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Distribuição espaço-temporal de fêmeas do mosquito Aedes Aegypti na Faculdade Frassinetti do Recife

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Academic year: 2021

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Antônio Emanuel Holanda Dias CAVACANTI1 Gabriel Bezerra FAIERSTEIN2 Lilian Caroliny Amorim SILVA3 Orientador: Danilo de Carvalho LEANDRO4

Resumo: O Programa Nacional de Controle da Dengue foi implantado no Brasil desde 2002, com o principal objetivo

de monitorar e controlar a presença do vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti. Alguns ambientes como hospitais, escolas, cemitérios e universidades, foram escolhidos como pontos estratégicos para o monitoramento. No entanto, anualmente, tem sido relatada a presença da fêmea de A. aegypti com altas densidades. Nosso estudo foi realizado na Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE), e teve como objetivo avaliar a presença e distribuição de fêmeas de A. aegypti por armadilhas de oviposição (adaptado do modelo Fay & Perry). Estas armadilhas consistiram em garrafas de plástico reciclado, cortadas a 15 cm da base e pintada com tinta preta. As armadilhas foram preenchidas com 500 ml de infusão de gramíneas a 30%. Palhetas de madeira porosa serviram como substratos de oviposição. Para a instalação armadilha, 50 pontos foram escolhidos como pontos de coleta. As instalações foram realizadas de maio-outubro de 2013, com um total de doze semanas epidemiológicas. Cada armadilha foi instalada mensalmente, durante 15 dias (a cada 7 dias, as pás de madeira e infusão grama foram substituídos, para evitar a eclosão dos ovos). A variação da distribuição de mosquito nas áreas estudadas foi analisada através do Índice de Positividade de Ovitrampas (IPO), enquanto que a diferença entre as densidades de ovos foi avaliada através do Índide de Densidade de Ovos (IDO) e o Número Médio de Ovos por ovitrampas (NMO). A presença de ovos do A. aegypti na faculdade, identificados através de IPO, foi registrado durante todo o período de estudo em todas as semanas epidemiológicas (variação entre 27,9% a 53,3%, armadilhas positivas). O IDO registrado altas densidades, com variação entre 63-143 ovos/semana epidemiológica. O NMO apresentaram valores importantes, que estavam entre 20-77 ovos por palheta. A presença constante de A. aegypti na FAFIRE observado aqui, reforça a necessidade de ações efetivas no controle desse inseto em faculdades, especialmente na FAFIRE, uma vez que esta universidade atende a mais de 2.000 pessoas por dia.

Palavras-chave: Índice de densidade de ovos. Índice de densidade de ovitrampa. Número médio de ovos.

Introdução

Poucos são os insetos que parasitam o homem, porém, muitas espécies estão envolvidas como vetores na transmissão de patógenos como vírus, bactérias, protozoários e helmintos a humanos (MARQUARDT, 2004). Uma das doenças transmitidas por artrópodes que possui grande importância no contexto de saúde pública mundial é a dengue. Essa arbovirose, a qual possui como agente etiológico o vírus dengue e como vetor o díptero Aedes aegypti, vem apresentando na regiões tropicais e subtropicais do globo um crescente número de novos casos, alcançando entre 50-100.000.000 de infecções todos os anos (LAMBRECHTS & FAILLOUX, 2012).

1

Graduando de Ciências Biológicas | FAFIRE

2 Graduando de Ciências Biológicas | FAFIRE 3 Graduanda de Ciências Biológicas | FAFIRE 4

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2 Somente fêmeas desse vetor alimentam-se de sangue, tendo preferência por se alimentar do Homem, e por isso apresentam um alto grau de antropofilia. Os picos da atividade hematofágica se concentram durante o período matutino e vespertino (CONSOLI & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994). No momento do repasto sanguíneo do vetor, é oportunizado o contato do hospedeiro vertebrado com o patógeno, garantindo dessa forma o estabelecimento de diversas outras doenças transmitidas por vetores, como por exemplo, a febre amarela, malária e filariose (ALPHEY, 2009).

Devido ao crescimento econômico, no qual resulta em mudanças radicais nas relações homem-ambiente, consequências são observadas, no que diz respeito a alterações nos padrões naturais, produzindo novas áreas de prevalência e surtos de doenças. Desta forma, o monitoramento do mosquito é considerado um pré-requisito para a previsão de tendências vetoriais (TUBAKI et al. 2004).

Diante da inexistência de uma vacina que confira proteção aos quatro sorotipos circulantes do vírus dengue, todas as ações de controle dessa doença são voltadas para o controle vetorial (HALSTEAD, 2007). Metodologias diversas são empregadas nos programas de controle do vetor, as quais vão desde tratamento mecânico ao uso de inseticidas químicos e biológicos (MEDEIROS et al. 2011; REGIS et al. 2008). Como uma ferramenta de monitoramento da presença do mosquito Ae. aegypti, uma armadilha de oviposição (ovitrampa) foi desenvolvida incialmente nos Estados Unidos por Fay & Perry (1965) e vem sendo implementada nos trabalhos de monitoramento e vigilância entomológica, funcionando como método indireto para detectar a presença do vetor. Essa armadilha possui grande potencial na vigilância entomológica, uma vez que possui a sensibilidade de detecção do vetor mesmo em densidades populacionais bastante reduzidas (CARVALHO-LEANDRO et al. 2010; REGIS et al. 2008).

O Plano Nacional de Controle da Dengue, implementado no Brasil em 2002, com diversas diretrizes e orientações para o controle do vetor nas cidades brasileiras, determina que os pontos com intensa circulação de pessoas ou com grande probabilidade de acúmulo de sítios de oviposição para a reprodução do vetor são chamados de pontos estratégicos. Entendem-se como pontos estratégicos locais tais como cemitérios, borracharias, ferros-velhos, depósito de entulhos, escolas, hospitais, universidades, dentre outros. Poucos são os estudos que estão concentrados na compreensão da distribuição de vetores em ambientes como hospitais e universidades.

A Faculdade Frassinetti do Recife está localizada na região central da cidade do Recife, estado de Pernambuco, Brasil, recebe diariamente uma grande quantidade de alunos que

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3 frequentam suas instalações para estudar cursos de graduação, pós-graduação e idiomas. Avaliamos esse ambiente como um importante ponto estratégico para a vigilância entomológica, diante da localização central e intensa circulação de alunos diariamente.

Diante disso, esse estudo teve como objetivo compreender a distribuição espaço-temporal do mosquito Aedes aegypti nas instalações da Faculdade Frassinetti do Recife, relacionando a densidade do vetor com a circulação e permanência de pessoas nos vários ambientes da instituição, bem como relacionar os dados encontrados com as flutuações de temperatura e pluviosidade ao longo do estudo.

Material e métodos Área experimental

O presente estudo foi desenvolvido na Faculdade Frassinetti do Recife – FAFIRE, localizada no município de Recife (Av. Conde da Boa Vista, 921 – Bairro da Boa Vista), estado de Pernambuco, Brasil. A instituição localiza-se no centro da Cidade do Recife, próxima a hospitais, shopping e outros estabelecimentos comerciais e residenciais. Possui cursos de graduação, pós-graduação, escola de idiomas e diversos projetos de extensão universitária, apresentando, portanto, uma intensa circulação de pessoas. A média de circulação diária é de aproximadamente 2000 pessoas, oriundas de várias áreas da Região Metropolitana do Recife, bem como do interior do estado. Uma vez que essas pessoas são de diversas regiões, essas podem estar em contato com diversos sorotipos virais circulantes em seus bairros de origem (sorotipos 1, 2, 3 ou 4), podendo ir à Faculdade portando o vírus dengue, possibilitando a infecção das fêmeas de Ae. aegypti residentes na FAFIRE. Por esses motivos, optou-se por realizar esta pesquisa na instituição.

Instalação das armadilhas de oviposição (ovitrampas)

As armadilhas de oviposição (ovitrampas) adaptadas do modelo descrito por Fay & Perry (1965) foram utilizadas como ferramenta de monitoramento de mosquitos Ae. aegypti no local de estudo. As armadilhas foram confeccionadas a partir de garrafas do tipo pet de 2L, cortadas a 15 cm da base e pintadas com tinta preta, simulando possíveis criadouros para o vetor. As armadilhas foram preenchidas com 400 ml de água e adicionalmente preenchidas com 100 ml de uma solução de infusão de gramíneas (Cynodon dactylon - Poaceae), previamente obtida a partir da fermentação de capim imerso em um balde com 30 litros de água por sete dias. Como substrato

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4 para a oviposição, foram colocadas palhetas de madeira (3,0 x 12,0 cm) em cada ovitrampa, dispostas verticalmente e com um lado rugoso, de forma a possibilitar a oviposição dos mosquitos. Previamente as palhetas eram imersas em água limpa, para que estas estivessem umedecidas no momento da instalação e identificadas com etiquetas contendo a respectiva identificação da armadilha e data da instalação.

A instalação e manutenção das ovitrampas ocorreram no período de maio a outubro de 2013. Foram realizados dois momentos de instalação/mês, sendo a ovitrampa mantida em intervalo de sete dias, de forma a inviabilizar a emergência de mosquitos adultos em casos de eclosão larvária na armadilha, totalizando um monitoramento de 14 dias/mês. Ao final do período de análise, totalizou-se 12 semanas epidemiológicas. Os pontos para a instalação das ovitrampas foram definidos randomicamente em 50 diferentes locais da instituição (área interna e externa), seguindo alguns critérios de instalação (ao abrigo da chuva e fora do alcance de transeuntes, em uma altura que variou entre 0 e 140 cm do solo). Os pontos de coleta foram fotografados e suas características anotadas minuciosamente, objetivando a descrição dos elementos constituintes de cada ambiente para posterior compreensão da densidade de ovos encontrados nos ambientes.

Análise dos dados

No sétimo dia após as instalações de cada mês, as palhetas foram recolhidas, e visando o embrionamento total dos ovos, acondicionadas até a secagem total das mesmas. Em seguidas as palhetas foram individualmente separadas e guardadas envoltas com papel absorvente e levadas ao Insetário do Departamento de Entomologia do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/FIOCRUZ), para a contagem dos ovos em lupa estereomicroscópica. Com base na contagem dos ovos, foi calculada a infestação da área de estudo através do Índice de Positividade de Ovitrampas (IPO: número de armadilhas positivas/número de armadilhas examinadas x 100), o Índice de Densidade de Ovos (IDO: número de ovos/número de armadilhas positivas), o qual traduz os períodos com maior e menor reprodução das fêmeas do mosquito, e o Número Médio de Ovos (NMO: número de ovos/número de armadilhas) (GOMES, 1998).

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5 Resultados

Coleta de ovos e distribuição vetorial

Durante todo o período de análise, registrou-se a presença do vetor dentro da FAFIRE. Dos 50 pontos amostrados, 44 apresentaram positividade para a presença de fêmeas do mosquito Ae. aegypti pelo menos em um momento de coleta, mostrando claramente a ampla distribuição do vetor dentro da instituição. Variações significativas na densidade populacional foram observadas em cada ponto de coleta, justificada por características ambientais dos pontos amostrados. O Índice de Densidade de Ovos variou de aproximadamente 63 a 143 ovos/armadilhas positivas. Em relação ao Índice de Positividade de Ovitrampas, observamos variações que corresponderam de 27,9% a 53,3% de armadilhas positivas. O Número Médio de Ovos apresentou resultados com variação na quantidade média de ovos de 20 a 77 ovos por armadilha. Todos esses dados estão sumarizados na tabela 1.

Relação dos índices entomológicos com variáveis ambientais (temperatura média e pluviosidade)

Os Índices de Densidade de Ovos (IDO) e Índice de Positividade de Ovos (IDO) correspondentes às 12 semanas epidemiológicas analisadas foram relacionados com as variações de temperatura e pluviosidade. Os dados referentes a essas relações estão apresentados na figura 1.

Tabela 1. Dados sumarizados da distribuição do quantitativo de ovos em cada um dos 50 pontos de coleta durante o período de estudo. Índices entomológicos (Índice de Densidade de Ovos, Índice de Positividade de Ovitrampa e Número Médio de Ovos) correspondentes a cada semana epidemiológica.

MAI JUN JUL AGO SET OUT

N. Local de instalação/semanas epidemiológicas 1ª 2ª 3º 4º 5º 6º 7ª 8ª 9º 10º 11º 12º

1 Laboratório Geral, 1° andar. 0 0 0 10 0 0 0 9 0 0 0 0

2 Recepção da Direção, 1° andar. 0 0 0 105 0 0 0 0 0 0 * 0

3 Terraço da Direção, 1° andar. 65 68 70 259 168 9 0 0 0 0 * 0

4 Corredor em frente à Direção, 1° andar. 0 0 0 41 0 2 0 0 0 0 0 0

5 Hall do 1° andar, atrás do lixeiro. 29 105 41 74 104 0 57 98 57 32 38 0

6 Sala dos professores, WC masculino, 1° andar. 0 0 0 0 0 26 0 0 0 0 0 *

7 Sala dos professores, 1° andar. 0 0 0 0 0 69 0 0 0 0 0 *

8 WC masculino, 1º andar. 0 0 0 48 0 0 23 0 0 0 0 0

9 Sala A102, 1° andar. 0 80 0 0 0 * 0 0 5 0 0 0

10 Sala A103, 1° andar. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

11 Biblioteca, próximo aos bancos de espera. 0 0 0 0 0 0 0 * 0 0 * 0

12 Biblioteca, próximo à TV. Cabines de estudos. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 * 0

13 Sala A206, 2° andar. 0 28 24 0 * 0 16 23 0 0 0 0

14 Sala A203, 2° andar. 0 74 0 0 0 0 9 68 0 0 0 *

15 Coordenação de graduação, recepção. 0 * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

16 Coordenação de graduação, depósito. 0 * 0 0 * 0 0 0 0 0 0 0

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6

18 Secretaria acadêmica, 2º andar. 0 0 0 384 0 0 76 0 0 * * 3

19 Sala A221, 2° andar. 0 0 0 * 0 12 0 8 4 0 0 0

20 Sala A225, 2º andar. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

21 Corredor do antigo setor pessoal, térreo. 0 57 0 203 73 78 89 52 0 143 39 69

22 Clínica Paula Frassinetti, próximo ao bebedouro. 0 120 4 72 51 26 9 * 54 89 5 49

23 Clínica Paula Frassinetti, sala de ponto. 0 10 57 48 8 67 * * 23 55 0 52

24 Setor financeiro, térreo. 0 0 44 50 0 0 0 0 56 * 0 0

25 Jardim em frente ao setor financeiro. 315 219 103 225 296 237 387 222 101 335 140 61

26 Copa dos funcionários, térreo. 12 169 146 298 0 230 56 156 221 298 4 135

27 Jardim em frente ao dormitório das Irmãs. 0 137 150 167 183 109 278 87 157 112 0 0

28 Lavanderia, próximo ao dormitório das Irmãs. 0 75 104 0 8 * 0 45 135 190 37 0

29 Jardim em frente à copa dos funcionários. 233 147 265 331 0 401 123 123 309 265 0 130 30 1ª mesa de mármore em frente à lanchonete. Térreo. 38 0 274 98 95 0 35 124 232 87 80 0 31 WC masculino ao lado da Xerox do DCE, térreo. 8 93 286 97 133 220 0 76 300 92 214 34 32 Jardim abaixo da escada de ferro, térreo. 72 72 90 333 224 204 78 71 43 48 * 43

33 Sala pastoral, atrás da TV, 2° andar. 0 0 0 0 0 0 9 3 0 * 71 *

34 Terraço do 2º andar, em frente à pastoral. 0 0 59 68 1 0 0 29 43 39 26 0

35 Sala A212, 2° andar. 0 0 22 0 105 0 0 0 21 0 * *

36 Ouvidoria, 2° andar. 0 25 * * * * * * * * * *

37 Prédio da Pós-graduação, 2° andar, perto dos WC. 0 33 0 0 11 0 0 13 0 0 0 0

38 Prédio da Pós-graduação, 3° andar. 0 0 0 0 8 0 14 0 0 0 38 0

39 Prédio da Pós-graduação, 4° andar. 0 0 4 0 0 0 0 0 16 0 0 0

40 Em frente ao bebedouro do 5° andar. 0 0 55 19 0 24 0 0 28 0 0 0

41 Setor de comunicação, térreo. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 * 0 0

42 Portaria do térreo, próximo aos seguranças. 0 0 151 60 196 213 54 46 201 76 0 129 43 Estacionamento, entrada do auditório do térreo. 60 240 * 279 55 447 67 209 54 345 88 0

44 Guarita da saída no estacionamento. 0 418 42 0 40 0 0 267 34 * 0 71

45 Estacionamento dos professores. 0 0 170 78 26 31 34 124 164 65 0 13

46 Marcenaria. 39 148 182 257 173 142 40 187 209 304 0 0

47 Guarita dos fundos, saída dos professores. 37 0 195 0 2 25 32 21 187 54 0 28

48 Guarita da entrada, estacionamento. 82 16 227 91 68 0 67 16 254 122 0 0

49 Estacionamento, local entre o São José e FAFIRE 45 218 62 25 271 66 40 188 76 78 41 0

50 NUPIC, 3° andar. 0 0 0 0 0 15 0 0 * 0 * 0

IDO Índice de Densidade de Ovos 79 112 113 143 98,8 121 72,4 90,6 119 141 63,2 62,8

IPO Índice de Positividade de Ovitrampa 26 47,9 52,1 53,3 48,9 42 45,8 54,3 52,1 45,5 32,5 27,9

NMO Número Médio de Ovos 20,7 53,7 58,9 77,5 48,3 56,4 33,2 49,2 62,2 64,3 20,5 20,4

* Armadilhas extraviadas ou não instaladas por problemas de ordem técnica.

Figura 1. Resultados dos Índices de Densidade de Ovos (IDO) e Índice de Positividade de Ovos (IDO) e a relação com as variáveis ambientais (temperatura e umidade).

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7 Discussão

O monitoramento com as ovitrampas persistiu durante seis meses consecutivos, com início em maio e conclusão em outubro de 2013. Diante dos resultados obtidos, constatou-se na primeira semana um baixo índice de oviposição na maioria das ovitrampas em relação às semanas seguintes. Diversos são os fatores físicos e químicos relacionados à atratividade e estimulação à oviposição de mosquitos A. aegypti. Diante desse fato, é possível que na primeira semana os criadouros oferecidos tenham passado por um processo de reconhecimento e confiabilidade pelas fêmeas do mosquito, fazendo com que o índice de oviposição da primeira semana tivesse sido relativamente baixo. Entretanto, ainda houve pontos alarmantes na primeira semana de monitoramento, principalmente em ambientes de alta circulação de alunos e funcionários.

Os cinquenta pontos de vigilância foram distribuídos nas seguintes áreas: 13 ovitrampas no térreo, 10 ovitrampas no 1° andar, 15 ovitrampas no segundo andar e 8 ovitrampas no campus externo da FAFIRE. Além disso, 1 ovitrampa foi colocada em ambientes isolados e com poucos metros quadrados: 3° e 4° andar do prédio da pós-graduação, 5° andar em frente ao auditório e um anexo acima da biblioteca, como consta na tabela 1.

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8 Foi verificado um alto índice de oviposição em quase todos os pontos de vigilância no térreo da instituição. O térreo é caracterizado por uma área aberta, ventilada e pelo grande fluxo de alunos e funcionários da instituição, assim como clientes da Clínica Psicológica Paula Frassinetti. A escadaria junto ao elevador, jardim em frente ao setor financeiro, Clínica Psicológica Paula Frassinetti e copa dos funcionários são os principais pontos verificados com alta incidência do Aedes aegypti no térreo. Devido à estreita relação do Aedes aegypti com o homem, é possível justificar sua presença em locais abertos e de grande fluxo de pessoas.

No primeiro andar, o hall de alunos foi o único ponto alarmante no qual foi constatada uma maior e mais frequente contagem de ovos do mosquito durante os seis meses de investigação. Como os demais pontos, excetuando o terraço atrás da direção, se caracterizam por pouca movimentação de pessoas e/ou climatização como as salas de aula e laboratórios, apresentaram resultados negativos na vigilância do mosquito. O terraço atrás da direção apresentou pontos significativos nos três primeiros meses e zerando nos três últimos meses, esta mudança é justificada pela reforma no local, uma vez que o tornou como um ambiente sem ligação com o meio externo e de menor transição de pessoas.

O segundo andar é caracterizado pela presença da coordenação, salas de aula, sala pastoral, biblioteca e banheiros. É de constante circulação de pessoas, todavia, exceto os banheiros, são todos devidamente climatizados, demonstrando um dado significativamente baixo na presença do mosquito. O anexo da biblioteca e andares acima continua tendo a mesma característica e resultados semelhantes.

A área externa apresentou resultados mais alarmantes quando comparado a todos aos outros ambientes investigados. É caracterizado pelo contato direto com o exterior, podendo ser relacionado com o peridomicílio em alguns projetos de investigação do mosquito em residências. Também caracterizado pelo único acesso de entrada e saída de alunos, presença de estacionamento para alunos, professores e demais funcionários, guaritas de entrada e saída, marcenaria da instituição e guarita dos fundos. Todos os pontos apresentaram um dado positivo na incidência do Aedes aegypti e de importância alarmante, colocando em risco principalmente os funcionários das guaritas em virtude da sua frequência e exposição diária a mosquitos potencialmente vetores. Em relação a maior presença do mosquito em ambientes internos e externos, os resultados estão em acordo com um estudo do monitoramento do Aedes aegypti realizado em um Hospital de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, o qual demonstrou uma maior prevalência do mosquito em áreas externas, Carvalho-Leadro, et al. (2010). Nossos resultados

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9 também corroboraram com Lenhart et al (2005), no qual as ovitrampas instaladas em ar livre demonstraram um maior índice de oviposição.

É notória a presença do mosquito A. aegypti em ambientes arejados e com grande fluxo de pessoas dentro da instituição. Diversos autores atribuem essa relação do vetor com o homem em vários âmbitos como hospitais e residências e alarmam o constante perigo de infecção de arboviroses pela presença dos vetores. Dentro da Faculdade Frassinetti do Recife a preocupação não seria diferente, a presença do principal vetor do vírus dengue, coloca em risco aqueles que frequentam a instituição, bem como os que residem, referindo-se aos apartamentos das freiras anexados dentro do campus da faculdade. Medidas de controle do vetor e uma possível investigação sobre a média de infecção do parasita com o vírus devem ser tomadas de modo que venham a minimizar os riscos de infecção e desconforto causados por esses insetos, no campus interno e externo da instituição.

Em relação às análises dos índices entomológicos e as variáveis ambientais, uma associação significativa entre o aumento das médias de variáveis ambientais como temperatura e pluviosidade e a relação com indicadores entomológicos do mosquito A. aegypti são descritas em diversos trabalhos (RIBEIRO et al. 2006; REGIS et al. 2008; CARVALHO-LEANDRO et al. 2010). Apesar disso, neste estudo, não foi observada influência entre as médias de temperatura mensais com o IPO e IDO em todos os meses analisados. O mês de outubro, por exemplo, apresentou a maior média de temperatura (26,01 °C), no entanto, correspondeu ao mês com os menores índices IDO e IPO (63,15/62,84 e 32,50/27,90, respectivamente). Este dado contraditório, observado no mês de outubro, pode ser reflexo de uma queda na densidade do mosquito, consequência de uma baixa precipitação (192 mm), quando comparada aos outros meses. Além disso, acreditamos que o fato dos dados de temperatura e pluviosidade terem sido coletados na estação meteorológica do Curado, bairro distante a aproximadamente 20 km do local estudado, pode não retratar de forma fidedigna os dados de temperatura e umidade da região de estudo. A FAFIRE está localizada no centro da cidade do Recife, região descrita por alguns geógrafos como uma região de formação de “ilhas de calor”, as quais são formadas pelo conjunto de prédios, automóveis e ônibus com grande emissão de gases poluentes, difícil circulação do ar, dentre outros.

De forma geral, os dados aqui representados, chamam a atenção para a urgente necessidade de controle do mosquito A. aegypti dentro da FAFIRE. Além disso, servirá para mostrar ao poder público que as ações de controle do vetor preconizadas e aplicadas pela

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10 Secretaria Municipal de Saúde são ineficazes e/ou insuficientes no controle desse inseto. Sugerimos como alternativas um minucioso trabalho de identificação dos possíveis criadouros e o consequente tratamento periódico com o uso do biolarvicida Bti – Bacillus thuringiensis, associado ao uso de ovitrampas para monitoramento (ovitrampas sentinelas) e retirada maciça de ovos do ambiente.

Referências

ALPHEY, L. Natural and engineered mosquito immunity. Journal of Biology, v. 8, p. 40, may, 2009.

CARVALHO-LEANDRO, Danilo et al. Distribuição temporal de Aedes aegypti Linnaeus (Diptera, Culicidae), em um hospital de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia (on line), v. 54, n. 4, p. 701-706, 2010.

CONSOLI, R. A. G. B. ; Oliveira, R. L. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil, Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1994.

FAY, R. W; Perry, A. Laboratory studies of ovipositional preferences of Aedes aegypti. 1965. Mosquito News, v. 25, p. 276-281, 1965.

GOMES, A. C. Medidas dos níveis de infestação urbana por Aedes (Stegomyia) aegypti e Aedes (Stegomyia) albopictus em programas de vigilância entomológica. Informe Epidemiológico do SUS, v. 7, n. 3, p. 49-57, 1998.

HALSTEAD, S. B. Dengue. Journal Lancet, v. 370, p. 1644-1652, 2007.

LAMBRECHTS, L; FAILLOUX, A. B. Vector biology in dengue research. Memórias do Instituto Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.107, n. 8, p. 1080-1082, dez. 2012.

LENHART, A. E. et al. Building a better ovitrap for detecting Aedes aegypti ovi. Acta Tropica, v. 59, p. 56-59, 2005.

MARQUARDT, W. C. Biology of disease vectors. Burlington: Elsevier Academic Press, 2004.

MEDEIROS, L. C. C. et al. Modeling the dynamic transmission of dengue fever: investigating disease persistence. Plos Neglected Tropical Diseases, v. 5, n. 1, 2011.

REGIS, L. et al. Developing new approaches for detecting and preventing Aedes aegypti population outbreaks: basis for surveillance, alert and control system. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 103, n. 1, p. 50-59, 2008.

RIBEIRO, A. F. et al. Associação entre incidência de dengue e variáveis climáticas. Revista de Saúde Publica 40: v. 671-676, ago. 2006.

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11 TUBAKI, R. M. et al. Studies on entomological monitoring: mosquito species frequency in riverine habitats of the Igarapava Dam, Southern Region, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical (on line), v. 46, n. 4, p. 223-229, 2004.

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