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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSU EM PLANEJAMENTO E

GESTÃO AMBIENTAL

Mestrado

VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ECOLÓGICO DE USOS

MÚLTIPLOS ÁGUAS CLARAS - DF: ANALISANDO A DISPOSIÇÃO A

PAGAR DOS USUÁRIOS PELO SEU USO.

Autor: Rafael Costa Morgado Soares Braga

Orientadora: Profª. Drª. Lucijane Monteiro de Abreu

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RAFAEL COSTA MORGADO SOARES BRAGA

VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ECOLÓGICO DE USOS

MÚLTIPLOS ÁGUAS CLARAS - DF: ANALISANDO A DISPOSIÇÃO A

PAGAR DOS USUÁRIOS PELO SEU USO.

Orientadora: Profª. Drª. Lucijane Monteiro de Abreu

Brasília Dezembro de 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

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B813v Braga, Rafael Costa Morgado Soares

Valoração ambiental do parque ecológico de usos múltiplos Águas Claras-DF: analisando a disposição a pagar dos usuários pelo seu uso / Rafael Costa Morgado Soares Braga. – 2009.

89 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2009. Orientação: Lucijane Monteiro de Abreu

1. Parques urbanos- análise de valor. 2. Metodologia- valor (Economia)-recursos naturais. 3. Valor (Economia)- proteção ambiental. I. Abreu, Lucijane Monteiro de, orient. II. Título.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

RAFAEL COSTA MORGADO SOARES BRAGA

VALORAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ECOLÓGICO DE USOS

MÚLTIPLOS ÁGUAS CLARAS - DF: ANALISANDO A DISPOSIÇÃO A

PAGAR DOS USUÁRIOS PELO SEU USO.

Dissertação submetida à banca examinadora do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental.

Banca Examinadora:

__________________________________________________ Profª Drª Lucijane Monteiro de Abreu

Orientadora

__________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Coelho Teixeira

Examinador Externo

__________________________________________________ Prof. Dr. Perseu Fernando dos Santos

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i

À minha mãe, Corinta, ao meu padrasto Aneilton, aos meus irmãos, Galileu e Karla Patrícia, e à minha esposa Mona Lisa.

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ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço todos os dias ao grande Deus por Ele estar todos os dias ao meu lado e nunca tirar os seus olhos de mim.

Agradeço à minha mãe, por todo amor, confiança e paciência.

À professora, orientadora, amiga e ex-chefe, e minha quase mãe, Lucijane, que sempre foi como um anjo que Deus colocou em minha vida e que de certa forma está sempre ligada em muitas coisas que faço. Minha eterna gratidão a esta pessoa fantástica que em muito me ajudou e que de maneira muito carinhosa a chamava de “Mãe Jane” e como um filho mesmo ela me adotou e ensinou a trabalhar. Não tenho como agradece - lá por tudo o que aprendi nestes anos todos.

Agradeço ainda à minha esposa Mona Lisa (que desta vez não deixei de citar seu nome), que sempre ouviu as reclamações e murmurações e quando pensava em desistir ela sempre me animava.

Ao professor Genebaldo, por ter nos acolhido de braços abertos quando tudo parecia estar para afundar.

Ao laboratório de apoio à pesquisa em Gestão e Planejamento Ambiental – e seus pesquisadores Bruno e Neide.

Aos amigos da Engenharia Ambiental que ajudaram na aplicação dos questionários - Hélio, Viviane, Geraldo, Melissa, Goldie, Zolini, Diego, Vanessa, Anne e Juliano.

Aos meus amigos do mestrado, de forma especial à Juliane, por sua amizade sincera, ao Obolari – uma pessoa fantástica, ao Tiago que me ajudou com o mapa.

Ao meu grande amigo Manuel Perez, por me aconselhar nas horas certas

E principalmente a todos os Mestres do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental, pois sem eles isso seria impossível de acontecer.

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iii “Miserável serás, onde quer que estejas e para onde quer que te voltes se não te converteres a Deus”.

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iv

RESUMO

Este estudo objetivou avaliar a Disposição a Pagar (DAP) pelo uso do Parque Ecológico de Usos Múltiplos Águas Claras e investigar se o valor total de uso representado pela DAP média da população de Águas Claras é suficiente para a manutenção, melhoria da infraestrutura e conservação do Parque Ecológico de Usos Múltiplos Águas Claras. Para isso utilizou-se o Método de Valoração Contingente – MVC, aplicável em situações nas quais não existem preços de mercado disponíveis. A abordagem do MVC baseia-se na premissa de que os consumidores podem e irão revelar sua verdadeira disposição a pagar por bens não comercializados em mercado através de um mercado hipotético. A disposição a pagar por um benefício é captada por meio de entrevista tendo como variáveis socioeconômicos como renda, idade e grau de instrução. A partir da aplicação de questionário, identificou-se a intenção das pessoas quanto à sua disposição a pagar para manter e conservar esses benefícios, quanto ao valor de uso. Inicialmente foi aplicado um teste-piloto para validação das perguntas e estimativa da DAP. Por meio de lances livres criou-se os valores de referência. Esses valores revelados subsidiaram a determinação dos valores médios a serem justapostos no questionário final, que utilizou o método referendum (dicotômico) para o cálculo da DAP por meio da seguinte pergunta: Você estaria disposto a pagar R$ X por mês para conservação ou recuperação do Parque Águas Claras? Os resultados mostraram que 57% dos usuários do Parque estão dispostos a pagar pela manutenção, conservação e recuperação, com R$ 11,59 /mês. Dessa forma, a partir da média atribuída, o valor estimado para a manutenção das funções do Parque Águas Claras corresponde a R$ 2.503.384,62 /ano.

Palavras-chave: Parque urbano; Valoração ambiental; Disponibilidade a pagar; Valor

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v

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the Willingness to Pay (WTP) by the use of the Águas Claras Multiple Use Ecological Park and to investigate if the total usage represented by the mean WTP Águas Claras population is sufficient for the maintenance, improvement of infrastructure and conservation of Águas Claras Multiple Use Ecological Park. It was used the contingent valuation method - CVM, applicable in situations where there are no market prices available. The CVM approach is based on the premise that consumers can and will reveal their true willingness to pay for things not traded in the market through a hypothetical market. The willingness to pay for a benefit is captured through interviews with socioeconomic variables as income, age and educational level. From the questionnaires, we identified the intention of the people on their willingness to pay to maintain and preserve these benefits, as the use value. It was initially implemented a pilot test to validate the questions and estimation of WTP by means of free throws to set the benchmarks. These values revealed supported the determination of average values are juxtaposed in the final questionnaire, which used the referendum method (dichotomous) to calculate the WTP to the following question: Would you be willing to pay R$ X per month for maintenance or recovery of Águas Claras Park? The results showed that 57% of park users are willing to pay for maintenance, conservation and recovery, with R$ 11,59 per month. Thus, from the average allocation, the estimated value for the maintenance of the functions of the Águas Claras Park corresponds to R$ 2.503.384,62/year.

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização e área delimitada do Parque Ecológico de Uso Múltiplo Águas

Claras. ... 33

Figura 2: Sexo dos entrevistados ... 44

Figura 3: Distribuição dos visitantes do Parque Águas Claras por local de residência .. 45

Figura 4: Grau de instrução dos entrevistados ... 45

Figura 5: Faixas de renda mensal dos usuários do Parque Águas Claras entrevistados - maio/2008 ... 46

Figura 6: Faixa etária dos visitantes entrevistados ... 47

Figura 7: Distribuição da freqüência dos entrevistados por profissão ... 47

Figura 8: Distribuição da freqüência dos visitantes por meio de transporte utilizado para chegar ao parque. ... 48

Figura 9: Freqüência de entrevistados dispostos a pagar algum valor para a preservação do parque ... 49

Figura 10: Freqüência do principal motivo da DAP ... 50

Figura 11: Freqüência do atual estado de manutenção e conservação do parque ... 50

Figura 12: Freqüência revelada dos entrevistados sobre o que precisa ser melhorado no Parque. ... 51

Figura 13: Grau de instrução x Valor da DAP ... 52

Figura 14: Justificativa para o não pagamento de uma nova taxa ... 53

Figura 15 - Administração do parque ... 74

Figura 16 - Equipamentos comunitários - aparelhos de ginástica ... 74

Figura 17 - Barraca de coco ... 75

Figura 18 - Pista de Cooper e bebedouros ... 75

Figura 19 – Estacionamento ... 76

Figura 20 – Churrasqueiras ... 76

Figura 21 - Área que está sendo reflorestada e a cidade de Águas Claras ao fundo ... 77

Figura 22 - Lagoa artificial para contemplação ... 77

Figura 23 - Vista geral com pista de cooper, área reflorestada e a cidade de Águas Claras ao fundo ... 78

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vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Principais métodos de valoração ambiental de recursos naturais ... 13

Tabela 2: Principais estudos de valoração de UC’s ... 30

Tabela 3: Distribuição dos valores no questionário final de acordo com o teste-piloto. 41 Tabela 4: Freqüência da disponibilidade a pagar x Valor da DAP ... 49

Tabela 5 - Motivos revelados pelos usuários para não pagarem pelo uso do Parque ... 53

Tabela 6: DAP mensal média para o uso e conservação e manutenção ... 54

Tabela 7 - Média de gastos mensais em 2008 do Parque Águas Claras ... 55

Tabela 8 - Analise de Regressão STEPWISE do Parque Águas Claras ... 56

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viii

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ... 1

2 – MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA DE RECURSOS NATURAIS 6 2.1 – Métodos de valoração dos recursos naturais ... 7

2.1.1 – Método de Custos de Viagem (MCV) ... 8

2.1.2 – Método de Preços Hedônicos (MPH) ... 9

2.1.3 – Método de Custo de Viagem Hedônico (MCVH) ... 10

2.1.4 – Método de Dose - Resposta (MDR) ... 10

2.1.5 – Método de Valoração Contingente (MVC) ... 11

2.2 – Formas de Valoração Contingente ... 14

2.2.1 – Formato Aberto ou Lances Livres (open-ended) ... 14

2.2.2 – Jogos de Leilão (bidding games) ... 15

2.2.3 – Cartões de Pagamento (payment card) ... 16

2.2.4 – Referendum ... 16

2.5.5 – Referendum com Follow-up ... 17

2.2.6 – Contingent Ranking ... 17

2.2.7 – Contingent Activity ... 17

2.3 – Evolução Histórica do Método de Valoração Contingente no Mundo ... 18

2.4 – A Valoração Contingente no Brasil ... 21

3 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VALORAÇÃO AMBIENTAL ... 24

3.1 – O Sistema Nacional de Unidades de Conservação e a Gestão Ambiental ... 24

3.2 - Importância da valoração ambiental de áreas protegidas para gestão ambiental 28 4 – HISTÓRICO DE ÁGUAS CLARAS ... 32

4.1 – O Parque Ecológico Águas Claras ... 32

4.2 – Equipamentos Instalados no Parque Ecológico Águas Claras ... 35

4.3 – O Perfil do Visitante do Parque Ecológico Águas Claras ... 36

5 – METODOLOGIA ... 38

5.1 – Fonte de coleta de dados ... 38

5.2 – Instrumento de coleta de dados ... 39

6 – RESULTADOS ... 44

6.1 – Perfil do visitante ... 44

6.2 – Disposição a pagar dos entrevistados ... 48

(13)

ix CONCLUSÕES ... 57 REFERÊNCIAS ... 60 ANEXOS ... 69 ANEXO I ... 69 ANEXO II ... 72 ANEXOS III ... 74

(14)

1

1 – INTRODUÇÃO

O debate sobre a relação entre o crescimento econômico e exaustão dos recursos ambientais pode ser visto sob duas óticas; ambientalista “pessimista”, segundo o qual o desenvolvimento econômico e tecnológico provoca a exaustão dos recursos naturais e limita o crescimento econômico e do outro lado a visão desenvolvimentista “otimista”, em que o desenvolvimento econômico e tecnológico traz a superação dos limites impostos pelas restrições ambientais. Para tanto, os danos devem ser pensados em termos de custos econômicos e valorados (AMAZONAS, 2001).

Há tempos acreditava-se que os recursos naturais eram abundantes e que nunca iriam se exaurir, consequentemente, não se via a necessidade de valorá-los economicamente, tendo assim valor econômico atribuído ao meio ambiente igual a zero ou infinito, e considerados bens gratuitos e não entravam na contabilidade econômica, apesar de serem usados na produção de bens e serviços (BENAKOUCHE & CRUZ, 1994 apud MATTOS, 2006).

As florestas, assim como outros recursos ambientais, vêm sendo degradados no Brasil em ritmo acelerado. Em algumas regiões, como a de ocorrência da mata atlântica, restam apenas áreas degradadas e com pequenos fragmentos florestais. Uma proposta para barrar esta exploração desordenada seria a valoração dos recursos florestais, de forma a garantir a sua proteção por meio de incentivos econômicos (MATTOS et al. 2007).

Torna-se portanto essencial a conciliação das variáveis econômicas com a questão ambiental, com o intuito de tornar possível um relacionamento harmônico entre as necessidades humanas e as disponibilidades ambientais (SILVA & LIMA, 2004).

Na atual conjuntura mundial é necessário e urgente conciliar crescimento econômico e preservação ambiental, para que seja mantida a sobrevivência das futuras gerações e para continuar desenvolvendo a economia. Faz-se necessário um desenvolvimento sustentável, que busca a gestão dos recursos naturais para a manutenção das necessidades do indivíduo e da qualidade ambiental.

O valor econômico de um determinado recurso ambiental é dado pela estimativa do seu o valor monetário em relação a outros bens e serviços.

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2 Segundo Silveira (2002), uma grande parcela dos economistas considera que a inserção da problemática ambiental na economia ocorre a partir de alguns fundamentos, cujos princípios estão ligados a concepção de mercado, na medida em que os agentes econômicos procuram maximizar suas utilidades, tendo o preço indicador como grau de escassez das amenidades ambientais. Além disso, os danos ambientais são considerados uma falha do mercado que requer correção através da valoração de danos ambientais

Quando os custos da degradação ecológica não são pagos pelos poluidores, estes são externalidades para o sistema econômico, e afetam terceiros sem a devida compensação. Atividades econômicas são desse modo planejadas sem levar em conta essas externalidades ambientais e, conseqüentemente, os padrões de consumo das pessoas são forjados sem nenhuma internalização dos custos ambientais (MOTTA, 1998).

Os métodos de valoração econômica do meio ambiente são parte do arcabouço teórico da microeconomia do bem-estar e são necessários para determinação dos custos e benefícios sociais quando as decisões de investimento público afetam a população e, portanto, seu nível de bem-estar (MOTTA, 2006).

Uma grande parte dos Parques Ecológicos encontra-se localizada dentro ou próximo ao perímetro urbano. O processo de urbanização tem-se desenvolvido, na maioria das vezes, sem o planejamento adequado no que se refere à oferta de áreas verdes e espaços para o lazer e convívio social. A importância de garantir tal oferta potencializa-se no caso das regiões metropolitanas, caracterizadas pela conurbação de centros urbanos, onde se verifica, em muitos casos, a eliminação das áreas rurais. A drástica redução de espaços verdes empobrece a paisagem urbana e as possibilidades em termos de lazer e tranqüilidade. Diante das poucas alternativas para contornar estes fatos, principalmente para o contingente populacional de baixa renda, que não pode, sistematicamente, fugir dos centros urbanos, esses espaços territoriais públicos passam a cumprir, nas grandes áreas urbanas, funções inestimáveis em face da crescente degradação da qualidade de vida. Sua importância, tendo em vista o quadro atual de carências e exclusão social e suas conseqüências, como a explosão da violência urbana, mais do que nunca se evidencia.

A cidade de Águas Claras não foge à regra do que acontece nas grandes metrópoles. A satélite é a vigésima região administrativa do Distrito Federal e conta com uma área de 808 hectares, localizada a vinte quilômetros do Plano Piloto. Projetada pelo arquiteto e urbanista

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3 Paulo Zimbres, começou a ser construída na década de 1990, sendo reconhecida como região administrativa a partir de 2003 por uma lei distrital..Tem cerca de 60 mil habitantes e situa-se entre Taguatinga, Guará, Vicente Pires e Par Way, sendo sua principal via de acesso a estrada Parque Taguatinga (ÁGUAS CLARAS, 2007).

A região possui um parque ecológico de usos múltiplos, criado em 2000 por projeto de Lei nº 287 do Governo do Distrito Federal (GDF – Anexo II) com objetivo de; proteger o acervo genético representativo da flora e da fauna nativas naquela área do Distrito Federal; proteger áreas de nascentes e de recarga de aqüíferos; proporcionar a realização de atividades voltadas para a educação ambiental; propiciar o desenvolvimento de programas e projetos de observação ecológica e pesquisa sobre os ecossistemas locais; e realizar atividades culturais, de recreação, lazer e esporte, em contato harmônico com a natureza (DISTRITO FEDERAL, 2000).

O parque apresenta sólida infra-estrutura tais como: prédio da administração e de outro para eventos quadras desportivas; playground; churrasqueiras e trilhas para caminhada e ciclismo, além de uma unidade de polícia florestal. É um dos poucos locais de lazer no local, recebendo diariamente inúmeros visitantes, que na maioria das vezes são atraídos para desenvolverem atividades esportivas e recreativas (consideradas como lazer) que são destinadas a satisfazerem a necessidades pessoais do indivíduo. As atividades esportivas mais freqüentes são: caminhada, corrida, alongamento, patinação, futevôlei, voleibol, futebol, basquetebol e ciclismo. Há ainda atividades recreativas como piqueniques, leitura ao ar livre, relaxamento, profissionais de massagem.

Todos estes usos geram externalidades positivas, pois identificam-se ganhos econômicos sem que haja pagamento de compensação via sistema de preços (ALMEIDA, 1998, apud GONZÁLEZ, 2004).

Todavia, o grande crescimento acelerado da cidade e a falta de investimento em manutenção conservação e gestão do parque podem levá-lo a um estado irreversível de danos, o que inviabilizaria o seu uso.

Existem bens públicos cujo acesso é livre e o consumo é, de todos como segurança, saúde e educação públicas etc. Por outro lado existem outros bens cujo acesso é livre, e o consumo é concorrencial, tais como florestas, água, ar, peixes etc. Nesta confusão, o Estado

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4 não consegue evitar os free-riders e, estimular os usuários, que têm acesso livre, a fazer uso dos recursos de maneira sustentável ou conforme as suas necessidades (GODOY, 2006).

No caso dos recursos naturais, se forem consumidos de maneira predatória, poderão afetar a quantidade disponibilizada para os demais indivíduos. Embora o uso dos recursos ambientais não tenha seu preço reconhecido no mercado, seu valor econômico existe na medida que seu uso altera o nível de produção e consumo (bem-estar) da sociedade (MOTTA, 1998).

Uma forma de valorar economicamente um recurso natural seria determinar o quanto melhor ou pior estará o bem-estar das pessoas devido a mudanças na quantidade de bens e serviços ambientais, seja na apropriação por uso ou não. (MOTTA, 2006).

No caso específico do Parque de usos múltiplos Águas Claras, e considerando a crescente especulação imobiliária na região, é importante saber o valor econômico dos serviços ambientais oferecidos.

Os benefícios gerados pela manutenção do parque são para toda a sociedade. Uma maneira de viabilizar seria a transferência de sua gestão para a iniciativa privada, por meio de uma concessão, onde os usuários pagariam uma taxa mensal em sua conta de energia e esse valor repassado para o gestor que investiria na preservação, construção e manutenção das infra-estruturas. Para que haja o pagamento, é necessário que seja estimado o valor do bem em questão para a sociedade, que seria calculado por meio de um método de valoração ambiental de forma a subsidiar o estabelecimento de políticas de proteção ambiental, com base na Disposição a Pagar pelo uso (DAP) aceito pela população.

Parte-se do princípio que a consolidação dos procedimentos de disposição a pagar poderá assegurar um significativo aporte de recursos para a sustentabilidade econômica dos processos de implantação, gestão e administração privada de parques ecológicos. Estimativas quanto ao potencial econômico dos recursos oriundos da disposição a pagar podem indicar um expressivo aporte econômico a ser destinado à implementação e manutenção de parques ecológicos.

Dessa forma o objetivo deste trabalho é estimar o valor da Disponibilidade a Pagar (DAP) dos usuários pelos benefícios ambientais oferecidos pelo Parque Ecológico de Usos Múltiplos Águas Claras com base em valores revelados pelos próprios usuários.

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5 Para tanto, procurou-se determinar a máxima disposição a pagar pela recuperação ou preservação do parque, caracterizar do perfil do visitante e estimar o valor de uso e recuperação do Parque.

Sabendo que a valoração ambiental é útil para a tomada de decisões políticas na transferência de recursos para gestão de áreas protegidas, e considerando que a gestão pública dos recursos naturais é problemática (por falta de recursos financeiros e humanos, fiscalização etc.), parte-se da hipótese de que o valor total de uso representado pela DAP média da população de Águas Claras é suficiente para a manutenção, melhoria da infraestrutura e conservação do Parque Ecológico de Usos Múltiplos Águas Claras.

Para subsidiar o estudo realizou-se um levantamento de métodos de valoração.

O presente trabalho está organizado em 6 capítulos. No primeiro, foi apresentada a introdução na qual é feita a justificativa e contextualização do tema, seguindo da apresentação dos objetivos gerais e específicos e a metodologia para sua efetivação, bem como a hipótese da qual surgiu o estudo.

O segundo capítulo abordou os diversos métodos de valoração econômica dos recursos naturais, bem como a evolução histórica do método de valoração contingente no mundo e apresentado os diversos estudos envolvendo este método no Brasil.

Para explicar a importância das Unidades de conservação, o capitulo 3 apresenta faz um apanhado sobre gestão de áreas protegidas dando ênfase ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação e a importância da valoração ambiental de áreas protegidas para a sua gestão e concessão de uso.

No capítulo 4 é relatado um histórico da cidade de Águas Claras, voltado para o Parque Ecológico e de Usos Múltiplos Águas Claras.

O capítulo 5 apresenta uma caracterização geral da metodologia que foi utilizada neste estudo, detalhando o instrumento de coleta de dados, e os procedimentos utilizados para análise dos resultados.

No capítulo 6 são apresentados os resultados da pesquisa, com destaque para o perfil do visitante e a disposição a pagar pelo uso do parque – DAP com o seu respectivo valor de uso e por último são apresentadas as considerações finais e as recomendações acerca do presente estudo

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6

2 – MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA DE RECURSOS NATURAIS

Se aos recursos naturais, antes vistos como bens livres, e agora reconhecidos como recursos naturais escassos, forem atribuídos preços capazes de refletir a sua escassez, então sua preservação será mais provável (CALDERONI, 2004). Esse valor econômico é proveniente das ciências econômicas, e tem relação com as mais diversas atividades exercidas pelo homem.

Segundo Gazoni (2006), a teoria do valor pode ser a pedra fundamental da economia, que cujo valor revelado pelos indivíduos, por meio da revelação de suas preferências. O valor econômico de um bem ou serviço ambiental pode ser definido como a expressão monetária dos benefícios obtidos com o seu consumo. Deste modo, pode-se entender que a valoração econômica dos recursos naturais é a atribuição de um valor econômico a um recurso, por intermédio da definição de quanto oscilará o bem estar das pessoas em razão da oferta desses bens e serviços ambientais.

O valor econômico de um bem é expresso pela quantidade de dinheiro (ou de outro bem) que estamos dispostos a ceder para obter a mudança de uma determinada quantidade de bem ou recurso (MELO & DONOSO, 1995).

A teoria neoclássica, especificamente, a teoria da escolha do consumidor, provê o suporte necessário para a valoração dos recursos ambientais. Segundo esta teoria o consumidor toma as decisões, dentro das possibilidades da sua renda, em relação ao conjunto de bens e serviços (ambientais, culturais ou econômicos), baseando-se nas diferentes utilidades que estes apresentam (MOTA, 2001, apud, GAZONI, 2006).

Buscando equacionar a questão prática de mensurar os danos ambientais em termos monetários, a abordagem neoclássica lança mão do conceito de Disposição a Pagar (DAP). A DAP corresponde ao valor monetário que um indivíduo atribui a um bem, ou seja, que estaria disposto a pagar por ele. No caso de bens ambientais, a DAP refere-se a disposição a pagar para garantir um benefício ou para prevenir um dano ambiental (AMAZONAS, 2001).

Os serviços ambientais públicos não são comercializados no mercado, mas são regulamentados pelo poder público. O acesso ao serviço é não-excludente, isto é, todas as

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7 pessoas tem o direito de visitá-lo. Por outro lado esses tipos de serviço exigem altos investimentos, para a sua manutenção (MOTA, 2000).

A não exclusividade ocorre quando é impossível impedir que a pessoa se beneficie de um bem ou serviço. Na ausência da exclusão é impossível um mecanismo de cobrança pelo uso. Em geral esse tipo de situação resulta em uma excessiva exploração do recurso, tendo como conseqüência a deterioração do bem ou serviço (RANDAL, 1987 apud GONZALES, 2004).

2.1 – Métodos de valoração dos recursos naturais

Muitas pessoas se perguntam; qual o valor de um Parque Nacional? quanto vale o mico-leão-dourado? quanto vale uma baleia? Respostas a esses tipos de perguntas envolvem várias questões éticas, morais e culturais e são um grande desafio, pois não existe um valor de mercado pré-definido para esses bens ambientais. Agora quando se pergunta sobre o valor de uma tora de madeira, mais especificamente sobre quanto vale um m³ de mogno muitas pessoas sabem responder, pois trata-se de um bem de consumo que está avaliado pelo mercado por seu valor comercial como bem de consumo. Porém, o mogno é um recurso natural que se não for preservado pode acabar. Então como se sabe qual o valor de um mogno na floresta, ou o valor de um Parque Ecológico?

Existem vários métodos de valoração ambiental, onde são aplicados métodos e técnicas em que se estima um valor monetário para os recursos naturais. Esses métodos buscam suprir a inexistência de mercados e preços para as externalidades derivadas de bens públicos constituídos por recursos naturais.

Segundo Mattos (2006), as técnicas visam medir as preferências individuais em relação às mudanças na qualidade ou na quantidade ofertada do recurso ambiental, segundo o qual essas preferências correspondem às medidas de bem estar, que são obtidas através da disposição a pagar pela melhoria de um recurso, ou pela disposição a receber pela piora ou diminuição da oferta de um recurso. Já os métodos são expressos em valores monetários que seguem técnicas com enfoques diretos e indiretos.

Os métodos diretos relacionam-se com os preços de mercado e a produtividade (HILDEBRAND et al., 2002) e são possíveis de se aplicar quando uma mudança na qualidade ambiental ou na quantidade de recursos naturais afeta a produção ou capacidade produtiva do

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8 processo econômico (MÉRICO, 1996, apud, HILDEBRAND et al., 2002). São exemplos de métodos diretos de valoração ambiental: preço líquido, mudança na produtividade, custo de oportunidade, custo de doença, custo de reposição, entre outros.

Já no enfoque indireto os benefícios não são possíveis de serem valorados, mesmo que indiretamente, por causa do comportamento de mercado. Neste caso simula-se o mercado através do julgamento das pessoas, ou seja, baseados em avaliações subjetivas a respeito do comportamento do mercado, ou pela construção de mercados hipotéticos (HILDEBRAND et

al., 2002).

Quando não é possível valorar os impactos ambientais indiretamente, por intermédio do comportamento de mercado, a alternativa é construir mercados hipotéticos para diferentes cenários e perguntar diretamente a disposição a pagar de um indivíduo por um recurso ambiental (MOTTA, 1998). Os métodos indiretos são usados quando a variação na quantidade ou qualidade do recurso ambiental afeta a produção ou o consumo de bens ou serviços ambientais. O valor dessas mudanças, usando-se preço de mercado, são as medidas do benefício ou perda decorrentes da mudança no recurso ambiental. Neste caso são analisadas as preferências dos indivíduos por meio da compra de certos bens de mercado associados ao uso e consumo do recurso ambiental (MATTOS, 2006). Os principais métodos indiretos são: valoração contingente, custo de viagem e preços hedônicos, dose-resposta, custo de viagem hedônico..

2.1.1 – Método de Custos de Viagem (MCV)

A idéia básica deste método é a de que os gastos realizados pelos indivíduos para se deslocarem a um lugar, geralmente para recreação, podem ser utilizados para mensurar os bens ou serviços ambientais geradores dos benefícios proporcionados por esta recreação. Assim utiliza-se o comportamento do consumidor em mercados relacionados para avaliar bens e serviços para os quais não existem mercados explícitos (HANLEY & SPASH 1993

apud ABAD 2002).

Quanto mais longe do sítio natural os seus visitantes vivem, menos uso deste (menor número de visitas) é esperado que ocorra porque aumenta o custo de viagem para visitação. Aqueles que vivem mais próximos ao sítio tenderão a usá-lo mais (maior número de visitas),

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9 na medida em que o preço implícito de utilizá-lo, o custo de viagem, será menor (MOTTA, 1998).

O método do custo de viagem foi proposto inicialmente em 1949 pelo economista inglês Harold Hotteling, que sugeriu ao Serviço de Parques Nacionais dos Estados Unidos, uma metodologia para aferir os benefícios proporcionados pelos locais de recreação. O método só veio a ser publicado em 1958 por Wood e Trice e, posteriormente, por Clawson e Knetsch em 1966 (GAZONI, 2006).

Através de uma pesquisa com uso de questionários realizadas no próprio sítio natural é possível levantar informações em uma amostra de visitantes. Assim, cada entrevistado informa seu número de visitas ao local, o custo de viagem, a zona residencial onde mora além de outros aspectos socioeconômicos. Com base nesse levantamento de campo estima-se a taxa de visitação de cada zona da amostra que pode ser correlacionada estatisticamente com dados amostrais de custo médio de viagem da zona e outras variáveis socioeconômicas (MOTTA, 1998).

2.1.2 – Método de Preços Hedônicos (MPH)

Esse método pode ser usado para valorar qualquer bem que possua um leque de diferentes características, inclusive ambientais. Os chamados preços hedônicos tentam, precisamente, descobrir todos os atributos do bem que explicam o seu preço e discriminar a importância quantitativa de cada um deles (SANTANA, 2002).

A idéia básica desse método reside na identificação de atributos ambientais que podem estar associados e, portanto, serem captados do preço de bens e serviços privados. Estima-se o valor dos atributos ambientais implícitos no valor de um bem privado por meio de uma função denominada, função hedônica de preço (TOLMASQUIM et al., 2000). Sua aplicabilidade, no caso para valoração ambiental, está substancialmente relacionada a preços de propriedade. Atributos ambientais como: qualidade do ar, proximidade de áreas naturais, entre outras, são determinantes na diferença de preços de distintas propriedades de mesmas características (número de quartos, tamanho, material de construção etc.). Portanto, a diferença de preços de propriedades em função de diferentes níveis de atributos ambientais, deve refletir a disposição a pagar por variação desses atributos (ABAD, 2002).

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2.1.3 – Método de Custo de Viagem Hedônico (MCVH)

O método de custo de viagem hedônico pressupõe que as pessoas escolhem seus locais de recreação não somente pela recreação, mas também pelo bem-estar proporcionado pela contemplação da paisagem e outros recursos naturais. É um híbrido do custo de viagem com o preço hedônico. O método estima uma função do custo de viagem em razão de características socioeconômicas dos visitantes e características do local da visita (MOTA, 2000).

Esse método prevê que o custo de viagem per capita é uma função de dois vetores; o primeiro, representado pelas características socioeconômicas dos visitantes, e o segundo, representado pelas características do local de visita. Para tanto é aplicado um survey de pesquisa, necessitando de grandes amostras, uma vez que os visitantes residem em diferentes regiões (MOTA, 2000).

2.1.4 – Método de Dose - Resposta (MDR)

O método de Dose-Resposta pertence aos métodos de funções de produção, ou seja, os que valoram o recurso ambiental pela sua contribuição como insumo na produção de outro bem final. Para ser empregado ele exige a obtenção de preços de mercado para variações do produto final ou de seus substitutos (MOTTA, 1998).

Quando se faz referência ao MDR, deve-se pensar que o ar, a água ou a terra constitui um insumo produtivo na produção de alguns bens privados. A qualidade do ar, por exemplo, influi sobre a produtividade da terra, tanto diretamente, como indiretamente, através do efeito que se tem sobre a qualidade da água da chuva. Assim temos os elementos necessários para analisar os custos e benefícios gerados pela mudança na quantidade ou qualidade, ou seja, sua relação com uma série de bens privados (produtos agrícolas e insumos) que possuem mercado (OYARZUN, 1997 apud SANTANA, 2002).

Dentre as dificuldades apresentadas na operacionalização do MDR, as relações causais em ecologia, ainda pouco conhecidas e de estimação bastante complexas, ocupam lugar de destaque, embora a sua maior limitação seria a não cobertura de valores de opção e existência, subestimando o valor econômico total do recurso ambiental (ABAD, 2002).

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11 Hanley e Spash (1993), apud Santana (2002), define que o MDR busca uma relação entre as variáveis de qualidade ambiental e o nível de produção do bem comercializado. A produção pode ser definida pela quantidade (metros cúbicos de madeira produzidos em uma floresta) ou pela qualidade (pelo crescimento da acidez).

2.1.5 – Método de Valoração Contingente (MVC)

O método de valoração contingente (MVC) é aplicável em situações nas quais não existem preços de mercado disponíveis. A abordagem do MVC baseia-se na premissa de que os consumidores podem e irão revelar sua verdadeira disposição a pagar por bens não comercializados em mercado através de um mercado hipotético (SANTANA, 2002).

O método de valoração contingente consiste em se estimar o valor da disposição a pagar dos usuários de recursos naturais por meio de surveys, em que as pessoas revela suas preferências pelo recurso natural, construindo, assim, um mercado hipotético para o bem ou serviço natural. A mensuração dos benefícios proporcionados por esses recursos são captados por meio de entrevistas a pessoas sobre a sua disposição a pagar para assegurar um benefício; disposição a aceitar abrir mão de um benefício; disposição a pagar para evitar a perda e a disposição a aceitar uma perda (PEARCE & TURNER, 1990).

O survey tem a finalidade de captar os desejos, as preocupações, as percepções, os comportamentos e as atitudes das pessoas em relação a preservação ou a conservação de um recurso natural, ou ainda uma mudança ambiental. O survey permite simular a construção de um mercado, utilizando-se da amostra da população de usuários de um recurso natural, e fazer interferências a partir de suas preferências (MOTA, 2000).

Esse método está alicerçado na teoria neoclássica e do bem-estar, partindo do princípio de que o indivíduo é racional no processo de escolha, maximizando sua satisfação, dados os preços do recurso natural a sua restrição orçamentária. Então, a disposição a pagar de um indivíduo por um recurso natural é uma função de fatores socioeconômicos, ou seja, DAP = f(R,I,G,S), onde: DAP = disposição a pagar, R = renda do usuário, I = idade, G = grau de instrução e S = sexo do usuário (MOTA, 2000). Os questionários julgam o papel de um mercado hipotético, em que a oferta vem representada pela pessoa entrevistadora e a demanda pelo entrevistado (RIERA, 1994) e os dados são empregados para obter a máxima DAP para

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12 ter esse benefício, a mínima compensação de ficar sem ele ou, ainda, a DAR disponibilidade a receber por algum malefício.

Segundo Hanley et al. (1997) apud Mota (2000), o MVC desenvolve-se por meio de cinco estágios:

i. Criação do mercado hipotético: que consiste em descrever por meio de um

survey de pesquisa, o fluxo de serviços que se deseja avaliar, indicando-se as

qualidades do bem ou serviço natural, suas características e variáveis a serem mensuradas pelos usuários; o instrumento de pesquisa deve ser construído de modo a neutralizar os efeitos dos vieses do método; assim deve ser indicada a forma de pagamento e a magnitude da amostra.

ii. Obtenção de dados: neste estágio o survey é administrado de modo a captar as atitudes das pessoas em relação ao recurso natural em análise a equipe de pesquisa deve ser treinada; o instrumento de pesquisa é simulado em teste de campo; a coleta de dados pode ser feita por meio de entrevista pessoal ou outro mecanismo, por meio de questões abertas ou questões de referendum. iii. Estimação da disposição a pagar: estabelece-se uma função utilidade Para cada

pessoa: assim , onde Q é o vetor de variáveis que expressa a qualidade ambiental, Y é o vetor renda e X é o vetor características socioeconômicas dos usuários do recurso natural; escolhe-se então, o mesmo mecanismo tipológico da disposição a pagar.

iv. Investigação da função estocástica da disposição apagar: a disposição a pagar é a partir de um conjunto de variáveis explanatórias, ou seja, , onde: a matriz é formada pelas variáveis socioeconômicas e a matriz é formada pelas variáveis que refletem as atitudes dos usuários em relação ao recurso natural; analisa-se a equação de variáveis independentes à disposição a pagar por meio de testes paramétricos para os modelos estatísticos selecionados.

v. Dedução do valor da disposição a pagar: com base no modelo escolhido, infere-se para a população, objeto de estudo, o valor médio da disposição a pagar.

Para a aplicação do MVC Riera (1994), recomenda as seguintes fases: definição com precisão do que se deseja valorar em unidades monetárias; definição da amostra relevante;

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13 concretização dos elementos de simulação de mercado; escolha da modalidade de entrevista; seleção da amostra, redação do questionário; realização das entrevista; explotação estatística das respostas e por último apresentação e interpretação dos resultados.

Cada método de valoração ambiental tem suas limitações na captação dos valores, portanto, a escolha de um determinado método depende do objetivo da valoração, das hipóteses consideradas, da base de dados e dos conhecimentos científicos a respeito da dinâmica tecnológica que envolve o objeto de estudo (MOTTA, 1998).

Os principais métodos indiretos de valoração ambiental, com suas respectivas aplicações e características resumidas são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Principais métodos de valoração ambiental de recursos naturais

Método Aplicações identificadas Características Método de Valoração

Contingente

(Contingent Valuation Method – CVM)

Estimar benefícios de prevenção de erosão no solo; Estimar benefícios de área particular de recreação; Estimar preço de entrada em Parques; Disposição a pagar para preservar elementos de paisagem; Disposição a pagar para consecução de projetos que visam à otimização de recursos hídricos; Disposição a pagar para ter acesso a uma floresta

A disposição a pagar por um benefício é captada por meio de entrevista

(assegurar um benefício, evitar uma perda, aceitar uma perda).

A disposição a parar é função de fatores socioeconômicos (renda, idade, grau de instrução). Método de Preço

Hedônico (Hedonic Price Method)

Estimar o impacto da melhoria do ar nos preços de imóveis; Estimar o impacto de melhorias ambientais nos salários; Mensurar a demanda por ar limpo como característica da qualidade ambiental; Estimar o impacto do barulho do trânsito no preço de residências.

Estima um preço para bens comercializados no

mercado por atributos ambientais.

O preço do bem é função de variáveis explicativas, de características ambientais. Método do Custo de

Viagem (Travel Cost Method – TCM)

Estimar valor de uso recreativo de sítio natural; Estimar valor de pesca esportiva como serviço ambiental; Analisar o valor dos benefícios da coleta de bens não comerciais em parques públicos.

Estima um valor para serviços ambientais. A demanda por visitas ao local de recreação é função dos gastos, de variáveis socioeconômicas e atitudinais.

Método do Custo de Viagem Hedônico (Hedonic Travel Cost Method)

Estimar o impacto de melhorias no valor de uso recreativo de sítio natural.

Um híbrido do custo de viagem e preço hedônico. O custo de viagem é função tanto das características socioeconômicas como das características do local.

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2.2 – Formas de Valoração Contingente

O MVC não apresenta um caminho único de construção do mercado hipotético e de estimativas do valor do meio ambiente. Este pode variar em função do modo que se propõe captar as preferências dos consumidores e o valor que eles atribuem ao meio ambiente, ou seja, o MVC pode variar de acordo com o formato do survey da pesquisa, o que pode ser dividido em dois grandes grupos: os métodos diretos e indiretos. No primeiro, estão os formatos de lances livres (openended), jogos de leilão (bidding game) e cartões de pagamento

(payment card). No segundo, estão os modelos conhecidos por referendum, referendum com follow-up, contingent ranking e contingent activity.

Os métodos indiretos fornecem apenas uma indicação da verdadeira DAP do indivíduo. A forma como as questões são desenhadas produzem um conjunto de valores que não representa, diretamente, a máxima disposição a pagar. A interpretação das respostas do

survey requer, portanto, um tratamento adicional aos dados com a finalidade de se obter a

verdade DAP (FARIA, 1998).

Já as variações do grupo métodos diretos têm em comum a forma de se obter a DAP nos procedimentos de survey. Da maneira como é abordada a questão, a resposta do indivíduo é um valor monetário que já representa a sua máxima disposição a pagar pela melhora do parâmetro ambiental estabelecido e, conseqüentemente, a medida de bem-estar (FARIA, 1998).

2.2.1 – Formato Aberto ou Lances Livres (open-ended)

Este é o mecanismo pioneiro do MVC e se caracteriza pela forma direta de se obter a DAP do consumidor. A pergunta típica feita ao entrevistado é: Quanto você estaria disposto a pagar por...? Pode-se também perguntar: Quanto você estaria disposto a receber para suportar um dano ambiental ou deixar de obter uma melhora na qualidade ambiental (ABAD, 2002). A resposta à essa segunda questão corresponde ao valor do Excedente Equivalente (EE), isto é, o beneficio auferido pelo indivíduo que é equivalente à suposta melhora ambiental.

Esse valor que o indivíduo estaria, pelo menos em tese, disposto a pagar por uma melhora ambiental ou para eliminar um dano ambiental específico pode ser interpretado como

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15 o Excedente Compensatório (EC). Então, se o questionário conseguir captar essas respostas, assim como outras variáveis sócio-econômicas como renda, grau de instrução, etc., pode-se estimar uma curva de demanda pelo ativo ambiental em questão e, com isso, o benefício auferido pelo indivíduo devido à mudança ambiental, através do cálculo do EC (FARIA, 1998).

No caso de questão aberta, não há muito mais o que fazer após a realização da pesquisa, restando basicamente a interpretação dos dados. Esses questionários geram uma série de valores que são, na realidade, as medidas de bem-estar desses indivíduos, definidas a partir dos conceitos de (EC) ou (EE), dependendo do formato da questão. Assim, para estimar o valor total da mudança ambiental pode-se, por exemplo, calcular a média da DAP/DAC auferida na amostra e multiplicar pela população total. Outra alternativa, um pouco mais sofisticada, seria usar um modelo de regressão para estimar o valor ofertado pelo indivíduo como função de sua renda e de outras variáveis sócio-econômicas (FARIA, 1998).

2.2.2 – Jogos de Leilão (bidding games)

Critério criado por DAVIS em 1963 para mensurar os benefícios de uma área de recreação (RANDALL, IVES, EASTMAN, 1993 apud MOTA, 2000), pelo qual o entrevistador oferece ao usuário um determinado valor de disposição a pagar; caso o usuário concorde, o entrevistador oferece um valor maior, até que o usuário revele a sua máxima disposição a pagar (MOTA, 2000).

Desse conjunto de valores, apresenta-se, primeiramente, um valor médio ou mediano ao indivíduo e questiona-se se ele estaria disposto a pagar, digamos, R$ X para preservar ou prover uma determinada melhora na qualidade ambiental. Caso ele concorde o valor é aumentado até que se obtenha uma resposta negativa, sendo, portanto, o último valor com resposta positiva a disposição máxima a pagar. Caso contrário, se o primeiro valor apresentado ao indivíduo gerar uma resposta negativa, são apresentados novos valores sucessivamente inferiores até se obter uma resposta positiva. A disposição máxima pagar seria, então, esse último valor apresentado (FARIA, 1998).

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2.2.3 – Cartões de Pagamento (payment card)

O método de cartões de pagamento difere muito pouco do bidding game e foi desenvolvido por Mitchell e Carson (MITCHELL & CARSON, 1989 apud FARIA, 1998). A única diferença substancial é que são apresentados cartões com diferentes valores, onde o indivíduo é solicitado a escolher aquele que representa sua disposição máxima a pagar. A interpretação dos resultados é, portanto, a mesma para o caso do bidding game e open-ended. O ganho que pode ter nesse tipo de procedimento é a eliminação do viés do ponto inicial, pois o indivíduo não é influenciado pelo primeiro valor apresentado (FARIA, 1998).

2.2.4 – Referendum

Esse método assemelha-se a um processo de votação para escolha de uma política ambiental, com resposta ditocômica, isto é, escolha entre “sim” e “não” (MOTA, 2000).

Foi introduzido por Bishop e Herbelin (1979) e inicia-se com a criação de um conjunto de valores possíveis que podem representar a disposição máxima do indivíduo a pagar. Desse conjunto de valores, o entrevistador escolhe, de forma aleatória, um valor e o apresenta ao entrevistado com uma pergunta do tipo: “Você estaria disposto a pagar R$ X para obter uma melhora na qualidade ambiental?” Esse tipo de questionário leva a um conjunto de respostas binárias que podem ser representadas por 0 e 1. Caso o indivíduo responda sim, esta pode ser representada pelo número 1 (FARIA, 1998).

Ao contrário, se o indivíduo não está disposto a pagar o valor que lhe foi apresentado, a resposta seria 0. Uma resposta com um número 1 significa, portanto, que a disposição máxima do indivíduo a pagar pelo bem em questão é maior ou igual ao valor que lhe foi apresentado na entrevista. Por outro lado, caso a resposta seja 0, significa que a disposição máxima do indivíduo a pagar é inferior ao valor que lhe foi apresentado (FARIA, 1998).

Essa técnica difere do método bidding game, uma vez que não se oferece ao usuário um segundo valor.

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2.5.5 – Referendum com Follow-up

O método introduzido porr Carson, Hanemam e Mitchell (1986) apud Faria (1998) melhora o procedimento anterior oferecendo um segundo valor de maneira similar ao formato

bidding game. No entanto, esse valor é selecionado aleatoriamente. Apesar de oferecer um

certo ganho em termos de eficiência, apresenta os mesmos problemas do referendum tradicional (FARIA, 1998).

2.2.6 – Contingent Ranking

O método de contingent ranking solicita ao indivíduo hierarquize um conjunto de alternativas em ordem de preferência. Cada alternativa contem diferentes atributos e sendo que para cada um deles, geralmente, é conferido um determinado preço.

Uma primeira aplicação desse modelo foi realizada por Beggs, Cardell e Hausman (1981). Eles usaram o método para estimar o valor das características de modelos alternativos de veículos automotores. Posteriormente, Smith e Descouges (1986) utilizaram a metodologia para estimar o valor da qualidade da água. Então, foi apresentado aos entrevistados 4 alternativas com 2 atributos cada, que era a qualidade da água e uma taxa anual a ser cobrada por essa qualidade (FARIA, 1998).

Uma questão que se coloca é se esse tipo de metodologia é suficientemente simples para permitir o ordenamento das alternativas por parte dos entrevistados. Um conjunto de alternativas pode-se configurar em um processo demasiadamente complicado, dado o grande volume de informações apresentado. Nesse sentido, um ranking com poucas alternativas e poucos atributos seria preferível à aquela que contêm muitas alternativas com vários atributos (FARIA, 1998).

2.2.7 – Contingent Activity

Este método tem por objetivo estimar demanda por visitas em um local de recreação em função do custo de viagem.

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18 O método contingent activity propõe perguntar aos indivíduos como suas visitas mudariam se os atributos ambientais fossem mudados em um determinado sentido. A mudança contingente nas taxas de visitas seria usada para estimar o deslocamento da curva de demanda por visitas. Mc Connel estimou os benefícios que os indivíduos poderiam obter para visitar o New Bedford Harbor, em Massachusetts, nos EUA, se a poluição fosse eliminada. Trayer (1981) questionou da seguinte forma os visitantes de um local de recreação, como suas visitas seriam alteradas caso fosse implementada uma planta geotérmica na região (FARIA, 1998).

2.3 – Evolução Histórica do Método de Valoração Contingente no Mundo

O primeiro registro histórico que se tem notícia ocorreu em 1947 onde o economista Berkeley Ciriacy-Wantrup assinalou a possibilidade de obter informações sobre as preferências pessoais a partir de entrevistas adequadamente estruturadas. (KRISTRÖM & RIERA, 1997).

Ciriacy-Wantrup escreveu sobre os benefícios da prevenção de erosão do solo sugerindo medi-los por meio da disposição a pagar, captada por entrevista. Assim, o survey aplicado permitiria traçar uma curva de demanda pelo serviço ambiental (HANEMANN, 2000).

O primeiro estudo de valoração contingente foi realizado por uma empresa de consultoria em 1958, quando se perguntou aos visitantes de Delaware Basin (Estados Unidos) sobre a disposição a pagar para entrar nos parques nacionais (MACK & MYERS, 1965 apud KRISTRÖM & RIERA, 1997).

Uma tese de doutorado apresentada por Robert K. Davis no ano de 1963 em Harvard foi a primeira aplicação acadêmica do MVC. Davis entrevistou 121 caçadores e usuários de serviços recreacionais da floresta de Maine Woods (Estados Unidos). A pesquisa utilizou um sistema para averiguar a quantidade de dinheiro que os entrevistados estavam dispostos a pagar para poderem visitar a área (KRISTRÖM & RIERA, 1997). Davis utilizou a técnica

bidding game (jogos de leilão, critério criado por Davis em 1963, onde o pesquisador oferece

ao entrevistado/usuário um determinado valor de disposição a pagar, caso o usuário responda “sim”, o entrevistador oferece um valor maior, até que o entrevistado/usuário revele a sua

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19 máxima disposição a pagar), com intervalo de $ 0,00 a $ 16,66. O modelo linear múltiplo conseguiu explicar 59% da variância da disposição a pagar, em função da renda das famílias, dos anos que a família conhecia o local, e da duração da visita em dias (MOTA, 2000).

Bishop e Heberlein em 1979 usaram uma estratégia diferente, no lugar de pedir aos entrevistados que declarassem sua DAP, eles estabeleceram um preço determinado que as pessoas deviam aceitar ou negar. Desta forma funcionam os mercados de bens ordinários: um consumidor compra ou não um produto em função do preço. Na década de oitenta cresceu com rapidez o interesse pela teoria econômica subjacente e o MVC e as técnicas econômicas tiveram grandes avanços (KRISTRÖM & RIERA, 1997).

Em 1984 Hanemann analisou como o estudo de Bishop e Heberlein de 1979 podia explicar-se no marco da teoria do bem-estar, dado que permitia fundamentar o mecanismo de resposta individual. Hanemann. Bishop e Heberlein analisaram dados agregados (baseados em sub-amostras) como alternativa para a explicação das respostas individuais baseadas na teoria da utilidade. Aplicando o modelo de maximização da utilidade aleatória, Hanemann estabeleceu um fundamento teórico que se constituiu, desde então, a base para análises ulteriores do MVC (KRISTRÖM & RIERA, 1997).

Buchanam, 1991 apud Mota, 2000 desenvolveram um estudo para a Bonneville Power Administration – BPA, incluindo questões de valoração contingente sobre a disposição a pagar para evitar a produção de energia específica. Um survey foi elaborado para a avaliação contingente e enviado por correio para uma amostra aleatória de 1600 famílias de Washington, Oregon, Idaho e parte de Montana. O survey obteve uma margem de resposta de 52%. Das variáveis testadas, a renda e o sexo dos respondentes não foram significativos. Portanto, a média anual da disposição a pagar para evitar a construção de hidrelétricas foi de $ 6,24 ($ 22,3 milhões por ano), para evitar a queima de combustíveis fósseis foi de $ 14,16 ($ 50,7 milhões por ano) e para evitar a construção de usinas nucleares foi de $ 14,76 ($ 52,8 milhões por ano). O survey não informou aos respondentes sobre alguma pesquisa ou proposta de implantação de uma das três tecnologias, assim como não forneceu informações sobre essas tecnologias. Os consumidores da BPA responderam as perguntas com base em seus conhecimentos e julgamentos próprios. Os resultados do estudo sinalizaram para a empresa a preocupação de seus consumidores quanto ao risco de novas tecnologias para o setor elétrico.

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20 Em um estudo financiado pela Swedish Environmental Protection Agency, Hasund, 1998 apud Mota, 2000, foram enviados por correio, nos anos de 1989, 1991 e 1994, surveys amostrais randômicos para os residentes da Suécia, com idade entre 16 e 74 anos. Seu objetivo era estimar e testar a disposição a pagar para preservar os elementos de paisagens da Suécia, nos três anos da pesquisa.

O survey apresentava duas páginas de informações ocorridas na paisagem do país, suas causas e efeitos futuros, incluindo várias questões de comportamento e atitudes das famílias. As taxas de respostas nos três anos da pesquisa oscilaram em torno de 50%.

O MVC tem passado a ocupar um lugar modesto na economia do bem estar aplicada, sendo o método mais difundido para a medição do bem estar em caso de inexistência de mercado (KRISTRÖM & RIERA, 1997).

Em 1988 com o derramamento de óleo do petroleiro Exxon Valdez, o National Oceanic and Atmospheric Administration (Noaa), órgão americano designado para definir critérios e procedimentos para mensuração de danos ambientais causados por derramamento de óleo, estabeleceu um painel composto de reconhecidos economistas e outros especialistas ambientais para indicar como o método de valoração contingente poderia ser usado para medir perdas de bem-estar (MOTTA, 2006).

O painel validou o método de valoração contingente como o único capaz de captar valores de existência, mas incluiu diversas recomendações para sua elaboração (MOTTA, 1998), dentre elas Arrow et al (1993) apresentam as mais importantes:

i. Amostra probabilística é essencial; ii. Evitar respostas nulas;

iii. Usar entrevistas pessoais;

iv. Treinar o entrevistador para ser neutro;

v. Os resultados devem ser apresentados por completo com desenho da amostra, questionário, método estimativo e base de dados disponível;

vi. Realizar pesquisas-piloto para testar questionário;

vii. Ser conservador, adotando opções que subestimem a medida monetária a ser estimada;

viii. Usar DAP em vez de DAR; ix. Usar método referendo;

x. Oferecer informação adequada sobre o que está se medindo;

xi. Testar o impacto de fotografias para avaliar se não estão gerando impactos emocionais que possam enviesar respostas;

xii. Identificar os possíveis recursos ambientais substitutos que permanecem inalterados;

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xiv. Administrar o tempo de pesquisa para evitar perda de acuidade das respostas;

xv. Incluir qualificações para respostas sim ou não;

xvi. Incluir outras variáveis explicativas relacionadas com o uso do recurso;

xvii. Checar se as informações do questionário são aceitas como verdadeiras pelos entrevistados;

xviii. Entrevistados devem ser lembrados da sua restrição orçamentária, i.e., que sua DAP resulta em menor consumo de outros bens;

xix. Veículo de pagamento deve ser realista e apropriado às condições culturais e econômicas;

xx. Questões específicas devem ser incluídas para minimizar o problema da parte-todo;

xxi. Evitar o uso do ponto inicial em jogos de leilão e no cartão de pagamento;

xxii. Nos questionários com formato do tipo escolha dicotômica, o lance mais alto deve alcançar 100% de rejeição e o lance mais baixo deve ser aceito por todos (100% de aceitação);

xxiii. Ter cuidado no processo de agregação para considerar a população relevante.

2.4 – A Valoração Contingente no Brasil

No Brasil o MVC passou a ser difundido durante a década de 90 e hoje temos alguns estudos que utilizaram a avaliação contingente para determinar a disposição a pagar pela conservação e manutenção de um bem ou serviço ambiental.

Dentre eles, podem-se citar o trabalho de Silva e Lima (2004) que busca determinar o valor econômico total do parque “Chico Mendes”. Os resultados mostraram que a renda familiar, o valor da verdadeira disposição a pagar, o sexo e a idade são variáveis importantes para explicar probabilidade do indivíduo se dispor a contribuir para conservação e manutenção dos serviços oferecidos pelo parque.

Segundo Silva e Lima (2004), a disposição a pagar pela manutenção e a conservação do parque ambiental “Chico Mendes” indica uma proxy do preço que o ativo representa. Logo, a monetização das preferências dentro das limitações existentes (educação, renda, consciência ambiental e possíveis vieses e outras) possibilita uma sinalização de mercado com relação ao uso deste ativo. Com isso, é possível verificar se a sociedade está consciente de que melhorias ou danos no parque ambiental “Chico Mendes” possam refletir em acréscimos ou decréscimos em sua qualidade de vida.

A verdadeira disposição a pagar para manutenção e conservação foi estimada em R$ 7,60/habitante (valor médio de R$ 23.946.380,00 por ano).

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22 Outro trabalho realizado por Mattos et al. (2007), estimou o valor monetário das áreas de preservação permanente da microbacia do ribeirão São Bartolomeu, localizada no Município de Viçosa, Minas Gerais. Utilizou-se o MVC para estimar a verdadeira disposição a pagar da população de Viçosa pela recuperação ou preservação dessas áreas. A DAP mensal foi estimada em R$27,98 por domicílio, que resulta, considerando-se a cidade de Viçosa, o montante anual de R$3.863.926,08 ($ 2,18 milhões) para o bem ambiental em questão ou R$3.616,52/ha.ano para a recuperação e, ou, preservação dessas áreas.

Em estudos similares, tem-se Ribeiro (1998), que estimou a disposição a pagar pela despoluição do rio Meia Ponte em Goiânia; Belluzzo Jr. (1995), estimou a disposição a pagar pela despoluição do rio Tiête. Os benefícios oriundos da despoluição do rio Meia Ponte e do Tietê, respectivamente, de R$ 162.810.308,60 ($ 92 milhões) e R$ 900 milhões ($ 510 milhões).

Segundo May (2000), trabalhos que contaram com uma aplicação de valoração econômica da biodiversidade e recursos associados no Brasil, no ano de 2000 correspondiam 56 estudos. As principais foram:

i. Análises econômico financeiras destinadas a fundamentar e justificar investimentos baseados no manejo sustentável de recursos naturais; ecoturismo e implementação de unidades de conservação de uso direto e indireto;

ii. Valores econômicos visando fortalecer argumentos para a preservação de riqueza representada pela diversidade biológica dos distintos biomas do país; iii. Estudos para justificar a transferência de recursos financeiros visando

compensar os benefícios globais obtidos pelos investimentos nacionais voltados à conservação da biodiversidade;

iv. Abordagens que auxiliam na definição de critérios para pagamentos de compensação pela recuperação de danos e degradação dos recursos naturais devido às atividades econômicas; e

v. Exercícios de valoração ambiental realizados como parte de pesquisas de pós-graduação no Brasil e no exterior.

Fazer uso de métodos de valoração ambiental com vistas a estimar o valor econômico de parques pode subsidiar novas formas e modalidades de gestão.

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23 Para escolha de uma melhor modalidade, faz-se necessária conhecer e respeitar a proposta apresentada pelo SNUC.

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3 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E VALORAÇÃO AMBIENTAL 3.1 – O Sistema Nacional de Unidades de Conservação e a Gestão Ambiental

Gestão ambiental é o ato de gerir o ambiente, isto é, o ato de administra, dirigir ou reger as partes constitutivas do meio ambiente, ou seja, gerir os ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação entre as atividades que exerce, buscando a preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, de acordo com os padrões de qualidade. O objetivo último é estabelecer, recuperar ou manter o equilíbrio entre natureza e homem (PHILIPPI JR & BRUNA 2004).

O objetivo da gestão ambiental é propiciar a melhoria contínua das relações do homem com o seu meio. Devido às características sistêmicas e complexas das questões ambientais, as estratégias para alcançar tal continuidade devem considerar a presença de ciclos e subsistemas; a abordagem integrada e o maior número de agentes possível, o qual remete à noção de diversidade e a sua importância para a flexibilidade e estabilidade dos sistemas (OLIVEIRA, 2004).

Enquanto a quantidade de áreas protegidas implantadas teve um rápido crescimento no mundo todo, especialmente em países em desenvolvimento, o significado de proteção tem mudado, principalmente porque as áreas não têm alcançado o sucesso previsto inicialmente na manutenção da biodiversidade. As razões do insucesso incluem: débil apoio nacional, conflitos com a população local, conflitos com outras agências governamentais, gestão limitada, recursos insuficientes e não-seguros, conflitos com populações residentes (SALGADO, 2000).

E toda essa situação se agrava quando se sabe que os benefícios econômicos advindos das áreas protegidas, embora sejam difíceis de medir e variem de sítio para sítio, são limitados na escala local, aumentam no nível regional e nacional, e são potencialmente substanciais na escala global. Por outro lado, os custos econômicos das áreas protegidas seguem uma tendência oposta, sendo significantes do ponto de vista local, e pequenos, pensando-se globalmente (WELLS, 1992, apud SALGADO, 2000).

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