTRODUÇÃO ... 14 2 OBJETIVOS ... 16 2.1 Objetivo geral ... 16 2.2 Objetivos específicos ... 16 3. MATERIAL E MÉTODOS ... 17 3.1 Área de estudo ... 17
3.2 Coleta de dados etnobotânicos ... 18
3.3 Análises de dados ... 18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 19
4.1 Faixa etária dos entrevistados ... 19
4.2 Gênero dos entrevistados ... 19
4.3 Nível de escolaridade ... 20
4.4 Quantidade de pessoas residentes no local ... 21
4.5 Modos de preparo das plantas citadas no questionário ... 22
4.6 Espécies de plantas listadas no questionário ... 23
4.7 Plantas adicionadas à lista ... 24
4.8 Indicações de uso ... 26
4.9 Partes utilizadas ... 26
4.10 Modos de preparo ... 27
4.11 Espécies de plantas mais citadas ... 28
4.12 Indicações das espécies mais citadas pelos moradores do Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu ... 29
4.13 Partes utilizadas (espécies mais citadas) ... 30
4.14 Modos de preparo (espécies mais citadas) ... 31
4.14. 1 Gengibre (Zingiber officinale ) ... 32
4.15 Frequência da utilização de plantas medicinais ... 33
4.16 Razão do uso das plantas medicinais ... 34
4.17 Casos de intoxicações ... 34
4.18 Origem das plantas medicinais ... 35
4.19 Uso associado das plantas medicinais ... 36
4.20 Influência do uso de plantas medicinais ... 37
5 CONCLUSÃO ... 38
REFERÊNCIAS ... 39
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecimento ... 42
APÊNDICE B - Questionário aplicado no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto ... 44
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1 INTRODUÇÃO
A conservação e proteção da natureza são hoje, uns dos grandes desafios mundiais e em particular, dos países tropicais onde se encontra grande variedade de espécies vegetais e animais (DIEGUES, 2000). O Brasil é conhecido por sua biodiversidade, com destaque para a Floresta Amazônica (SALATI et al., 1998) que ocupa 60% do território brasileiro e abrange 8 dos 23 estados do país: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins.
Rondônia localiza-se na região norte do Brasil, formada por 52 municípios, abrange uma área de 237.590.864 km², e 1.562.409 de habitantes Dentre estes municípios, Guajará-Mirim se sobressai por sua história de formação ao ter sido palco da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, onde migrantes de vários países e estados brasileiros vinham trabalhar tanto na implantação dos trilhos, quanto na extração do látex, permanecendo no local e contribuindo para o processo de formação populacional. Bem como, por possuir 93% de seu território composto por áreas protegidas, concentrando em seu interior 10 das 40 Unidades de Conservação presentes no estado, dentre elas, a Reserva Extrativista Rio Ouro Preto (ROP).
Utilizada como ponto de pesquisa do presente estudo, a ROP caracteriza-se como de uso sustentável, por admitir a presença de moradores. Instituída pelo Decreto nº 99.166, foi uma das quatro primeiras unidades de uso sustentável a serem criadas no Brasil. Seu marco de fundação foi o I Encontro dos Seringueiros de Guajará-Mirim. Realizado em fevereiro de 1989, buscava discutir os problemas que os seringueiros vinham enfrentando devido ao grande desmatamento ocorrido em 1970 pelo fluxo migratório dos projetos de colonização implantados no estado. Em reposta, o Instituto Estadual de Florestas, propôs a criação de uma área protegida e em 1990 após ajustes no projeto, criou-se a ROP, sendo seu gestor, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Grande parte de seus moradores têm origens relacionadas aos seringais, sendo o extrativismo e a agricultura sua principal atividade econômica. Entretanto, também fazem larga utilização de várias espécies da flora, tanto para alimentação quanto para uso medicinal. Devido ás dificuldades que se encontram: isolamento, pouco poder aquisitivo e baixo grau de escolaridade, passam por vários
15 inconvenientes nas questões associadas à saúde e geralmente optam pelo uso de plantas no tratamento de suas enfermidades.
Plantas medicinais podem ser definidas como aquelas que auxiliam no tratamento de doenças e alívio dos sintomas. Seus princípios ativos dão origem aos fitoterápicos, medicamentos que possuem seus riscos e efeitos comprovados cientificamente. A utilização dessas plantas no cuidado com a saúde é um método bastante antigo. Na zona rural, esse método mantém-se até os dias atuais, onde as pessoas retiram da natureza tudo aquilo que precisam para sobreviver, desenvolvendo um amplo conhecimento sobre a vegetação, corroborando com Amorozo (2002).
A ciência que estuda essa interação entre seres humanos e plantas é chamada de Etnobotânica. Surgiu pela primeira vez em 1896 pelo botânico americano William Harshberger. Atualmente, abrange o estudo das inter-relações das sociedades humanas com a natureza (ALCORN 1995; ALEXIADES; SHELDON, 1996). Além de fazer o resgate das espécies de plantas utilizadas como remédio, também valoriza o conhecimento tradicional das comunidades (AMOROZO et al., 1996).
Na última década, em algumas partes do mundo, a pesquisa etnobotânica teve grande avanço, especificamente em países da América Latina como o Brasil, Colômbia e México, colaborando com dados descritos por Hamilton (2003). Deste modo, o presente trabalho objetiva realizar um resgate do conhecimento tradicional do uso de plantas medicinais na Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, bem como a identificação das espécies utilizadas; e a sistematização das informações etnobotânicas adquiridas.
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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral
Investigar e resgatar o conhecimento da prática sobre o uso de plantas medicinais pelos moradores da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto.
2.2 Objetivos específicos
Inventariar as plantas medicinais utilizadas pelos moradores; Apontar suas formas de uso;
Descobrir a possível origem do habito de utilização;
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3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área de estudo
O seguinte trabalho apresenta um estudo etnobotânico, onde foram levantados dados sobre o uso tradicional de plantas medicinais pelos moradores dos Ramais dos Macacos e do Pompeu, localizados na Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, no município de Guajará-Mirim (Figura 1).
O projeto foi submetido à avaliação e aprovação do ICMBio, que mostrou-se interessado em participar de sua elaboração, colaborando com todos os recursos necessários. Para a realização das coletas de dados dentro da ROP, utilizamos o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBio), que regulamenta a disponibilização, o acesso e o uso de dados e informações recebidos pelo instituto (Registro de nº 6799695).
Localizada no bioma Amazônia, a ROP se caracteriza pela grande diversidade de fauna e flora, onde a vegetação dominante é a de floresta tropical úmida. As principais atividades econômicas praticadas no local são extrativismo e agricultura.
Figura 1 – Mapa de localização da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto.
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3.2 Coleta de dados etnobotânicos
A coleta de dados foi realizada nos meses de março a abril de 2017, nos Ramais dos Macacos e do Pompeu, visto que devido às dificuldades climáticas e logísticas eram os locais mais viáveis. No total, foram feitas treze entrevistas: oito no Ramal dos Macacos e cinco no Ramal do Pompeu.
Os entrevistados responderam um questionário semiestruturado, ou seja, com questões objetivas e discursivas, que continham perguntas relacionadas ao uso e conhecimento sobre plantas medicinais (Apêndice B). A abordagem foi feita diretamente em seus domicílios, e usou-se como critério para escolha: aqueles que possuem moradia na Reserva e cultivam plantas medicinais.
Foi explicado os objetivos da pesquisa, obtendo-se o consentimento dos mesmos em participar e colaborar com o estudo, deu-se inicio à aplicação do questionário. O tempo gasto para cada entrevista variou entre 13min e 1h e 36min de acordo com o conhecimento e disponibilidade de tempo de cada um.
3.3 Análises de dados
A análise dos dados ocorreu a partir da realização da média aritmética aplicada ao programa Excel 2010, onde foram somados todos os valores relacionados a cada item apresentado no questionário, dividindo-se pela quantidade de entrevistas realizadas. De acordo com Cazorla (2002) e Carvalho (2011), sua formulação matemática consiste em somar todos os valores da variável e dividir pelo tamanho do conjunto de dados.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Faixa etária dos entrevistados
Quanto à faixa etária dos entrevistados, notou-se que os usuários mais frequentes são os com idade entre 61 a 70 anos (5 citações), seguida dos com 51 a 60 anos (4 citações) e 71 a 80 (2 citações). Posteriormente, estão às faixas etárias dos 31 a 40 e dos 41 a 50 (1 citação cada). Estudos nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, também obtiveram esse perfil em relação à idade dos entrevistados (p. ex. PEREIRA et al., 2005; PILLA et al.,2006).
Figura 2 - Faixa etária dos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 4.2 Gênero dos entrevistados
Quanto ao gênero dos entrevistados pode-se observar que o feminino teve 6 citações e o masculino 7 (Figura 3), representando uma quantidade não muito diferente entre os mesmos. Estes resultados foram diferentes dos apresentados por Ming (2006), que afirma que as mulheres possuem um maior conhecimento e fazem maior uso das plantas medicinais.
40% 60% 12,50% 12,50% 25% 25% 25% 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 31 a 40 41 a 50 51 a 60 61 a 70 71 a 80 Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e s
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Figura 3 – Gênero dos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 4.3 Nível de escolaridade
Pode-se observar que a maioria dos entrevistados apresenta nível de escolaridade baixo (Figura 4). Seis entrevistados possuem Ensino Fundamental incompleto, 4 são analfabetos, 2 Ensino Fundamental completo, e 1 Ensino Médio incompleto. Predominaram os que possuíam o Ensino Fundamental incompleto, fato que pode estar ligado à questão do baixo poder aquisitivo. Pode-se inferir que o nível crescente de escolaridade envolve uma certa deterioração dos costumes, o que levaria a uma perda gradual dos hábitos ancestrais relacionados à utilização de plantas medicinais no tratamento de doenças. Pois comumente, quanto maior o grau de conhecimento, menor a crença na eficácia dessas plantas.
25% 75% 80% 20% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Feminino Masculino Por ce n tagem d o d o n ú m e ro d e ci taç õ e s
21
Figura 4 - Nível de escolaridade dos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
4.4 Quantidade de pessoas residentes no local
Em relação à quantidade de pessoas residentes no local, o número de moradores na residência varia de 1 a 9 pessoas, predominando o número de 1 a 2 pessoas por residência, em ambas as comunidades (figura 5).
Figura 5 - Quantidade de pessoas por residência no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 50% 37,50% 12,50% 60% 20% 20% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Analfabeto Fundamental Incompleto
Fundamental Completo Médio Incompleto
Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e s
Citações Ramal dos Macacos Citações Ramal do Pompeu
38% 25% 25% 13% 60% 40% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 1 a 2 3 a 4 5 a 6 9 a 10 P orc e nt a gem do númer o de c itaç ões
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4.5 Modos de preparo das plantas citadas no questionário
Por sua praticidade, o chá é o modo de preparo mais usual. Entretanto, os moradores da ROP utilizam outras formas para consumir as plantas medicinais conforme mostra o quadro a seguir:
Quadro 1- Modos de preparo das plantas citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu.
MODOS DE PREPARO
Alcoolatura: seu preparo consiste em colocar a planta escolhida numa garrafa contendo álcool, de modo que fique totalmente imersa. Mantém-se desta forma por dois ou 3 dias antes de sua utilização. Costuma-se usar arnica, arruda, caroço de abacate, etc.
Banho: preparado por meio de infusão ou mistura de essências aromáticas na água
Chá (infusão): após ter despejado água fervente sobre os pedaços frescos ou secos da planta, deixa-se infundir a mistura durante um tempo menor para as flores, caules e folhas e maior para as outras partes, como: raíz, casca ou rizoma.
Chá (decocção): extraem-se os princípios ativos das plantas cozendo-as em água. O tempo de cozimento varia conforme a planta ou parte utilizada.
Compressa: consiste em molhar pedaços de pano em chá forte de plantas, geralmente em temperatura quente.
Emplastros: são aplicações de plantas curativas quentes, misturadas a um espessante qualquer, para conservar o calor e facilitar a aplicação.
Garrafada: mistura de vinho branco ou cachaça com várias plantas maceradas. In natura : que está no estado natural, sem processamento industrial.
Maceração: consiste em despejar água fria na erva, deixando-a de molho. Podendo fricciona-la para auxiliar na retirada de essências. Esta é a maneira que oferece mais vantagens, pois conserva as vitaminas e sais minerais existentes na planta, porém é a mais demorada.
Pó: boa e prática maneira de guardar as plantas e suas propriedades curativas por muito mais tempo, é feito por meio da raspagem da casca, caules, caroços e folhas secas até que fiquem em forma de pó.
Sumo: ocorre pela maceração da planta, em coador ou centrífuga, de modo a extrair todo o liquido que ela contém.
Xarope: é feito por meio da mistura de plantas maceradas com mel, onde se deixa repousar por um tempo e então é coada e espremida.
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4.6 Espécies de plantas listadas no questionário
Após analisar estudos etnobotânicos realizados em Rondônia, selecionamos as plantas medicinais que foram citadas com maior frequência, somando um total de 51 espécies. (Tabela 1).
Tabela 1 – Espécies de plantas listadas no questionário aplicado no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu
Nome Popular Família Nome Científico
Abacateiro Lauraceae Persea americana
Acerola Malpighiaceae Malpighia emarginata
Açafrão Iridaceae Curcuma longa
Alecrim Lamiaceae Rosmarinus officinalis
Alfavaca Lamiaceae Ocimum gratissimum
Alfazema Lamiaceae Lavandula angustifolia
Algodão-roxo Malvaceae Gossypium hirsutum
Alho Liliaceae Allium sativum
Andiroba Meliaceae Carapa guianensis
Arnica Asteraceae Lychnophora ericoides
Arruda Rutaceae Ruta graveolens
Babosa Asphodelaceas Aloe vera
Barbatimão Mimosidaea Stryphnodendron adstiyngens Batata-Doce Convolvulaceae Ipomoea batatas
Boldo Lamiaceae Plecthantus barbatus
Capeba Piperaceae Pothomorphe peltata
Cana-de-macaco Costaceae (Zingiberaceae) Costus spicatus
Canela Lauraceae Cinnamomum zeylanicum
Capim santo Poaceae (Graminiae) Cymbopogon citratus Carqueja Asreraceae (Compositae) Bacharis trimera
Corama Crassulaceae Bryophyllum calycinum
Copaíba Fabaceae Copaifera langsdorfii
Crajirú Bignoniaceae Arrabidaea chica
Erva-cidreira Lamiaceae Melissa officinalis Gengibre Zingiberaceae Zingiber officinale
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Continuação Tabela 2 – Espécies de plantas listadas no questionário aplicado no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu.
Goiabeira Myrtaceae Psidium gaujava
Hortelã Lamiaceae Mentha villosa
Hortelã-pimenta Lamiaceae Mentha piperita Ipê roxo Bignoniaceae Tabeuia impetiginosa
Jambú Compositae Spilanthes acmella
Jatobá Caesalpinaceae Hymenaea courbaril
Laranjeira Rutaceae Citrus sinensis
Limoeiro Rutaceae Citrus limonum
Losna Asteraceae Artemisia absinthium
Mastruz Amaranthaceae Chenopodium ambrosioides
Mamoeiro Caricaceae Caripa papaya
Mangueira Anarcadiaceae Mangifera indica Melão-são-caetano Cucurbitaceae Momordica charantia
Milho Poaceae Zea mays
Pata de-vaca Fabaceae Bauhinia forficata
Pé-de-galinha Poaceae Eleusine indica
Picão Asteraceae Bidens pilosa
Poejo Lamiaceae Mentha pulegium
Quebra-pedra Euphorbiaceae Phyllanthus niruri
Saião Crassulaceae Kalanchoe brasiliensis
Sucuba Apocynaceae. Himatanthus drasticus
Terramicina Amaranthaceae Alternanthera brasiliana Unha-de-gato Rubiaceae Uncaria tomentosa Urtiga-vermelha Urticaceae Urera bacífera
Urucum Bixaceae Bixa orellana
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 4.7 Plantas adicionadas à lista
Caso o entrevistado fizesse uso de uma planta medicinal não citada no questionário, as mesmas tiveram seus nomes coletados, somando mais 31 espécies (Tabela 2).
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Tabela 3 – Plantas adicionadas a lista pelos moradores entrevistados no Ramal dos Macacos e no Ramal do Pompeu
Nome Popular Família Nome Científico
Açaí Arecaceae Euterpe oleracea
Anador Acanthaceae Justicia pectoralis
Aricurá Não foram encontradas informações
Não foram encontradas informações
Cabacinha Cucurbitaceae Luffa operculata
Cajueiro Anacardiaceae Anacardium occidentale Canela preciosa Lauraceae Aniba canelilla
Castanheira Lecythidaceae Bertholletia excelsa
Catuaba Bignoniaceae Anemopaegma arvense
Cebola Aliaceae Alium cepa.
Chicória Asteraceae (Compositae) Cichorium intybus Cipó do boto Não foram encontradas
informações
Não foram encontradas informações
Embaúba Urticaceae Cecropia pachystachia
Faveira Fabaceae Dimorphandra mollis
Gergelim Pedaliaceae Sesamum orientale
Gervão Verbenaceae Stachytarpheta cayennensis Ipecacuanha Rubiaceae Cephaelis ipecacuanha
Jatobá Fabaceae Hymenaea courbaril
Jucá Fabaceae Libidibia férrea
Malvarísco Malvaceae Althaea officinalis
Manjerioba Fabaceae Senna alata
Maracujá Passifloracea Passiflora quadrangularis Mulateiro Rubiaceae Calycophyllum spruceanum Negramina Siparunaceae Siparuna guyanensis Para-tudo Amarathaceae Gomphrena arborescens Penicilina Amaranthaceae Alternanthera brasiliana
Poaia Rubiaceae Richardia brasiliensis
Sucupira Fabaceae Pterodon emaginatus
Tanchagem Plantaginaceae Plantago major
Tiborna Apocynaceae Himatanthus drasticus
Uxí Humiriaceae Endopleura uchi
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
No total, foram citadas 82 espécies de plantas, distribuídas entre 42 famílias botânicas, onde 4 dessas famílias apresentaram maior quantidade de citações:
26 Lamiaceae (aromáticas) com 8 espécies, Fabaceae (fruto em forma de vagem) com 7, Asteraceae (floríferas) com 6, e Rubiaceae (estipulas interpecioladas) com 4.
4.8 Indicações de uso
Em relação às doenças tratadas por meio do uso de plantas medicinais, pode-se obpode-servar que as inflamações são as mais citadas (Figura 6). Reprepode-sentando 102 citações, seguidas das indicações para doenças hepáticas, respiratórias e virais.
Figura 6 – Indicações das plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 4.9 Partes utilizadas
Em relação às partes das plantas medicinais mais utilizadas pelos entrevistados no preparo de medicamentos naturais, as folhas destacam-se com 200 citações, seguidas da casca e raiz (Figura 7).
0% 5% 10% 15% 20% 25% A ne m ia Câ imb ras Ca lma nte Câ nc er Ci c a tr iz an te Co les te ro l De rm ati te De rr am e Di ab e tes Di la taç ão Do en ç as c ardi ac as Do en ç as es to ma c ai s Do en ç as he pá ti c as Do en ç as r en a is Do en ç as r es pi ra tóri a s Do en ç as v ir ai s Do re s e m g eral E s té ti c o F eb re He mo rr ag ia In fec ç õ es In fl a ma ç õe s M e n o p a u s a P re s s ã o P ro bl em a s i nte s ti na is Re um a ti s mo V ermi no s es
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Figura 7 – Parte vegetal utilizada pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 4.10 Modos de preparo
Em relação ao modo de preparo de medicamentos naturais com as plantas medicinais, a maior quantidade de citações são referentes ao chá (infusão), com 234 citações. Porém podem ser observadas outras maneiras de preparo com um número de citações menor (Figura 8).
Figura 8 – Modos de preparo das plantas medicinais utilizados pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Citações Ramal dos Macacos Citações Ramal do Pompeu
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e s
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4.11 Espécies de plantas mais citadas
Das 82 espécies, 31 tiveram grande número de citações. Distribuídas em 23 famílias botânicas, destacam-se: Lamiaceae (4 espécies), Lauraceae, Rutaceae e Amaranthaceae (2 espécies) conforme mostra a tabela a seguir:
Tabela 4 – Espécies de plantas mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Nome popular Família Nome científico
Abacateiro Lauraceae Persea americana
Alfavaca Lamiaceae Ocimum gratissimum
Algodão-roxo Malvaceae Gossypium hirsutum.
Alho Liliaceae Allium sativum
Arruda Rutaceae Ruta graveolens
Babosa Asphodelaceas Aloe vera
Boldo Lamiaceae Plecthantus barbatus
Capeba Piperaceae Pothomorphe peltata
Canela Lauraceae Cinnamomum zeylanicum
Cana-de-macaco Costaceae (Zingiberaceae) Costus spicatus Capim santo Poaceae (Graminiae) Cymbopogon citratus Corama Crassulaceae Bryophyllum calycinum
Copaíba Fabaceae Copaifera langsdorfii
Crajirú Bignoniaceae Arrabidaea chica
Erva-cidreira Lamiaceae Melissa officinalis Gengibre Zingiberaceae Zingiber officinale
Goiabeira Myrtaceae Psidium gaujava
Hortelã Lamiaceae Mentha villosa
Jambú Compositae Spilanthes acmella
Jatobá Caesalpinaceae Hymenaea courbaril
Laranjeira Rutaceae Citrus sinensis
Limoeiro Rutaceae Citrus limonum
Mastruz Amaranthaceae Chenopodium ambrosioides
Mamoeiro Caricaceae Caripa papaya
Melão-são-caetano Cucurbitaceae Momordica charantia
Picão Asteraceae Eleusine indica
Quebra-pedra Euphorbiaceae Phyllanthus niruri
Sucuba Apocynaceae Himatanthus drasticus
29
Continuação Tabela 5 – Espécies de plantas mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Unha-de-gato Rubiaceae Uncaria tomentosa
Urucum Bixaceae Bixa orellana.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
4.12 Indicações das espécies mais citadas pelos moradores do Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu
Os resultados obtidos com a aplicação do questionário mostram que os vegetais são utilizados para o tratamento de várias doenças e sintomas. Porém, algumas foram mencionadas com maior frequência em relação às outras, como é o caso das inflamações, que teve grande número de citações (80). Difere de outros estudos, que apresentaram maior citação para doenças estomacais e respiratórias (p. ex. AMOROZO & GÉLY; 1988), seguidas das indicações para calmantes (39), doenças virais e dores em geral (35 cada), doenças hepáticas (33), ação cicatrizante dermatites (29), doenças respiratórias (28), doenças estomacais (26), infecções (19), verminoses (10), câncer (7), pressão (6), febre (5), anemia e estética (4), doenças cardiovasculares e hemorragia (2) e; câimbra, menopausa, problemas intestinais e reumatismo (1 cada). Pode ser observado que tanto de maneira geral quanto específica das espécies mais citadas pelos entrevistados, as indicações prevaleceram para as inflamações (Figura 9).
Figura 9 – Indicações sobre a utilização das plantas medicinais mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e s
30
4.13 Partes utilizadas (espécies mais citadas)
Quanto às partes vegetais utilizadas na preparação de remédios caseiros, observa-se que as folhas se sobressaem, com 194 citações, colaborando com dados obtidos em estudos realizados por Ming e Amaral Júnior (2005), onde observaram que a parte mais utilizada por seringueiros na Reserva Extrativista Chico Mendes são as folhas, as quais concentram grande parte dos princípios ativos das plantas. Também houve citações para casca (50), raiz (31), fruto (13), óleo e vegetal inteiro (10), leite (9), dente (11), semente (5), cipó (4), talo (2), vagem, bagaço, flor, polpa, ramo seiva (1 citação cada).
A predominância na utilização das folhas pode ser atribuída tanto pela facilidade de coleta e disponibilidade na maior parte do ano, quanto devido à possibilidade de serem o órgão da planta com maior quantidade do metabólito desejado. Em relação às partes vegetais mais utilizados observou-se que tanto de maneira geral quanto relacionado às espécies mais citadas, as folhas prevaleceram com o número bem superior de citações (Figura 10).
Figura 10 – Partes das plantas medicinais mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 1% 14% 2% 3% 54% 3% 3% 3% 8% 2% 5% 1% 13% 2% 3% 53% 4% 2% 3% 1% 10% 1% 1% 1% 1% 1% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e s
31
4.14 Modos de preparo (espécies mais citadas)
São várias as formas de preparações comumente usadas nos tratamentos caseiros, a maneira de prepará-las dependerá geralmente; da espécie, parte utilizada e do objetivo da utilização. Foram evidenciadas 12 maneiras para o preparo de remédios caseiros com a utilização de plantas medicinais, dentre elas, as que mais se destacaram foram o chá- infusão (126 citações), seguido de chá- decocção (84), sumo (47), in natura (33), xarope (27), maceração (18), banho e emplastro (15), compressa e garrafada (8), alcoolatura (3) e pó (2). A infusão também prevaleceu em outros estudos (p. ex. AMOROZO, 2002; FUCKT et al., 2005). Tanto de maneira geral quanto específica às espécies de plantas mais citadas, prevaleceu o chá- infusão como o modo de preparo mais utilizado (Figura 11).
Figura 11 – Modos de preparo das plantas medicinais mais citadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 5% 34% 25% 4% 1% 8% 5% 12% 6% 1% 2% 4% 31% 18% 3% 4% 10% 4% 1% 13% 9% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e s
32
4.14. 1 Gengibre (Zingiber officinale Roscoe)
A coleta de dados evidenciou que o Gengibre (Zingiber officinale; Zingiberaceae) (Figura 12), está entre as espécies mais citadas, ocorrendo em todas as entrevistas.
Figura 12 – Gengibre (Zingiber officinale).
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
Indicado para o tratamento de doenças respiratórias, doenças virais, inflamações, infecções, pressão e reumatismo. Tem como parte utilizada para o preparo de medicamentos naturais, o rizoma (raiz) que pode ser consumido em forma de chá - decocção, in natura e xarope. É uma erva originária do sudoeste da Ásia e do Arquipélago Malaio, sendo de grande importância, não somente para o consumo local da população indígena, mas também para a exportação, destinada a países ocidentais que o consomem em grandes quantidades (GOVINDARAJ, 1982; CHEN et al., 1986; CORRÊA JUNIOR et al., 1994; WHO, 1999).
Sua introdução no Brasil aconteceu graças durante as invasões holandesas que ocorreram por volta de 1625 no estado de Pernambuco. Entretanto, existem relatos sobre a presença desta planta desde ano de 1587. Visconde de Nassau, quando veio para o Brasil, trouxe o famoso botânico Pison que relatou o Gengibre
33 como planta indígena e de fácil encontro no estado silvestre, tanto que a considerou simultaneamente brasileira e asiática, convicção essa que se afirmou por muito tempo (PIO CORRÊA; 1984).
De acordo com a lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Gengibre é indicado para o tratamento de enjoos, náuseas e vômitos. Porém, estudos científicos demostraram que essa planta também pode agir como: imunomodulador, anti-oncogênica, antiapoptótica e com ações anti-inflamatórias, antihiperglicêmicas, antilipidêmicas e antieméticas, sendo também um forte antioxidante.
4.15 Frequência da utilização de plantas medicinais
Quanto à frequência sobre o uso de plantas medicinais no Ramal dos Macacos e do Pompeu, observa-se que, 8 dos entrevistados fazem uso dos vegetais uma vez por mês, seguidos de 5 que utilizam três vezes ou mais por semana, e 2 uma vez por ano (Figura 13). Outro fato que pode ser observado é de que os entrevistados não possuem uma dosagem padrão para cada tipo de vegetal utilizado, tanto para o preparo dos medicamentos com as plantas medicinais, quanto para seu consumo. Dados também encontrados em outros estudos etnobotânicos (p. ex. AMOROSO GÉLY, 1998; KUBO, 1997; MAGALHÃES, 1997; MARODIN & BAPTIST, 2001).
Figura 13 – Frequência da utilização das plantas medicinais pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
25% 25% 62,50% 12,50% 40% 40% 20% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 1 a 2 vezes por semana
3 vezes ou mais por semana
1 vez por mês 1 vez por ano
Por ce n tagem d o n u m e ro d e ci taç õ e s
34
4.16 Razão do uso das plantas medicinais
Quanto à razão sobre o uso das plantas medicinais, a maior parte dos entrevistados utiliza porque realmente acredita em sua eficácia, o que representa grande diferença em relação as demais razões de uso. A utilização por fácil acesso e necessidade foram citadas apenas 1 vez (Figura14).
Conforme Santos et al. (2008), o emprego de plantas no tratamento de doenças, reflete a realidade de parte da população brasileira, que apresenta limitado acesso aos programas de saúde pública, deste modo em busca de saúde e bem-estar, acabam desenvolvendo um conhecimento empírico repleto de informações. Entretanto, este conhecimento aos poucos vem se perdendo, pois devidos as dificuldades do local em que estão inseridos, os jovens preferem vir pros centros urbanos, em busca de melhores condições de vida e acabam por adquirir os hábitos do novo meio e abandonar os costumes antes praticados.
Figura 14 – Razão da utilização das plantas medicinais pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 4.17 Casos de intoxicações
Quando perguntados se sofreram intoxicação por utilizar plantas como tratamento de saúde, houve 10 respostas negativas e 3 positivas (Figura 15). Apesar dos casos de intoxicação, os entrevistados fizeram referência ao uso de plantas medicinais como sendo uma prática que não causa danos à saúde, considerada
12,50% 75% 12,50% 100% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%
Fácil acesso Acredita na eficácia Necessidade
Por ce n tagem n o n ú m e ro d e c itaç õ e s
35 também mais saudável e eficiente que a utilização de medicamentos industrializados.
O fato de os entrevistados terem preferência no emprego das plantas para a manutenção ou recuperação da saúde é de certa forma, um aspecto positivo, pois além de fortalecer e conservar práticas tradicionais, é uma atividade que proporciona o contato direto com a flora local. Por outro lado, a noção de que essas plantas não trazem danos à saúde é uma questão a ser discutida. Pois se sabe que certos compostos químicos, quando ingeridos em excesso ou combinados, podem causar graves danos à saúde (LORENZI & MATOS, 2008).
Figura 15 – Casos de intoxicações apresentados pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
4.18 Origem das plantas medicinais
Quanto a origem dos vegetais utilizados pelos entrevistados 10 revelaram que retiram da própria ROP, seguidos de 6 que revelaram obtêm os vegetais dos seus quintais, 2 no comércio e 1 fora da ROP (Figura 16)
A biodiversidade de flora encontrada na Reserva Extrativista Rio Ouro Preto é um fato que influência neste resultado, pois, os moradores na maioria dos casos nem precisam sair de suas casas para obter os vegetais que necessitam para o preparo de seus medicamentos naturais.
25% 75% 20% 80% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Sim Não Por ce n tagem d o n ú m e ro d e ci taç õ e s
36
Figura 16 – Origem das plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza.
4.19 Uso associado das plantas medicinais
No que diz respeito ao uso de plantas associadas a outros medicamentos, 5 dos entrevistados preferem a utilização somente dos remédios industrializados, 4 somente as plantas medicinais e 4 a junção dos dois métodos.
Neste caso, pode-se notar que mesmo com o vasto conhecimento que mostraram possuir, quando ocorre indicação de remédios industrializados por médicos, há certa divisão entre as maneiras de conduzir o tratamento.
Figura 17 – Preferência da utilização de plantas medicinais pelos entrevistados no do Ramal dos Macacos e ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 38% 51% 13% 30% 40% 30% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Quintal Comércio Reserva Localidades fora da reserva Por ce n tagem d o n ú m e ro d e ci taç õ e s
Citações Ramal dos Macacos Citções Ramal do Pompeu
25% 25% 50% 40% 40% 20% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Faz uso das plantas medicinais e medicamentos industrializados
Prefere somente as plantas medicinais
Faz uso somente dos medicamentos indtustrializados Por ce n tagem d o n ú m e ro d e c itaç õ e
37
4.20 Influência do uso de plantas medicinais
Em relação à influência sobre o uso de plantas medicinais, 8 dos entrevistados afirmaram ter aprendido sobre a utilização dessa prática com os familiares, 2 de outras maneiras e 1 por meio de livros/revistas/internet (Figura 18). A forma de aquisição dos conhecimentos etnobotânicos, nesse estudo, colabora com o levantamento etnobotânico realizado por Ming e Amaral Júnior (2005), na Reserva extrativista “Chico Mendes”, no Acre, onde a maioria dos entrevistados afirmou que o aprendizado foi repassado pelos pais.
Deste modo, a observação direta das atividades dos pais é a maneira mais tradicional de transferência das informações. Porém, é claro que o aprendizado natural que adquirimos deve em qualquer ocasião ser sequenciado, uma vez que nada é mais importante do que a vivência e sabedoria que se adquire com o contato direto dos seres humanos com a natureza, e a melhor maneira de se obter conhecimento científico em relação às plantas medicinais é principalmente por meio do conhecimento popular.
Figura 18 – Influência sobre a utilização das plantas medicinais pelos entrevistados no Ramal dos Macacos e ramal do Pompeu.
Fonte: Ana Paula Pereira de Souza. 62,50% 12,50% 25% 100% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%
Familiares Livros/ revistas /internet Outros
P o rce n tagem d o nú mero d e c it aç õ es
38
5 CONCLUSÃO
A utilização de plantas medicinais faz parte do cotidiano dos moradores da ROP. Até mesmo dos homens, que conhecem e fazem uso tanto de plantas de quintais, quanto floresta. Entretanto, esses moradores possuem nível de escolaridade consideravelmente baixo, bem como, pouco poder aquisitivo.
Apesar das dificuldades, possuem vasto conhecimento empírico, o que permitiu a identificação de 82 espécies de plantas, distribuídas em 42 famílias botânicas. Das quais se destacam as: Lamiaceae, Asteraceae, Fabaceae e, Rubiaceae.
As plantas que possuíram maior representatividade foram o gengibre (Zingiber officinale) da família Zingiberaceae e o matruz (Chenopodium ambrosioides) da família Amaranthaceae que foram citados em exatamente todas as entrevistas.
Empregadas para as mais variadas doenças, principalmente inflamatórias, hepáticas e respiratórias. Essas plantas são preparadas em sua maioria na forma de chá- infusão, onde normalmente utiliza-se as folhas, casca ou raiz. A influência sobre seu uso se dá em grande parte dos casos por meio de familiares e pela crença de que não causará nenhum mal, apesar de já ter havido casos de intoxicação. Porém, há variações quanto a preferência do uso de plantas medicinais aos remédios industrializados no tratamento de doenças. A origem das plantas comumente é de dentro da ROP, mas há os que adquirem em comércios ou localidades fora da Reserva.
Apesar de todas as dificuldades encontradas, acreditamos que se houve alguma discordância entre os nomes populares e a identificação científica, ainda sim, mostramos a importância das plantas no uso de tratamentos de saúde entre a comunidade tradicional, que se deve, por tradição passada por seus ancestrais, devido a distancia ou até mesmo por crendices regionais.
39
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(Mestrado em Enfermagem)-Universidade Federal do Pará, Pará, 1995.
PIO-CORRÊA, M. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas
42
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) para participar
da pesquisa de campo intitulada LEVANTAMENTO ETNOBOTANICO DE
PLANTAS COM USO MEDICINAL NA RESERVA EXTRATIVISTA RIO OURO PRETO desenvolvida por Adriane Gomes de Oliveira e Ana Paula Pereira de Souza, como trabalho de conclusão de curso para a obtenção do titulo de bacharel
em Gestão Ambiental. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é coordenada
pelos professores Mônica Gambero e Gabriel Cestari Vilardi do Departamento
Acadêmico de Ciências Sociais e Ambientais (DACSA) da Fundação Universidade
Federal de Rondônia (UNIR) – Campus Guajará-Mirim, a quem poderei contatar / consultar a qualquer momento que julgar necessário através dos telefones nº (69)
3541 7454 e (69) 981013103 ou e-mail monicagambero@yahoo.com.br. Afirmo
que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo
financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o
sucesso da pesquisa. Fui informado(a) dos objetivos estritamente acadêmicos do
estudo, que, em linhas gerais é Investigar o uso de plantas como fitoterápicos pelos moradores da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto (ROP). Minha
colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semi-estruturada a
ser gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos
dados coletados se farão apenas pelos pesquisadores e suas orientandas Adriane
Gomes de Oliveira e Ana Paula Pereira de Souza. Fui ainda informado(a) de que
posso me retirar desse(a) estudo / pesquisa a qualquer momento, sem prejuízo para
meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos. Atesto
43 Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP).
Guajará- Mirim, ____ de _________________ de _____
Assinatura do(a) participante: ______________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a): ____________________________
44
APÊNDICE B - Questionário aplicado no Ramal dos Macacos e Ramal do Pompeu da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto
Número da ficha:________
Entrevistador:______________________________________ Data:______ Horário de Inicio:________ Comunidade:____________________ Nome: ____________________________________________ Idade:_____ Sexo: ( )F ( )M Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Fundamental Incompleto ( ) Fundamental Completo ( ) Médio Incompleto ( ) Médio Completo ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo
Quantas pessoas residem no local: _____
Nome:_____________________________________________ Idade:_____ _____________________________________________ _____ _____________________________________________ _____ _____________________________________________ _____ _____________________________________________ _____ _____________________________________________ _____ _____________________________________________ _____
45
Questionário Etnobotânico
01-Quando você sente algum mal-estar utiliza plantas medicinais para se tratar?
( )Sim ( )Não
02.Das plantas listadas a seguir qual você faz uso?
Nome Popular Indicação Parte Utilizada Modo de Preparo
Abacate Acerola Açafrão Alecrim Alfavaca Alfazema Algodão-roxo Alho Andiroba Arnica Arruda Babosa Barbatimão Batata-Doce Boldo Caapeba Cana-de-macaco Canela Capim santo Carqueja Corama Copaíba Crajirú Erva-cidreira Gengibre Goiaba Hortelã Hortelã-pimenta Ipê roxo Jambú Jatobá Laranja Limão Losna Mastruz
46 Mamão Manga Melão-são- Caetano Milho Pata-de-vaca Pé-de-galinha Picão Poejo Quebra-pedra Saião Súcuba Terramicina Unha-de-gato Urtiga-vermelha Urucum
3. Além dessas plantas medicinais há outra que faz uso e que não foi citada?
( ) Sim ( ) Não
Nome Popular Indicação Parte Utilizada Modo de Preparo
4.Com que frequência utiliza plantas medicinais?
( ) 1 vez por semana ( ) 1 a 2 vezes por semana ( ) 3 vezes ou mais por semana ( ) 1 vez por mês ( ) 1 vez por ano ( )2 a 3 vezes por ano
( ) 3 vezes ou mais por ano
5.Por qual razão faz uso de plantas medicinais?
( )Fácil acesso ( ) Acredita ser mais eficaz que outros tipos de remédios ( ) Necessidade ( )Cultural
47 6.Houve algum caso de intoxicação com você ou algum familiar devido o uso de alguma planta medicinal?
( ) Sim ( ) Não
Qual planta?____________________________________________________
7. Qual a origem das plantas medicinais utilizadas?
( ) Comercio ( ) Reserva ( ) Localidades fora da Reserva
8.Quando o médico receita algum remédio:
( ) Faz uso das plantas medicinais junto a medicamentos ( ) Prefere continuar somente com os plantas medicinais ( ) Toma somente os medicamentos
9.O que o influenciou a utilizar plantas medicinais ?
( ) Familiares ( ) Cultura ( ) Livros/Revistas/Internet ( )Outros