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CONCEITOS DE INTERATIVIDADE NA PRÁTICA: SITE PORTAL COMUNITÁRIO

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Academic year: 2021

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ÁREA TEMÁTICA: ( X ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA

( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO

( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE

( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA

CONCEITOS DE INTERATIVIDADE NA PRÁTICA: SITE PORTAL COMUNITÁRIO

Leticia Scheifer1 Cíntia Xavier2

RESUMO – O projeto de extensão Portal Comunitário existe desde 2008, sendo uma iniciativa multidisciplinar que envolve as disciplinas de Comunicação Comunitária, Webjornalismo e Telejornalismo. O presente artigo tem como proposta apresentar a relação do usuário do site e os ideais de participação e interatividade do jornalismo na web, bem como indicar características do portal jornalístico. As opções de interatividade entre os produtores das noticias (alunos do 3o. ano) e os leitores (a comunidade sendo o público alvo) no site incluem: e-mail de contato, espaço de comentário, sugestão de pauta, além da conexão com as redes sociais. Outro ponto que será abordado é o da Comunicação Comunitária tendo seu potencial aumentado a partir da sua relação com a internet e a importância da produção de um veículo alternativo, que fuja dos ideais tradicionais da grande mídia, tendo como foco as ações locais de bairros, sindicatos e entidades. As notícias publicadas envolvem em sua grande maioria ações feitas pelas entidades, visando destacar a importância dos acontecimentos para aquela realidade específica e a necessidade de políticas públicas que contemplem os mais diversificados setores da sociedade. Além disso, o artigo tem como objetivo mostrar a relação satisfatória entre a transdisciplinaridade de ensino e a extensão a partir da produção prática jornalística. O resultado é um jornalismo participativo, que busca valorizar o cotidiano da comunidade e as ações da sociedade civil, de modo a tornar os indivíduos mais críticos e conscientes das relações sociais, tendo sempre como diretriz o interesse público.

PALAVRAS CHAVE – webjornalismo, comunicação comunitária, interatividade

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Estudante do 4o. ano de Comunicação Social – Jornalismo da UEPG, bolsista 2010/2011 da UEPG. (leticia.scheifer@gmail.com).

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Introdução

O Portal Comunitário é um site de notícias produzido pelos acadêmicos do 3o ano do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), através de uma proposta interdisciplinar que articula ensino e extensão.

Integram o projeto mais de 60 entidades, que participam contribuindo com pautas e informações para a produção de notícias. O projeto se fundamenta nos conceitos da Comunicação Comunitária, prezando a inclusão dos cidadãos na produção da informação e servindo como linha editorial. As outras disciplinas envolvidas no projeto são Webjornalismo, que conduz as definições textuais jornalísticas para a web, e o Telejornalismo, que resulta em produções audiovisuais que serão incluídas no Portal.

A turma do terceiro ano produz as notícias como parte das disciplinas e o projeto de extensão contribui com a reflexão teórica, atividades complementares de interação com a comunidade e a manutenção/execução de tarefas no site, além da divulgação online e offline do veículo.

Com atualização diária, a página também conta com ferramentas de participação tais como sugestão de notícias, fórum e comentários. Percebe-se que os conteúdos veiculados no site são fundamentais para relatar experiências daqueles que não tem espaço na grande mídia, funcionando como um arquivo das ações políticas na cidade.

Objetivos

O objetivo do Portal Comunitário é divulgar informações de entidades da sociedade civil organizada da cidade, como associações de bairros, sindicatos, movimentos sociais e ONGs, propiciando um debate sobre os assuntos voltados para a comunidade.

Além disso, o projeto põe em prática a partir de produção semanal de conteúdos embasados em conceitos teóricos das disciplinas de Comunicação Comunitária, Telejornalismo e Webjornalismo. Outro ponto a ser destacado é a própria relação entre os produtores das notícias (os alunos e futuros profissionais jornalistas) e os leitores – é uma relação de proximidade maior do que a de ouvir os indivíduos como fontes. A participação ideal dos grupos da turma (que são divididos em trios responsáveis por um sindicato, uma associação de moradores e uma entidade cada) é justamente a de se inserir na realidade daqueles grupos, trazendo pautas a partir das necessidades apontadas pela comunidade.

No caso específico do site Portal, existe uma gama de opções de participação que o cidadão-leitor pode utilizar para sugerir, comentar, criticar, divulgar ações de uma entidade ou bairro, contribuindo assim para maior interatividade entre “emissor” e “receptor” das notícias, podendo até mesmo alterar essa hierarquia, conforme aponta Ward:

Os usuários compartilham informações e ouvem notícias sem a participação do jornalista e nem todo material é superficial. [...] são maneiras úteis de compreender as necessidades, os interesses e as preocupações dos usuários. Eles podem fornecer ideias de reportagens e contatos. Os jornalistas ainda estão comprometidos no processo, porém se tornaram ao mesmo tempo usuários e provedores. Isso é uma oportunidade, não uma ameaça. (WARD, 2007)

Trata-se de uma proposta de espaço colaborativo que parte da concepção de que a comunicação comunitária caracteriza-se pela participação direta das pessoas na produção de informação, visando a uma sociedade mais politizada e um jornalismo participativo, com compartilhamento de experiências. O jornal laboratório, como espaço de experimentação por excelência, torna-se ideal no início de uma experiência que visa aumentar o engajamento dos cidadãos nos debates sobre os assuntos que os afetam. Além disso, é uma proposta de um esquema horizontal de comunicação, proporcionando igualdade nos processos de receber, discutir e emitir as informações. Peruzzo (2005) aborda essa questão de forma pontual:

A comunicação de massa publiciza fatos a partir de centros editores fazendo com que a indústria cultural opere por fluxo de comunicação “um para todos”, garantindo o poder sobre a emissão. Já as tecnologias digitais geram processos de comunicação que conectam usuários, gerando um

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fluxo bidirecional da informação num modelo “todos-todos” (...) O que há de novo é a convergência das mídias e a quebra da barreira de uma comunicação de um pólo emissor a muitos emissores. Convergência significa a fusão de diferentes mídias entre si ou delas com serviços, como a televisão, rádio, internet, cinema, música, livros, publicidade, venda de produtos e serviços online etc. (p. 268)

Ainda segundo a autora, o maior dilema na questão informação, tecnologias e comunicação não é tanto o acesso à isso, visto que existem cada vez mais ações de inclusão digital, mas sim a de capacitação de uso dessas ferramentas e a promoção da participação responsável e reflexiva, como é promovido no Portal Comunitário. Ou seja, há um incentivo para que as comunidades tenham consciência do impacto desses conteúdos na sociedade e como o debate e a interatividade – ainda que na forma virtual – podem alterar o status quo das políticas públicas, seja para o seu bairro, sua classe profissional ou direito como indivíduo.

Nesse sentido, é importante destacar a relação entre internet e o jornalismo comunitário. Aparentemente contraditórios, os preceitos globalizantes da web e as questões de proximidade da mídia comunitária não são excludentes, conforme aponta Cabral (2002):

Podemos afirmar, num sentido mais amplo e global, que a democratização da informática e da comunicação é fundamental para a democratização da sociedade. O aspecto democratizante da informática reside no acesso e na socialização de informações, compartilhadas a partir de diversos ambientes comunicacionais (...) A necessidade de uma melhor comunicação se percebe nas reinvidicações de organizações sociais sobre as mais variadas temáticas, entretanto essa demanda latente não se traduz numa demanda patente, isto é, não é devidamente abraçada na definição de políticas públicas sobre o tema (p. 224)

Unir o acesso democrático à internet e à comunicação é ampliar o conhecimento, os debates e organizar a sociedade a partir de suas demandas, transformando também os indivíduos em cidadãos participativos e críticos. Peruzzo (2005) explica que isso é um direito do cidadão:

Direito à comunicação, sob o ponto de vista teórico, tradicionalmente, tende a ser tomado como direito ao acesso à informação e como direito à liberdade de informação e de expressão. (...) tal concepção vem sendo renovada pelos movimentos sociais recentes, que atuam em defesa do direto à comunicação, ao incluir a dimensão do direito à comunicação enquanto acesso ao poder de comunicar (p. 278)

Níveis de participação dos usuários podem ser definidos: como receptores dos conteúdos, com participação nas mensagens – de forma mais tímida, há também a participação na difusão das mensagens (divulgação offline, ou seja a partir das interações da comunidade há a divulgação das notícias e do veículo) e também na gestão (no sentido de contribuir com a reflexão de como melhorar o site, que terão mudanças a partir das necessidades dos usuários).

A partir dessas considerações, a diferenciação dos veículos da tradicional grande mídia já ficam claros, visto que a participação nesses casos se dá mais como fontes diretamente ligadas ao acontecimento (como observadores de um acidente ou expressando sua opinião em uma enquete, por exemplo) ou então quando suas cartas de leitor, no caso do impresso, são selecionadas – uma interatividade muito mais limitada e na maioria dos casos não está ligada aos assuntos da comunidade que os indivíduos estão inseridos, mas da cidade como um todo.

Metodologia

A metodologia utilizada envolve a observação e a descrição dos níveis de participação no Portal conforme apontado no item anterior, que se diferenciam dos meios de comunicação tradicionais.

Com mais de 700 notícias publicadas no ano de 2010 e chegando a uma média mensal de mais de 100 mil visitas, o site do Portal Comunitário conta com os seguintes espaços interativos: e-mail de contato, espaço de comentário em cada notícia, espaço destinado a comentários gerais sobre

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o site, sugestão de pauta, envio de notícias. Outro diferencial é o envio de newsletter semanalmente para contatos cadastrados com os links das notícias publicadas.

Além disso, é possível contatar a equipe do projeto a partir das redes sociais, que são usadas principalmente pelo seu potencial divulgador: Youtube (com vídeos de reportagens produzidas no segundo semestre), Twitter (que serve como um aviso aos usuários da atualização do site), Orkut (comunidade aberta à discussão sobre o site e perfil próprio para divulgação e contato), além do Flickr (ferramenta de fotos ainda em processo de implementação no site, que possibilita o upload de imagens referentes à ações dos bairros).

Como a relação com a comunidade é uma prioridade no projeto, é importante destacar que essa interação não é feita apenas online: no início e no final do ano são promovidos eventos de debate do Portal com as entidades envolvidas. A primeira reunião é para apresentar as novas equipes (que mudam anualmente) e para que os grupos possam comentar suas expectativas para o restante do ano. No fim do período letivo, a reunião possui um caráter de encerramento, podendo mostrar resultados e conquistas de projetos, bem como encerrar o ciclo de produção. Além disso, semanalmente é feito o contato com as entidades por telefone para que elas opinem sobre o conteúdo publicado e também sejam avisadas das produções. Em 2010, os dois eventos juntos reuniram cerca de 200 pessoas.

Outro evento de interatividade para além da internet foi a formulação da Oficina de Agente Comunitário, ministrada em 4 de dezembro de 2010, que explicava de forma didática o uso da web como potencializador de divulgação de informações. As entidades participantes aprenderam como criar um endereço de e-mail, um blog, além de compreender as contribuições da ferramenta internet para a defesa de interesses sociais coletivos (como no caso de uma entidade que promova os direitos dos deficientes físicos). A oficina tinha como objetivo destacar que a web possibilita contatos com outras entidades que podem ajudar nessa questão ou compartilhar experiências.

Resultados

Apesar do alto número de publicações e visualizações, o número de respostas do público não é tão grande. Até 2010, só haviam 60 comentários no site. Essa é uma preocupação já debatida durante as reuniões do projeto, principalmente ao considerarmos que as características do veículo foram pensadas para facilitar essa interatividade:

Entre suas principais características estão as seguintes: os protagonistas são pessoas do próprio povo (daí o vocábulo popular), é baseada na participação ativa e aberta, não tem fins lucrativos, os conteúdos tratados estão em sintonia com a realidade local ou da comunidade de interesse a que se vincula, institui processos compartilhados e não hierarquizados de produção e difusão de mensagens, institui a propriedade coletiva (quando privada esta é colocada a serviço público), se realiza por diferentes formas, canais e formatos de comunicação, e se modifica ao longo da história” (PERUZZO, 2010, p. 3)

As respostas do público são mais perceptíveis no contato informal das reuniões, bem como na própria interação entre os trios de estudantes e as entidades, que muitas vezes sugerem pauta e contribuem como fontes no processo produtivo. Isso pode ser explicado pela ausência de familiaridade com a mídia e as tecnologias, ainda que haja uma expansão. Além disso, o Portal existe há dois anos e ainda está em processo de consolidação como veículo de referência, embora já tenha tido destaques como matérias publicadas antes da grande mídia e ganhando duas vezes o prêmio Sangue Novo de Jornalismo na categoria Comunicação Online.

Conclusões

A partir da ideia de explorar com mais eficiência o potencial interativo da Web para viabilizar essa participação, partilhando da sugestão de Ward (2007) de que as intervenções são úteis para entender necessidades, interesses e preocupações dos usuários, as contribuições do Portal são múltiplas. A democratização da produção e circulação de informações resulta na descentralização do conhecimento, ou seja, na liberdade de comunicação.

Partindo do pressuposto de que uma comunidade é também uma identidade coletiva, portanto, não é limitada geograficamente, o potencial da internet fica claro. O projeto Portal Comunitário dá visibilidade pública às ações da comunidade e, ao fazê-lo, empodera os indivíduos a

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decidirem e exigirem ações ao seu redor. O papel do jornalista também é reconfigurado, não mais apenas como divulgador de problemas, mas como mediador da informação que irá ampliar a democracia e contribuir para o debate público. Além disso, a função social do jornalista também inclui o papel de “educador”, ou seja, de filtrar informações que não necessariamente interessam o cidadão, mas que influenciam diretamente sua rotina (como a economia e a política). Dessa forma, a linguagem deve ser acessível e clara.

Com o cidadão interagindo com os meios, há uma realização da cidadania, uma autopromoção dos assuntos de interesse coletivo e a construção de uma cultura democrática, com a socialização da informação e do conhecimento.

Referências

BECKER, Maria Lúcia (coord.) Relatório Anual do Projeto Portal Comunitário apresentado para a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2010.

CABRAL, Adilson. Informática e comunicação para uma sociedade democrática. Uma abordagem sobre organizações, propostas e ideologias no cenário brasileiro. In: Comunicação e Movimentos Populares: quais redes? Comunicación y movimientos populares: cuales redes? (comp. Cicília K. Peruzzo, Denise Cogo, Gabriel Kaplún). São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 2002.

PERUZZO, Cicília M. Krohling. Desafios da Comunicação Popular, Comunitária e Alternativa na Cibercultur@: Aproximação à Proposta de Comunidade Emergente de Conhecimento Local, 2010. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-3359-1.pdf. Último acesso em: 26/04/11.

PERUZZO, Cicília M. Krohling. Internet e Democracia Comunicacional: entre os entraves, utopias e o direito à comunicação. São Bernardo do Campo: Metodista, 2005.

Referências

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