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Uso do clorofilômetro para estimar a necessidade da adubação nitrogenada em cobertura em arroz irrigado COMUNICADO TÉCNICO

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COMUNICADO TÉCNICO

249

Santo Antônio de Goias, GO Agosto, 2020

Foto:

Alberto Baêta dos Santos

Alberto Baêta dos Santos Mellissa Ananias Soler da Silva Pedro Marques da Silveira

Uso do clorofilômetro para

estimar a necessidade

da adubação nitrogenada

em cobertura em arroz

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Uso do clorofilômetro para estimar a

necessidade da adubação nitrogenada

em cobertura em arroz irrigado

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1 Alberto Baêta dos Santos, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão,

Santo Antônio de Goiás, GO. Mellissa Ananias Soler da Silva, Engenheira-agrônoma, doutora em Agronomia, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Pedro Marques da Silveira, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fertilidade de Solos e Nutrição de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO.

As culturas são altamente dependen-tes da aplicação de nitrogênio (N) para alcançar seus potenciais produtivos nos sistemas agrícolas. O arroz no sistema irrigado, por ser uma cultura anual de ciclo curto e muito exigente, necessita que os nutrientes estejam prontamen-te disponíveis nos períodos de maior demanda. O N está entre os nutrientes requeridos em maior quantidade, pois se trata de um importante fator para deter-minação da produtividade potencial de grãos (Fageria, 2014).

Como os agricultores não dispõem de resultados da análise da planta ou de outro método de orientação, a adubação nitrogenada mineral é quantificada pela análise visual da lavoura ou baseada numa recomendação tradicional. Ainda não existe um método laboratorial de rotina que permita avaliar satisfatoria-mente a capacidade do solo em forne-cer N às plantas e que permita fazer recomendações, dada a complexidade e as interações entre os processos de transformação desse nutriente no solo e as condições climáticas (Fageria, 2014).

Na região tropical, em decorrência da prática comum da predefinição de

doses e de épocas de aplicação do N em arroz irrigado, há o risco de fornecer o nutriente em quantidade inadequada e fora da época de maior demanda pela planta. Com isso, a dose usada pode ser subestimada ou superestimada, o que acarreta, por um lado, queda na produtividade de grãos e, por outro, aumento dos custos pelo uso desne-cessário de fertilizantes e estímulo ao aparecimento de brusone, ocasionando diminuição da receita do agricultor, além de proporcionar impacto ambien-tal. Para melhor ajuste entre essas épocas, o monitoramento dos teores de N da folha e de clorofila tem sido suge-rido como uma alternativa aos métodos convencionais para esse diagnóstico. O medidor de clorofila, denominado clorofilômetro, equipamento portátil que fornece leituras em unidades SPAD (Figura 1), que correspondem ao teor do pigmento presente na folha, tem sido utilizado para estimar o teor foliar de N, visto que clorofila e N se corre-lacionam positivamente na mesma cultura (Carvalho et al., 2012) e com a produtividade de grãos.

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normalizar as leituras obtidas pelo cloro-filômetro. Estas recebem elevada quan-tidade de N, 180 kg ha-1, por exemplo,

em três aplicações de 60 kg ha-1, para

assegurar a não ocorrência de deficiên-cia de N e permitir a concentração má-xima de clorofila na folha. Essas áreas são demarcadas na lavoura já instalada (Figura 2), com dimensões variadas, por exemplo 30 m2, com cerca de quatro

repetições distribuídas em um módulo uniforme.

Nos estudos conduzidos na região tropical por Santos et al. (2011, 2017), os estádios em que os valores do Índice de Suficiência de Nitrogênio (ISN), obtidos com o uso do clorofilômetro, indicaram a necessidade da primeira aplicação de N foi V3-V4, isto é, precedendo ou no início do perfilhamento, e da segunda aplicação foi V7-V8, ou seja, por ocasião do perfilhamento efetivo.

Com esta publicação, objetiva-se apresentar a metodologia a ser usada pelos produtores de arroz irrigado para a quantificação do nitrogênio a ser apli-cado em cobertura na cultura.

Metodologia

Para quantificar o N a ser aplicado em cobertura em arroz irrigado, o status de N nas plantas é monitorado pela re-lação entre as leituras do clorofilômetro (SPAD) em plantas bem nutridas de N, em áreas referência e em plantas da lavoura a ser adubada em cobertura.

Figura 1. Leitura SPAD com o clorofilômetro.

Foto:

Alberto Baêta dos Santos

Figura 2. Áreas de referência demarcadas na lavoura.

Foto: Daniel de Brito Fragoso

As leituras com clorofilômetro (SPAD) nas áreas referência são tomadas no terço médio da última folha completa-mente expandida, em dez a 15 plantas de arroz. Antes de obter a média dessas plantas, eliminam-se valores discrepan-tes que podem ocorrer com as leituras. Exemplos de valores que devem ser eliminados de uma leitura: 31,6; 31,9; 32,8; 44,2; 31,6; 19,3 e 30,9, eliminan-do-se 44,2 e 19,3. Possivelmente a leitura 44,2 refere-se a uma parcela que foi locada em condição de solo diferente das demais, e houve erro na leitura 19,3 em razão de ter sido feita sobre uma nervura da folha. Em seguida, de modo

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similar, efetuam-se leituras em áreas da lavoura a ser adubada, próximas às áreas referência. Em termos de sistema de produção as áreas referência diferem da área a ser adubada apenas por ter sido conduzida com aplicação elevada de N. Com isso, pode-se assegurar que a diferença das leituras SPAD das duas áreas se deve à fertilização nitrogenada.

Como exemplo de utilização do clo-rofilômetro, em condições de campo, para quantificar o N a ser aplicado na primeira e na segunda cobertura na cul-tura de arroz irrigado (Figuras 3 e 4), são apresentados resultados de pesquisa conduzida em várzea tropical.

Figura 3. Manejo de nitrogênio baseado no uso do clo-rofilômetro.

Figura 4. Desempenho de genótipos de arroz irrigado com manejo de nitrogênio.

Foto: Sebastião José de Araújo Foto:

Alberto Baêta dos Santos

Tabela 1. Cálculo da dose de nitrogênio na primeira cobertura, baseada no ISN, produtividade

máxima estimada de grãos, com base na curva de resposta da cultivar BRS Catiana de arroz irrigado e no ISN.

Leitura do clorofilômetro ISN (%)

95-ISN

(%) Fator

Dose de N (kg ha-¹)

Área referência Área para adubar

38,07 34,91 91,69 3,30 10 33 Dose de N para a produtividade máxima de grãos (kg ha-¹) Produtividade máxima de grãos (kg ha-¹) Dose de N baseada no ISN (kg ha-¹)

Produtividade estimada com a dose baseada no ISN

(kg ha-¹)

Redução (%) Dose

de N Produtividade de grãos

74 9.791 33 9.302 55 5

A produtividade máxima estimada (PME) obtida por meio da curva de res-posta da cultivar de arroz irrigado BRS Catiana foi de 9.791 kg ha-1 de grãos,

com a dose de 74 kg ha-1 de N na

primei-ra cobertuprimei-ra (Tabela 1). Nos estudos de nutrição de plantas, a máxima eficiência técnica (MET), isto é, 95% da PME, tem sido usada como critério de reco-mendação de fertilizantes. Com isso, determinou-se a MET na mesma curva, obtendo-se a dose de 33 kg ha-1 de N

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pela fórmula:

Valores médios das leituras nas plantas da área a ser adubada com N ISN (%) = __________________________________________________________ Valores médios das leituras nas plantas da área referência

Em que: ISN (%) = (34,91/38,07) x 100 = 91,69%

Na normalização das leituras do clo-rofilômetro usou-se o valor de ISN de 95%. De acordo com Silveira e Gonzaga (2017), plantas bem nutridas de N têm ISN de 95%. Assim, quando o percentual relativo de clorofila da amostra situar-se abaixo de 95% da leitura na área referên-cia, recomenda-se realizar a adubação nitrogenada na cultura. Para determinar a dose de N a ser aplicada em toda a lavoura, com base no clorofilômetro, é necessário estabelecer o fator a ser usado, dividindo-se 33 kg ha-1 de N

obti-dos na curva de resposta pela diferença entre 95% e o ISN calculado, que foi de 91,69%, ou seja, 33/3,3 = 10. A recomen-dação de N baseada no ISN resulta em uma redução de 55% da dose na primei-ra cobertuprimei-ra paprimei-ra uma de apenas 5% na produtividade máxima de grãos.

Na segunda cobertura, a produtivida-de máxima estimada obtida por meio da

de grãos, com a dose de 77 kg ha-1 de

N (Tabela 2). Na dete rminação da MET na mesma curva obteve-se a dose de 42 kg ha-1 de N.

ISN (%) = (26,78/38,00) x 100 = 70,47% De forma similar, determina-se a dose de N a ser aplicada na segunda cobertura do fertilizante nitrogenado, com base no clorofilômetro, em toda a lavoura, dividindo-se 42 kg ha-1 de N

calculados na curva de resposta pela diferença entre 95% e o ISN, que foi de 70,47%. Assim, obtém-se o fator 2, em número inteiro, ou seja, 42/24,53 = 2. Multiplicando o fator 2 pela diferença entre 95% e o ISN, determina-se a dose a ser aplicada na segunda cobertura. Com essa metodologia, as doses a serem aplicadas na lavoura de arroz ir-rigado são de 33 kg ha-1 e 49 kg ha-1 de

N na primeira e na segunda cobertura, respectivamente, o que corresponde a 10 kg ha-1 e 2 kg ha-1 de N para cada

ponto percentual menor que 95% de ISN. Com isso, a recomendação de N baseada no ISN resulta em uma

Tabela 2. Cálculo da dose de nitrogênio na segunda cobertura, baseada no ISN, produtividade

máxima estimada de grãos, com base na curva de resposta da cultivar BRS Catiana de arroz irrigado e no ISN.

Leitura do clorofilômetro ISN

(%) 95-ISN (%) Fator Dose de N (kg ha-¹)

Área referência Área para adubar

38,00 26,78 70,47 24,53 2 49 Dose de N para a produtividade máxima de grãos (kg ha-¹) Produtividade máxima de grãos (kg ha-¹) Dose de N baseada no ISN (kg ha-¹)

Produtividade estimada com a dose baseada no ISN

(kg ha-¹)

Redução (%) Dose

de N Produtividade de grãos

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redução de 36% da dose na segunda cobertura para uma de apenas 3% na produtividade de grãos.

Em condições de campo, conside-rando-se o desempenho agronômico da lavoura, o uso de cultivares respon-sivas ao nutriente e de alto potencial produtivo, e a expectativa de condições climáticas favoráveis, no caso de se detectar na primeira ou na segunda coberturas ISN próximo de 95% pode--se decidir pela aplicação de 30 kg ha-1

de N. Como a adubação nitrogenada abrange o custo do fertilizante e o da aplicação, um estudo econômico envol-vendo benefício/custo deve ser levado em consideração para a tomada de decisão.

Vale ressaltar que, por ocasião da semeadura, devem ser aplicados 10 kg ha-1 a 20 kg ha-1 de N,

juntamen-te com o fósforo e o potássio.

Para cada unidade percentual de aumento no ISN para se atingir o ní-vel adequado (95%), deve-se aplicar 10 kg ha-1 de N na primeira cobertura

e 2 kg ha-1 na segunda.

O ISN obtido com o uso do clorofilô-metro constitui uma alternativa prática aos métodos convencionais para a de-finição da necessidade de N em arroz irrigado em várzea tropical, com maior percentual de redução do N a ser apli-cado em cobertura, em comparação ao da produtividade de grãos.

Referências

CARVALHO, M. A. de F.; SILVEIRA, P. M. da; SANTOS, A. B. dos. Utilização do clorofilômetro para racionalização da adubação nitrogenada nas culturas do arroz e do feijoeiro. Santo Antônio de Goiás:

Embrapa Arroz e Feijão. 2012. 14p. (Embrapa Arroz e Feijão. Comunicado técnico, 205). FAGERIA, N. K. Nitrogen management in crop production. Boca Raton: CRC Press,

2014. 408 p.

SANTOS, A. B. dos; FAGERIA, N. K.; CALDAS, P. P. de C.; BOTELHO, T. H. A. Uso do clorofilômetro como indicador da necessidade de adubação nitrogenada em cobertura em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 7., 2011, Balneário Camboriú.

Racionalizando recursos e ampliando oportunidades: anais. Itajaí: Epagri, 2011. v. 2,

p. 493-496.

SANTOS, A. B. dos; SANTOS, T. P. B.; FILIPPI, M. C. C. de; ALVES, K. D.; BOTELHO, T. H. A.; CALDAS, P. P. de C. Utilização de sensor portátil para recomendação de adubação nitrogenada associada ao uso de fungicidas em arroz irrigado. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável, v. 7, n. 2, p. 86-95, jun. 2017.

SILVEIRA, P. M. da; GONZAGA, A. C. de O. Portable chlorophyll meter can estimate the nitrogen sufficiency index and levels of topdressing nitrogen in common bean. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 47, n. 1, p. 1-6, jan./

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CGPE 16157

Rod. GO 462 Km 12 Zona Rural, Caixa Postal 179

CEP 75375-000, Santo Antônio de Goiás, GO

Fone: (62) 3533 2105 Fax: (62) 3533 2100 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac 1ª edição On-line (2020)

Roselene de Queiroz Chaves

Secretário-Executivo

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Membros

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Supervisão editorial

Luiz Roberto R. da Silva

Revisão de texto

Luiz Roberto R. da Silva

Normalização bibliográfica

Ana Lúcia D. de Faria (CRB 1/324)

Editoração eletrônica

Fabiano Severino

Foto da capa

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