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ROSANE POLETTO BENVEGNÚ ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA

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Academic year: 2021

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ROSANE POLETTO BENVEGNÚ

ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA

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ROSANE POLETTO BENVEGNÚ

ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA

Trabalho de conclusão apresentado para o curso de Licenciatura em Química do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Química, sob orientação do Profª. Ms. Maira Ferreira.

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TERMO DE APROVAÇÃO

ROSANE POLETTO BENVEGNÚ

ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Química, do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela seguinte avaliadora:

Profª. Ms. Maira Ferreira Unilasalle

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Ao Vanderlei, Felipe, Bruna e Julia que estiveram sempre ao meu lado, incentivando-me e dando-me força nos momentos mais difíceis de minha vida acadêmica.

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A minha orientadora a professora Maira Ferreira que ao longo do trabalho sempre dedicou-me carinho e atenção, não limitando-se a atender-me.

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RESUMO

O presente trabalho consiste na realização de uma pesquisa com professores, de diferentes áreas de conhecimentos, e com alunos da 3ª série do ensino médio, pertencentes a uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre. Na pesquisa, buscou-se ver o que os professores pensam sobre o papel da escola no tratamento do tema saúde, especialmente, no que se refere à prevenção ao uso de drogas, bem como, ver quais seriam os conhecimentos de interesse dos estudantes sobre o assunto “drogas” e, também, qual o seu interesse em abordar esse tema em aulas de Química Orgânica. A partir da pesquisa, houve a elaboração de algumas sugestões metodológicas buscando contextualizar os conteúdos de Química Orgânica ao tema “drogas”, visando chamar a atenção da comunidade escolar sobre a necessidade de trabalhar esse tema na escola.

Palavras-chave: Ensino de Química, Drogas, Química Orgânica, PCNs.

ABSTRACT

This paper consists of a research with teachers, from different disciplines, and pupils attending the 3ª year of a public high school in Porto Alegre - metropolitan area. It’s focused on what professors think about the treatment of the subject “health”, associated to the prevention to the use of drugs, in school education. The proposal is also to verify the students’ interests and necessities concerning to the knowledge about the subject “drugs”, checking the possibilities to approach and set relation between this subject and the Organic Chemistry content. Based on this research, it has been elaborated some methodological suggestions which relate the Organic Chemistry content to the subject “drugs”, trying to warn the school community to the necessity of studying this subject in the school.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...8

2 REFERENCIAL TEÓRICO………...12

2.1 Drogas: um Problema Social ………..………...12

2.2 PCNs e Currículo Escolar...21

2.3 Ensino de Química: um Compromisso com a Cidadania …..…..……….……24

2.4 Química Orgânica no Estudo de Drogas……...26

3 METODOLOGIA DO TRABALHO...42

3.1 Metodologia da Pesquisa na Escola...42

3.2 Metodologia da Proposta de Ensino...43

4 ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA.………....45

4.1 Pesquisa com Professores.………...45

4.2 Pesquisa com Alunos………...47

5 Alternativas Metodológicas Para Trabalhar o Tema Drogas nas 3° Séries do Ensino Médio...55

5.1 Atividade 1: Sugestão de Leitura - Álcool e os Jovens………..………..55

5.2 Atividade 2:Sugestão de Atividade Experimental - Simulando um Bafômetro ………..………..……….. 57

5.3 Atividade 3: Sugestão de Leitura - Em forma de Vapor………...59

5.4 Atividade 4: Sugestão de Leitura – Uma Epidemia Chamada Cigarro...60

5.5 Atividade 5: Sugestão de Leitura – Drogas o que Fazer a Respeito……….61

5.6 Atividade 6: LSD e Ecstasy: Perigosas Drogas ………...62

5.7 Atividade 7: Sugestão de Leitura – Absorção, Distribuição e Excreção das Drogas………..………..………...63

5.8 Atividade 8: Sugestão de Trabalho de Pesquisa…………..………..65

5.9 Atividade 9: Sugestão de Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa Sobre Drogas ………..………..…..65

5.10 Atividade10: Sugestão de Vídeos ……….65

6 CONSIDERAÇÃOES FINAIS………..………66

REFERÊNCIAS ….………..68

Anexo A - Letra Música……….…...71

Anexa B - Texto Sobre Drogas……….………..72

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Anexo D - Pesquisa: Questionário Referente ao Texto………...76 Anexo E - Pesquisa: Questionário Professores………..77 Anexo F - Sugestão de Leitura – Drogas o que Fazer a Respeito ..………....78

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1 INTRODUÇÂO

O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na historia da humanidade e mostra que, em todas as épocas e lugares, os humanos deliberadamente usaram (e abusaram) de substâncias capazes de modificar o funcionamento do sistema nervoso, levando à sensações corporais e estados psicológicos alterados.

As cenas que vivenciamos diariamente no país são dramáticas. A produção e a venda de drogas, bem como a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, constituem, sem dúvidas, um dos principais fatores que complicam os entendimentos políticos, econômicos e sociais do século XXI no mundo. Estima-se que 20% das transações econômicas realizadas atualmente no mundo, estejam relacionadas com o tráfico de drogas.

O consumo de drogas legais e ilegais é um assunto que gera grandes preocupações sociais. Pais, educadores, autoridades sanitárias, autoridades políticas e sociais identificam isso como um fenômeno social preocupante, sendo de suma importância que seja resolvido.

O uso abusivo de drogas, um grave problema social, representa um problema de saúde, também, grave. Quando se fala sobre “problemas com drogas”, tende-se a dar mais importância às substâncias psicoativas de venda ilegal, esquecendo, por outro lado, que o consumo de tabaco e álcool é muitas vezes a porta de entrada para o consumo de outras substâncias. Sabemos, por exemplo, que o álcool é a droga que mais cria problemas em nossa sociedade e que seu consumo vem crescendo de forma desenfreada entre jovens, principalmente, nas festas de fins de semana.

A família, juntamente com a escola, tem um papel decisivo na prevenção ao consumo de drogas, mediante a promoção da conscientização e do posicionamento crítico dos jovens com relação a este assunto, devendo ser sua preocupação oportunizar o amadurecimento e a socialização dos jovens. Na escola, cabe aos

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professores a árdua tarefa de estimular e orientar o adolescente no seu processo de amadurecimento e, juntamente, com a família atuar na prevenção ao uso de drogas. De uma forma ou de outra, a escola como instituição educacional, já vem trabalhando de forma a potencializar a inquisição de valores, atitudes e condutas saudáveis.

O uso de drogas na idade escolar é uma das maiores preocupações de saúde pública, pois é nessa fase que o adolescente se depara com uma série de conflitos pessoais. Segundo Oliver (2006), nessa fase da vida um turbilhão de pulsões e emoções invadem o adolescente, deixando-o temporariamente sem condições de lidar com seus sentimentos e suas angústias. Diante de toda essa parafernália de emoções, o jovem adolescente, devido a sua sensibilidade, torna-se um alvo fácil para novas experiências, mergulhando assim, de forma ingênua, no perverso mundo das drogas.

A adolescência é uma fase de profundas transformações na vida do ser humano e esse é um período de indagações, conflitos na busca de si mesmo, na construção dos próprios conceitos e na procura da auto-afirmação. O adolescente tem que aprender a caminhar sozinho e encontrar seu papel na sociedade. Não são poucos os obstáculos que o adolescente tem que transpor, sendo neste contexto que surgem as drogas, prometendo alívio, fuga e prazer, desafiando, ao mesmo tempo, os jovens a pensarem como se posicionar diante dessa possibilidade de satisfação imediata?

Sabemos que esse é um problema que causa grandes preocupações em nossa sociedade e que está presente em todas as classes sociais. Portanto, é necessário oportunizar debates e questionamentos que ajudem a encontrar soluções para atenuar ou erradicar esse sério problema. Acredita-se que com ações de prevenção e com acesso ao conhecimento sobre os efeitos das drogas no organismo, poderemos evitar o uso indevido e abusivo de drogas, porém, para que isso ocorra é necessário desenvolver ações conjuntas para sensibilizar e buscar a participação de todos, a fim de atenuar os prejuízos causados ao jovem e à sociedade.

Um dos principais problemas da Educação Escolar é a falta de interesse pelos estudos, demonstrada pelos alunos, e não é diferente com relação ao ensino de Química, no Ensino Médio. A falta de motivação para o estudo da disciplina decorre, muitas vezes, da incapacidade de associação, por parte do aluno, dos

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conteúdos que estão sendo ministrados ao seu cotidiano. Segundo Vygostsky (2003) a interação social é de grande importância para uma aprendizagem efetiva e, portanto, a construção do conhecimento na sala de aula deve ser um processo de negociação entre professores e alunos. No entanto, é necessário que o aluno se sinta atraído e envolvido pelas atividades propostas pelos professores. Atividades essas, que ajudem o estudante a aprender os conceitos e conteúdos de forma prazerosa, de modo a melhorar a sua aprendizagem e auto-estima, ao invés das tradicionais metodologias autoritárias e excludentes. Além disso, cabe a escola criar alternativas para trabalhar os conhecimentos escolares de modo a desenvolver ações que visem possibilitar aos alunos a compreensão de mecanismos para o desenvolvimento de uma vida saudável.

Este trabalho tem como objetivo contextualizar as aulas de Química Orgânica a partir do tema “drogas”, já que esse é um assunto freqüentemente tratado na mídia e que pode fazer parte das experiências dos estudantes. Além disso, essa é uma forma de associar a disciplina Química a outras áreas de conhecimento buscando um ensino multidisciplinar. De acordo com os PCNs.

O aprendizado de química no ensino médio deve possibilitar ao aluno a com preensão tanto dos processos químicos em si,quanto da construção de um conhecimento científico em estreitas relações com as aplicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Dessa forma, os estudantes podem julgar com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente, enquanto individuo e cidadãos. (BRASIL, 1999, p.240)

Assim, ao utilizar conhecimentos do dia-a-dia dos alunos para, a partir deles, ensinar conteúdos de Química, visa-se o desenvolvimento de uma visão mais critica do mundo que os cerca, de modo a perceberem a relação que existe entre seu cotidiano e a Química. Desse modo, a escola estaria trabalhando de acordo com as orientações do PCNs.

No caso do tema drogas, uma forma de despertar o interesse dos alunos e educadores, na busca de ações coletivas e preventivas contra o uso de drogas, seria oportunizar, nas aulas de Química, debates e reflexões em torno dos fatores sociais e familiares que envolvem o uso indiscriminado, violento e crescente de drogas, motivando os alunos para o desenvolvimento de uma vida saudável e digna.

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O presente trabalho consiste em uma pesquisa com professores e alunos de uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre, visando investigar qual a importância que os professores estão dando aos temas transversais, em especial ao tema saúde, em relação à prevenção ao uso de drogas, na educação escolar. Também procura identificar os interesses e conhecimentos dos alunos da 3ª série do Ensino Médio sobre o assunto drogas, buscando ver possibilidades de contextualização dos conteúdos de Química Orgânica ao tema drogas, indicando uma proposição de alternativas e sugestões metodológicas para uma abordagem do tema drogas em aulas de Química, no ensino médio.

O trabalho está organizado em seis capítulos, sendo que o primeiro capítulo consiste em apresentar o trabalho; no segundo capítulo, apresento a fundamentação teórica do trabalho; no terceiro capítulo é apresentada a metodologia do trabalho, em relação à pesquisa na escola e à proposta de ensino; no quarto capítulo, trago a análise de resultados da pesquisa; no quinto capítulo, apresento algumas sugestões metodológicas para os professores utilizarem em aulas de Química; finalizando, apresento algumas considerações finais e as referências bibliográficas.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Drogas: um Problema Social

Segundo Oliver (2001), as drogas são substâncias naturais ou sintéticas que ao penetrarem no organismo humano sob qualquer forma – ingeridas, injetadas, inaladas ou absorvidas pela pele – entram diretamente na corrente sanguínea, atingindo o cérebro e alterando o seu equilíbrio fazendo com que a pessoa sinta tudo “diferente”.

Na verdade, algumas bebidas bastante comuns em nosso dia-a-dia como chá, café e bebidas de sabor cola contêm estimulantes leves que podem ter efeitos sobre o nosso corpo e, de acordo com a definição apresentada, poderiam ser consideradas como drogas. Isso significaria que se uma pessoa consumisse regularmente grande quantidade dessas bebidas, poderia se tornar dependente delas, mas não é isso que ocorre. Normalmente, considera-se a dependência de drogas como algo muito grave, que pode levar a danos físicos como alterações no comportamento e nos padrões normais da vida.

Quanto à origem, as drogas podem ser classificadas em naturais, semi-sintéticas e semi-sintéticas. As drogas naturais são aquelas extraídas de uma fonte exclusivamente natural, em geral as plantas, alguns exemplos são a cocaína, a morfina, a mescalina e a psilocibina. As drogas semi-sintéticas são drogas obtidas em laboratório a partir de uma matriz natural, a droga semi-sintética mais conhecida é a heroína, obtida a partir da molécula de morfina. As drogas sintéticas são totalmente obtidas em laboratórios sem a necessidade de precursores naturais, as principais drogas sintéticas psicoativas são os barbitúricos e as anfetaminas.

Quanto à legislação, as drogas podem ser lícitas ou ilícitas. As lícitas possuem permissão do Estado para serem comercializadas e consumidas, as ilícitas

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não podem ser consumidas e muito menos comercializadas, pelo menos com a anuência do Estado.

No que diz respeito aos efeitos, as drogas são classificadas como depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central.

As drogas depressoras diminuem a atividade do cérebro, fazendo o sistema nervoso central funcionar de maneira mais lenta, deixando a pessoa “desligada” e “devagar”. Entre as drogas depressoras podemos citar os calmantes, os remédios para dormir, os inalantes e o álcool, que é a droga mais popular entre as depressoras, sendo bastante consumida em todo o mundo.

As drogas estimulantes aumentam a atividade do cérebro, fazendo o sistema nervoso central funcionar mais rapidamente e deixando a pessoa mais “ligada” e “elétrica”. Esse tipo de droga pode ser ingerida (bolinhas) ou inalada, são drogas utilizadas para manter o corpo e a mente em atividade por mais tempo (para combater o cansaço) e, também, em tratamentos para emagrecer. São exemplos à cocaína e seus derivados, como o crack e a merla, e as anfetaminas

As drogas perturbadoras, também chamadas de alucinógenos, mudam qualitativamente a atividade do sistema nervoso central e produzem no usuário alterações de percepção, delírios, ilusões ou alucinações. Esse tipo de droga produz alterações perceptíveis no pensamento e “viagens”, sensações de efeito calmante e relaxante, característico das drogas depressoras. Alguns exemplos são a maconha e o haxixe e algumas são produzidas em laboratórios, como LSD (acido lisérgico) e o ecstasy.

De acordo com Brito (1988, p.43), a dependência de drogas resulta da interação de um organismo vivo e uma droga, caracterizando um comportamento de compulsão para experimentar seu efeito psíquico e, às vezes, evitar o desconforto provocado por sua ausência.

A diminuição do efeito de uma droga após administrações repetidas é chamada de tolerância. Quanto maior a tolerância, maior a necessidade que o organismo tem, em ocasiões sucessivas, de utilizar uma maior quantidade da droga, para que se mantenha o nível inicial do seu efeito (BILBY,1988, p.3). Pode-se perceber o efeito da tolerância quando um indivíduo continua aumentando a dose para poder obter o mesmo efeito, sendo que essa tolerância pode ocorrer com, ou sem, a dependência da droga.

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Segundo Antón (2000, p.22), dependência é uma sensação da satisfação, é um impulso psíquico provocado pelo uso de drogas que faz com que o indivíduo use-a continuamente para manter-se satisfeito e evitar o mal estar. Quando privados da droga, os dependentes sofrem modificações comportamentais e uma vontade irreprimível de usar a droga. A dependência do uso de drogas pode ser reconhecida em sintomas como: nervosismo, ansiedade e depressão. Alguns exemplos de drogas bastante conhecidas que causam dependência psíquica, são as anfetaminas e a nicotina do cigarro.

A dependência física ao uso de drogas é reconhecida como o estado de adaptação que se manifesta pelo surgimento de profundas modificações físicas, quando se interrompe o uso das drogas. São alterações do organismo associadas à síndrome de abstinência e se manifestam por sinais e sintomas de natureza física e psíquica tais como: ansiedade, vômitos, diarréia, convulsões, tremores violentos, e alterações na coloração da pele, podendo levar a pessoa até a morte. Essas alterações variam de acordo com a substância utilizada. São exemplos de drogas que levam a dependência física: o álcool, os narcóticos, a morfina e os barbitúricos.

a) Drogas é um problema da família ou da escola?

Vivemos em sociedades grupais, são grupos de estudos, de amizades, de trabalho, etc, que exercem influências marcantes na vida dos sujeitos, pois somos seres subjetivos e a subjetividade aproxima as pessoas por suas semelhanças e as afasta por suas diferenças.

Segundo Santos (1997), uma das características da adolescência é a tendência grupal, que gera influencias marcantes no adolescente, emprestando-lhe uma identidade que, muitas vezes, substitui a identidade do ambiente familiar e que pode favorecer sua saída de casa. É no grupo que o jovem vive as primeiras experiências sexuais, resguarda costumes e modismos, desenvolve a comunicação e a prática de novas funções sociais e de auto-avaliação, tornando a formação social dos grupos uma pratica saudável na adolescência. Em contrapartida, muitas vezes, o adolescente é vulnerável à tendência grupal, servindo de objeto para exercícios de ações que causam danos pessoais e sociais, tais como violência, uso e até o trafico de drogas.

Segundo Santos (1997, p. 107), a adolescência é um período de crise e de conflitos internos e externos que merecem a preocupação da família e da sociedade,

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pois o jovem adolescente apresenta intensa necessidade de afeto, atenção, compreensão, apoio e amor sendo, por isso, importante que os pais estejam atentos a essas necessidades. No entanto, segundo esse autor os relacionamentos familiares estão cada vez mais precários em função das dificuldades do mundo atual: a falta de dinheiro, pais que trabalham o dia todo deixando os filhos sozinhos, a falta de diálogo, tudo isso pode deixar o adolescente com carência afetiva, fazendo com que o mesmo procure em outro lugar o que não encontrou em casa.

Quanto aos pais, é importante educarem-se a si próprios, pois devem aprender a reconhecer o uso abusivo de drogas em casa, na escola, no bairro, na comunidade, na cidade, no Estado e no País. Todos devemos saber a extensão e a natureza do problema, quem está envolvido e o que está fazendo, para que saibamos quais os efeitos e as conseqüências do uso abusivo das drogas.

As drogas, quando usadas pelo adolescente, alteram o seu comportamento. A transformação ocorre de forma lenta e gradual, começando pelas amizades, evoluindo para os estágios degenerativos, sociais, psicológicos, afetivos e circunstanciais, chegando até a conduta anti-social. O uso das drogas pode levar o adolescente à queda do rendimento escolar, e essa queda representa a apatia que as drogas repercutem nos sujeitos, inclusive nos estudos. Nesse caso, o estudante tende a manifestar desinteresse e sofre reprovações podendo culminar com o abandono escolar. É importante que os pais prestem atenção no melhor amigo do filho, pois, se o mesmo usa drogas, é bem provável que seu filho também utilize (Santos, 1997).

Diante do problema, cria-se uma polêmica familiar diante da perspectiva de “denunciar” o próprio filho, criando-se uma situação de medo e impotência diante do problema. Como auxilio, existem as instituições que orientam os familiares quanto à correta tomada de decisões com relação aos jovens, pois o objetivo é salvar e não punir.

Santos (1997, p.141), comenta que a forma de enfrentar o consumo de drogas na escola é um assunto polêmico. Sendo a escola, depois da família, a instituição de maior significado para a formação dos sujeitos, é contraditório pensar que as drogas, expressão oposta às aspirações educacionais, na maioria das vezes, surjam na escola. Por outro lado, fatores como, por exemplo, a falta de perspectivas profissionais dos estudantes, os diferentes interesses dos governantes, o desconhecimento da comunidade sobre o assunto, os tabus, etc, propiciam

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intranqüilidade no corpo docente que não sabe lidar com esse assunto e acaba descaracterizando a escola como espaço para a prevenção e educação quanto ao uso abusivo de drogas.

A prevenção ao uso de drogas deve ser feita, inicialmente, nas famílias, mas ter a parceria da escola. Os pais, muitas vezes, por falta de tempo, não percebem que estão passando a tarefa de educação apenas à escola e aos professores e que, estes, por sua vez, estão despreparados tecnicamente e desmotivados pela série de dificuldades que enfrentam, não conseguem fazer mais do que seguir a listagem de conteúdos curriculares tradicionais.

Para Santos (1997), a escola, como segunda instituição mais importante da vida, representa um marco na formação das primeiras amizades e dos primeiros grupos de parceria. Além de tornar para si a responsabilidade maior de desenvolver o processo de ensino aprendizagem, esta, também, é responsável pela conduta social e efetiva dos alunos, dividindo com a família a preocupação com a formação cognitiva do adolescente.

Segundo Santos (1997), o uso de drogas na adolescência se dá de forma progressiva passando por três estágios. No primeiro estagio, há o contato com a droga leve, geralmente a maconha, pois muitos jovens cultivam o hábito de fumar tabaco. Em uma segunda fase, podem entrar os inalantes, e na terceira fase, as drogas podem ser aplicadas por via endovenosa, com maior comprometimento da saúde, pois a droga passa a funcionar como a primeira necessidade do indivíduo. As veias preferidas para aplicação são a dos braços, por isso é normal os jovens usarem camisas de manga longa no verão. Um outro indicativo é que as drogas provocam alterações nos olhos, a heroína, por exemplo, contrai a pupila, já a cocaína dilata a pupila, a maconha deixa os olhos avermelhados e a pupila reage pouco a luz, por isso, muitos usam óculos de sol para ocultar estas alterações.

b) Mas como fazer esse trabalho preventivo na escola?

Até bem pouco tempo atrás, a escola afastava os alunos que utilizavam drogas, o que não surtiu efeito, porque não resolvia o problema. Atualmente, algumas escolas já desenvolvem ações no sentido de informar os riscos do uso de drogas como modo de incentivar os cuidados com a vida, inclusive, inserindo no currículo, matérias específicas para tratar esse assunto com os conhecimentos científicos a ele associados.

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O que tem sido discutido nas escolas, basicamente se refere ao uso e efeitos da maconha e da cocaína, porém, algumas pesquisas mostram que combater a maconha é pouco, pois o álcool, o tabaco, os solventes e os calmantes são muito mais usados pelos estudantes de ensino fundamental e médio. Isso mostra que é necessário abordar esse assunto de acordo com a realidade de cada escola e não em função das drogas serem classificadas como lícitas ou ilícitas.

Embora a escola não seja a única responsável no combate ao consumo de drogas pelos estudantes, ela pode estabelecer critérios que ajude a comunidade escolar a identificar fatores que estejam contribuindo para o consumo, devendo compartilhar sua responsabilidade com a família, com os profissionais da área da saúde, com os líderes religiosos e com as empresas locais.

Lopes (1997, p.38) refere que a prevenção ao uso de drogas na escola era um tabu, sendo utilizado como justificativa para não tratar esse assunto, o fato de não haver tempo para trabalhar essa questão, e que a responsabilidade legal pelo adolescente é da família, logo esse seria um tema para ser discutido na família. Hoje em dia, porém, esse conceito mudou, pois, devido a complexidade e aumento significativo de pessoas que tornam-se viciadas pelo uso abusivo de entorpecentes, a escola e família tendem a somar esforços a fim de minimizar o problema.

Vizzolto (1997, p.72), afirma que as instituições, inclusive a escola, têm preconceitos com relação aos problemas que envolvem o uso de drogas, bem como os que dela fazem uso. Existem grandes pressões por parte das escolas, professores e especialistas, quanto a este ser um problema de família e que ações preventivas desenvolvidas na escola despertariam a curiosidade nos alunos pelas drogas. Por isso, os pais precisam conhecer formas de abordar o assunto, talvez de modo semelhante ao que a escola faz, mas sempre com auxilio profissional, porque quando a escola e a família conseguem desenvolver, juntas, ações preventivas, são maiores as chances de enfrentar o problema.

Nesse sentido, algumas iniciativas têm sido tomadas e um dos seus efeitos é desfazer alguns mitos. Um deles diz respeito à eficácia de trabalhos de prevenção junto aos pré-adolescentes, que alguns profissionais acreditavam ser perigoso, sob a alegação que a discussão poderia causar curiosidade, levando o aluno a querer experimentar as drogas.

Lopes (1997, p.83) destaca algumas questões que devem ser tratadas para efetivar a prevenção do uso de drogas na escola:

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• Procurar a orientação profissional de psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e outros terapeutas na área de dependência química. Algumas entidades como a Cruz Vermelha Brasileira, ou fundações que podem ajudar a implantar um bom programa de prevenção nas escolas;

• Conhecer programas já implantados, os quais devem orientar seus alunos em relação aos malefícios causados pelas drogas, embasados cientificamente;

• Incentivar a informação, inserindo o tema em programas como Feiras de Ciências nas escolas;

• Procurar parcerias com os pais, através de reuniões. Geralmente os pais se fazem presentes na entregas de boletins, portanto essa é uma boa oportunidade para bordar o tema, expondo o que a escola está fazendo;

• Dar tratamento adequado a cada caso. Se detectar alunos com problemas na sua escola, um profissional deve procurar o melhor encaminhamento para o indivíduo;

• Valorizar os esportes, a auto-estima e a vida, tentando afastar os jovens das drogas. Utilizar a linguagem deles, pois, quanto mais próxima estiver a campanha da realidade deles, maior será o impacto e a absorção de informações.

O papel da escola na formação dos jovens exige que assuma e incorpore, em sua rotina diária, programas que visem à prevenção ao uso de drogas, e caso o problema aumente, a escola não deve só prevenir, mas, também, intervir, mantendo regras e normas que devem ser seguidas pelos estudantes que tenham problemas em função do uso de drogas.

Os conhecimentos e informações tratados na escola devem ser usados para educar a sociedade, assim os programas de prevenção devem ensinar aos jovens, práticas e iniciativas que valorizem a vida e a saúde. Chama-se a atenção, no entanto, que apenas as informações não bastam para prevenir o consumo de drogas, tanto a família como a escola deve evitar o acesso fácil ao uso de álcool e drogas e, se necessário, buscar auxilio de profissionais para que acompanhem fases difíceis no desenvolvimento dos adolescentes, que incluem as transformações

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físicas e psíquicas, os questionamentos, as dúvidas e incertezas, os medos e receios, entre outros.

É importante conhecer os problemas que o consumo de drogas causa, abrindo uma discussão sobre o assunto, obtendo informações sobre problemas atuais e seus efeitos no processo educacional. A família deve ajudar e dar seu consentimento para que a escola tome medidas necessárias, tais como encaminhamentos para psicólogos, psiquiatras, aconselhamentos e palestras, entre muitos outros. É preciso ficar claro que a prevenção ao uso de drogas é de interesse de toda comunidade escolar que, ao apoiar a manutenção de programas de prevenção, cria novas bases de apoio para os adolescentes e suas famílias.

Talvez caiba nos perguntarmos: O que se quer prevenir? Para quem? Quem está pedindo? Uma vez que uma prevenção ampla não é passível de realização, a abordagem técnica seja na área de saúde ou da educação, sempre irá se limitar a isto.

Segundo Vizzolto (1987, p.85), há muitos anos não existia prevenção ao uso de drogas, as ações, quanto a essa questão, eram todas de repercussão jurídica. Mas com o passar do tempo, como forma de intervir e evitar o uso de drogas, as escolas passaram a informar sua clientela sobre o perigo quanto ao uso de drogas, cuidando, no entanto, a forma como o faz, isto é, deve avaliar sobre quais informações devem ser divulgadas e, também, como serão tratadas, por quais profissionais, etc.

Normalmente a escola opta em promover a prevenção ao uso de drogas através de palestras informativas aos pais e alunos, tentando analisar as possíveis causas do problema. Para isso, muitas vezes, desenvolve programas visando de sensibilizar e informar as pessoas quanto aos prejuízos do abuso e do uso indevido drogas para si e para a sociedade.

Segundo Vizzolto

A escola poderá reverter o processo de alienação do jovem desenvolvendo a consciência critica, promovendo uma educação pelo diálogo que leve o homem à procura da verdade em comum, ouvindo, questionando, libertando-se e investigando. Com isso possibilitará ao aluno uma discussão corajosa sobre sua problemática do mundo (1987, p.63).

Vizzolto (1987, p.92) refere que se a escola constatar que o aluno está usando drogas é importante:

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• Não tirar conclusões apressadas, não se deixando levar pelo preconceito;

• Evitar “fofocas” e a busca de informações indiscriminadas (ter uma postura ética);

• Conversar com o aluno com respeito, amor e compreensão;

• No caso de dependência, tentar ajudá-lo junto a órgãos especializados. Atitudes que a escola deve evitar com o aluno usuário de drogas, segundo Vizzolto (1987, p.95):

• Transferências; • Expulsão; • Ameaças;

• Marginalizar o aluno;

• Tecer comentários sobre sua vida e sua família, que não sejam com o intuito de ajudá-lo;

• Denunciá-lo aos colegas; e

• Querer saber de quem o aluno recebe drogas.

A escola deve ouvir o aluno com naturalidade, tendo uma postura ética, esse assunto não precisa “vazar” para toda a escola ou se tornar tema de conversa nos corredores, fazendo com que o aluno perca a confiança que depositou na escola e/ou no profissional com quem compartilhou esta questão.

Apesar da discordância de alguns autores, pois uns acham que o tema drogas é um problema familiar, outros insistem em afirmar que o problema das drogas é um problema social que deve ser resolvido através de campanhas de conscientização e de palestras preventivas, dificilmente conseguirão não enxergar esse problema com questão educacional. Nesse sentido, é importante que a instituição de ensino tenha condições de ajudar o estudante, informando-o sobre os efeitos das drogas e questionando-o a respeito de como se sente em relação aos amigos e a escola procurando na família e nas instituições especializadas auxilio para lidar com esse grande problema social.

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2.2 PCNs e Currículo Escolar

A proposta de organizar o currículo do ensino médio por áreas de conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade e as suas abordagens complementares, foi considerada um “avanço do pensamento educacional” segundo as Orientações Curriculares do Ensino Médio (OCEM), no entanto, percebe-se que sete anos após a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), a prática curricular continua sendo disciplinar e com uma visão linear e dividida no que diz respeito ao conhecimento das disciplinas.

Para haver essa mudança é necessário que escolas organizem seus currículos, escolham temas atuais que considerem necessários para a formação dos estudantes e articulem esses temas aos conteúdos, adotando metodologias diversificadas e coerentes com a proposta curricular, enfim, pensem em estratégias para estimular a aprendizagem dos alunos.

No entanto, o que vemos são professores, de diferentes áreas, realizando suas atividades sem se preocuparem com as possíveis relações entre os diversos conteúdos abordados no ensino de ciências. Essa inter-relação que não está sendo oportunizada ao estudante, faz com que ele deixe de relacionar e entender o conteúdo como parte do todo, estudando apenas conceitos isolados.

Nesse sentido, é fundamental que as escolas possibilitem o diálogo entre professores de diferentes áreas para a organização curricular, de modo a trabalharem na busca de propostas pedagógicas interdisciplinares. É preciso havera instituição de espaços interativos de planejamento e acompanhamento pedagógico, como sugere os PCNEM e PCN+.

A organização do trabalho escolar não só leva em conta como expressa as especificidades do próprio projeto pedagógico, da dinâmica de gestão e de funcionamento da escola e da comunidade, configurando-se com características sempre diferenciadas. Por outro lado, conforme a orientação teórica e metodológica que os professores assumam, conscientemente ou não, a organização dos conteúdos do ensino escolar poderá partir de diferentes eixos estruturadores das praticas. Nesse cenário, não existe uma forma homogênea de organização do conteúdo da química no currículo escolar (BRASIL, 2006, p.125).

No caso da disciplina de Química, caberia ao professor organizar os conteúdos que serão trabalhados no ano letivo e as estratégias que irá utilizar para

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realizar seu ensino. Além disso, o professor deve estar engajado na promoção de propostas de ensino vinculadas a realidade da comunidade escolar onde atua. Na verdade, o que se espera do professor, segundo as OCEM, é que procure novas abordagens para os tratamentos conceituais, não repetindo as tradicionais divisões da química em química geral, físico-química e química orgânica. Talvez uma alternativa seja reunir os conhecimentos da área de química em diferentes temas que possam ser trabalhados “transversalmente” também em outras disciplinas.

Nesse sentido, os temas transversais são inseridos nos PCNs com a preocupação de possibilitar e estabelecer inter-relações entre diferentes objetos do conhecimento, de forma a propiciar estratégias para abrir espaços à inclusão de saberes extra-escolares no currículo escolar, dando sentido social a procedimentos e conceitos das áreas convencionais, de maneira que os alunos superem o aprender apenas pela necessidade escolar de passar de ano. Os temas transversais também estão associados ao propósito de educar para a cidadania, o que “requer que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos, buscando um tratamento didático que complete sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes mesma importância das áreas convencionais” (BRASIL,1998, p.25).

De acordo com os PCNs, os temas transversais ética, meio ambiente, pluralidade de culturas, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo, devem ser incluídos nos currículos escolares, de forma que o professor possa priorizar e contextualizar os conteúdos de acordo com as diferentes realidades locais e regionais de cada escola, sendo compreendidos num trabalho sistemático e continuo no decorrer de toda a vida escolar.

Na escola, o tema saúde já vem sendo abordado nas escolas e fazendo parte do currículo, mesmo não havendo uma disciplina específica. A lei° 5692/71 (BRASIL, 1998, p.258) inseriu formalmente no currículo escolar a temática saúde, com o objetivo de desenvolver na criança e no adolescente, hábitos saudáveis quanto à higiene pessoal, alimentação e prática desportiva, procurando preservar a saúde pessoal e coletiva.

Em 1977, o conselho Federal de Educação reafirmou a posição de que os programas de saúde não devem ser encarados como uma matéria ou disciplina, “mas como uma preocupação geral do processo formativo, intrínseca a própria finalidade da escola” (BRASIL,1998, p.258).

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Atualmente, os documentos oficiais orientam para que o tema saúde seja tratado como um tema transversal e considera que os trabalhos e a aprendizagem sobre a saúde possam ser desenvolvidos a partir da realidade e das necessidades da comunidade escolar. Dependendo da proposta do professor, os conteúdos e atividades que envolvem o tema saúde podem estimular o aluno a conhecer e até a participar de algumas ações de saúde em seu município, como o acompanhamento de programas ou serviços sociais que contribuam para formar cidadãos capazes de atuar em favor da melhoria dos níveis de saúde pessoal e comunitária.

De acordo com os PCNs, é de fundamental importância que, ao trabalhar o tema saúde, não sejam priorizadas somente as informações e as proteções específicas biológicas das doenças, mas que se construa com o aluno a convicção de que a instalação de doenças depende das condições e cuidados que temos com a vida. Somente através de ações desenvolvidas juntamente com a família, é que a escola poderá ser capaz de orientar para os cuidados com a saúde. Nesse sentido, sabemos que a informação ocupa um lugar muito importante na aprendizagem e que a promoção da saúde só será realizada, se a escola, como um todo, se mobilizar na busca de ações para uma vida saudável.

Além disso, é necessário que a escola oportunize ao aluno a aquisição de valores, hábitos e atitudes para que os mesmos, juntamente com sua família, criem processos que possam estruturar e fortalecer hábitos saudáveis, tornando-os sujeitos capazes de influenciar mudanças que busquem a saúde pessoal e a qualidade de vida.

Mesmo que saibamos que a responsabilidade de educar para a saúde não é somente da escola, mas, em especial dos próprios serviços de saúde, podemos considerar e ver a escola como instituição que, também, pode se transformar num espaço genuíno de promoção de saúde.

Com o objetivo e a preocupação de promover a informação, visando à conscientização dos alunos para o direito à saúde, aborda-se na escola o tema drogas, mas, na maioria das vezes, esse é tratado como assunto à parte, e é preciso que seja tratado como tema transversal de fundamental importância para a saúde do jovem adolescente. De acordo com PCNs, a escola deve tratar a dimensão do problema social referente às drogas, de forma especial, visto que as dificuldades em lidar com esse assunto geram certo receio, pois, por ser um tema delicado, pode ser interpretado de maneira errônea e o efeito será contrário ao pretendido.

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Na adolescência, o uso de drogas lícitas é muito significativo e vem aumentando cada vez mais, como podemos acompanhar diariamente nos meios de comunicação. Algumas dessas drogas podem ser facilmente adquiridas e comercializadas em mercados, farmácias, praças, pátios de escolas, em festas, etc. Dentre as drogas lícitas, o tabaco, o álcool, os inalantes e os tranqüilizantes, são as que mais livremente transitam nos meios sociais e até mesmo na vida cotidiana dos adolescentes, portanto, seu consumo é bastante elevado entre os jovens, que, pela falta de conhecimento aliada a facilidade de aquisição, podem provocar danos à saúde dos usuários.

Diante disso, não há como escola não se envolver nessa problemática. A escola é um local onde esse assunto deve ser tratado, já que é lá que os adolescentes estão. A escola pode desenvolver ações pedagógicas que sejam capazes de possibilitar e criar condições necessárias para o desenvolvimento de atitudes que protejam os estudantes contra os agravos à saúde decorrente do uso abusivo de drogas.

2.3 Ensino de Química: um Compromisso com a Cidadania

Segundo Santos (1998, pág.11), o ensino de Química deve ter um compromisso com a formação da cidadania e deve estar centrado na inter-relação da informação de conceitos químico, com o contexto social. Considera que a participação dos indivíduos na sociedade vai além da compreensão dos conceitos de Química, no entanto, vê a Química como facilitadora para um melhor entendimento da sociedade na qual os sujeitos estão inseridos.

A educação deve procurar desenvolver ações relacionadas a assuntos comunitários como, por exemplo, incentivar os jovens a assumirem posturas de comprometimento com a busca coletiva da saúde, visando diminuir os problemas existentes nessa área. Porém, para que o cidadão efetive sua participação na sociedade, é necessário que ele disponha de informações que estejam diretamente vinculadas aos problemas sociais que lhe afetam e que disponha de conhecimentos que possam auxiliar para o encaminhamento das soluções de seus problemas.

Para fazer com que o jovem interaja com a sociedade visando o bem estar de todos, o educador, comprometido com a formação do adolescente, deve realizar

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ações que favoreçam o desenvolvimento de sua capacidade crítica, e de tomada de decisões e posicionamentos, voltada ao bem estar da comunidade.

Os Temas Transversais, incluídos nos PCNs, são apresentados como estratégia para a formação de alunos mais críticos, que possam desenvolver a capacidade de posicionar-se diante das questões que interferem na vida coletiva, e que teriam como objetivo abrir espaços para os saberes extracurriculares, superando a concepção do aprender apenas para passar de ano. O trabalho pedagógico com esses temas tem o propósito de educar para a cidadania, o que requer a integração de diferentes temas nas áreas convencionais, possibilitando a relação com as questões da atualidade.

Entre os temas transversais, apresentados pelos PCNs, o tema saúde é de fundamental importância para a escola, a família e a sociedade. Provido de saúde física, mental e emocional, o adolescente tem maiores condições de fazer escolhas que lhe permita ter inserção nos diferentes grupos sociais.

Ao trabalhar com o tema transversal saúde na educação escolar, o papel do professor não é ditar regras comportamentais ou dar modelos a serem seguidos. Seu papel é motivar os estudantes e associar aos conteúdos questões sobre saúde, problematizando e facilitando as discussões sobre o tema, de modo a criar estratégias para melhor desenvolver esse assunto na escola, pois, sabe-se que na adolescência, os jovens, equivocadamente, podem dar mais importância as referências grupais do que a formulação de conceitos, atitudes e comportamento que os leve para uma vida mais harmônica e saudável.

Percebe-se que nas ultimas décadas, além dos temas tradicionais trabalhados sobre saúde como, por exemplo, sexo, doenças sexualmente transmissíveis, entre outras, a escola vem sendo obrigada, pelas circunstâncias e apelo da sociedade, a abordar problemas importantes e urgentes como, por exemplo, a violência social, o meio ambiente e o uso de drogas.

No caso da abordagem sobre uso de drogas, a alternativa parecer ser o desenvolvimento de um trabalho que focalize questões que busquem a valorização da vida. A partir dessa constatação, é necessário adotar metodologias que ajudem o aluno a identificar problemas, levantar hipóteses, reunir dados, refletir sobre os acontecimentos e desenvolver soluções com a preocupação de promover o bem estar e a saúde pessoal e coletiva do grupo, e isso pode ser feito a partir conhecimentos e informações adquiridas no meio escolar.

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2.4 Química Orgânica no Estudo de Drogas

De acordo com as orientações dos PCNs, a inserção do tema transversal saúde na educação escolar escola indica seu compromisso com a promoção da saúde dos alunos e, de certa forma, da comunidade escolar. Talvez uma forma de fazer isso seja relacionar os conteúdos curriculares com o cotidiano dos alunos. Nesse sentido, é bastante pertinente abordar e relacionar o tema saúde com a prevenção ao uso de drogas, sendo possível articular esse assunto com os conteúdos de Química Orgânica, uma vez que a composição Química das drogas são de origem orgânica. As substâncias componentes das drogas afetam o sistema nervoso central, sendo possível explicar seus efeitos no organismo, através de suas estruturas e grupos funcionais de origem orgânica.

A Química Orgânica é definida como o ramo da Química que estuda os compostos constituídos por átomos de carbono, sendo que a quantidade de compostos orgânicos ultrapassa em muito a quantidade total de compostos formados pelos demais elementos. O átomo de carbono possui número atômico 6 e sua configuração eletrônica é 1s² 2s² 2p2, com 4 elétrons no nível mais externo, o que possibilita ao carbono fazer quatro ligações covalentes. Além de ligações simples, pode haver ligações duplas e triplas, entre átomos de carbono e, também, entre carbonos e elementos diferentes, podendo formar compostos binários (C e H), ternários (por exemplo, C, H e O) ou quaternários (por exemplo, C, H, N e O).

Os átomos de carbono ligam-se entre si ou com outros elementos, formando estruturas denominadas cadeias carbônicas, essas constituem o “esqueleto” dos compostos orgânicos. Quando há outro elemento entre átomos de carbono, este é denominado heteroátomo como podem ser, por exemplo, os elementos O, S, N e P. Os átomos de carbono são classificados de acordo com a localização em que se encontram na cadeia carbônica, podendo ser classificados como carbonos primários, secundários, terciários ou quaternários, caso estejam ligados a um, dois, três ou quatro átomos de carbono, respectivamente.

As cadeias carbônicas podem ser classificadas de acordo com o quadro que segue.

Quadro 1 – Classificação das Cadeias Carbônicas

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Aberta, acíclica ou alifática

Apresenta carbonos livres nas extremidades

Fechada ou cíclica

Aromática

Alicíclica (não aromática)

Os carbonos ligam-se uns aos outros formando um ciclo

Possui anel benzênico

Não possui anel benzênico

Normal (aberta) Contém apenas carbonos primários e secundários

Ramificada (aberta) Possui pelo menos um carbono terciário

Saturada (aberta ou fechada)

Apresenta somente ligação simples entre átomos de carbono Insaturada ou

não-saturada (aberta ou fechada)

Há pelo menos uma ligação dupla ou tripla entre átomos de carbono Heterogênea (aberta ou fechada) Apresenta heteroátomo (S, O, N ou P entre átomos de carbono) Homogênea (aberta ou

fechada) não apresenta heteroátomo

Mista Cadeia aberta e fechada

A Química Orgânica estuda os compostos do carbono, sendo que esses podem ser classificados como compostos orgânicos naturais e compostos orgânicos

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artificiais. Os compostos orgânicos naturais são encontrados na natureza, provenientes do petróleo ou de vegetais. Já os compostos orgânicos artificiais são produzidos em laboratórios como ocorre com os plásticos, os medicamentos, os corantes, os tecidos sintéticos, etc.

Apesar da existência de milhões de compostos orgânicos diferentes, podemos agrupá-los quanto à semelhança de suas propriedades químicas. O conjunto de compostos que apresentam comportamento químico semelhantes pertencem a uma mesma função química. Nas funções orgânicas, as substâncias podem ser reconhecidas pela presença de um átomo ou grupo de átomos específicos, denominados grupos funcionais (parte da molécula onde ocorre a maioria das reações quimicas), sendo esses grupos determinantes na definição das propriedades químicas dos compostos e, também, de algumas propriedades físicas. Dentre as principais funções químicas estão: hidrocarbonetos, álcoois, fenóis, éteres, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres, amidas, aminas, nitrilas, e haletos orgânicos. No caso deste trabalho, abordaremos apenas algumas funções (hidrocarbonetos, alcoóis e aminas), aquelas que contêm substâncias que fazem parte da composição química das drogas.

Iniciaremos pela função química mais simples, compostas apenas por C e H, por isso, denominados hidrocarbonetos. Entre os hidrocarbonetos podemos citar como exemplos: metano, etano, propano, butano, gases utilizados como combustíveis e, também, os solventes. Ao trabalhar a função química hidrocarbonetos, encontramos alguns compostos alifáticos e aromáticos, facilmente voláteis, que são encontrados em diversos produtos comerciais chamados solventes. Esses produtos, quando inalados, possuem efeitos tóxicos, e quando utilizados por crianças e adolescentes, provocam efeitos como euforia e alucinações.

a) Alcoóis

Os alcoóis se caracterizam por apresentarem o grupo hidroxila (OH-) ligado a um átomo de carbono da cadeia. Os alcoóis são classificados em primários, secundários e terciários, diferenciando-se pelo o tipo de carbono onde se localiza o grupo OH-. Assim, se a hidroxila estiver ligada a um carbono primário, teremos um álcool primário, se estiver ligada a um carbono secundário, teremos um álcool

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secundário e se a hidroxila estiver ligada a um carbono terciário, teremos um álcool terciário, como representado a seguir:

Figura: Fórmula estrutural e modelo espacial do Etanol

Fonte: Wikipedia, 2007

.

O etanol quando misturado com a água na proporção de 95% de álcool e 5% de água, forma uma mistura azeotrópica ou azeótropo. Isto significa que não é possível concentrar o álcool além de 95% através da destilação fracionada. Esta mistura comporta-se como um composto puro, sendo praticamente impossível separar os dois componentes. O etanol a 95% em água tem PE = 78,15o C, inferior aos pontos de ebulição de seus componentes (etanol = 78,3o C e água = 100oC).

O álcool etílico é o mais importante dos alcoóis, sendo conhecido comumente como álcool. Ele é um importante solvente industrial e farmacêutico, muito utilizado como meio reacional em Química e como ingrediente ativo em bebidas. O álcool contido em bebidas alcoólicas, cientificamente conhecido como etanol (CH3CH2OH), é uma substância incolor, inflamável, com odor característico e miscível em água, com ponto de fusão igual a -114,1°C e ponto de ebul ição igual a 78°C, a pressão de 1 atm.

O álcool presente em bebidas alcoólicas (etanol) é o mesmo usado em limpeza doméstica e como combustível automotivo no Brasil. São freqüentes às

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dúvidas, sobre qual seria a diferença entre o álcool de bebidas alcoólicas e o álcool doméstico, mas o fato é que a diferença não está no tipo do álcool (eles são exatamente iguais). O que varia é a concentração do álcool (o teor alcoólico em uma lata de cerveja é 6% e em um litro de álcool doméstico é 96%) e, também, a adição de substâncias que dão cheiro e cor ao álcool doméstico, para que fique inviabilizado seu uso em bebidas.

O método de obtenção de etanol, utilizado no Brasil, é o processo de fermentação que utiliza a cana-de-açúcar para obter açúcar e etanol. A fermentação é um processo bioquímico catalisado por enzimas e ocorre em duas etapas: a primeira envolve a conversão de polissacarídeos (amido, por exemplo) em monossacarídeos (glicose, por exemplo) podendo ter como fonte natural além da cana-de-açúcar, vegetais ricos em açúcar, como a beterraba, frutas, extrato da mandioca, do arroz e do milho e da celulose extraída, principalmente, dos eucaliptos; a segunda envolve a conversão do monossacarídeo em álcool etílico (Allinger, 1976, p.53). A fermentação é um processo de produção de bebidas alcoólicas com baixo teor alcoólico, para se obter bebidas com teor alcoólico maior como, por exemplo, a cachaça, é necessário fazer um processo de destilação.

Então, entre as bebidas fermentadas e as destiladas a diferença está na concentração alcoólica e nos processos de obtenção de cada uma. As bebidas fermentadas foram as primeiras a serem produzidas pelo homem, o processo de obtenção consiste em deixar que o suco proveniente da moagem dos vegetais (frutos, tubérculos, raízes, cereais) ou do mel de abelha permaneça em repouso sofrendo a ação de leveduras, as enzimas dessas leveduras quebram as moléculas de açúcar produzindo álcool e gás carbônico. Entre as bebidas fermentadas podemos citar o vinho, a cerveja e o saquê, sendo que as concentrações de álcool nessas bebidas são baixas, variando de 5 a 15% da composição.

As bebidas destiladas são obtidas através do processo de fermentação do vegetal, seguido do processo de destilação. A destilação consiste em separar os componentes da mistura através de seus pontos de ebulição. Após a mistura alcoólica ser obtida, ela é extraída do conteúdo excessivo de água e impurezas, o que aumenta sua concentração de álcool, podendo ser superior a 50% da composição. Algumas bebidas destiladas são a cachaça, o uísque, a vodca, o gim e o conhaque, sendo que cada uma dessas bebidas possui um teor diferente de etanol.

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Os licores não pertencem a nenhuma das duas categorias, pois apesar de possuírem alto teor alcoólico, são bebidas artificiais feitas de caldas de fruta (o que lhes dá o aspecto viscoso) e álcool potável que é misturado a estas caldas (de pêssego, jabuticaba, ameixa, etc). O vinho-do-porto é um vinho ao qual foi adicionado garapa (destilado da uva) ainda durante a fermentação, daí seu alto teor alcoólico (aprox. 18%), bem mais alto do que um vinho médio (12%).

Quadro 2: Concentração de álcool em bebidas fermentadas e destiladas.

Bebidas CERVEJA VINHO UÍSQUE

Primeiro, vamos supor que ambos possuem a mesma quantidade, por exemplo: uma

latinha.

350 mL 350 mL 350 mL

Qual é a concentração de

etanol em cada um deles? 6% 12% 46%

Quantidade de álcool em cada

um deles. 21 mL 42 mL 161 mL

Comparando por doses.

Uma lata de cerveja: 350 mL Uma taça de vinho: 200 mL Uma dose de Whisky: 50 mL Quanto de álcool eles possuem

em cada dose? 21 mL 24 mL 23 mL

Fonte: Geocities, 2007

Trazer a função química álcool para discutir o tema drogas neste trabalho se justifica, porque, embora as bebidas alcoólicas sejam um tipo de droga, normalmente não são consideradas como tal, principalmente, pela sua grande aceitação social, cultural e mesmo religiosa. Apesar de o álcool ser uma substância tóxica e depressora do sistema nervoso central, diminuindo o tempo de resposta a estímulos externos e sendo causa de atos violentos e graves acidentes de trânsito, é comercializado livremente sem que haja qualquer tipo de manifestação contrária ao seu consumo.

As bebidas alcoólicas são misturas contendo etanol, água e, eventualmente, outras substâncias oriundas do processo de fermentação (dependendo do polissacarídeo ou dissacarídeo utilizado a composição da bebida) ou que são adicionados para dar gosto e cheiro específico. O uso abusivo de bebidas alcoólicas exerce efeitos maléficos sobre a saúde, sendo grande a quantidade de adolescentes que insistem em consumir deliberadamente essa droga.

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Nas bebidas alcoólicas, o etanol (CH3CH2OH) é ingerido e absorvido no intestino e, posteriormente, distribuído pelo corpo até atingir o sangue e o cérebro. O álcool tem como principal efeito, quando consumido em curto prazo, a perda da coordenação motora, fala arrastada, pupilas dilatadas e perda do autocontrole emocional. Já, quando consumido por longo tempo, causa destruição parcial do fígado e do sistema nervoso, depressão respiratória, disfunção sexual, aumento do colesterol, doenças cardiovasculares, câncer e cataratas, podendo levar a pessoa à morte. Um efeito do álcool é a possibilidade de promover integração social, principalmente, de pessoas tímidas ou inibidas, porém quando passa o efeito, o sujeito fica deprimido e, esse ciclo, pode produzir consumidores rotineiros e dependentes. Mesmo assim, seu uso é bastante comum, uma vez que é considerada uma droga licita de fácil aquisição e também por provocar efeitos prazerosos reduzindo, em um primeiro momento, a ansiedade e relaxando os músculos.

b) Aminas

Algumas drogas bastante conhecidas e disseminadas entre os adolescentes, de várias classes sociais, são os alcalóides, cuja composição química são os compostos orgânicos nitrogenados, as aminas.

As aminas são substâncias orgânicas derivadas da amônia (NH3), pela substituição de um ou mais hidrogênios por radicais alquila ou arila (freqüentemente abreviados pela letra R). Se substituirmos um, dois ou três hidrogênios teremos, respectivamente, aminas primárias (R-NH2), secundárias (R1R2NH) ou terciárias (R1R2R3N).

amina primária amina secundária amina terciária A nomenclatura das aminas é dada pelo nome do radical seguido da palavra amina. Quando os grupos são diferentes, estes são nomeados sucessivamente, do menor para o maior, terminando o nome do composto com o sufixo amina.

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CH3-CH2 | CH3 – NH2 CH3 – NH – CH2 – CH3 CH3-CH2-CH2-N

| CH3

metilamina metiletilamina metiletilpropilamina

Como o nitrogênio é menos eletronegativo que o oxigênio, a ligação N-H apresenta-se menos polarizada que a ligação O-H (presentes nos alcoóis). Por essa razão, as aminas formam pontes de hidrogênio mais fracas que os alcoóis com pesos moleculares semelhantes. Como as ligações são mais fracas, compreende-se que os pontos de ebulição das diversas aminas também sejam mais baixos que o dos alcoóis de peso molecular semelhante (necessitarão de menor energia para evaporar, já que suas moléculas estão “menos” ligadas umas às outras). Assim, as aminas primárias e secundárias têm pontos de ebulição menores que os dos alcoóis, mas maiores que os dos éteres de peso molecular semelhante. As aminas terciárias (não fazem pontes de hidrogênio) têm pontos de ebulição mais baixos que os das aminas primárias e secundárias de pesos moleculares semelhantes.

Os alcalóides são substâncias nitrogenadas extraídas de vegetais. Quando administrados em animais produzem efeitos fisiológicos que estimulam ou paralisam o sistema nervoso central, e/ou elevam ou diminuem a pressão sangüínea. Apesar dos alcalóides serem usados em grande quantidade na medicina, os mesmos são considerados tóxicos quando utilizados em dosagens incorretas (SOLOMONS, 2006, p.276). Alguns exemplos de drogas contendo alcalóides são o ecstasy, a nicotina, as anfetaminas, a coniína, a cocaína e o LSD (ácido lisérgico).

• Ecstasy

O ecstasy é um alcalóide sintético, também conhecido como droga do amor, que estimula a produção de serotonina no cérebro, sendo responsável pela sensação de prazer e considerada uma droga letal, pois provoca um aumento exagerado da temperatura corporal. Essa é uma droga com bastante circulação entre os adolescentes por ter seu uso associado às festas freqüentadas por jovens. O ecstasy poderia ser considerado uma droga estimulante, semelhante à cocaína e às anfetaminas, já que possui efeitos agudos similares a estas substâncias, no

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entanto, é classificado como um alucinógeno devido ao seu potencial de provocar alucinações.

Metilenodioximetanfetamina (C11H15NO2) • Nicotina

A nicotina, alcalóide encontrado no tabaco, é uma das drogas mais consumidas no mundo e que mais rapidamente causa dependência. Em pequenas quantidades, age no organismo como um estimulante, em doses elevadas provoca depressão, náuseas e vômitos. A nicotina é formada por um composto bicíclico com um anel de piridina e um anel de pirano, constituída por um líquido com cor entre o amarelo pálido e o castanho escuro e com odor semelhante ao de peixe quente. Sua fórmula C10H14N2, apresenta massa molecular de 162,234 g.mol-1, ponto de fusão 79°C e ponto de ebulição 247°C.

Nicotina

Durante a combustão do tabaco, substâncias (gases, vapores orgânicos e compostos liberados na forma de partículas) são produzidas e transportadas pelo organismo, uma vez chegando aos pulmões, atuam principalmente no aparelho respiratório, mas podem, também, entrar na corrente sanguínea, causando outros malefícios ao organismo. Na seqüência, relacionamos algumas dessas substâncias:

• Nicotina: é o alcalóide responsável pela maior parte dos efeitos negativos do tabaco sobre o organismo e o que gera a dependência física. A vida média da nicotina no sangue é inferior a duas horas, e quando sua concentração no organismo fica reduzida, aparecem sintomas que alertam o fumante para o desejo de um novo cigarro.

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• Irritantes: são substâncias presentes no tabaco responsáveis pela alteração dos mecanismos de defesa do pulmão, são fenóis, peróxidos de hidrogênio, ácido cianídrico, amoníaco, etc.

• Alcatrão: ao sofrer combustão parcial seus componentes são responsáveis pelas manchas na pele dos dedos e nos dentes dos fumantes. O fumante que consome uma maço de tabaco diariamente, inala cerca de 380 cm3 de alcatão porano, o que significa revestir as vias respiratórias e os pulmões com mais de ¾ de litro de alcatrão. O alcatrão contém benzopirano, substância que pode lesionar o material genético das células e produzir cancro seus componentes mancham a pele dos dedos e os dentes dos fumantes.

Uma maneira de determinar grupos funcionais na nicotina do cigarro é através da análise espectrofotométrica. A análise baseia-se no fato de que as ligações químicas das substâncias possuem freqüências de vibração específicas, as quais correspondem a níveis de energia da molécula (chamados nesse caso de níveis vibracionais). Ao submeter uma amostra ao equipamento umraio monocromático de luz infravermelha passa pela amostra e a quantidade de energia absorvida é registrada, de acordo com o seu estado vibracional em um espectro (gráfico), determinando assim a substâncias ou grupos funcionais presentes na amostra. As substâncias são identificadas de acordo com os diferentes picos e comprimentos de onda, como mostra o gráfico abaixo:

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Figura 2: Análise IV da nicotina

Fonte: Geocities

Neste espectro, podemos notar vários picos, caracterizando a presença de nicotina:

• Por volta dos 3400 cm-1

, pode-se observar um grande pico da água. • Entre 2970 e 2780 cm-1

: vibração da ligação C-H • Um pico aos 1677 cm-1

: vibração da ligação dupla aromática C=N. • Um pico aos 1691 cm-1

: vibração da ligação dupla aromática C=C. • Um pico aos 717 cm-1

e 904 cm-1 corresponde à vibração fora do plano de ligação C-H do ciclo monosubstituído de piridina.

Com relação aos efeitos do tabaco na saúde, apenas a partir da década de 60, surgiram os primeiros relatórios científicos que relacionaram o cigarro ao adoecimento do fumante, mas, atualmente, existem inúmeros trabalhos comprovando os malefícios do tabagismo para a saúde do fumante e, também, do não fumante exposto à fumaça do cigarro. O fumo é cultivado em todas as partes do mundo e é responsável por uma atividade econômica que envolve milhões de dólares.

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Além do reconhecimento da nicotina como componente do cigarro, essa pode ser usada, também, como um inseticida (na agricultura) e vermífugo (na pecuária), podendo ser convertido para ácido nicotínico. O ácido nicotínico, por sua vez, pode ser usado como suplemento alimentar.

• Anfetaminas

As anfetaminas e seus derivados são estimulantes do sistema nervoso central e podem auxiliar no tratamento de estados depressivos, no entanto, quando em excesso, podem causar náuseas, vômitos, aumento da pressão sangüínea e convulsões. Também chamadas de “bolinhas”, são conhecidas por reduzirem a fadiga e inibirem o sono, sendo, também, bastante utilizadas por pessoas que fazem dietas para emagrecer. Essas substâncias estão na composição de descongestionantes nasais, anti-hemorrágicos, inibidores de apetite e estimulantes, podendo causar dependência e danos físicos e mentais a longo prazo, com o agravante de serem adquiridas sem receita médica, mesmo havendo exigência para tal. As anfetaminas são fruto de anos de pesquisa em laboratórios químicos, sendo que uma das mais antigas é a benzidrina (2-fenil-1-metil-etanoamina), mas outros derivados têm sido sintetizados na tentativa de diminuir o risco de dependência química e a toxidade, entre esses, estão a metanfetamina (metedrina) e a fenilpropanolamina, comuns em descongestionantes nasais. Nos Estados Unidos a metanfetamina tem sido consumida quando fumada em cachimbos, recebendo o nome de "ICE" (gelo).

Metanfetamina

Existem várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas e como podem ser comercializadas como medicamento pelos laboratórios, com diferentes nomes fantasia, há um grande número destes produtos em circulação.

Referências

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