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Autoria e colaboração
Durval Alex Gomes e Costa
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Especialista em Infectologia pelo Hospital Heliópolis. Doutor em Doenças Infecciosas pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico in-fectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Estadual Mário Covas, Santo André. Médico infectologista do Serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
Carolina dos Santos Lázari
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Programa de Residência Médica em Infectologia da FMUSP. Médica infectologista do Serviço de Extensão ao Atendimento a Pa-cientes com HIV/AIDS da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP no período de 2006 a 2012. Médica assistente da Enfermaria da mesma Divisão.
Carolina Luisa Alves Barbieri
Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (FMUSP-RP). Especialista em Pediatria e em Infectologia Pediátrica pela FMUSP.
Rodrigo Antônio Brandão Neto
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde é médico assistente da disciplina de Emergências Clínicas. Ralcyon F. A. Teixeira
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Mé-dico assistente do Hospital Universitário (HMCP) da PUC-Campinas. MéMé-dico Infectologista do Hospital Sírio-Libanês.
Assessoria didática
Fabrício Martins Valois
Atualização 2017
Apresentação
Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.
Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.
Índice
Capítulo 1 - Principais antimicrobianos ...15
1. Introdução ...16
2. Bacterioscopia e sua importância no tratamento antimicrobiano ...16 3. Antibióticos ... 17 4. Antifúngicos ...37 5. Antiparasitários ... 43 6. Antivirais ...47 Resumo ... 49
Capítulo 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ...53
1. Introdução ... 54
2. Mordeduras de animais domésticos ... 54
3. Tétano acidental ...55
4. Raiva ...60
5. Outras doenças passíveis de imunização pós-exposição ... 65
6. Acidente com material biológico... 66
7. Calendário nacional de vacinação ... 69
8. Profi ssionais de saúde ...73
Resumo ...75
Capítulo 3 - Hanseníase ...77
1. Introdução ... 78
2. Histórico ...80
3. Agente etiológico ...81
4. Imunopatogenia e fatores genéticos ...81
5. Classifi cação ... 82
6. Diagnóstico ... 85
7. Tratamento ...88
8. Estados reacionais ...89
9. Prevenção e vigilância epidemiológica ... 92
10. Hanseníase e gravidez ... 92 Resumo ...93 Capítulo 4 - Dengue ...95 1. Etiologia ... 96 2. Transmissão ... 96 3. Epidemiologia ...97 4. Fisiopatogenia ... 99
5. Quadro clínico e classifi cação ...100
6. Avaliação laboratorial e diagnóstico ... 106
7. Tratamento ... 107
8. Situações especiais ...111
9. Prevenção ... 113
10. Outras arboviroses de importância crescente no Brasil ...114
Resumo ... 119
Capítulo 5 - Febre amarela ... 121
1. Icterícias febris ...122
2. Epidemiologia...122
3. Ciclo da doença e fi siopatologia ...124
4. Quadro clínico ...126
5. Diagnóstico ...126
6. Tratamento ...127
7. Profi laxia ...127
Resumo ...129
Capítulo 6 - Hepatites virais ... 131
1. Introdução ...132 2. Hepatite A ...132 3. Hepatite B ... 138 4. Hepatite C ... 149 5. Hepatite D ... 158 6. Hepatite E ... 158 7. Em gestantes ...159 Resumo ...160 Capítulo 7 - Leptospirose ... 161 1. Introdução ...162
2. Ciclo de vida e fi siopatologia ...162
3. Quadro clínico e formas ... 164
4. Diagnóstico ... 166
5. Tratamento ...167
6. Profi laxia e medidas de controle ... 168
Resumo ...169 Questões: Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil. Anote:
O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.
Questões
Cirurgia do TraumaAtendimento inicial ao politraumatizado
2015 - FMUSP-RP
1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:
a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomia
b) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomia
c) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomia d) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - SES-RJ
2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:
a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motora
b) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundos c) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundos d) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFES
3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:
a) verificar as pupilas b) verificar a pressão arterial c) puncionar veia calibrosa d) assegurar boa via aérea e) realizar traqueostomia
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFG
4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:
a) 6 b) 7 c) 8 d) 9
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFCG
5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:
a) aplicar morfina b) promover uma boa hidratação c) perguntar o nome d) lavar a face e) colocar colar cervical
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2014 - HSPE
6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea
Ci ru rgi a d o T ra um a Que st õe s Comentários: Além do gabarito oficial divulgado pela instituição, nosso
corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.
Comentários
Cirurgia do TraumaAtendimento inicial ao politraumatizado
Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado,
ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.
Gabarito = D
Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em
con-ta a melhor resposcon-ta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.
Gabarito = D
Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com
rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.
Gabarito = D
Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow
está resumida a seguir:
Abertura ocular (O)
Espontânea 4 Ao estímulo verbal 3 Ao estímulo doloroso 2 Sem resposta 1
Melhor resposta verbal (V)
Orientado 5 Confuso 4 Palavras inapropriadas 3 Sons incompreensíveis 2 Sem resposta 1
Melhor resposta motora (M)
Obediência a comandos 6 Localização da dor 5 Flexão normal (retirada) 4 Flexão anormal (decor-ticação) 3 Extensão (descerebração) 2 Sem resposta (flacidez) 1
Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.
Gabarito = C
Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica
de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a perguntando-ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.
Gabarito = C
Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é
um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.
Gabarito = A
Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo
ATLS®, a melhor sequência seria:
A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.
B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.
C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.
D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.
E: manter o paciente aquecido. Logo, a melhor alternativa é a “c”.
Gabarito = C
Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que
deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.
Gabarito = A
Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente
poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e
garan-Ci ru rgi a d o T ra um a Com ent ár io s
Capítulo 8 - Malária ... 171
1. Introdução ...172
2. Ciclo de vida e fisiopatologia ...173
3. Quadro clínico ...176
4. Diagnóstico ...179
5. Tratamento ...180
6. Profilaxia e vacina ...185
Resumo ... 186
Capítulo 9 - Febre tifoide ...187
1. Introdução ... 188 2. Ciclo e transmissão ... 188 3. Quadro clínico ... 189 4. Diagnóstico ... 190 5. Tratamento ... 190 6. Profilaxia ...191 Resumo ...192 Capítulo 10 - Ebola ...193 1. Introdução ... 194 2. Conhecendo o vírus ...195 3. Período de transmissão ...195
4. Ciclo de ação e fisiopatologia ...195
5. Sinais e sintomas...196
6. Diagnóstico ...197
7. Tratamento ...197
8. Profilaxia de novos casos e vacina ...197
Resumo ... 198
Capítulo 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) ...199
1. Introdução – riquetsioses ... 200
2. Vetor da FMB ... 200
3. Transmissão da FMB ... 201
4. Quadro clínico e patogenia ...203
5. Exames ...205
6. Diagnóstico diferencial ...206
7. Tratamento ...206
8. Profilaxia ...207
Febre amarela
Durval A. G. Costa
A febre amarela é uma doença de notificação compul-sória, causada por um arbovírus da família Flaviviridae, transmitida pelos mosquitos Haemagogus leucocelae-nus e Aedes aegypti nas áreas urbanas. A sintomatologia principal envolve febre, calafrios, cefaleia, lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, náuseas e vômitos, podendo surgir sintomas mais graves, como diarreia e vômitos com aspecto “em borra de café”, além de hemorragias e insuficiência hepatorrenal, com icterícia associada. O diagnóstico é feito por meio de sorologias, não havendo tratamento específico. Em áreas endêmi-cas, bem como para indivíduos que vão viajar para essas áreas (principalmente regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil), indica-se a profilaxia com a vacina contra febre amarela.
sicinfectologia
122
1. Icterícias febris
Diversas infecções podem causar icterícias febris, bacterianas (leptos-pirose, febre tifoide, malária, leishmaniose visceral, esquistossomose) ou virais (hepatites virais, dengue, febre amarela, enteroviroses), ob-servados na Tabela 1. Neste capítulo, abordaremos a febre amarela.
Tabela 1 - Doenças que podem causar icterícias febris
Bacterianas - Leptospirose*; - Febre tifoide*; - Malária*; - Leishmaniose visceral*; - Esquistossomose*. Virais
- Hepatites virais (A, B, C, D, E)*; - Febre amarela;
- Dengue*; - Enteroviroses*.
* Abordadas em capítulos à parte por outras características específicas.
2. Epidemiologia
A febre amarela é uma doença causada por um arbovírus, da mesma maneira que a dengue, mas com estrutura diferente. Pertence à famí-lia Flaviviridae e possui estrutura que fica instável em meio ambiente e que facilmente é destruída.
Figura 1 - Vírus da febre ama-rela inativo; sobrevive pouco tempo fora do organismo e é facilmente inativado com
álco-ol e clorexidina O vírus normalmente tem como reservatório natural os primatas (ge-ralmente macacos) em florestas, numa faixa que compreende regiões tropicais. Desta forma, a doença é mais prevalente nas Américas e na África, além de alguns países da Ásia.
Figura 2 - Áreas mais prevalentes de febre amarela no mundo. A relação principal é com áreas tropicais e com a presença do mosquito
O motivo da prevalência (Figura 2) está relacionado à presença de flo-restas tropicais e também do vetor. O principal mosquito transmissor da febre amarela em primatas é do gênero Haemagogus leucocelaenus, que vive apenas em florestas tropicais e pode causar a febre amarela silvestre.
Importante
Houve uma adaptação do vírus da febre amarela a outro tipo de mosquito, oAedes aegypti, que
tam-bém transmite a dengue e é um exímio adaptado a áreas urbanas. A partir desse momento, há um novo risco de transmitir a febre amarela urbana por esse mosquito.
Febre tifoide
Durval A. G. Costa
A febre tifoide é causada pela bactéria Salmonella typhi, que tem a capacidade de transpor a barreira intestinal e alcançar o interstício celular. O quadro clínico é composto por 4 fases, sendo elas período de incubação, período prodrômico com presença de febre principalmente, período de estado com diarreia, cefaleia, adinamia e prostração. Há presença de desidratação grave, a hepatoesplenomegalia ocorre em cerca de metade dos pacientes, e, por fim, há o período de declínio e conva-lescença, com melhora dos sintomas. O tratamento é feito com hidratação vigorosa, reposição de eletrólitos e antibioticoterapia com ciprofloxacino (1ª escolha) e ceftriaxona principalmente. É uma doença associada a condições socioeconômicas mais precárias, embora seja prevalente em todo o mundo. Lembre-se que a febre tifoide é uma doença de notificação compulsória.
sicinfectologia
188
1. Introdução
A febre tifoide é causada por uma bactéria enterofermentadora Gram negativa do tipo bacilo, a Salmonella typhi. Essa doença recebe outros nomes, como febre entérica (pois se apresentava essencialmente no in-testino), febre de Eberth, doença dos 4 “Fs” (Feces, Food, Fever, Fingers – fezes, alimentos, febre, dedos).
Figura 1 - Os bacilos Gram negativos da S. typhi contêm proteínas que determinam e expressam gravidade de doença: os antígenos O, Vi, H (este do flagelo). Desta maneira, muitos dos casos de gravidade são relacionados a esses antígenos
A Salmonella é subdividida em sorogrupo e sorotipos. A S. typhi per-tence ao grupo D, e a S. choleraesuis é a principal responsável pelas bacteriemias com quadros sépticos na febre tifoide. Outro sorotipo fre-quente é a Salmonella dublin. Existem ainda salmonelas do sorotipo A, B e C, que são S. paratyphi, causando quadros mais brandos que a 1ª, mas que acabam sendo englobados no diagnóstico de febre tifoide, apesar de na verdade serem febre paratifoide.
A infecção por Salmonella levando a um quadro de febre tifoide é pre-valente por todo o mundo, sendo obviamente associada a piores condi-ções de saneamento básico e higiene de alimentos. A característica de longa sobrevivência dessa bactéria facilita a presença em surtos epidê-micos relacionados a alimentos contaminados. Também pode ocorrer sobrevivência em alimentos congelados.
Figura 2 - Mapa de transmissão de febre tifoide pelo mundo, com estratificação em riscos baixo, médio e alto. As precárias condições de higiene na população são a causa mais frequente dessa infecção, justificando sua ocorrência alta nos países especificados
2. Ciclo e transmissão
O ciclo de transmissão da febre tifoide se inicia quando as bactérias inva-dem o interstício celular a partir da invasão intes-tinal. Essa é uma carac-terística interessante da
Salmonella typhi: a
capa-cidade de transpor a bar-reira intestinal. O período de incubação é de 1 a 3 se-manas (média de 12 dias), sendo definido como o pe-ríodo desde a ingestão da bactéria até o surgimento da febre.
Figura 3 - Ciclo da S. typhi
Dica
A Salmonella typhi tem acapacidade de transpor a barreira intestinal e invadir o interstício celular.
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Índice
QUESTÕES
Cap. 1 - Principais antimicrobianos ...213
Cap. 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ...219
Cap. 3 - Hanseníase ...227
Cap. 4 - Dengue ... 232
Cap. 5 - Febre amarela ...245
Cap. 6 - Hepatites virais ...245
Cap. 7 - Leptospirose ...254
Cap. 8 - Malária ...257
Cap. 9 - Febre tifoide ... 258
Cap. 10 - Ebola ... 259
Cap. 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) ...260
COMENTÁRIOS Cap. 1 - Principais antimicrobianos ...261
Cap. 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ... 269
Cap. 3 - Hanseníase ...277
Cap. 4 - Dengue ... 282
Cap. 5 - Febre amarela ...294
Cap. 6 - Hepatites virais ...294
Cap. 7 - Leptospirose ... 303
Cap. 8 - Malária ... 305
Cap. 9 - Febre tifoide ...306
Cap. 10 - Ebola ...306
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Questões
Infectologia
Principais antimicrobianos 2016 - SANTA CASA-BH1. Um paciente etilista, internado em hospital do interior devido a quadro de pneumonia aspirativa após convul-são por abstinência alcoólica, no 15º dia de internação evoluiu com insufi ciência respiratória com necessidade de ventilação mecânica. Foi observada celulite no braço direito, e foram colhidas culturas do aspirado traqueal e hemoculturas. O paciente foi transferido para a capital no 18º dia, e você o admitiu. O relatório de transferência dizia que, no aspirado traqueal, cresceu Klebsiella pneu-moniae com sensibilidade apenas para carbapenêmicos; na hemocultura, cresceu Staphylococcus aureus em 3 amostras com sensibilidade a oxacilina. A tomografi a de tórax, por sua vez, apontou imagem sugestiva de abs-cesso pulmonar. Considerando o caso clínico descrito, assinale a alternativa que apresenta o melhor esquema ant ibiótico para esse paciente:
a) meropeném, oxacilina e clindamicina b) meropeném e clindamicina
c) meropeném
d) meropeném e oxacilina
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2016 - SANTA CASA-BH
2. Com relação ao uso de antibioticoterapia na Pediatria, assinale a alternativa incorreta:
a) os aminoglicosídeos penetram mal no líquido cere-brospinal
b) a vancomicina oral tem indicação nos casos de colite por Clostridium diffi cile
c) a amoxicilina-clavulanato tem baixa incidência de náuseas, vômitos e diarreia
d) a ampicilina em pacientes com mononucleose infec-ciosa pode ocasionar exantema
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2016 - FJG
3. Um homem de 42 anos, lavrador, relata tosse produti-va, febre diária e perda ponderal há 5 meses. A radiografi a de tórax mostra opacidades difusas nos campos médios e inferiores pulmonares, bilateralmente, e linfadenomegalia
mediastinal. O exame a fresco de escarro mostrou estru-turas circulares, com membrana refringente e brotamento lateral. A conduta mais adequada, neste momento, é:
a) tratar com itraconazol por 6 meses
b) tratar com ceftriaxona intravenosa por 10 dias c) solicitar cultura do escarro e tratar com cetoconazol d) solicitar pesquisa de BAAR no escarro e PPD antes de
tratar
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2016 - FJG
4. A causa de acidose metabólica sem hiato aniônico é:
a) estenose de artéria renal b) adenoma viloso de cólon c) síndrome de Liddle d) uso de trimetoprima
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2016 - PUC-PR
5. O efeito colateral conhecido por síndrome do bebê cinzento é causado pelo seguinte antibiótico:
a) penicilina b) cloranfenicol c) vancomicina d) tetraciclina e) eritromicina
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
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2016 - AMP
6. Avalie as asserções a seguir:
Os aminoglicosídeos podem ser utilizados em crianças acima de 3 meses para o tratamento de meningite bac-teriana, em associação a antibióticos betalactâmicos porque apresentam uma boa penetração no sistema li-quórico, em vigência de infl amação meníngea.
a) as 2 assertivas estão corretas, e a segunda justifi ca a primeira
b) as 2 assertivas estão corretas, e a segunda não justi-fi ca a primeira
c) a 1ª assertiva está correta, e a segunda está incorreta d) a 1ª assertiva está incorreta, e a segunda está correta e) ambas as assertivas estão incorretas
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Comentários
Infectologia
Principais antimicrobianos
Questão 1. Analisando as alternativas:
a) Incorreta. O meropeném já faz cobertura para esta-fi lococo multissensível. Também é a droga de escolha para Klebsiella produtora de betalactamase de espec-tro estendido (ESBL), que é a descrição da questão. Por último, tem boa penetração em abscesso pulmo-nar, com cobertura contra anaeróbios de boca (como o
Peptostreptococcus), que costumam causar esses
abs-cessos. Por este motivo, apenas o meropeném seria sufi ciente.
b) Incorreta. A clindamicina não é necessária quando já se está usando meropeném para o abscesso pulmonar (anaeróbios) e para o estafi lococo do sangue multissen-sível.
c) Correta. Conforme já explicado na alternativa “a”, nes-sa situação o meropeném consegue fazer o tratamento para todas as enfermidades descritas.
d) Incorreta. A oxacilina é um betalactâmico com melhor resposta para o tratamento de estafi lococos quando es-tes são sensíveis a ela. Entretanto, na questão descrita, como o meropeném é obrigatório para o tratamento do abscesso pulmonar e da Klebsiella demonstrada, ele pode ser usado sozinho, pois trata também o estafi loco-co multissensível nesse caso.
Gabarito = C
Questão 2. Analisando as alternativas:
a) Correta. Os aminoglicosídeos não são boa opção para tratamento em doenças do sistema nervoso central pela baixa penetração. Podem ser usados em situações de in-fecção pelo discreto aumento na passagem da barreira hematoencefálica.
b) Correta. Não existe vancomicina oral no brasil. Ela pode ser usada nos casos de colite pseudomembranosa causada pelo C. diffi cile, apenas em pacientes que não responderam ao tratamento com metronidazol.
c) Incorreta. O principal efeito colateral da amoxicilina--clavulanato é a presença de náuseas e vômitos. d) Correta. Qualquer betalactâmico pode causar quadro de rash quando utilizado na infecção pelo vírus Epstein--Barr.
Gabarito = C
Questão 3. Analisando as alternativas:
a) Correta. A descrição da questão é de um fungo, por conta do brotamento lateral e das estruturas circulares. O mais provável é que seja paracoccidioidomicose (apesar de histoplasmose não ser totalmente descartada). O fato de o paciente ser lavrador e ainda ter padrão pulmonar com opacidades difusas em campos médios e inferiores pulmonares reforça o diagnóstico de paracoccidioidomi-cose. Neste caso, o uso de itraconazol é a droga de escolha (fl uconazol não tem ação contra nenhum dos 2).
b) Incorreta. A ceftriaxona conseguiria tratar uma pneu-monia bacteriana por pneumococo, mas não uma infec-ção fúngica.
c) Incorreta. Cetoconazol não é indicado para o trata-mento de nenhuma micose sistêmica. Além disso, a pes-quisa do fungo no escarro pode dar falso positivo com fungos colonizantes de boca, como a Candida.
d) Incorreta. A descrição do escarro não mostra nenhum sinal de infecção por micobactérias. Além disso, o pa-ciente não possui cavitação e sim opacifi cação, o que não exclui tuberculose, mas reforça outros diagnósticos, como o de infecção fúngica.
Gabarito = A
Questão 4. Analisando as alternativas:
a) Incorreta. A estenose da artéria renal leva a acidose metabólica com hiato aniônico elevado quando causa insufi ciência renal.
b) Incorreta. O adenoma viloso de cólon pode levar a al-calose metabólica normalmente, por conta da diarreia que pode ocorrer.
c) Incorreta. A síndrome de Liddle é condição hereditá-ria rara de hipertensão grave de início precoce que leva a alcalose metabólica, com níveis plasmáticos de sódio elevados.
d) Correta. Alguns medicamentos e agentes ingeridos podem causar acidose metabólica sem hiato aniônico. São eles: trimetoprima e tolueno (o último também pode levar a aumento do hiato aniônico). Entretanto, a maioria dos medicamentos e agentes que causam acidose meta-bólica leva ao aumento do hiato. É o caso dos salicilatos, etilenoglicol, metanol e, por vezes, mesmo o tolueno.
Gabarito = D
Questão 5. O cloranfenicol é uma droga pouco utilizada
atualmente, mas ainda muito conhecida pela síndrome