UFOP – ICHS - DEHIS
Disciplina: História da Historiografia Geral
Historiografia em princípios
da Idade Moderna
Sabrina Magalhães Rocha
Doutoranda em História (PPHIS/UFOP) 22/06/2017
Os conceitos e suas (in)definições
Moderno
Idade
Moderna
Modernidade
Historiografia
moderna
Pós-moderno
Pré-moderno
História
moderna
Formação dos estados nacionais modernos Desenvolvimento da imprensa Reforma Protestante Grandes Navegações Humanismo e Renascimento (Península Itálica - Florença)
* A república florentina e a escrita da história (séc. XIV - XVI)
Elementos para uma historiografia moderna?
o Giovani Pontano, Leonardo Bruni (1369-1444), Lorenzo Valla 1407-1457. o Filologia: estudo de manuscritos da Antiguidade.
o Imitação dos modelos clássicos: Políbio, Tácito, Tito Lívio.
o Certo abandono da concepção providencialista da história, presença da dúvida cética o A história assume um caráter pragmático, “historia magistra vitae”.
o História, como parte da retórica, deveria ensinar as verdades descobertas pela filosofia. o Centralidade de temas político-militares.
Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Mandrágora e Clizia (teatro)
A vida de Castranida Lucca (biografia) O Príncipe (1513)
Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1513-1517)
(reflexão histórica comparativa entre a Roma clássica e a Florença moderna)
Arte da Guerra (1519-1520) História de Florença
(narra a política de Florença, de sua formação até a morte de Lourenço de Médici em 1492)
* A república florentina e escrita da história (séc -XVI)
Não posso deixar de me espantar – e de queixar-me – quando considero, de um lado, a veneração que inspiram as coisas antigas (bastaria lembrar como se compra, a peso de puro, um fragmento de estátua que se deseja ter junto a si, como adorno da casa: modelo para os que se deliciam coma sua arte, esforçando-se por reproduzi-la); e outro, os atos admiráveis de virtude que a história registra, nos antigos reinos e repúblicas, envolvendo monarcas, capitães, cidadão, legisladores, todos os que trabalham pela grandeza da pátria. Atos mais friamente admirados do que imitados (longe disto, todos parecem evitar o que sugerem, de modo que é pouco o que resta da sua antiga virtude).
Com maior espanto ainda vejo que, nas causas que agitam os cidadãos e nos males que afetam os homens, sempre se recorre aos conselhos e remédios dos antigos. As leis, por exemplo, não são mais do que sentenças dos jurisconsultos pretéritos, as quais, codificadas, orientam os modernos juristas. A própria medicina não passa da experiência dos médicos de outros tempos, que ajudam os clínicos de hoje a fazer seus diagnósticos. Contudo, quando se trata de ordenar uma república, manter um Estado, governar um reino, comandar exércitos e administrar a guerra, ou de distribuir justiça aos cidadãos, não se viu ainda um só príncipe, uma só república, um só capitão, ou cidadão, apoiar-se no exemplo da Antiguidade.
A causa disto, na minha opinião, está menos na fraqueza em que a moderna religião fez mergulhar o mundo, e nos vícios que levaram tanto Estados e cidades da Cristandade a uma forma orgulhosa de preguiça, do que na ignorância do espírito genuíno da história. Ignorância que nos impede de aprender o seu sentido real, e de nutrir nosso espírito com a sua substância. O resultado é que os que se dedicam a ler a história ficam limitados à satisfação de ver desfilar os acontecimentos sob os olhos sem procurar imitá-los, julgando tal imitação mais do que difícil, impossível. Como se o sol, o céu, os homens e os elementos não fossem os mesmos de outrora; como se a sua ordem, seu rumo e seu poder tivessem sido alterados.
Resolvido a salvar os homens deste erro, achei necessário redigir, a propósito de cada um dos livros de Tito Lívio que resistiram à injúria do tempo, uma comparação entre fatos antigos e contemporâneos, de modo a facilitar-lhes a compreensão. Deste modo, meus leitores poderão tirar daqueles livros toda a utilidade que se deve buscar no estudo histórico. É uma empresa difícil que espero, contudo, conduzir longe o bastante para que fique faltando pouco caminho a quem queira levá-la a termo. É o que procurarei fazer, com a assistência dos que me induziram a assumir este cargo.
(MAQUIAVEL, N. Introdução. In: Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Brasília: Ed. UNB, p. 17-18)
o Forma: retórica clássica e fontes conhecidas, mas já não escreve em anais, e sim em
capítulos temáticos.
o - Conhecimento da “experiência histórica” como“conhecimento prudencial”: adquirido
por analogia e indução, permite ao indivíduo orientar suas ações, onde nem todos os
exemplos são válidos.
o Crítica: A “validação histórica” não se dá pelo apoio na documentação. O instrumento de
crítica é a plausibilidade, a comparação dos fatos passados com o presente; o que parece
plausível para a contemporaneidade também o é para o passado.
o - Tempo histórico: concebe uma circularidade na história, na medida em que todas as
coisas e pessoas submetidas a uma lei natural que transcende a história. Contudo, trata-se
de um paradigma circular que não dispensa a compreensão dos acontecimentos
*
Francesco Guicciardini (1483-1540)
o A obra de Guicciardini é muito extensa, contando com discursos políticos, textos autobiográficos e historiográficos. O autor dedicou-se mais efetivamente à historiografia especialmente a partir de 1527.
o Sua obra “Storia d’Italia”, composta de vinte livros, foi concluída no ano de sua morte. Ela alcançou grande repercussão já em fins do séc. XVI, sendo comentada por Jean Bodin e Montaigne.
o Diferentemente dos humanistas, não pretendia apresentar a história como uma lição política.
o Não escreveu a história de uma cidade, mas de toda a península itálica, na obra “História da Itália”. o Consultou e analisou documentos oficiais com mais rigor que seus antecessores. Sua obra aponta
para um maior senso crítico histórico.
o - Enfatizou a especificidade dos acontecimentos políticos e a mutabilidade das paixões humanas, dando grande valor à contingência.
PLS 146/2007
Comentário de Mary del Priore na CBN em 19/06/2017
http://cbn.globoradio.globo.com/media/ audio/96379/projeto-de-lei-autoriza-destruicao-de-documentos-o.htm