• Nenhum resultado encontrado

QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS URBANAS: UMA ABORDAGEM SOBRE A MOBILIDADE E A ACESSIBILIDADE DOS PEDESTRES NA CIDADE DE CARUARU-PE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS URBANAS: UMA ABORDAGEM SOBRE A MOBILIDADE E A ACESSIBILIDADE DOS PEDESTRES NA CIDADE DE CARUARU-PE"

Copied!
51
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE TECNOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

EWERTON HENRIQUE BEZERRA LIMA

QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS URBANAS: UMA ABORDAGEM

SOBRE A MOBILIDADE E A ACESSIBILIDADE DOS PEDESTRES NA

CIDADE DE CARUARU-PE

(2)

EWERTON HENRIQUE BEZERRA LIMA

QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS URBANAS: UMA ABORDAGEM

SOBRE A MOBILIDADE E A ACESSIBILIDADE DOS PEDESTRES NA

CIDADE DE CARUARU-PE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil do Centro Acadêmico do Agreste – CAA, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Engenharia Civil / Estradas e Transportes.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Herszon Meira

(3)

EWERTON HENRIQUE BEZERRA LIMA

QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS URBANAS: UMA ABORDAGEM

SOBRE A MOBILIDADE E A ACESSIBILIDADE DOS PEDESTRES NA

CIDADE DE CARUARU-PE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil do Centro Acadêmico do Agreste – CAA, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Engenharia Civil / Estradas e Transportes.

Aprovado em: Caruaru, 29 de julho de 2014.

Banca examinadora:

(4)

Catalogação na fonte:

Bibliotecário Simone Xavier CRB4 - 1242

L732q Lima, Ewerton Henrique Bezerra.

Qualidade de vida em áreas urbanas: uma abordagem sobre a mobilidade e acessibilidade dos pedestres na cidade de Caruaru - PE. / Ewerton Henrique Bezerra Lima. - Caruaru: O Autor, 2014.

50f.; il.; 30 cm.

Orientador: Leonardo Herszon Meira

Monografia (Trabalho de Conclusão de curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Engenharia civil, 2014.

Inclui referências bibliográficas

1. Mobilidade. 2. Acessibilidade. 3. Calçadas. 4. Pedestres – Caruaru - PE. I. Meira, Leonardo Herszon. (Orientador). II. Título.

620 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2014-046)

(5)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter me colocado em um meio familiar que me ofereceu condições para que eu pudesse me desenvolver intelectualmente e moralmente.

Agradeço aos meus pais Newton e Vera que sempre me apoiaram, apesar de todas as dificuldades que surgiram no meu caminho. Sempre me apoiam com palavras que me edificam e com valiosos ensinamentos morais. Eu não teria conseguido chegar onde estou hoje, se eu não tivesse os pais que tenho.

Agradeço a minha namorada Érica Luzia que tem me aconselhado e me ensinado valiosas lições, além de todo o apoio que ela me dá. Agradeço também pela dedicação e paciência que ela dispõe para mim.

Agradeço ao meu primo Hélio e à sua esposa Valdenice que, no início da minha trajetória acadêmica, me incentivaram e me ajudaram financeiramente, e também pela consideração que sempre tiveram por mim e pela minha mãe, antes de qualquer coisa. Alego que a consideração é recíproca e verdadeira.

Agradeço também ao meu tio Ivanilson, que acreditou no meu potencial, que me cedeu livros para que eu pudesse estudar e crescer nos estudos, livros esses, que foram fundamentais para a minha aprovação no curso de engenharia civil. Agradeço pelo apoio que meu tio me dá, ainda hoje, mesmo estando distante de mim.

Agradeço aos meus amigos pessoais e colegas de profissão: Raniere Soares e Thiago Sales, que compartilharam comigo momentos bons e momentos difíceis, ao longo desses anos de graduação.

Agradeço ao meu orientador, Professor Dr. Leonardo Herszon Meira, que se colocou à minha disposição, com boa vontade e empenho em me orientar, e me auxiliar nessa fase de conclusão do curso de Engenharia Civil, mesmo sem me conhecer, uma vez que antes desse trabalho, nunca tivemos nenhum contato, nem profissional nem pessoal.

E por último, e, não menos importante agradeço ao meu irmão Randerson Alves, que de forma fraternal sempre me apoiou na alegria e na dor. Que sempre quis que eu alcançasse os meus sonhos.

A todos, os meus profundos e sinceros agradecimentos, pois este trabalho não seria realizado sem a colaboração das pessoas que aqui mencionei.

(6)

RESUMO

QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS URBANAS: UMA ABORDAGEM

SOBRE A MOBILIDADE E A ACESSIBILIDADE DOS PEDESTRES NA

CIDADE DE CARUARU-PE

A qualidade de vida dos cidadãos está intimamente relacionada com as condições de mobilidade e acessibilidade oferecidas dentro do espaço urbano. Para uma melhor qualidade de vida é essencial que as calçadas existentes nas cidades sejam propícias à caminhada, pois assim, os cidadãos podem ter acesso a serviços básicos através do simples ato de caminhar. Atualmente, as calçadas das cidades brasileiras não são vistas, pela gestão pública, como prioridade dentro do espaço urbano. Isso se deve ao fato de que as cidades estão cada vez mais, sendo desenhadas para atender as necessidades dos automóveis. O alargamento das vias promove a redução dos espaços destinados às calçadas. Logo, o pedestre perde a possibilidade de se locomover dentro das cidades. Essa tendência na qual são priorizadas as vias agrava as condições de acessibilidade e mobilidade urbana, pois com esta forma de enxergar o espaço urbano, o trânsito nas cidades migra para o caos. Através de uma breve análise é possível observar que as calçadas das cidades brasileiras não se encontram em bom estado de conservação e nem apresentam condições adequadas de conforto e segurança para os pedestres. Esta realidade afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas, logo é de suma importância que seja dada, às calçadas, uma maior relevância dentro do espaço urbano.

(7)

ABSTRACT

QUALITY OF LIFE IN URBAN AREAS: A FOCUS ON THE MOBILITY

AND ACCESSIBILITY OF PEDESTRIANS IN THE CITY OF

CARUARU-PE

The quality of life is closely related to the conditions of mobility and accessibility offered within the urban space. For a better quality of life is essential that existing sidewalks in cities are conducive to walking, seeing that citizens can have access to basic services through the simple act of walking. Currently, the sidewalks of Brazilian cities are not seen by the public administration, as a priority within the urban space. This is due to the fact that cities are increasingly being designed to meet the needs of automobiles. The widening of roads promotes the reduction of spaces intended for sidewalks. Soon, the pedestrian loses the ability to get around in the cities. This trend in which routes are prioritized aggravates the conditions of urban accessibility and mobility, because with this way of seeing urban space, traffic migrates to the cities chaos. Through a brief analysis it is observed that the sidewalks of Brazilian cities are not in good condition and not have adequate conditions of safety and comfort for pedestrians. This situation directly affects the quality of life of people, so it is of paramount importance that is given to the sidewalks, greater relevance within the urban space.

(8)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da cidade de Caruaru em Pernambuco... 3

Figura 2: Obstáculo encontrado em calçada de Caruaru ... 4

Figura 3: Precariedade de calçada em Caruaru ... 4

Figura 4: Desníveis e obstruções em calçada de Caruaru ... 5

Figura 5: Poluição visual, lixo e obstáculos em calçada ... 5

Figura 6: Dimensão irregular de calçada ... 6

Figura 7: Calçada localizada na Avenida Rio Branco. ... 7

Figura 8: Calçada na Rua Quinze de Novembro. ... 7

Figura 9: Calçada localizada na Praça do Rosário. ... 8

Figura 10: Calçada localizada na Avenida Rui Barbosa. ... 8

Figura 11: Calçada localizada na Avenida Agamenon Magalhães. ... 9

Figura 12: Representação gráfica do perfil do transporte urbano no Brasil ... 11

Figura 13: Modelo de calçada implantada em Vitória – ES ... 15

Figura 14: Passarela sobre rodovia de trânsito rápido no Arizona ... 15

Figura 15: Localização da Avenida Agamenon Magalhães e da Avenida Rui Barbosa ... 18

Figura 16: Localização da Avenida Rio Branco e da Rua Quinze de Novembro ... 19

Figura 17: Localização da Praça do Rosário (Casa Paroquial do Rosário) ... 19

Figura 18: Frequência de utilização das calçadas de Caruaru ... 21

Figura 19: Opinião dos pedestres em relação à continuidade das calçadas... 23

Figura 20: Opinião dos pedestres em relação à conservação das calçadas ... 24

Figura 21:Opinião dos pedestres em relação aos obstáculos ... 25

Figura 22: Opinião dos pedestres em relação à facilidade de caminhar ... 26

Figura 23: Opinião dos pedestres em relação à facilidade de atravessar vias ... 27

Figura 24: Opinião dos pedestres em relação às condições da sinalização ... 28

Figura 25: Opinião dos pedestres em relação à arborização ... 29

Figura 26: Opinião dos pedestres em relação às condições de limpeza e presença de animais30 Figura 27: Opinião dos pedestres em relação às condições de segurança ... 31

Figura 28: Opinião dos pedestres em relação às condições de poluição sonora, visual e do ar ... 32

(9)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRASPE Associação Brasileira de Pedestres

CAA Centro Acadêmico do Agreste CTB Código de Trânsito Brasileiro DENATRAN Departamento nacional de Trânsito

DESTRA Defesa Social, Trânsito e Transportes de Caruaru

ES Espírito Santo

EUA Estados Unidos da América

IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ITE Institute of Transportation Engineers

NBR Norma Brasileira

PBIC Pedestrian and Bicycle Information Center

PE Pernambuco

UFPE Universidade Federal de Pernambuco UNICAMP Universidade Estadual de Campinas VTPI Victoria Transport Policy Institute

(10)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 1 1.1. RELEVÂNCIA DO TEMA ... 2 1.2. OBJETIVOS ... 9 1.2.1. Objetivo Geral ... 9 1.2.2. Objetivos Específicos ... 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 11 3. METODOLOGIA DA PESQUISA ... 18 4. RESULTADOS ... 21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 34 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 37 ANEXO I - QUESTIONÁRIO ... 40

(11)

1. INTRODUÇÃO

Os problemas relacionados com a segurança dos pedestres, quando os mesmos circulam pelas vias urbanas, vêm desde a Antiguidade. Não há nenhuma forma de comparar a velocidade natural dos pedestres com a velocidade mecânica dos automóveis. Essa diferença entre a respectiva velocidade dos veículos em comparação com a dos pedestres, gera conflitos no meio urbano.

A locomoção a pé é a maneira que proporciona condições de acesso básico a serviços essenciais e indispensáveis à população, tais como saúde, emprego e educação. Além disso, a locomoção a pé também promove a realização de atividades sociais para indivíduos que, na maioria dos casos, não podem optar por outros meios de transporte. Existe ainda, um grupo de pessoas que prefere caminhar pelos benefícios que esta atividade traz à saúde, ou até mesmo por ideologia (não concordar com o uso indiscriminado de automóveis, por exemplo). Pesquisas de origem-destino realizadas em cidades brasileiras mostram que mais de 30% dos deslocamentos em áreas urbanas são feitos a pé (IPEA, 2003).

Com o rápido crescimento e o aumento da urbanização evidenciaram-se, ao longo dos anos, diversos problemas relacionados ao crescimento da frota de veículos individuais, com consequentes maiores tempos de viagem, aumento dos acidentes envolvendo pedestres e reclamações dos usuários em relação ao serviço de transporte público. Isso denota uma perda de qualidade na mobilidade da cidade e deveria suscitar uma maior preocupação do Poder Público e da sociedade para desenvolver políticas públicas de promoção de formas mais saudáveis de se locomover.

No entanto, analisando a situação brasileira no tocante à mobilidade urbana, o que se percebe é justamente o contrário. Existem grandes incentivos públicos à compra de novos veículos e pouca ação no sentido de promover os modos coletivos e não motorizados de transporte. Neste sentido a mobilidade urbana parece ser desenhada para os automóveis e não para as pessoas.

Diante deste contexto, mobilidade e acessibilidade são expressões que devem ser amplamente discutidas pela sociedade, pois, são de fundamental importância para uma boa

(12)

convivência entre os cidadãos e são essenciais à qualidade de vida e ao desenvolvimento dos espaços urbanos.

O conceito de mobilidade consiste em um atributo associado às pessoas e aos bens; corresponde às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de deslocamento, consideradas as dimensões dos espaços urbanos e a complexidade nele desenvolvida (VASCONCELLOS, 2000).

Já a acessibilidade pode ser denominada como a mobilidade para satisfazer as necessidades, ou seja, as condições para alcançar o destino desejado e não simplesmente a facilidade de cruzar espaços. Mais do que isso, ela pode ser subdividida em dois tipos: macroacessibilidade e microacessibilidade. A macroacessibilidade é a facilidade relativa de atravessar o espaço e atingir as construções e equipamentos urbanos desejados e faz parte desse conceito a abrangência do sistema viário e do sistema de transporte em geral. Já a microacessibilidade refere-se à facilidade relativa de se obter acesso direto aos veículos ou destinos desejados, como pontos de ônibus ou estacionamentos (UNICAMP, 2005). A acessibilidade pode ainda ser definida como a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos (ABNT, 2004).

Diante dessas definições constata-se que as calçadas constituem importante parcela do espaço público e são fundamentais em termos de infraestrutura para a mobilidade das pessoas e devem (ou pelo menos deveriam) proporcionar conforto e segurança a todos os pedestres. Entretanto o que se verifica, em praticamente todas as cidades brasileiras, é que, quando existem, as calçadas e passeios são, em sua maioria, precários e cheios de obstáculos.

1.1. RELEVÂNCIA DO TEMA

O Brasil é um país em desenvolvimento, com economia em crescimento e nas últimas décadas tem investido em diversos tipos de infraestrutura por todo o país. De acordo com estudo do Banco Mundial (2003) denominado Cidades em Movimento (Cities on the Move), o transporte não motorizado possui um efeito indiscutivelmente benéfico do ponto de vista ambiental. Em muitas cidades, é o principal meio de transporte dos indivíduos pobres, além

(13)

de desempenhar um papel significativo como fonte de renda para esses indivíduos. Assim, tem um impacto positivo muito forte sobre a pobreza.

Neste contexto, do Brasil enquanto país em desenvolvimento encontra-se a cidade de Caruaru. Localizada na região Agreste do estado de Pernambuco e que será objeto do estudo empírico deste trabalho. Segundo o último censo populacional brasileiro (IBGE, 2014), a população de Caruaru é de 314.912 habitantes. Ainda segundo o IBGE, a área de Caruaru é de 920,611 Km² e a cidade tem renda média domiciliar per capita de R$ 540,90.

Segundo dados de maio de 2014 do Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, a frota veicular de Caruaru é de 134.844 veículos, assim divididos: 56.300 automóveis; 4.336 caminhões; 570 caminhões-trator; 7.868 caminhonetes; 3.065 camionetas; 9 Chassis Platae; 77 ciclomotores; 784 micro-ônibus; 46.331 motocicletas, 11.479 motonetas, 566 ônibus; 1 quadriciclo; 1.842 reboques, 996 semirreboques; 03 side-cars; 9 tratores-rodas; 34 triciclos; 571 utilitários; e 03 são classificados como outros (DENATRAN, 2014).

Caruaru está localizada, na região agreste do estado de Pernambuco, a 120 quilômetros de Recife, capital do estado (Figura 1).

Figura 1: Localização da cidade de Caruaru em Pernambuco

Nos últimos anos, Caruaru vem desenvolvendo a sua economia e ampliando a sua zona urbana, porém este crescimento parece que ainda não contemplou plenamente as questões da mobilidade e acessibilidade. Ao se fazer uma análise sobre as condições de mobilidade e acessibilidade da cidade de Caruaru, pode-se afirmar que boa parte das calçadas da cidade é

(14)

imprópria para a circulação dos pedestres, seja pela existência de obstáculos, seja pela precariedade ou inadequação dos materiais utilizados em sua construção. As próximas figuras (figura 2 até figura 6) mostram exemplos de calçadas encontrados nos bairros de Caruaru e no centro da cidade. A Figura 2 mostra o exemplo de calçada comumente encontrado em Caruaru. Nela, percebe-se que não há espaço suficiente para os pedestres, muito menos para os cadeirantes.

Figura 2: Obstáculo encontrado em calçada de Caruaru

Esta situação não é privilégio de Caruaru. Exemplos como estes são comuns em todo o Brasil e obstáculos como árvores, postes (Figura 3), carros estacionados, barracas etc dificultam sobremaneira a vida das pessoas que precisam se locomover a pé.

(15)

Outra questão recorrente são os desníveis e o uso de materiais inadequados na confecção das calçadas. A Figura 4 a seguir mostra uma rampa, provavelmente construída para atender a automóveis, mas que impede a livre circulação dos pedestres.

Figura 4

:

Desníveis e obstruções em calçada de Caruaru A Figura 5 traz mais um exemplo da condição das calçadas em Caruaru.

Figura 5: Poluição visual, lixo e obstáculos em calçada

Outro fato que muitas vezes não é respeitado é com relação às dimensões mínimas que uma calçada deve obedecer. A NBR 9050 (ABNT, 2004) estabelece que a largura ideal para

(16)

as calçadas é de 1,20 metros a 1,50 metros. O exemplo de calçada mostrada na figura abaixo (Figura 6) foge totalmente dessa exigência normativa.

Figura 6: Dimensão irregular de calçada

São comuns relatos, entre os cidadãos, que esta situação das calçadas tem ocasionado diversos tipos de problemas e acidentes envolvendo pedestres. Logo, uma motivação deste trabalho é estudar formas de conferir uma atenção maior à construção e manutenção das calçadas do espaço urbano. É importante buscar a promoção da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, proporcionando calçadas que sejam mais convidativas para a caminhada e tentando diminuir os riscos e os infortúnios.

As figuras apresentadas a seguir mostram calçadas localizadas no centro da cidade de Caruaru. A Figura 7 mostra a calçada localizada na Avenida Rio Branco, no centro de Caruaru. A calçada apresenta melhores condições de conservação e uma dimensão considerável, permitindo assim, o tráfego de pedestres.

(17)

Figura 7: Calçada da Avenida Rio Branco

A Figura 8 traz uma calçada localizada na Rua Quinze de Novembro. A referida rua é o ponto comercial mais frequentado da cidade. Basicamente a atividade comercial da cidade se concentra nesta rua.

(18)

A calçada mostrada na Figura 9 se localiza na Praça do Rosário, também no centro de Caruaru. A figura ilustra uma obstrução no meio da calçada o que dificulta o tráfego de pedestres.

Figura 9: Calçada localizada na Praça do Rosário

Já a Figura 10 ilustra um caso de mau estado de conservação de uma calçada.

(19)

A Figura 11 ilustra uma calçada localizada na principal avenida de Caruaru (Avenida Agamenon Magalhães).

Figura 11: Calçada localizada na Avenida Agamenon Magalhães

É possível observar que as calçadas do centro de Caruaru apresentam melhores condições do que as calçadas que se encontram nos bairros. Ainda assim, algumas calçadas localizadas no centro da cidade, mostradas na figura 9 e figura 10, apresentam buracos ou obstáculos. Fica evidente que os buracos ou obstáculos atrapalham o tráfego dos pedestres.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é avaliar as condições atuais das calçadas da cidade e, através da aplicação de um questionário, aferir a satisfação dos pedestres. O intuito é, a partir da análise das respostas dadas ao questionário, propor ações para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos de Caruaru.

(20)

1.2.2. Objetivos Específicos

 Avaliar as condições físicas das calçadas e dos passeios da cidade de Caruaru;

 Aplicar um questionário com usuários para conhecer quais os fatores que afetam positiva ou negativamente a percepção dos pedestres em relação às calçadas ou passeios da cidade; e

(21)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo o Ministério das Cidades (BRASIL, 2004, p. 133), o perfil do transporte urbano de pessoas no Brasil, por modo de transporte, está dividido da seguinte forma: a pé 35%, transporte coletivo 32%, automóvel 28%, bicicleta 3% e motocicleta 2%.

Figura 12: Representação gráfica do perfil do transporte urbano no Brasil

Os dados revelam que o deslocamento feito a pé, sobrepondo-se mesmo ao uso do transporte coletivo, ainda é o meio de locomoção mais utilizado. Este fato serve para confirmar a importância desse elemento urbano na vida cotidiana de milhões de brasileiros que é a calçada. Ela é, por excelência, conforme definição do Código de Trânsito Brasileiro – CTB (BRASIL, 1997, p. 102): “o lugar reservado ao trânsito de pedestres”. Ou seja, ela foi criada para facilitar a circulação do homem separando-o da competição com os veículos nas vias públicas.

É importante também ressaltar que as calçadas constituem o espaço mais democrático de uma cidade. Todos podem usá-las, independentemente do poder aquisitivo do indivíduo. Diferente de todos os outros meios de transporte que, direta ou indiretamente, precisam ser pagos para serem utilizados.

Assim, a calçada só tem sentido de existência em função do pedestre. Cabe também lembrar que pedestre não define uma classe específica da população, mas uma condição temporária em que determinado indivíduo pode se encontrar, pois durante um dia, uma pessoa

(22)

pode assumir o papel de pedestre, de condutor de um veículo e de passageiro. Desta forma, com poucas exceções, praticamente todos os deslocamentos incluem pelo menos um trecho percorrido a pé e muitos são feitos exclusivamente a pé (GOLD, 2003, p. 2).

O Plano Diretor de Circulação de Pedestres de Portland – EUA (Portland’s Pedestrian Master Plan) inclui em sua definição para pedestre: pessoas trabalhando com carrinho, pessoas montando ou empurrando um trenó, patinete, triciclo, bicicleta com rodas com menos de 14 polegadas de diâmetro ou veículo similar, patins, skates, cadeiras de rodas ou carrinhos de bebês. Logo, é possível notar que, dentro do grupo de pedestres, existe uma diversidade de usuários que necessitam de condições diferenciadas para se locomoverem (PORTLAND, 1998).

Nos grandes centros urbanos, com frequência, devido ao crescimento do número de automóveis, as calçadas têm sido reduzidas para dar lugar a ruas e avenidas mais largas. Em várias cidades não há um padrão de construção dos passeios, resultando em pisos desiguais, degraus, inclinações inadequadas, buracos e outros obstáculos (MEDEIROS, 2004, p. 1).

Para Gold (2003, p. 2), três fatores definem a qualidade da calçada no atendimento conveniente aos pedestres. São eles:

1. Fluidez: relacionada à “largura e espaço livre compatíveis com os fluxos de pedestres, que conseguem andar em velocidade constante”.

2. Conforto: quando a calçada apresenta piso nivelado e antiderrapante em sua totalidade. 3. Segurança: a calçada é segura quando “não oferece aos pedestres nenhum perigo de

queda ou tropeço”.

Os espaços destinados ao tráfego das pessoas, incluindo idosos, gestantes e portadores de necessidades especiais, devem ser planejados e projetados a fim de maximizar as suas condições de segurança e de conforto ao longo da viagem. A qualidade do modo de deslocamento a pé inclui a continuidade dos trajetos, a atratividade dos percursos e a conveniência, elementos sutis que envolvem vários fatores, a saber: a distância a ser percorrida, a inclinação da via, as condições das calçadas, a retidão da rota e qualquer outro fator que facilite a caminhada (FRUIN, 1971).

(23)

Então, nesta discussão é importante definir mais um conceito: o de mobiliário urbano. Para a NBR 9050 (ABNT, 2004, p. 3) esta expressão é o conjunto de “todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público em espaços públicos e privados”.

As peças do mobiliário urbano são normalmente dispostas no espaço, considerando a sua função utilitária e decorativa, ou seja, complementando a urbanização para atender as necessidades humanas e buscando melhorar a qualidade de vida das pessoas (LAUFER, OKIMOTO e RIBAS, 2003, p. 2). Assim, ele deve ser repensado enquanto peça de design citadino, principalmente pelo potencial de se tornar barreira física para a mobilidade das pessoas, quando da localização inadequada e ausência de sinalização (SILVA, 2006, p. 58).

Diante da atual situação da mobilidade e acessibilidade na cidade de Caruaru, é possível mencionar algumas medidas favorecedoras à segurança viária e algumas medidas favorecedoras da acessibilidade, a fim de se determinar as possíveis intervenções, que podem ser executadas, para reverterem a situação alarmante em que se encontram as calçadas de Caruaru, promovendo uma melhor qualidade de vida e maior segurança para os pedestres da cidade.

A Abraspe (2000) apresenta uma série de recomendações básicas de segurança, que devem ser observadas por pedestres. Procedimentos fundamentais como andar sempre pela calçada e atravessar a via de forma perpendicular, em locais devidamente sinalizados e com boa condição de visibilidade, são fortemente recomendados. É incentivada a utilização da percepção e compreensão do ambiente (olhar e escutar o que se passa no entorno), ao invés de uma atitude dispersa, para que sejam evitadas surpresas e situações inusitadas de risco. O mesmo documento sugere que se usem roupas claras ou reflexivas em caminhadas noturnas, que se peça ajuda em locais de difícil travessia e que se auxilie a travessia de portadores de necessidades especiais de locomoção.

O objetivo das medidas favorecedoras a acessibilidade é tornar a área acessível a todos os tipos de pedestres, promovendo condições para que as pessoas não tenham dificuldades relacionadas com a infraestrutura, quando desejarem alcançar seus destinos. Isso se resume basicamente na melhoria das calçadas, e das áreas de cruzamento, e na adequação dos espaços para atender portadores de necessidades especiais de locomoção, através da utilização de

(24)

modelos mais inclusivos de desenhos de equipamentos urbanos (FIGUEIREDO, 2004). O lugar também deve ser esteticamente agradável e convidativo ao convívio em sociedade e ao desenvolvimento de atividades de trabalho e lazer (VTPI, 2004). Amenidades como arborização e criação de áreas verdes e boa iluminação, dentre outras, ajudam a criar uma atmosfera que incentiva a realização de caminhadas e combate à degradação dos espaços públicos (METRO, 1997).

A melhoria das condições de caminhada passa pelo processo de adaptação dos espaços urbanos às necessidades dos pedestres, interligando as áreas de circulação destinadas para fins de caminhada. Diversos manuais contêm subsídios para diferentes situações, tais como os tratamentos de travessias em interseções semaforizadas, não semaforizadas, nos meios de quadra (DENATRAN, 1979), travessias em vias com pouco fluxo de veículos, implantação de passagens em desnível (ZEGEER et al, 2002) e a questão do entorno de áreas escolares (DENATRAN, 2000; MIU, 2002). Nestes manuais, a preocupação maior está voltada para a sinalização.

O bom estado de conservação das calçadas tem duas funções principais: manter o tráfego de pedestres segregado dos automóveis, tendo em vista que, com a calçada em condições adequadas, não é preciso que se use a pista de rolagem como desvio, e tornar mais usuários adeptos do ato de caminhar, já que o ambiente preservado torna-se convidativo (DEL RIO, 1990).

Vitória (1998) destaca a padronização das calçadas, baseando-se na norma NBR 9050 (ABNT, 2004), que trata da acessibilidade de pedestres e portadores de necessidades especiais de locomoção. Abaixo segue uma foto que ilustra um modelo de calçada próximo do modelo ideal, empregado em Vitória – ES.

(25)

Figura 13: Modelo de calçada implantada em Vitória – ES

A calçada mostrada na Figura 13 atende as necessidades do pedestre e é concebida de maneira atrativa aos usuários. Apresenta faixa de percurso (passeio) livre e cômoda para comportar usuários caminhando em direções opostas, faixa de serviço, em cor e textura diferenciada, com dimensionamento suficiente para implantação do mobiliário urbano, segregando pedestres e tráfego motorizado (conceito de “buffer zone”), faixa utilitária, de auxílio a embarque e desembarque de automóveis estacionados ao longo do meio-fio, e rampa de acesso como facilidade aos portadores de necessidades especiais de locomoção.

Zeeger et al (2002) sugerem que as passarelas ou as passagens subterrâneas sejam implantadas somente quando a geografia do terreno permitir o uso das mesmas. Ogden (1996) justifica a utilização em vias de fluxo intenso e contínuo de veículos (Figura 9).

(26)

A premissa básica de implantação do mobiliário urbano é de que ele não obstrua o caminho dos pedestres e não diminua a capacidade dos passeios (DAROS, 2000). O local destinado à sua instalação nas calçadas é na faixa de serviço.

Alguns equipamentos do mobiliário urbano requerem estudos mais detalhados para sua implantação. Daros (2000) sugere uma alteração no formato das bancas de jornal, de maneira que estas sejam longas e estreitas, adaptando-se à faixa de serviço, tendo como vantagens servir de barreira para pedestres que costumam atravessar a via em qualquer lugar e melhorar a exposição dos produtos. Ferraz e Torres (2004) afirmam que os abrigos nas paradas do transporte coletivo devem seguir parâmetros como instalação preferencial em locais próximos a pólos geradores de tráfego, de forma a não interromper a circulação pelas calçadas, deixando uma faixa de circulação livre em suas proximidades (IBAM, 1996).

Elementos como caixas de correio e telefones públicos (orelhões), criticados por seu formato pouco acessível e por servirem de barreira aos portadores de necessidades especiais de locomoção, devem ser devidamente sinalizados com piso de textura diferente em seu entorno, ou com utilização de uma guia ressaltada (MIU, 2000). IBAM (1996) e Daros (2000) recomendam que estes equipamentos sejam implantados de forma aglutinada em locais onde não haja o risco de obstrução do caminho dos pedestres, num conceito de ilha de serviço.

A iluminação das calçadas deve seguir requisitos técnicos (escolha do sistema aéreo ou subterrâneo, seleção das fontes de luz, dos postes e viabilidade econômica) e paisagísticos, como escala, ritmo e flexibilidade (IBAM, 1996). Estudos de Painter (1996) mostram haver expressivas diferenças em termos de sensação de segurança, ocorrência de assaltos e atratividade de usuários entre áreas com diferentes tipos de iluminação, em algumas cidades canadenses. Segundo Daros (2000), iluminar as calçadas evita que o pedestre prefira trafegar ao longo da pista de rolagem, costumeiramente iluminado, por medo da ação de marginais.

Em áreas da cidade onde existam características favoráveis aos pedestres, como boa infraestrutura nas calçadas, arborização e menores distâncias entre as atividades urbanas, verifica-se um maior percentual de caminhadas (Amâncio, 2005).

(27)

A utilização de sinalização horizontal, indicando o local da travessia de pedestre (faixa de pedestre), é aplicável em todas as áreas de cruzamento (ZEEGER et al, 2002). Em travessias no meio de quadra, é necessário implantar sinalização que informe aos pedestres e motoristas quais os locais onde estas devem ser realizadas. Neste caso, deve-se utilizar tanto a sinalização vertical quanto a horizontal (DENATRAN, 2000). É recomendável que as áreas de travessia nas vias tenham sinalização horizontal e vertical, tanto para o pedestre como para o condutor (ITE, 1994), principalmente em meios de quadra e pontos isolados ou com pouco movimento.

A evolução tecnológica, bem como as transformações econômicas e sociais, afetam a estrutura urbana e o uso do solo. As cidades se modificam e por vezes surgem áreas degradadas e abandonadas, propícias a intervenções que as requalifiquem neste processo de revitalização urbana e no sistema de transporte. Técnicos enfrentam o desafio de contextualizar o modal a pé e direcionar os projetos de revitalização urbana às soluções mais adequadas (FRENKEL E PORTUGAL, 2008).

O grau de irritabilidade e agitação sofrido pelos constantes congestionamentos, o aumento dos níveis de poluição através da emissão dos gases, ou até mesmo da poluição visual e sonora, e a busca de melhorias na qualidade de vida vem despertando a sociedade para novas perspectivas do seu cotidiano e para a conscientização da necessidade de proteção ao meio ambiente e para a conscientização de preservação da vida.

Um aspecto indispensável para tornar a calçada um ambiente agradável e propício à caminhada é a limpeza. Essa limpeza deve ser tanto em relação ao lixo acumulado quanto à presença de animais. A divisão de responsabilidades também pode ser aplicada em parcerias com o comércio e com a indústria, favorecendo a execução de obras, como manutenção e limpeza de determinados locais, e a realização de campanhas que incentivem a utilização de modos não motorizados ou modos coletivos de transporte, por funcionários da empresa (GTZ, 2003).

(28)

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Para subsidiar a análise proposta para este trabalho foi realizado um questionário no mês de julho de 2014. A ideia do questionário era aferir a opinião pública a respeito da atual situação das calçadas da cidade de Caruaru. Também buscava saber o grau de satisfação da população caruaruense em relação às condições e características médias das calçadas existentes. Um modelo do questionário adotado está apresentado no Anexo I deste trabalho.

As perguntas foram feitas aos pedestres que caminhavam em cinco das principais vias de Caruaru: Avenida Agamenon Magalhães, Avenida Rio Branco, Rua Quinze de Novembro, Avenida Rui Barbosa e na Praça do Rosário. Em cada local foram entrevistadas 20 pessoas, a fim de se distribuir de forma igualitária o número de entrevistados entre as cinco localidades, totalizando 100 entrevistados. Por questões de disponibilidade de tempo do entrevistador, as entrevistas ocorreram no período da manhã compreendido entre 8 e 10h e, em algumas das vias citadas, no período da tarde, das 14 às 16h. Nas quartas-feiras, as entrevistas eram à tarde, e nas segundas-feiras as entrevistas ocorriam pela manhã.

Abaixo segue um mapa com a localização da Avenida Agamenon Magalhães e da Avenida Rui Barbosa (destacadas em amarelo).

(29)

Abaixo segue a localização da Avenida Rio Branco e da Rua Quinze de Novembro.

Figura 16: Localização da Avenida Rio Branco e da Rua Quinze de Novembro

Abaixo segue a localização, em mapa, da Praça do Rosário. Como existe uma igreja tradicional na referida praça, o mapa mostra a localização da Casa Paroquial do Rosário (onde fica a Praça do Rosário).

Figura 17: Localização da Praça do Rosário (Casa Paroquial do Rosário)

Paralelamente foi realizado um levantamento fotográfico das calçadas, a fim de se obter dados mais concretos sobre a situação atual em vários bairros de Caruaru. Essas fotografias

(30)

serviram para uma avaliação mais perspicaz sobre a adequação ou não das calçadas às normas técnicas e às boas práticas construtivas, em relação às necessidades da população e às questões de conforto, qualidade e segurança.

(31)

4. RESULTADOS

Após a realização de 100 entrevistas, nas cinco localidades mencionadas anteriormente, quais sejam: Avenida Agamenon Magalhães, Avenida Rio Branco, Avenida Rui Barbosa, Rua Quinze de Novembro e Praça do Rosário, foi constatado que, a maior parte dos entrevistados (78%), usa as calçadas diariamente. A primeira pergunta do questionário foi voltada para descobrir o perfil dos pedestres, em relação à frequência com que eles utilizam as calçadas de Caruaru e as respostas são mostradas no gráfico abaixo.

Figura 18: Frequência de utilização das calçadas de Caruaru

Os números mostrados na Figura 18 são os resultados referentes às respostas dos entrevistados dadas à primeira questão (conforme mostrado no Anexo I). É importante registrar que muitos pedestres que possuem veículos próprios e que participaram dessa entrevista, entendem que ainda assim, usam as calçadas diariamente, pois em algum momento do dia eles também são pedestres. Fato interessante, uma vez que é exatamente desta forma que alguns autores tratam o assunto.

Os pedestres que usam as calçadas diariamente citam que os únicos locais que apresentam calçadas em melhores condições são: Avenida Agamenon Magalhães e o centro da cidade de Caruaru. Na opinião dos entrevistados, as calçadas dos bairros, de uma forma geral, necessitam de melhores condições de continuidade, de reparos para acabar com os buracos existentes, e melhores condições de iluminação, uma vez que, os usuários alegam que

(32)

se sentem inseguros em caminhar, devido à precariedade nas condições de iluminação das calçadas, e também devido aos riscos que os buracos presentes nas calçadas oferecem. Logo, ficou evidente que as maiores reclamações dos pedestres são em relação:

 À falta de continuidade das calçadas (desníveis acentuados, rampas exageradas, pisos irregulares);

 À má conservação e a constante presença de buracos nas calçadas da cidade;  À precariedade nas condições de iluminação das calçadas.

Esses fatores comprometem a segurança e o conforto dos usuários e comprometem também, a qualidade das calçadas de Caruaru, tornando-as impróprias para o tráfego dos pedestres.

O questionário possui onze perguntas, a segunda pergunta feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru em relação aos degraus, inclinações, pisos regulares, condições das rampas?” e a opinião dos entrevistados foi: 46% dos entrevistados acham que as calçadas estão em péssimas condições; 42% dos entrevistados acham que as calçadas estão em condições ruins e 12% dos entrevistados alegaram que as condições das calçadas são regulares. Estes resultados reforçam a ideia de que há falta de continuidade nas calçadas da cidade, uma vez que 88% dos entrevistados acham as condições de continuidade das calçadas péssimas ou ruins, e essa visão, de descontinuidade das calçadas, foi bastante abordada pelos entrevistados. Abaixo segue um gráfico que ilustra a opinião dos usuários.

(33)

Figura 19: Opinião dos pedestres em relação à continuidade das calçadas

A calçada empregada em Vitória – ES (Figura 13) consiste um dos exemplos que podem ser apontados como a calçada ideal. Ela apresenta boas condições de continuidade, isto é, o tráfego dos pedestres não é atrapalhado por obstruções de nenhuma natureza, o que torna o ato de caminhar confortável e seguro. Mas, deve-se mencionar que atual situação das calçadas, no cômputo geral do país, é preocupante e com Caruaru não é diferente.

A premissa básica de implantação do mobiliário urbano é de que ele não obstrua o caminho dos pedestres e não diminua a capacidade dos passeios (DAROS, 2000). O local destinado à sua instalação nas calçadas é na faixa de serviço. Em Caruaru essa faixa de serviço é inexistente. Logo, o mobiliário urbano é colocado sobre as calçadas de forma desordenada, atrapalhando a continuidade dos passeios. Portanto, o pedestre caruaruense não encontra nem segurança nem conforto no ato de caminhar, fato esse que gera insatisfação por parte da opinião pública.

Outro ponto que gera reclamações é a presença constante dos buracos nas calçadas da cidade. Sobre esta questão a pergunta foi a seguinte: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru em relação à quantidade de buracos”?

(34)

Figura 20: Opinião dos pedestres em relação à conservação das calçadas

O bom estado de conservação das calçadas tem duas funções principais: manter o tráfego de pedestres segregado dos automóveis, tendo em vista que, com a calçada em condições adequadas, não é preciso que se use a pista de rolagem como desvio, e tornar mais usuários adeptos do ato de caminhar, já que o ambiente preservado torna-se convidativo (DEL RIO, 1990).

Observa-se que a situação dos passeios de Caruaru, na opinião dos entrevistados, não é a ideal. Os entrevistados alegaram que nos bairros da cidade, as calçadas não estão em bom estado de conservação. Portanto nem o ambiente se encontra convidativo para a caminhada, nem o tráfego de pedestres está segregado dos automóveis. A prefeitura do município restaurou as calçadas da Avenida Agamenon Magalhães, tornando-as mais convidativas para a caminhada. Logo, a Prefeitura de Caruaru, em conjunto com a Secretaria de Obras da cidade, podem reparar as calçadas esburacadas nos bairros, melhorando assim a qualidade de vida da população.

Outro questionamento feito aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru, em relação ao local correto dos: postes, lixeiras e paradas de ônibus (obstruções)”?

(35)

Figura 21:Opinião dos pedestres em relação aos obstáculos

Alguns equipamentos do mobiliário urbano requerem estudos mais detalhados para sua implantação. Daros (2000) sugere uma alteração no formato das bancas de jornal, de maneira que estas sejam longas e estreitas, adaptando-se à faixa de serviço, tendo como vantagens servir de barreira para pedestres que costumam atravessar a via em qualquer lugar e melhorar a exposição dos produtos. Ferraz e Torres (2004) afirmam que os abrigos nas paradas do transporte coletivo devem seguir parâmetros como instalação preferencial em locais próximos a polos geradores de tráfego, de forma a não interromper a circulação pelas calçadas, deixando uma faixa de circulação livre em suas proximidades (IBAM, 1996).

Elementos como caixas de correio e telefones públicos (orelhões), criticados por seu formato pouco acessível e por servirem de barreira aos portadores de necessidades especiais de locomoção, devem ser devidamente sinalizados com piso de textura diferente em seu entorno, ou com utilização de uma guia ressaltada (MIU, 2000). IBAM (1996) e Daros (2000) recomendam que estes equipamentos sejam implantados de forma aglutinada em locais onde não haja o risco de obstrução do caminho dos pedestres, num conceito de ilha de serviço.

Como já foi mencionado anteriormente, na cidade estudada neste trabalho, observa-se que o mobiliário urbano é o principal agente que funciona como obstáculo aos pedestres, uma vez que não existe faixa de serviço. As bancas de jornal funcionam como obstáculos também, principalmente no centro da cidade, onde o tráfego de pessoas é maior. Na maioria das

(36)

calçadas de Caruaru, observa-se que os postes, árvores e até mesmo os telefones públicos (orelhões), são obstáculos para os pedestres (vide Figura 2 e Figura 3).

Neste sentido, uma intervenção que a prefeitura do município de Caruaru poderia realizar na cidade, seria seguir o que foi proposto por IBAM (1996) e Daros (2000), que recomendam que os orelhões sejam implantados de forma aglutinada em locais onde não haja o risco de obstrução dos caminhos dos pedestres, num conceito de ilha de serviço. De uma forma mais efetiva, a Prefeitura de Caruaru deveria elaborar um manual sobre a disposição adequada e a utilização do mobiliário urbano. Mas não adiantaria as melhorias, nesse aspecto, ficarem apenas no papel, os planos abordados no manual deveriam ser executados pela Prefeitura e sua Secretaria competente para este assunto.

A quinta questão feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru em relação à facilidade de caminhar devido à quantidade de pedestres?” Abaixo seguem as respostas.

Figura 22: Opinião dos pedestres em relação à facilidade de caminhar

Em áreas da cidade onde existam características favoráveis aos pedestres, como boa infraestrutura nas calçadas, arborização, e, menores distâncias entre as atividades urbanas, verifica-se um maior percentual de caminhadas (AMÂNCIO, 2005). Observa-se assim, que em Caruaru não há tanta dificuldade de se caminhar devido à quantidade de pedestres, exceto

(37)

na Rua Quinze de Novembro, em dias de feira livre, apesar de não ocorrer transtornos mais sérios devido a isso. Mesmo nesses dias, a calçada consegue ser um espaço democrático.

Nos bairros da cidade, de forma geral, as calçadas não apresentam boa infraestrutura, o que não estimula as pessoas à prática da caminhada, o que reduz drasticamente a quantidade de pessoas nas calçadas, isso inclui até mesmo as avenidas e ruas mais importantes da cidade. É fácil de observar e ficou constatado na opinião da população, que realmente as calçadas não apresentam boa infraestrutura, como mencionado e comprovado no presente trabalho.

A sexta pergunta feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições, em relação à facilidade de atravessar as vias, devido à quantidade de carros?” O gráfico a seguir mostra as respostas dadas pelos usuários.

Figura 23: Opinião dos pedestres em relação à facilidade de atravessar vias

A Abraspe (2000) apresenta uma série de recomendações básicas de segurança, que devem ser observadas por pedestres. Procedimentos fundamentais como andar sempre pela calçada e atravessar a via de forma perpendicular, em locais devidamente sinalizados e com boa condição de visibilidade, são fortemente recomendados. É incentivada a utilização da percepção e compreensão do ambiente (olhar e escutar o que se passa no entorno), ao invés de uma atitude dispersa, para que sejam evitadas surpresas e situações inusitadas de risco.

(38)

Na pesquisa feita em campo, foi constatado que em Caruaru, só o centro da cidade apresenta dificuldade relativa para atravessar devido ao tráfego de veículos, segundo a opinião dos pedestres. Nos bairros a situação é mais amena, mas ainda assim é indispensável que Caruaru não seja uma cidade projetada única e exclusivamente para os automóveis, mas sim para os pedestres também. É importante também seguir as orientações da Abraspe (2000). O pedestre deve andar sempre pela calçada e atravessar a via de forma perpendicular, e que o pedestre use a sua percepção e compreensão do ambiente ao atravessar.

A sétima questão feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições da sinalização voltada aos pedestres?” Abaixo são esboçadas, em forma de gráfico de barras, as respostas dadas pelos entrevistados.

Figura 24: Opinião dos pedestres em relação às condições da sinalização

A utilização de sinalização horizontal, indicando o local da travessia de pedestre (faixa de pedestre), é aplicável em todas as áreas de cruzamento (ZEEGER et al, 2002). Em travessias no meio de quadra, é necessário implantar sinalização que informe aos pedestres e motoristas quais os locais onde estas devem ser realizadas. Neste caso, deve-se utilizar tanto a sinalização vertical quanto a horizontal (DENATRAN, 2000). É recomendável que as áreas de travessia nas vias tenham sinalização horizontal e vertical, tanto para o pedestre como para o condutor (ITE, 1994).

Os 36% dos entrevistados que atribuíram péssimas condições de sinalização voltada aos pedestres, foram críticos e enfatizaram que a prefeitura do município não deu a devida

(39)

atenção aos bairros. Segundo a opinião dos mesmos entrevistados, dentro dos bairros de Caruaru existem avenidas importantes e que não apresentam sinalização voltada aos pedestres adequada, ou até mesmo, tais avenidas não possuem qualquer tipo de sinalização.

A oitava pergunta feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas em relação à presença de árvores, plantas e jardins?” As opiniões dos entrevistados são demonstradas a seguir.

Figura 25: Opinião dos pedestres em relação à arborização

O lugar também deve ser esteticamente agradável e convidativo ao convívio em sociedade e ao desenvolvimento de atividades de trabalho e lazer (VTPI, 2004). Amenidades como arborização e criação de áreas verdes e boa iluminação, dentre outras, ajudam a criar uma atmosfera que incentiva a realização de caminhadas e combate à degradação dos espaços públicos (METRO, 1997). A cidade de Caruaru não consiste em um bom exemplo de cidade arborizada, mas se nota uma sutil preocupação com esse aspecto por parte da prefeitura. Uma vez que nas principais ruas e avenidas da cidade, é possível encontrar árvores e até mesmo jardins.

A nona pergunta feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas em relação à limpeza do lixo acumulado e, em relação à presença de animais de rua”?

(40)

Figura 26: Opinião dos pedestres em relação às condições de limpeza e presença de animais

A divisão de responsabilidades também pode ser aplicada em parcerias com o comércio e com a indústria, favorecendo a execução de obras, como manutenção e limpeza de determinados locais, e a realização de campanhas que incentivem a utilização de modos não motorizados ou modos coletivos de transporte, por funcionários da empresa (GTZ, 2003).

Nesse aspecto é necessária uma conscientização generalizada. A sociedade deve compreender e se reeducar de tal forma que não jogue o lixo em locais inadequados, uma vez que há coleta de lixo nos bairros em dias determinados pela prefeitura. A população deve cobrar da prefeitura a limpeza urbana, mas a mesma população deve entender que também possui um papel fundamental nesse processo. Manter a limpeza nas ruas e nas calçadas é facilitar o trabalho da prefeitura. Seria viável que a prefeitura realizasse campanhas de conscientização, sobre este assunto.

A décima pergunta feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas em relação à presença de policiamento e de iluminação (segurança)?” Os entrevistados demonstraram insatisfação no que tange à precariedade da iluminação nas calçadas da cidade. As opiniões dos entrevistados são demonstradas a seguir.

(41)

Figura 27: Opinião dos pedestres em relação às condições de segurança

A iluminação das calçadas deve seguir requisitos técnicos (escolha do sistema aéreo ou subterrâneo, seleção das fontes de luz, dos postes e viabilidade econômica) e paisagísticos, como escala, ritmo e flexibilidade (IBAM, 1996). Estudos de Painter (1996) mostram haver expressivas diferenças em termos de sensação de segurança, ocorrência de assaltos e atratividade de usuários entre áreas com diferentes tipos de iluminação, em algumas cidades canadenses. Segundo Daros (2000), iluminar as calçadas evita que o pedestre prefira trafegar ao longo da pista de rolagem, costumeiramente iluminado, por medo da ação de marginais.

A precariedade nas condições de iluminação das ruas e calçadas revolta os entrevistados. A consequência disso é a insegurança sentida pelos pedestres em trafegar pelas calçadas durante a noite. Uma medida interessante seria colocar os postes voltados para os passeios, a fim de que os postes iluminassem as calçadas, não as vias, pois os automóveis possuem faróis. Com essa medida, provavelmente a sensação de insegurança por parte dos pedestres seria drasticamente reduzida, promovendo hábitos de caminhada no período noturno.

A décima primeira pergunta feita aos entrevistados foi: “como o entrevistado avalia as condições das calçadas em relação à poluição visual, sonora e do ar?” As opiniões dos entrevistados são demonstradas a seguir.

(42)

Figura 28: Opinião dos pedestres em relação às condições de poluição sonora, visual e do ar

O grau de irritabilidade e agitação sofrido pelos constantes congestionamentos, o aumento dos níveis de poluição através da emissão dos gases, ou até mesmo da poluição visual e sonora, e a busca de melhorias na qualidade de vida vem despertando a sociedade para novas perspectivas do seu cotidiano e para a conscientização da necessidade de proteção ao meio ambiente e para a conscientização de preservação da vida.

A evolução tecnológica, bem como as transformações econômicas e sociais, afetam a estrutura urbana e o uso do solo. As cidades se modificam e por vezes surgem áreas degradadas e abandonadas, propícias a intervenções que as requalifiquem neste processo de revitalização urbana e no sistema de transporte. Técnicos enfrentam o desafio de contextualizar o modal a pé e direcionar os projetos de revitalização urbana às soluções mais adequadas (FRENKEL e PORTUGAL, 2008).

Os entrevistados reclamaram da poluição sonora provocada por vendedores ambulantes, principalmente os vendedores cujas mercadorias são CDs ou DVDs, presentes com frequência nas ruas, praças e feiras de Caruaru. Na opinião dos entrevistados, cabe à prefeitura autuar e fiscalizar tais vendedores.

O que deve ficar claro, é que cabe ao dono do terreno a responsabilidade sobre as condições de sua respectiva calçada e, cabe à prefeitura fiscalizar e cobrar o cumprimento das condições construtivas adequadas das calçadas de cada imóvel da cidade. Porém, é cada vez

(43)

mais claro que não há fiscalização efetiva por parte da prefeitura, nem preocupação dos moradores em construírem calçadas adequadas, logo os pedestres ficam sujeitos a calçadas em péssimo estado de conservação e de construção.

Em muitos casos, as próprias pessoas que não se preocupam em construir calçadas adequadas, são pessoas (pedestres) que usam calçadas de má qualidade. E esse aspecto é tratado como um ciclo vicioso, em que muitos reclamam, mas não fazem a sua parte, não colaboram para o bem da sociedade, nem se conscientizam que também possuem alguma culpa nesse quadro alarmante referente às calçadas de Caruaru.

(44)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível notar que as calçadas da principal via de Caruaru (Av. Agamenon Magalhães) e do centro da cidade se apresentam em melhores condições de continuidade e conservação, fato este que condiz com a opinião dos entrevistados. Porém, a cidade não é constituída apenas por essas vias. Existem avenidas e ruas em diversos bairros da cidade que também são de fundamental importância para a mobilidade urbana.

Algumas medidas devem ser tomadas em relação à continuidade das calçadas. Um exemplo que Caruaru pode seguir é o de Vitória – ES, que apresenta modelo de calçada ideal (Figura 13). A calçada ideal de Vitória atende às necessidades do pedestre e é concebida de maneira atrativa aos usuários. Apresenta faixa de percurso (passeio) livre e cômoda para comportar usuários caminhando em direções opostas, faixa de serviço, em cor e textura diferenciada, com dimensionamento suficiente para implantação do mobiliário urbano, segregando pedestres e tráfego motorizado (conceito de “buffer zone”), faixa utilitária, de auxílio a embarque e desembarque de automóveis estacionados ao longo do meio-fio, e rampa de acesso como facilidade aos portadores de necessidades especiais de locomoção.

Alguns bairros (loteamentos) novos estão sendo construídos em Caruaru, uma vez que a cidade não para de crescer, e uma nova mentalidade para as calçadas pode ser empregada nesses bairros, utilizando-se esse exemplo de calçada ideal empregado em Vitória, e aplicando as exigências da NBR 9050 nesses novos bairros.

Outra situação alarmante sinalizada pelos entrevistados é a questão da constante presença de buracos nas calçadas de Caruaru. Em determinados casos, a calçada pode apresentar dimensões corretas e sem grandes desníveis, mas apresenta buracos, o que afasta as pessoas da calçada, e os pedestres trafegam na pista de rolamento, o que compromete a segurança desses indivíduos. Cabe à população cobrar das autoridades competentes, os devidos reparos, e não se contentar com essa situação, uma vez que a calçada em condições adequadas promove uma melhor interação social e melhor qualidade de vida, desde que seja convidativa para a caminhada (DEL RIO, 1990).

Em diversas situações, o mobiliário urbano funciona como obstáculo. Logo, há uma necessidade de que seja criada, nas calçadas de Caruaru, uma faixa de utilização onde possam

(45)

ser colocados elementos do mobiliário urbano, como orelhões, por exemplo. Lembrando ainda que esses telefones públicos devem possuir piso com textura diferente em seu entorno ou guias ressaltadas (MIU, 2000). Outra questão que pode ser repensada é o formato das bancas de revistas, de maneira que estas bancas sejam longas e estreitas, adaptando-se à faixa de serviço, tendo como vantagens servir de barreira para pedestres que costumam atravessar a via em qualquer lugar e melhorar a exposição dos produtos, como afirma Daros (2000). Estas medidas podem ser empregadas até mesmo na Avenida Agamenon Magalhães, por exemplo.

Outro tópico bastante criticado pelos pedestres é a falta de segurança dos usuários, devido à precariedade das condições de iluminação das calçadas. Estudos de Painter (1996) mostram haver expressivas diferenças em termos de sensação de segurança, ocorrência de assaltos e atratividade de usuários entre áreas com diferentes tipos de iluminação, em algumas cidades canadenses. Segundo Daros (2000), iluminar as calçadas evita que o pedestre prefira trafegar ao longo da pista de rolagem, costumeiramente iluminado, por medo da ação de marginais. Logo, é bastante interessante que além da iluminação pública voltada para as vias de tráfego, sejam empregados também pontos de luz voltados para as calçadas, a fim de que ocorra a diminuição da sensação de insegurança e de medo que sentem os pedestres, propiciando uma caminhada noturna mais segura e atrativa.

É importante salientar que é necessária uma mudança da mentalidade dos membros que governam o Estado, de tal forma, que o ato de caminhar seja mais divulgado e incentivado, mas em contrapartida, que sejam dadas condições favoráveis aos pedestres para que os mesmos exerçam o ato de caminhar. Não se pode criar uma política voltada apenas para os veículos automotores, os pedestres também fazem parte do trânsito e do meio urbano e merecem a devida atenção, até porque, uma cidade que se preocupa com o pedestre, e dispõe para os usuários das calçadas boas condições de tráfego, promovem uma melhor qualidade de vida e um meio urbano mais democrático.

Deve-se mencionar no presente trabalho que é importante dar continuidade à pesquisa voltada para as calçadas de Caruaru, uma vez que as calçadas constituem um importante local voltado para locomoção de pedestres, logo é indispensável a inserção da calçada no contexto da mobilidade e acessibilidade da cidade de Caruaru.

(46)

Vale salientar a importância da ampliação das pesquisas realizadas neste trabalho, pois a realização de entrevistas nos bairros da cidade (não apenas no centro de Caruaru) e um possível aumento no número de entrevistas, pode gerar incentivo ainda maior para melhoria das condições das calçadas de Caruaru além de propiciar uma transformação da atual conjuntura de mobilidade e acessibilidade dos pedestres na cidade de Caruaru.

(47)

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 9050 - Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências e Edificações, Espaço, Mobiliários e Equipamentos Urbanos. Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Rio de Janeiro – RJ, 2004.

ABRASPE. Atropelamentos no Brasil. Associação Brasileira de Pedestres – Abraspe. São Paulo – SP, 2000.

AMANCIO, M. A. Relacionamento entre a Forma Urbana e as Viagens a Pé. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR. São Carlos – SP, 2005.

BANCO MUNDIAL. Cidades em Movimento: Estratégia de Estudo do Banco Mundial. Tradução: Eduardo Farias de Lima. São Paulo: Sumatra Editorial, 2003.

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro. Lei Federal nº. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Brasília – DF, 1997.

BRASIL. Manual de Referência para a Acessibilidade de Pessoas com Restrição de Mobilidade. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana – Ministério das Cidades. Brasília – DF, 2004.

DAROS, E. J. O Pedestre. Associação Brasileira de Pedestres – Abraspe. São Paulo – SP, 2000.

DEL RIO, V. Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento. PINI Editora. São Paulo – SP, 1990.

DENATRAN. Manual de Segurança de Pedestres. Departamento Nacional de Trânsito. Brasília – DF, 1979.

DENATRAN. Sinalização de Áreas Escolares. Departamento Nacional de Trânsito. Brasília – DF, 2000.

DENATRAN. Frota Veicular Brasileira. Departamento Nacional de Trânsito. Brasília – DF, 2014. Disponível em <www.denatran.gov.br/frota2014.htm>. Acessado em julho de 2014.

FERRAZ, A. C. P.; e TORRES, I. G. E. Transporte Público Urbano. Editora Rima. São Carlos – SP, 2004.

FIGUEIREDO, C. W. Novo Urbanismo, Uso do Solo e Transportes. Cetrama, Universidade Federal da Bahia – UFBA. Salvador – BA, 2004.

FRENKEL, D. B.; e PORTUGAL, L. S. Proposta de Procedimento que Estabeleça Diretrizes de Projeto Fomentadores do Modal à Pé em Áreas de Revitalização Urbana. VI Rio de Transportes. Rio de Janeiro – RJ, 2008.

(48)

FRUIN, J. J. Designing for Pedestrians: a Level-of-service Concept. Highway Research Record, 1971, 355, 1-15.

GOLD, P. A. Melhorando as Condições de Caminhada em Calçadas. São Paulo – SP, 2003. 30p.

GTZ. Mobility Management. GTZ Transport and Mobility Group. Holanda, 2003.

IBAM. Manual para Implantação do Mobiliário Urbano na Cidade do Rio de Janeiro. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Rio de Janeiro – RJ, 1996.

IBGE. Portal Cidades. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, 2014. Disponível em <http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=260410>. Acessado em julho de 2014.

IPEA. Impactos sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Brasília – DF, 2003.

ITE. Study Tour for Pedestrian and Bicyclist Safety in England, Germany and the Netherlands. Institute of Transportation Engineers – ITE. Federal Highway Administration - FHWA, EUA, 1994.

LAUFER, A. M.; OKIMOTO, M. L.; e RIBAS, V. G. Modelo de Avaliação do Design Acessível de Mobiliário Urbano. 2003.

MEDEIROS, H. A. de. Calçadas, o Direito de Ir e Vir. Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP. São Paulo – SP, 2004.

METRO. Creating Livable Streets – Street Design Guidelines for 2040. METRO Regional Services. Oregon – EUA, 1997.

MIU. Inclusive Mobility. British Healthcare Trades Association. Londres, Reino Unido, 2000.

OGDEN, K. W. Safer Roads: Guide to Road Safety Engineering. Ashgate Publishing Company. Burlington – EUA, 1996.

PAINTER, K. The Influence of Street Lighting Improvements on Crime, Fear and Pedestrian Street Use, After Dark. Landscape and Urban Planning, Londres, Reino Unido, 1996, p 193-201.

PBIC. Image Library. Pedestrian and Bicycle Information Center, EUA, 2005. Disponível em <www.pedbikeimages.org>. Acessado em julho de 2005.

(49)

SILVA, J. C. R. C. da. Diagnóstico da Oferta de Acessibilidade para as Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida no Centro Urbano da Cidade de Campos dos Goytacazes. Dissertação, Mestrado, 169p. Programa de Planejamento Regional e Gestão de Cidades. Universidade Candido Mendes, Campos dos Goytacazes – RJ, 2006.

UNICAMP. Biblioteca Didática de Tecnologias Ambientais – Módulo Mobilidade. Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas – SP, 2005. Disponível em <www.fec.unicamp.br/~bdta/modulos/mobilidade/transportes/ sociologia.htm>. Acessado em fevereiro de 2005.

VASCONCELLOS, E. A. Transporte Urbano nos Países em Desenvolvimento – Reflexões e Propostas. Ed. Annablume, 3ª edição. São Paulo – SP, 2000.

VITÓRIA. Programa Calçada Cidadã. Prefeitura Municipal de Vitória. Vitória – ES, 1998.

VTPI. Transportation Demand Management Encyclopedia. Victoria Transport Policy Institute – VTPI. Victoria, Canadá, 2004. Disponível em <www.vtpi.org>. Acessado em julho de 2004.

ZEGEER, C. V.; SEIDMAN, C.; LAGERWEY, P.; CYNECKI, M; RONKIN, M.; e SCHNEIDER, R. Pedestrian Facilities Users Guide: Providing Safety and Mobility. Federal Highway Administration – FHWA. McLeen, EUA, 2002.

(50)

ANEXO I - QUESTIONÁRIO

Levantamento das condições das calçadas de Caruaru:

DATA: HORA: LOCAL:

1. Com que frequência o entrevistado usa as calçadas de Caruaru?

a) Diariamente b) 3 a 5 dias por semana c) Semanalmente d) Quinzenalmente e) Mensalmente

2. Como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru em relação aos degraus, inclinações, pisos regulares, condições das rampas?

a) Ótimas b) Boas c) Regulares d) Ruins e) Péssimas

3. Como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru em relação à quantidade de buracos?

a) Ótimas b) Boas c) Regulares d) Ruins e) Péssimas

4. Como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru, em relação ao local correto dos: postes, lixeiras e paradas de ônibus (obstruções)?

a) Ótimas b) Boas c) Regulares d) Ruins e) Péssimas

5. Como o entrevistado avalia as condições das calçadas de Caruaru em relação à facilidade de caminhar devido a quantidade de pedestre?

Referências

Documentos relacionados

Ficou com a impressão de estar na presença de um compositor ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um guitarrista ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um director

Era de conhecimento de todos e as observações etnográficas dos viajantes, nas mais diversas regiões brasileiras, demonstraram largamente os cuidados e o apreço

Dos docentes respondentes, 62,5% conhe- cem e se sentem atendidos pelo plano de carreira docente e pelo programa de capacitação docente da instituição (que oferece bolsas de

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Esses índices, destinam-se a avaliar aspectos não financeiros, que envolvem a atividade pecuária. O índice de fertilidade representa a relação do número de fêmeas que foram

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação

Dessa forma, a partir da perspectiva teórica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o presente trabalho busca compreender como a lógica produtivista introduzida no campo

Os resultados são apresentados de acordo com as categorias que compõem cada um dos questionários utilizados para o estudo. Constatou-se que dos oito estudantes, seis