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AS CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE FÍSICA NA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFMG: conquistas e desafios

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AS CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE FÍSICA NA BIBLIOTECA

CENTRAL DA UFMG: conquistas e desafios

Cleide Vieira de Faria

1

, Fernanda Gomes Almeida

2

, Ronaldo Alves da

Silva

3

1

Especialista em Gestão Estratégica da Informação, Biblioteca Central da UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais

2Especialista em Gerenciamento de Projetos, Sistema de Bibliotecas da UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais

3

Mestre em Ciência da Informação, Biblioteca Central da UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais

RESUMO

Analisa a acessibilidade física do prédio da Biblioteca Central da UFMG e estabelece um paralelo entre o que existe na biblioteca e as recomendações, das normas, da legislação e da literatura sobre o assunto. A acessibilidade física possui três dimensões principais: urbana, arquitetônica e de produtos. Há pontos positivos e negativos referentes às condições de acessibilidade na biblioteca. Dentre os pontos positivos destaca-se a adaptação aos aspectos urbanísticos e arquitetônicos da acessibilidade, com a instalação de piso tátil e mobiliário adequado. Dentre os negativos destaca-se a pequena quantidade de produtos capazes de atender aos usuários com limitações. Conclui que a biblioteca atende apenas parcialmente aos requisitos de acessibilidade.

Palavras-Chave: Acessibilidade; Desenho universal; Acessibilidade física; Limitação

psicomotora e sensorial; Deficiência física. ABSTRACT

This article analyzes the physical accessibility of the building of the Central Library of UFMG and makes the parallel between what exists in the library and the recommendations of the standards, legislation and literature on the subject. The physical accessibility has three main dimensions: urban, architectural and products. There are positive and negative points concerning the conditions of accessibility in library. Among the positive points is the adaptation to the urban and architectural dimensions, with the installation of tactile floor and adapted furniture. Among the negative points is the small number of products to server users with limitations. It concludes that the library only meets partially accessibility requirements.

Keywords: Accessibility; Universal design; Physical accessibility; Psychomotor and sensory

limitation; Physical disabilities.

1. Introdução

A acessibilidade é um assunto que ganhou destaque nos últimos tempos, pois é condição importante para a inclusão dos indivíduos no meio social. Em todos os espaços da ação humana existe a preocupação com o projeto de ambientes e produtos capazes de atender às necessidades de todas as pessoas do universo social, inclusive aquelas que têm algum tipo de limitação psicomotora e/ou sensorial.

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Na educação esta inclusão acontece de forma mais incisiva e os espaços físicos de escolas e faculdades devem estar aptos a atender às demandas de todas as pessoas de forma igualitária e eficaz.

Segundo Mazzoni et al. (2001) foi na efervescência das conquistas sociais do século XX que o conceito de acessibilidade foi construído. O conceito se estabeleceu através da arquitetura, com o foco no conceito de projetos livres de barreiras. As conquistas de direitos pelas minorias, notadamente a partir da década de 1960, desvelaram a visão de uma sociedade formada por grupos heterogêneos, mas com necessidades e desejos comuns. Os espaços e produtos sociais passaram a ser projetados observando as diferenças e particularidades dos indivíduos.

Este trabalho tem como objetivo apresentar e analisar as condições de acessibilidade da Biblioteca Central da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para isso, levantamos na literatura sobre o tema os aspectos que devem ser observados para que um espaço obedeça aos padrões de acessibilidade física determinados pela legislação e pelas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Apresentamos as conquistas da biblioteca na adaptação do prédio e as mudanças que ainda são necessárias para que o espaço seja de fato acessível.

2. Acessibilidade

O Decreto Federal 5.296/2004 define acessibilidade como condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. Da mesma forma, acessibilidade é definida na Norma Brasileira (NBR) 9050 como “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos” (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p.2). Pode ser considerada condição indispensável para a garantia do direito de acesso aos espaços públicos e instituições de prestação de serviços. Nos ambientes universitários há pessoas com limitações psicomotoras e sensoriais que têm as mesmas necessidades que os indivíduos sem essas limitações. Ao mesmo

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tempo em que a instituição deve ter conhecimento das diferenças entre os indivíduos, deve também atentar para seu direito ao tratamento igualitário. Um ambiente acessível deve ser flexível para atender a todos, sem áreas exclusivas para pessoas com dificuldades de locomoção ou com alguma limitação sensorial, a não ser que isso seja indispensável. Em uma biblioteca essa situação pode ocorrer com a separação de sala para o uso de equipamento para pessoas com baixa visão, ou na existência de acervo em Braille para pessoas com deficiência visual. Os banheiros, a área de estudo, os balcões de atendimento, a entrada da biblioteca, devem ser construídos e organizados de forma que atendam todas as pessoas.

Um local acessível é aquele livre de barreiras e arestas que impeçam o acesso de todos os indivíduos aos espaços de uso comum. Ferrés (2006) apresenta o conceito de Desenho Universal, que segundo a autora diz “respeito à flexibilidade dos produtos/ambientes fabricados para diferentes usuários, e não a criação de produtos especiais para coletivos determinados” (FERRÉS, 2006, p.21). Isto significa que adotar um mesmo produto ou ambiente que pode ser utilizado por todos os usuários é mais importante que a adoção de produtos ou ambientes diferenciados. A autora apresenta dois exemplos aplicáveis às bibliotecas: porta de entrada ampla e acessível, capaz de atender a todos os usuários de forma igual e banheiros capazes de receber qualquer pessoa, independente de sua capacidade motora ou sensorial. Conforme Mazzoni et al. (2001),

a proposta não é criar espaços e ambientes separados, para uso exclusivo das pessoas portadoras de deficiência, o que seria uma outra forma de discriminação, e sim, desde o projeto, pensar em sistemas e ambientes que possam ser utilizados por todos

(MAZZONI et al., 2001, p.30).

O Desenho Universal possui, segundo o Guia de acessibilidade em edificações (2006) e Melo (2006), os seguintes princípios básicos: uso equiparável, ou seja, atende às pessoas com habilidades diferenciadas; flexibilidade de uso, ou seja, atende a uma ampla gama de indivíduos, preferências e habilidades; uso simples e intuitivo, ou seja, seu uso é de fácil compreensão; informação perceptível, ou seja, comunica eficazmente ao usuário as informações necessárias; tolerância ao erro, ou seja, minimiza o risco e as conseqüências adversas de ações involuntárias ou imprevistas; baixo esforço físico, ou seja, pode ser utilizado com um mínimo de

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esforço; e tamanho e espaço para aproximação e uso, ou seja, oferece espaços e dimensões apropriados para interação, alcance, manipulação e uso, independentemente de tamanho, postura ou mobilidade do usuário (GUIA..., 2006, p.9; MELO, 2006, p.18-19). Quando falamos em acessibilidade devemos ter em mente ambientes de uso comum, que atendam a todas as pessoas de forma igualitária. E as bibliotecas são exemplos destes ambientes, conforme mostraremos adiante.

3. Acessibilidade física em bibliotecas

A acessibilidade física está relacionada com os aspectos estruturais da área física no entorno e no interior de edifícios e com os produtos disponíveis aos indivíduos. Uma biblioteca universitária precisa estar preparada para atender as necessidades de seus usuários portadores de limitações psicomotoras e sensoriais. Estes usuários devem receber o mesmo atendimento que os usuários sem limitações. Segundo Ferrés (2006),

uma biblioteca acessível é um espaço que permite a presença e proveito de todos, e está preparada para acolher a maior variedade de público possível para as suas atividades, com instalações adequadas às diferentes necessidades e em conformidade com as diferenças físicas, antropométricas e sensoriais da população (FERRÉS, 2006, p.21).

De acordo com a autora, a acessibilidade física em bibliotecas possui três dimensões: urbana, que diz respeito à adequação do espaço no entorno do edifício da biblioteca; arquitetônica, que diz respeito à adequação do edifício e do mobiliário; e de produtos, que diz respeito à aquisição de produtos destinados a usuários específicos, como livros em Braille, computadores com software de voz, equipamentos para pessoas com baixa visão e outras tecnologias de apoio aos usuários portadores de limitações (FERRÉS, 2006, p.21).

3.1. Dimensão urbana da acessibilidade física em bibliotecas

O entorno do edifício da biblioteca deve ser preparado para receber as pessoas com limitação de mobilidade. Os pontos de ônibus devem receber sinalização para deficientes visuais e rebaixamento de calçadas e rampas para cadeirantes. As vagas de estacionamento devem ser sinalizadas e próximas à

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entrada principal da biblioteca, com faixa para circulação de cadeiras. Devem existir rotas em toda a área circundante da biblioteca, dos pontos de parada do transporte público e das vagas de estacionamento. Estas rotas também devem conter sinalização tátil para deficientes visuais (FERRÉS, 2006, p.23).

3.2. Dimensão arquitetônica da acessibilidade física em bibliotecas

A acessibilidade arquitetônica diz respeito às condições dos edifícios e seus espaços internos para receber adequadamente as pessoas com limitações psicomotoras e sensoriais. A entrada dos edifícios, as áreas de recepção e atendimento, os espaços internos, o mobiliário, o piso e os banheiros devem ser projetados para o uso destas pessoas. Nas bibliotecas deve ser observado ainda o arranjo do acervo. De acordo com a NBR 9050 os locais de pesquisa, fichários, salas de estudo e leitura, terminais de consulta, balcões de atendimento e áreas de convivência de uma biblioteca devem ser acessíveis (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p.88).

Os desníveis devem ser evitados na entrada da biblioteca. Caso existam, é imprescindível a existência de rampas ou elevadores acoplados. A porta deve seguir alguns parâmetros de acessibilidade: vão livre de no mínimo 80 cm e altura mínima de 210 cm, faixa tátil de orientação e alerta, e faixa de sinalização para portas de vidro (FERRÉS, 2006, p.23-24). Todas as entradas devem ser acessíveis, assim como as rotas de interligação às principais funções do edifício. O percurso entre o estacionamento e a entrada deve compor uma rota acessível. Se houver um dispositivo de segurança de ingresso que não seja acessível, deve ser prevista outra entrada junto a esta que garanta condições de acessibilidade (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p.40).

A área de recepção e atendimento deve permitir o acesso rápido à informação buscada, através de atendimento prioritário e imediato, e também através de painéis informativos impressos ou táteis. A localização e a trajetória até diferentes lugares internos devem ser mostradas de forma clara e esquematizada. Balcões, armários, terminais de consulta e disposição do mobiliário devem ser pensados em termos de acessibilidade. Devem ser eliminadas do mobiliário, as arestas que impedem ou dificultam a livre movimentação do usuário e seu contato visual com o atendente (FERRÉS, 2006, p.24).

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Segundo Ferrés (2006, p.25) “a organização interna dos espaços deve ser claramente perceptível, evitando becos, áreas sem uso e qualquer outra configuração que possa causar confusão ou isolamento de pessoas com senso de orientação reduzido”. Os espaços não acessíveis devem ser sinalizados para evitar acidentes. Pisos táteis devem projetar uma rota desde a entrada até diferentes pontos de interesse no interior da biblioteca. Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante. Os tapetes devem ser embutidos e nivelados com a superfície circundante.

As dimensões de móveis e estantes, e sua disposição, devem permitir a mobilidade de pessoas, acessórios de mobilidade (bastões, muletas, andadores) e cadeiras de rodas. Corredores e portas internas também devem ser projetados para permitir a acessibilidade. Estes equipamentos devem ser de fácil manipulação e possuir maçaneta tipo alavanca. Móveis e estantes não detectáveis a partir do chão pelos bastões devem ser embutidos (FERRÉS, 2006, p.25). A distância entre as estantes deve ser de no mínimo 90 cm. A cada 15 m deve haver um espaço que permita a manobra da cadeira de rodas com deslocamento. A altura deve atender às faixas de alcance manual e parâmetros visuais (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p.88). No acervo os seguintes aspectos devem ser observados: etiquetas de lombada, arranjo nas estantes, largura de corredores entre as estantes, altura das estantes, disposição de mobiliário e tipologia de suportes documentais.

O pavimento é um elemento estético e um canal de comunicação e informação com usuários com deficiência visual. Suas principais características devem ser: a dureza, a característica antideslizante (seco ou molhado) e a ausência de rugosidades distintas num mesmo material. O piso também não deve provocar reflexos excessivos, pois desorienta pessoas com baixa visão. Deve ser sinalizado em relevo (pisos táteis) para pessoas com deficiência visual. Existem dois tipos de pisos táteis: direcionais e de alerta. Os direcionais indicam o caminho a ser percorrido em espaços amplos. Os pavimentos de alerta são instalados em frente aos obstáculos arquitetônicos (escadas, rampas, orelhões, etc.) (FERRÉS, 2006, p.26-27).

Os banheiros da biblioteca devem ser acessíveis a todos os usuários com limitações. Para isso deve possuir piso tátil na parte externa até sua entrada, porta

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com sinalização tátil e dimensões diferenciadas para os usuários cadeirantes. Todos os sanitários deverão ser sinalizados com o símbolo internacional de sanitários acessíveis. As portas deverão ter um puxador horizontal associado à maçaneta. Os sanitários devem ser localizados em rotas acessíveis e sinalizados, obedecendo às normas de instalação da bacia, mictório, lavatório, acessórios e barras de apoio, áreas de circulação, transferência, aproximação e alcance (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p. 64).

A iluminação deve ser avaliada cuidadosamente. Assim como as cores e o contraste entre paredes, pisos e portas, entre maçanetas e portas, e entre estas e o batente. Essas medidas são importantes para atender aos usuários com baixa visão. A mudança brusca de luminosidade entre os ambientes (corredores, salas, banheiros) deve ser evitada, pois isto exige um contínuo ajuste de dilatação de pupila de um lugar a outro e pode causar acidentes (FERRÉS, 2006, p.30).

3.3. Dimensão de produtos da acessibilidade física em bibliotecas

Segundo Lira (2007) as bibliotecas devem implantar equipamentos que possibilitem o acesso de pessoas com deficiência e idosos aos acervos físicos e digitais das respectivas instituições como ampliadores de textos eletrônicos, leitores de livros autônomos, linhas Braille, folheadores de livros automáticos, teclados e

mouses especiais, impressoras Braille, programas para leitura de textos, para

reconhecimento de voz.

A acessibilidade de produtos diz respeito aos equipamentos existentes na biblioteca que permitem o atendimento igualitário aos usuários com limitações. De acordo com Ferrés (2006) os computadores para consulta ao catálogo on-line “devem ser ferramentas de busca de informação acessíveis a todos, com programas de informática e páginas de internet acessíveis, e finalmente com elementos que garantam a acessibilidade integral de um computador” (FERRÉS, 2006, p.30). O computador deve ser acessível, assim como, o ambiente que o rodeia (sala, mobiliário). Deve-se observar a iluminação do local e o nível de barulho em ambientes próximos. A cadeira e a mesa (ou o móvel) devem se adaptar às características físicas dos usuários. Quaisquer barreiras ou arestas devem ser removidas.

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3.3.1. Comunicação, sinalização e informação

As comunicações de emergência devem ser transmitidas para todos os setores da biblioteca, tanto de forma visual intermitente como auditiva e, se possível, vibratória. As demais informações relevantes devem ser apresentadas, pelo menos, de forma visual e tátil, podendo estender-se à forma acústica (FERRÉS, 2006, p.29). De acordo com a NBR 9050, as rotas de fuga e as saídas de emergência devem ser sinalizadas com informações visuais e sonoras (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p.38). Devem ser utilizadas sinalizações táteis, com texturas rugosas, caracteres em Braille e em relevo. A sinalização em Braille pode ser colocada na lateral interna dos corrimãos de escadas ou rampas, no começo destes, com o texto para baixo, mas sua principal aplicação deve ser nas placas sinalizadoras acessíveis ao alcance do tato localizadas nas portas (FERRÉS, 2006, p.29). Deve ser utilizado o símbolo internacional de acesso para a indicação de acessibilidade aos serviços e identificação dos espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos (ASSOCIAÇÃO..., 2004, p.18).

No quesito informação e comunicados internos aos usuários são imprescindíveis os painéis informativos ou qualquer outro suporte claramente perceptível e compreensível por qualquer pessoa. Recomenda-se uma maquete visual impressa e/ou tátil para orientar sobre a localização das diferentes áreas da biblioteca, localizada e posicionada de forma adequada, para permitir o alcance e aproximação de todos (FERRÉS, 2006, p.30).

4. As condições de acessibilidade na Biblioteca Central da UFMG

O projeto de criação do prédio da Biblioteca Central da UFMG é datado de 1972. A intenção era reunir todo o acervo da UFMG em um mesmo local (LIMA, BARROS e BRANCO, 1972). O prédio foi inaugurado em 1980 (GARDINI, MAFRA E SOARES, 1980), mas o projeto de centralização não foi posto em prática. O prédio abriga atualmente a administração da Biblioteca Universitária (BU), responsável pelo Sistema de Bibliotecas da UFMG, uma biblioteca setorial também chamada de Biblioteca Central, a Coleção de Memória e outros órgãos da UFMG. Porém, a nomenclatura Biblioteca Central foi mantida para o prédio como um todo e para a biblioteca setorial dos cursos de graduação das áreas de Ciências Exatas e Ciências

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Biológicas. Recentemente o prédio passou por uma reforma para se adequar às dimensões urbana e arquitetônica da acessibilidade.

4.1. Acessibilidade urbana na Biblioteca Central da UFMG

A biblioteca passou por um processo de adaptação de seu entorno para atender às exigências de acessibilidade. Foram demarcadas e sinalizadas adequadamente vagas de estacionamento para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. O percurso entre o estacionamento e a entrada principal da biblioteca compõe uma rota acessível, com trajeto contínuo e desobstruído, calçada rebaixada e rampa.

O Campus Pampulha da UFMG é servido por linhas de transporte coletivo, além de linhas de transporte interno da Universidade. Algumas viagens do transporte coletivo são realizadas em veículos equipados com elevador. O ponto de parada do transporte coletivo próximo à biblioteca é ligado à calçada por rampas e faixa elevada sinalizada com faixa de travessia de pedestres. Do ponto até a entrada da biblioteca, o caminho de acesso possui piso tátil sem barreiras e rampas de acesso com proteção. O único problema relativo ao transporte coletivo é o fato da rua da biblioteca ser uma via de mão única. Assim, o usuário deste tipo de transporte não pode embarcar e desembarcar no mesmo ponto.

4.2. Acessibilidade arquitetônica na Biblioteca Central da UFMG

A entrada da biblioteca possui rampa de acesso e corrimão em apenas um dos lados da rampa. Como existia um pequeno degrau entre a rampa de acesso e o vão da porta foi instalada uma rampa metálica para corrigir esta barreira. A porta de entrada conta com portões eletrônicos para garantir a proteção do acervo, impedindo a entrada de cadeirantes e pessoas com próteses ou aparelhos como o marca-passo. Esses usuários podem entrar por uma porta lateral ao lado da primeira. As calçadas e a rampa do trajeto entre o ponto de parada do transporte coletivo e a biblioteca contam com sinalização tátil no piso (direcional e de alerta).

Em suas dependências, a biblioteca possui piso tátil, elevadores e rampas para transpor os andares. Os espaços para circulação entre ambientes são amplos sem barreiras e bem iluminados. Possui banheiros adaptados e terminal de consulta rebaixado para cadeirantes. O interior da biblioteca dispõe de sinalização direcional

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e de alerta no primeiro piso (hall de entrada), onde se localizam os guarda-volumes e o balcão de empréstimo, e no térreo onde se encontram os banheiros adaptados para as pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. A ligação entre térreo e o primeiro piso é realizada por meio de escadas ou plataforma elevatória. A circulação interna na biblioteca é feita através de escadas. O acesso das pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida é realizado por meio da plataforma elevatória e elevadores (exceto no hall principal onde é disponibilizada somente a plataforma) No primeiro piso da Biblioteca encontra-se ainda o Espaço de Leitura, um ambiente que conta com um acervo literário, informativo e de lazer. A ligação desse ambiente com o hall principal é feita por meio de rampa de acesso com corrimão em ambos os lados. O piso do hall de entrada e as escadas são feitos de material antiderrapante.

Na área de recepção, o mobiliário possui as especificações para o atendimento aos usuários com limitações psicomotoras e sensoriais. A biblioteca possui balcão de empréstimo e terminais para consulta ao catálogo em altura compatível ao alcance manual pessoas sentadas (em cadeiras de rodas). Os guarda-volumes não são acessados diretamente pelo público. Existe a presença de um funcionário que realiza a guarda dos objetos.

A área do acervo e a área para estudos, localizadas no segundo e no terceiro piso da biblioteca, possuem piso em carpete, com superfície regular, firme estável e antiderrapante. A distância entre as estantes de livros atende à largura recomendada para mobilidade de pessoas com acessórios de mobilidade como cadeiras de rodas, andadores ou muletas. A área do acervo conta ainda com espaço que permite a manobra de cadeiras de rodas (área para manobra com deslocamento). No entanto, a disposição do material bibliográfico nas estantes não cumpre as recomendações de alcance manual frontal de uma pessoa sentada.

4.3. Acessibilidade de produtos na Biblioteca Central da UFMG

A biblioteca possui cabine de estudo para pessoas com baixa visão equipada com uma lupa que aumenta o texto impresso, inclusive figuras, até 60% do original em um televisor de 26’. O equipamento possibilita qualidade de estudos para usuários com baixa-visão. A biblioteca também possui um pequeno acervo literário e

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informativo em Braille e audiovisual.

No âmbito da comunicação e informação, a biblioteca ainda está longe de atender de forma satisfatória os critérios de acessibilidade dos usuários. A biblioteca não conta com sinalização sonora ou tátil em Braille em sua entrada, espaços internos, portas ou elevadores. Os mobiliários, equipamentos ou espaços como banheiros não são identificados com o símbolo internacional de acesso. Os terminais de consulta na biblioteca, com acesso ao catálogo online, ainda não possuem sintetizador de voz com reconhecimento de caracteres de textos digitalizados.

5. Considerações finais

A Biblioteca Central da UFMG possui alguns equipamentos e ambientes em conformidade com as normas de acessibilidade estabelecidos pela legislação brasileira. Entretanto, o prédio da biblioteca é antigo e muitos de seus ambientes são difíceis, ou impossíveis, de serem adaptados. Recentemente o prédio passou por uma adaptação que proporcionou avanços consideráveis, como a sinalização no entorno do prédio, em conformidade com os aspectos urbanos da acessibilidade, e instalação de rampas e sinalizações táteis no piso, de acordo com os aspectos arquitetônicos. A biblioteca possui alguns produtos, como um equipamento de leitura para usuários com baixa visão e um pequeno acervo em Braille. Mas ainda existem entraves ao acesso de pessoas com limitações, como a falta de sinalização adequada em portas, escadas e corredores, além da pequena quantidade de produtos capazes de atender às demandas destes usuários. A biblioteca ainda não possui equipamentos essenciais como softwares de voz e impressores em Braille.

Outro ponto importante é a falta de pessoal capacitado para atender aos usuários com limitações motoras e sensoriais. Os usuários com equipamentos de mobilidade como cadeiras de rodas e bastões encontram algumas dificuldades de locomoção, pois os andares da biblioteca possuem alguns desníveis, alguns acessíveis somente através de escada.

Por ser um edifício que abriga setores administrativos, muitos dos espaços do prédio da Biblioteca ainda não estão sinalizados. Inclusive alguns que abrigam acervos. Considerando as normas e a legislação, podemos dizer que ainda falta

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muito para que a Biblioteca Central da UFMG esteja inteiramente dentro dos padrões ideais de acessibilidade.

Referências

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BRASIL. Decreto nº 5296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as leis n°s 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 dez. 2004.

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GARDINI, M.J.A; MAFRA, C; SOARES, V.G.M. Um prédio de biblioteca central: o modelo da UFMG. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 10., 1979, Curitiba. Anais... Curitiba: Associação Bibliotecária do Paraná, 1979. v.2, p.698-735. GUIA de acessibilidade em edificações: fácil acesso para todos. Belo Horizonte: CREA-MG; PBH, 2006. 64 p.

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LIMA, E.; BARROS, M.P.; BRANCO, A.P.C. Biblioteca Central da Universidade Federal de Minas Gerais. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v.1, n.2, p.125-131, set. 1972.

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