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Academic year: 2021

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Aula 03

Direito Financeiro p/ Carreira Jurídica

2021 (Curso Regular) - Prof. Vanessa

Arns

Autor:

Vanessa Brito Arns

Aula 03

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Sumário

Direito Financeiro ... 2

1. Receita Pública. Conceito. Ingressos e Receitas. ... 2

2. Receitas Públicas Derivadas do Patrimônio do Particular ... 13

3. Transferências Intergovernamentais ... 18

4. Ingressos Temporários ... 25

5. Receitas Públicas Ordinárias e Extraordinárias... 26

6. Receitas Públicas Fiscais e Extrafiscais ... 27

7. Receitas Públicas Originárias e Derivadas ... 28

9. Receitas Públicas Orçamentárias e extraorçamentárias ... 28

10. Receitas Públicas Efetivas e não efetivas ... 29

11. Receitas dos Preços Públicos ... 30

12. Receitas Públicas na lei 4.320/64: Receitas Correntes e Receitas de Capital. ... 30

12. Processamento das Receitas Públicas (Fases ou Estágios) ... 32

Legislação e Jurisprudência Destacadas ... 32

Resumo ... 40

Considerações Finais ... 41

Lista de Questões Comentadas ... 42 Vanessa Brito Arns

Aula 03

(3)

D

IREITO

F

INANCEIRO

Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Financeiro, com foco nas Receitas Públicas.

Vejamos o tópico específico do edital que será abordado em aula:

Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação das receitas públicas. Receitas ordinárias e extraordinárias. Receitas originárias e receitas derivadas. Receitas orçamentárias e extraorçamentárias. Receitas públicas por transferências intergovernamentais. Desvinculação de Receitas da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios

Conforme vimos ao longo das nossas aulas, para cumprir suas funções e custear as despesas públicas bem como para o funcionamento do Estado, a administração pública precisa de recursos na modalidade definitiva ou transitória nos cofres públicos, os quais, no Direito Financeiro são denominados, em sentido amplo, de receitas públicas. Vamos explorar os vários tópicos que envolvem esse tema?

Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula!

1.

R

ECEITA

P

ÚBLICA

.

C

ONCEITO

.

I

NGRESSOS E

R

ECEITAS

.

1. Conceito

Para a sua existência e o funcionamento, o Estado precisa de recursos. Com base nas necessidades públicas e demandas da sociedade, o Estado democrático moderno necessita de recursos para absolutamente todas as suas necessidades – até mesmo a observação das liberdades dos cidadãos.

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Conforme observa o Marcus Abraham, 1

Já houve uma época em que se usava a força para obter os meios necessários para satisfazer à demanda estatal de dinheiro e bens. Conquistas, confiscos, cobranças extorsivas e até mesmo escravidão foram impostos por Estados autoritários aos seus súditos e aos povos que a eles eram subjugados pelo poder da força e do domínio. Hoje, porém, essa forma de obtenção de recursos não se enquadra nos princípios do Estado de Direito. Ou o Estado obtém os meios necessários para cumprir suas funções através da

exploração dos seus bens e rendas ou o faz através da arrecadação de recursos financeiros derivados do patrimônio da população, seja pela tributação, pela aplicação de multas, pela obtenção de empréstimos, ou mesmo pela fabricação de dinheiro.

Existem, ainda, os casos de requisição compulsória de prestação de serviços, que hoje são hipóteses limitadas e extraordinárias, como nos casos da participação em júri, da prestação de serviço militar ou da participação em mesas eleitorais.

O Professor afirma que “(...) existem, ainda, os casos de requisição compulsória de prestação de

serviços, que hoje são hipóteses limitadas e extraordinárias, como nos casos da participação em júri, da prestação de serviço militar ou da participação em mesas eleitorais.”

A ideia central das receitas públicas é que a receita pública permite ao Estado agir, contratar a produção de bens públicos, servir aos interesses da população e do bem-estar coletivo.

1 ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Financeiro Brasileiro. 5ª ed. Ed. Forense, 2018

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Aliomar Baleeiro identifica cinco espécies de processos de financiamento do Estado:

O autor aborda, também, a evolução histórica das receitas públicas, destacando as seguintes fases: a) Parasitária: em que prevalecia a exploração ou a extorsão dos bens e rendas dos povos

vencidos ou conquistados;

b) Dominical: remontava à idade média, quando preponderava a exploração dos bens do próprio estado;

c) Regaliana: correspondia à cobrança de direitos regalianos (régio ou real) ou por concessão de privilégios reconhecidos aos reis, príncipes e senhores feudais para explorar bens, terras ou serviços, como a cobrança de pedágios, direitos sobre minas e portos;

d) Tributária: predominava a imposição de tributos, inicialmente através do poder soberano

Pr

oc

essos de

Fin

ancei

ament

o

do Estado

a) extorquir de outros

povos ou receber doações

voluntárias destes;

b) obter rendas

produzidas pelos bens e

empresas do Estado;

c) cobrar tributos ou

penalidades;

d) tomar empréstimos;

e) fabricar dinheiro.

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e) Social: fase em que a tributação ganha novas funções que não a meramente arrecadatória, como a função extrafiscal e a sociopolítica.

Temos, hodiernamente, a noção de que o dinheiro público é arrecadado de maneira justa e equilibrada, podendo originar tanto do patrimônio do próprio Estado quanto de seus contribuintes por meio dos tributos, meio essencial para o estado realizar suas atividades, já que para toda despesa pública deverá haver uma receita pública para o seu financiamento.

2. Entradas e Receitas Públicas

De acordo com Marcus Abraham, “denominam-se entradas públicas todas as espécies de ingressos

financeiros nos cofres públicos. Essas entradas possuem naturezas distintas, sendo classificadas de diversas maneiras, especialmente sob a ótica da sua transitoriedade no patrimônio público, da sua periodicidade, da sua origem e da sua contrapartida.”

Temos basicamente dois tipos de entradas:

1. As entradas provisórias são comumente designadas por ingressos públicos. 2. As entradas definitivas são denominadas de receitas públicas.

A diferença é justamente a transitoriedade no patrimônio do Estado.

Importante aqui é ressaltar que dentro da concepção de ingressos públicos estão incluídos os recursos financeiros arrecadados de maneira temporária, para restituição à sua origem após determinada condição ou prazo.

Exemplos de entradas provisórias seriam as cauções, as fianças, os depósitos recolhidos

ao Tesouro e os empréstimos contraídos pelo Estado.

Já no conceito de receitas públicas são consideradas aquelas entradas financeiras que passam a

integrar definitivamente o patrimônio do Estado.

As entradas definitivas seriam as originadas dos tributos, das penalidades financeiras e da renda do próprio patrimônio do Estado.

De acordo com Aliomar Baleeiro, a Receita Pública Vanessa Brito Arns

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“é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou

correspondência no passivo, vem a acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo.”

Segundo Marcus Abraham, nessa concepção, “para a entrada financeira se tornar uma efetiva receita pública e não ser um mero ingresso financeiro, o recurso deverá passar a integrar o patrimônio público de forma definitiva”

A partir desse conceito de receita pública – de que tudo o que é arrecadado pelo Estado está relacionado com as suas despesas – é que poderemos identificar as diversas classificações pertinentes, como exemplo veremos a seguir.

3. Origem das Receitas Públicas

Uma das várias classificações de receitas que temos é justamente a que separa a receita pública

proveniente do particular daquela proveniente do patrimônio ou da própria atuação do Estado na economia. Conforme veremos nas classificações2, as receitas podem ser provenientes:

a) Do patrimônio estatal: da exploração de atividades econômicas por entidades estatais ou do seu próprio patrimônio, tais como as rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado, receitas de aluguel e arrendamento dos seus bens, de preços públicos, compensações financeiras da exploração de recursos naturais e minerais (royalties), de prestação de serviços comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecuários;

b) Do patrimônio do particular: pela tributação, aplicação de multas e penas de perdimento, recebimento de doações, legados, heranças vacantes etc.;

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c) Das transferências intergovernamentais: relativa à repartição das receitas tributárias transferidas de um ente diretamente para outro ou por meio de fundos de investimento ou de participação;

d) Dos ingressos temporários: mediante empréstimos públicos, ou da utilização de recursos transitórios em seus cofres, como os depósitos em caução, fianças, operações de crédito por antecipação de receitas etc.

4. Receitas Patrimoniais

Na classificação doutrinária, as receitas patrimoniais são aquelas vindas dos rendimentos proporcionados pela exploração de patrimônio imobiliário, mobiliário, empresarial ou natural

pertencente ao ente público (União, Estados, DF ou Municípios).

Para Abraham, “o que caracteriza a receita patrimonial é a utilização de algum bem público para

gerar renda para o Estado. São exemplos o arrendamento ou o aluguel de imóveis; a ocupação de espaço público; as participações ou compensações financeiras (royalties); as autorizações, concessões ou permissões onerosas; os dividendos e juros de capital próprio de empresas públicas e sociedades de economia mista; dentre outras.”

Segundo Ricardo Lobo Torres,

“os ingressos patrimoniais são obtidos através da exploração dos bens dominiais do Estado, como sejam as florestas, as ilhas, as estradas, os imóveis residenciais ou comerciais etc. As suas principais formas são o preço público, as compensações financeiras e participações especiais e as partilhas”

a. Participação ou Compensação Financeira sobre a exploração de recursos naturais e minerais

Outra relevante receita pública patrimonial é a participação ou compensação financeira sobre a

exploração de recursos naturais e minerais tais como:

a) petróleo e gás natural;

b) recursos hídricos para geração de energia elétrica;

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c) recursos minerais.

Tivemos uma emenda constitucional recente para alteração, dentre outras, do § 1º do art. 20 da Constituição, que trata justamente sobre a participação ou compensação financeira sobre a

exploração de recursos naturais e minerais:

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 102, DE 26 DE SETEMBRO DE 2019

Produção de efeito

Dá nova redação ao art. 20 da Constituição Federal e altera o art. 165 da Constituição Federal e o art. 107 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art. 1º O § 1º do art. 20 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 20. ...

...

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

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A principal mudança da emenda constitucional foi retirar do texto o termo “ bem como a órgãos da

administração direta da União”, deixando apenas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos

hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

b. Lei do Petróleo

O Professor Abraham traz como exemplo a Lei nº 9.478/1997 (Lei do Petróleo), que definiu as participações governamentais no resultado da exploração de petróleo e gás natural, que podem ser divididas em

I. bônus de assinatura, que corresponderá ao pagamento ofertado na proposta para obtenção da concessão, devendo ser pago no ato da assinatura do contrato;

II. royalties, pagos mensalmente, em moeda nacional, a partir da data de início da produção comercial de cada campo, em montante correspondente a 10% (dez por cento) da produção de petróleo ou gás natural, podendo ser reduzidos ao percentual mínimo de 5% (cinco por cento), em função dos riscos geológicos, expectativas de produção e outros fatores pertinentes, sendo os critérios para o cálculo do valor dos royalties estabelecidos por decreto do Presidente da República, em função dos preços de mercado do petróleo, gás natural ou condensado, das especificações do produto e da localização do campo;

III. participação especial, paga nos casos de grande volume de produção, ou de grande rentabilidade, a ser regulamentada em decreto do Presidente da República;

IV. pagamento pela ocupação ou retenção de área, a ser feito anualmente, fixado por quilômetro quadrado ou fração da superfície do bloco ocupado ou retido, na forma da regulamentação por decreto do Presidente da República

c. Participação x Compensação

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O Professor Ricardo Lobo Torres ensina as diferenças entre a possibilidade de participação ou de compensação, com caráter indenizatório:

“podem a União, os Estados e os Municípios receber participação representada pelas importâncias calculadas sobre o resultado da exploração de petróleo ou gás natural ou de outros bens públicos. (...) Ou podem receber compensações financeiras, que têm o caráter indenizatório pela utilização de recursos naturais situados em seus territórios, justificando-se como contraprestação pelas despesas que as empresas exploradoras de recursos naturais causam aos poderes públicos, que se veem na contingência de garantir a infraestrutura de bens e serviços e a assistência às populações envolvidas em atividades econômicas de grande porte, como ocorreu com o Estado do Rio de Janeiro, que é o maior produtor de petróleo no Brasil, e com os seus municípios da região de Campos, obrigados a investir recursos substanciais em políticas públicas de apoio à exploração de plataforma marítima.”

Vamos esquematizar essa diferença?

d. Pedágio

É importante destacar o pedágio, que, apesar da controvérsia acerca de sua classificação, atualmente não tem natureza jurídica de tributo, mas sim de preço público pelo uso de um bem

Participação

resultado da

Parte do

exploração

Compensação

financeira

Indenizatório

Caráter

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O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V , parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita.

O Professor Marcus Abraham traz os vários posicionamentos sobre onde o pedágio poderia ser enquadrado, conforme a doutrina, na forma de taxa, preço público, instituto autônomo ou prestação coativa de direito:

i) taxa: para os defensores deste ponto de vista o pedágio deve ser considerado como taxa pelo fato de que existe um serviço de manutenção ou conservação sendo prestado, esse serviço possui o caráter essencial de um serviço stricto senso e não há possibilidade de escolha por parte do usuário, especialmente, no caso de ausência de via alternativa. Defendem este ponto de vista José Eduardo Soares de Melo e Roque Volkweiss;

ii) preço público: para aqueles que defendem a natureza contratual do pedágio argumenta-se que a prestação se realiza no entorno à utilização de um bem público e nunca na utilização de um serviço. Assim, caberia ao viajante escolher qual o meio de transporte a utilizar e se faria uso deste bem (estrada) ou não, independentemente da presença de uma via alternativa. Partilham deste entendimento Bernardo Ribeiro de Moraes e Ricardo Lobo Tôrres;

iii) instituto autônomo: para Luciano Amaro a natureza jurídica do pedágio é irredutível às figuras dos preços público e da taxa, devendo ser caracterizado como um instituto autônomo e dotado de características próprias: o pedágio

iv) prestação coativa de direito público: para Sacha Calmon Navarro Coêlho, em opinião que concordamos, o pedágio pode assumir tanto a forma de taxa, quanto de preço público. Na opinião de Regis Fernandes de Oliveira:

“(...) o que se cobra em razão do denominado pedágio é preço; isso porque se cuida de disponibilidade patrimonial do Poder Público em relação aos particulares e, sendo o fato

gerador o uso do bem público, cabe cobrar preço daqueles que se utilizam da estrada; os

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serviços de auxílio ao usuário, de telefones para chamadas de veículos de apoio, fazem parte do valor que se paga pelo uso do imóvel.” (grifos nossos)

Conforme ensina ABRAHAM,

“O pedágio pode constituir receita patrimonial estatal de duas formas distintas. A primeira, quando

é o próprio ente público que explora o pedágio, diretamente ou por meio de empresas estatais,

cobrando o valor do pedágio dos usuários. A segunda, quando a Administração Pública concede a

terceiro (empresa privada) esta exploração do bem público (a rodovia), hipótese em que a receita patrimonial não advém do pagamento pelos usuários, mas sim da contraprestação paga pelo concessionário privado ao ente público por meio do contrato de concessão (neste caso, não é o

usuário, mas sim o concessionário que remunera a Administração pelo uso do bem público rodovia).” (grifos nossos)

5. Patrimônio Mobiliário

Quando tratamos do patrimônio mobiliário do Estado, nos referimos principalmente a títulos de créditos e valores mobiliários, tais como ações de sociedades de economia mista e de empresas

públicas (p. ex., o BNDES, a CEF, o Banco do Brasil, a Eletrobras, a Petrobras etc.), que, ao obterem lucro, geram rendimentos financeiros ao Estado ao distribuírem dividendos e juros sobre capital próprio.

Além disso fazem parte também do patrimônio mobiliário bens móveis estatais, tais como

equipamentos em geral, plataformas terrestres ou marítimas, veículos aéreos, terrestres ou náuticos, objetos e obras de arte, títulos de crédito e valores mobiliários, dentre outros, capazes de gerar rendimentos financeiros pela sua exploração ou cessão onerosa, permissão onerosa de uso, locação, alienação etc.

6. Atividade Econômica e empresarial do Estado

A doutrina também divide a atividade econômica do Estado em algumas categorias:

a) receitas agropecuárias, que resultam da exploração econômica, por parte do ente público, de

atividades agropecuárias de origem vegetal ou animal. Incluem-se as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo, venda de grãos, insumos e tecnologia), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte, sêmens, técnicas em

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inseminação, matrizes etc.) e das atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários em instalações existentes nos próprios estabelecimentos;

b) receitas industriais, que são provenientes de atividades industriais exercidas pelo ente público,

tais como: indústria de extração mineral, de transformação, de construção, entre outras;

c) receitas de serviços, que decorrem da prestação de serviços por parte do ente público, tais como

comércio, transporte, comunicação, serviços postais, armazenagem, serviços recreativos, culturais, loterias etc., que são remunerados mediante preço público ou tarifa.

2.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

D

ERIVADAS DO

P

ATRIMÔNIO DO

P

ARTICULAR

Enquanto as receitas públicas patrimoniais são derivadas do patrimônio estatal cujo rendimento provém de remuneração ou pagamento feito pelo particular pela utilização desses bens, as receitas públicas derivadas do patrimônio do particular decorrem de pagamento compulsório de tributos, multas, etc. a partir do poder de império do Estado ou de maneira voluntaria por meio de doações, sucessão, etc.

A Doutrina separa as receitas públicas derivadas do patrimônio particular em:

a. coercitivas, como os tributos, multas pecuniárias, pena de perdimento; b. voluntárias: doações, testamentos, heranças vacantes etc.

As receitas tributárias são a principal fonte de receitas públicas, já que é a que mais propicia recursos ao Estado. A doutrina elenca suas principais características:

❑ Natureza Compulsória

❑ Relação Jurídica entre o particular e o Estado ❑ Dever Fundamental do Cidadão

❑ Entre o mínimo existencial e o máximo confiscatório

As competências tributárias estão relacionadas na Constituição Federal de 1988 entre os arts. 145 a 156 e 195, e têm as suas normas gerais disciplinadas pelo Código Tributário Nacional e por leis específicas.

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O art. 3º do CTN define tributo como “toda prestação pecuniária compulsória, em

moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

7. Espécies Tributárias

Como você provavelmente já estudou em direito tributário, vamos relembrar as várias espécies tributárias:

❑ I – Impostos:

a) impostos federais (arts. 153 e 154, CF)

b) impostos estaduais (art. 155, CF); c) impostos municipais (art. 156); ❑ II – Taxas (art. 145, II, CF): de serviço e de polícia;

❑ III – Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF); ❑ IV – Contribuições:

a) contribuição de melhoria (art. 145, III, CF);

b) contribuições de intervenção no domínio econômico (art. 149, CF);

c) contribuições de interesse de categorias profissionais e econômicas (art. 149, CF); d) contribuição de iluminação pública (art. 149-A, CF);

e) contribuições sociais, gerais e da seguridade social (art. 149 e 195, CF). Conforme vimos, elas são a principal forma de o Estado obter recursos.

8. Multas Pecuniárias

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As chamadas multas pecuniárias podem ser aplicadas no exercício do poder de polícia estatal e cobradas administrativamente, com caráter educativo e punitivo ao infrator, geram também uma receita pública.

Segundo Hely Lopes Meirelles,“multa administrativa é toda imposição pecuniária a que se sujeita o administrado a título de compensação do dano presumido da infração. “

São exemplos de multas:

a. As multas por infração de trânsito previstas no Código de Trânsito Brasileiro (arts. 161 a 255, Lei nº 9.503/1997);

b. As multas por infração às normas de utilização de recursos hídricos aplicadas pela Agência Nacional de Águas – ANA (arts. 49 e 50, Lei nº 9.433/1997);

c. Multas por infrações ambientais (arts. 21 e 70 a 76, Lei nº 9.605/1998);

d. Multas por infração às normas do setor de petróleo e combustíveis aplicadas pela Agência Nacional do Petróleo – ANP (arts. 2º, 3º e 4º, Lei nº 9.847/1999);

e. Multas por irregularidades nas contas de administradores públicos aplicadas pelo Tribunal de Contas da União – TCU (art. 71, VIII, CF/1988 e arts. 19, 57 e 58, Lei nº 8.443/1992);

f. Multas por atos praticados pelas pessoas jurídicas contra a Administração Pública, nacional ou estrangeira (art. 6º da Lei nº 12.846/2013 – Lei Anticorrupção);

g. Multas por infração às regras do mercado de valores mobiliários aplicadas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM (art. 11, Lei nº 6.385/1976);

h. Multas por infração às normas técnicas aplicadas pelo INMETRO (arts. 8º e 9º, Lei nº Lei 9.933/1999)

i. Etc.

9. Pena de perdimento de bens

Encontramos a pena de perdimento de bens em diversos dispositivos legais no sistema brasileiro. Tal pena não deixa de ser uma renda ao Estado, já que o patrimônio acaba sendo repassado.

Conforme Marcus Abraham, a pena de perdimento de bens daquele que comete um ilícito, como sanção patrimonial e que reverte tais bens ao patrimônio público, está presente em diversas normas brasileiras. Vejamos o que o autor traz sobre as possíveis penas de perdimento de bens:

I. Na Constituição Federal de 1988, encontramos a sua previsão em dois incisos do art. 5º: no inciso XLV, ao estabelecer que a decretação do perdimento de bens pode ser estendida aos Vanessa Brito Arns

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sucessores no limite do patrimônio transferido; e no inciso XLVI, letra “b”, ao estatuir que a lei, ao regular a individualização da pena, poderá adotar, dentre outras, a perda de bens. II. Ainda na CF, encontra-se a perda de bens imóveis (expropriação), sem qualquer indenização

ao proprietário, em relação às propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo, que passam ao domínio público para serem destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular (art. 243, CF/1988, com redação dada pela EC nº 81/2014). III. Já o Código Penal, fixa, como efeito da condenação (art. 91, inc. II), a perda, em favor da União, dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cuja fabricação, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; bem como do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pela prática criminosa.

IV. Por sua vez, legislação tributária, em especial o Regulamento Aduaneiro, trata da aplicação da pena de perdimento aos casos de infração ao erário, para as mercadorias apreendidas, abandonadas ou objeto de importação irregular, e para o ingresso ou saída do território aduaneiro de moeda em montante superior ao limite autorizado por lei (especialmente os arts. 688, 689, 700 e 774, Decreto nº 6.759/2009), podendo tais bens serem destinados à incorporação ao patrimônio de órgão da Administração Pública (art. 803, inciso II, Decreto n º 6.759/2009).

V. No âmbito administrativo, a Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) prevê, em seu art. 19, inc. I, a pena de perdimento de bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos de infração contra a Administração Pública, devendo os bens perdidos serem destinados preferencialmente aos órgãos ou às entidades públicas lesados (art. 24).

10. Doações

Como receita pública derivada do patrimônio do particular de maneira voluntária ou decorrente de relações de direito privado, temos o exemplo das doações.

A doação é considerada pela doutrina como receita pública proveniente de contrato privado em

que uma pessoa (particular), por sua mera liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra (Estado), na forma do que dispõem os arts. 538 e seguintes do Código Civil.

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Desta forma é possível e plenamente válido um particular, por mera liberalidade, doar para o Estado

um bem móvel ou imóvel de sua propriedade, gerando incremento no patrimônio estatal

É importante frisar que não há necessidade de lei autorizadora, exceto em caso de doação onerosa

ou com encargo. A doação do particular para o Estado será formalizada por escritura pública. O Professor Marcus Abraham traz, a título de curiosidade, alguns exemplos de doações feitas ao Estado:

Há inúmeros exemplos de doações de bens móveis e imóveis ao Estado. Pode-se citar a doação de cerca de 4,2 mil obras de arte que a Família Geyer fez no ano de 1999 em favor do Museu Imperial de Petrópolis (RJ), coleção avaliada em mais de R$ 20 milhões; a doação de cerca de 60 mil livros, em 2006, para a Universidade de São Paulo (USP), feita por Guita e José Mindlin; a doação em dinheiro de R$ 10 milhões feita em 2009 pelo empresário Eike Batista ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016; dentre outros.

11. Testamentos

A mesma lógica aplicada às doações estende-se para os testamentos em favor do Estado, já que, segundo o art. 1.857 do Código Civil, toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.3

12. Herança Vacante

A chamada herança vacante é outra modalidade de receita pública derivada do patrimônio do particular destinada ao Estado.

É bom relembrar que a herança jacente é aquela que está a esperar que surjam ou sejam identificados os herdeiros do de cujus: diz-se que a herança jaz aguardando que alguém se apresente como legitimado à sucessão.

3 ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Financeiro Brasileiro. 5ª Ed., 2018

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Não existindo ou não aparecendo herdeiros, ou em caso de renúncia expressa à herança por todos

os sucessores, declarar-se-á vacante a herança por sentença judicial e, após decorridos 5 anos da

abertura da sucessão, será incorporada definitivamente ao patrimônio público, sendo os bens transferidos ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal (art. 1.822, Código Civil de 2002).

Na lição de Caio Mário da Silva Pereira,

“Ocupando o último lugar na ordem de vocação hereditária, o Estado não é, contudo, um herdeiro. Adquire os bens por direito próprio, em virtude de se tornarem vacantes pela falta de sucessores das outras classes. O fundamento de sua sucessão é político e social. Realiza a devolução dos bens à comunidade, em consequência da ordem jurídico-econômica estatal ensejar ao finado o acúmulo patrimonial transmitido. Em verdade, a sucessão do Estado envolve a devolução da herança a quem representa a coletividade a que pertenceu o defunto. (...) As relações jurídicas tinham e devem ter um sujeito, que será então o Estado, como personificação da comunidade em que o de cuius viveu, e à qual esteve ligado.” (grifos nossos)

3.

T

RANSFERÊNCIAS

I

NTERGOVERNAMENTAIS

Segundo Abraham, as transferências intergovernamentais são importantes fontes de receitas públicas, especialmente para Estados e Municípios menos abastados e para regiões que necessitam de financiamento para o seu desenvolvimento social e econômico.

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Não se trata de arrecadação tributária dos entes, mas sim da distribuição entre eles do que já foi

arrecadado, numa típica ferramenta redistributiva do federalismo fiscal, a fim de oferecer a seus integrantes maior equilíbrio participativo..

Tais transferências encontram-se previstas nos arts. 157 a 162, os quais definem as repartições das receitas tributárias, pelas quais se destina parcela do produto da arrecadação da União e dos Estados à distribuição entre estes, o Distrito Federal e os Municípios, bem como aos Fundos de Participação e para os programas de financiamento para o desenvolvimento regional.

Essas transferências constitucionais podem ser resumidas da seguinte forma:

a. A União transfere para os Estados e DF 100% do IRRF retido na fonte sobre rendimentos pagos por estes últimos, suas autarquias e fundações, 20% dos Impostos Residuais se criados, 29% da CIDE-Petróleo, 10% do IPI-Exportação e 30% do IOF; b. A União transfere para os Municípios 100% do IRRF retido na fonte sobre rendimentos

pagos por estes últimos, suas autarquias e fundações, 50% do ITR, e 70% do IOF; c. Os Estados transferem aos Municípios 50% do IPVA, 25% do ICMS, 25% dos 10% de IPI

recebido da União e 25% dos 29% da CIDE-Combustível recebidos da União;

d. A União transfere 21,5% do IR e IPI para o FPE, 24,5% do IR e IPI para o FPM e 3% do IR e IPI para o FNO, FNE e FCO.36 Trataremos delas de maneira minudenciada no capítulo 4.9 desta obra.

É importante relembrar que foi publica a no final de 2019 a EC 105/2019, que acrescenta o art. 166-A ao Texto Constitucional e trata de espécies novas de transferências governamentais:

Emendas individuais de Deputados Federais e Senadores ao orçamento da União

Vanessa Brito Arns Aula 03

(21)

O art. 166-A trata das emendas que Deputados Federais e Senadores poderão apresentar à lei orçamentária anual transferindo recursos do orçamento da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios.

O novo artigo prevê que as emendas individuais impositivas poderão repassar esses recursos por meio de duas espécies diferentes de transferências:

1) Transferência especial; (pertence ao ente federado no ato da efetiva transferência) 2) Transferência com finalidade definida. (programação estabelecida em emenda

parlamentar)

IMPORTANTE. Os Estados, DF e Municípios não poderão aplicar os recursos recebidos para o pagamento de:

a) despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e

b) encargos referentes ao serviço da dívida.

De acordo com a nova emenda constitucional, esses recursos não integram a receita do Estado, DF

e Municípios

Os recursos transferidos na forma do art. 166-A não integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente federado.

Vejamos o que diz o § 16º do art. 166:

§ 16. Quando a transferência obrigatória da União para a execução da programação prevista nos §§ 11 e 12 deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169. Como funciona a TRANSFERÊNCIA ESPECIAL?

Na transferência especial, os recursos: Vanessa Brito Arns

Aula 03

(22)

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado (Estado, DF ou Município), independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere.

Obs.: antes da EC 105/2019, era necessária a celebração do convênio ou outro instrumento, o que tornava mais burocrática essa transferência. Com a dispensa do convênio, os entes terão maior liberdade para definir o destino dessas verbas;

II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira; e

III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado.

Obs.: pelo menos 70% das transferências especiais deverão ser aplicadas em despesas de capital

(§ 5º).

Despesas de capital são os gastos realizados pela Administração Pública com: • investimentos;

• inversões financeiras e

• transferências de capital (art. 12 da Lei nº 4.320/64).

Segundo o § 3º, o ente federado beneficiado da transferência especial poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da execução orçamentária na aplicação dos recursos.

Essa hipótese será mais comum no caso de pequenos Municípios.

Percentual mínimo de 60% das transferências especiais relativas ao ano de 2020 deverão ser executadas no 1º semestre

O art. 2º da EC 105/2019 prevê o seguinte:

Art. 2º No primeiro semestre do exercício financeiro subsequente ao da publicação desta Emenda Constitucional, fica assegurada a transferência financeira em montante mínimo equivalente a 60% (sessenta por cento) dos recursos de que trata o inciso I do caput do art. 166-A da Constituição Federal.

Vanessa Brito Arns Aula 03

(23)

Segundo os parlamentares, o objetivo dessa previsão é “evitar que, num ano eleitoral, haja contingenciamento de tais recursos como forma de pressão político-partidária”.

Como funciona essa TRANSFERÊNCIA COM FINALIDADE DEFINIDA? Na transferência com finalidade definida, os recursos serão:

I - vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar; e II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União.

Vigência

A EC 105/2019 entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2020. Segue a Emenda Constitucional em sua integralidade, por sua novidade ela provavelmente começará a aparecer muito nos concursos públicos:

Subchefia para Assuntos Jurídicos

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 105, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2019

Acrescenta o art. 166-A à Constituição Federal, para autorizar a transferência de recursos federais a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios mediante emendas ao projeto de lei orçamentária anual.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art. 1º A Constituição Federal passa a vigorar acrescida do seguinte art. 166-A:

"Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual poderão alocar recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios Vanessa Brito Arns

Aula 03

(24)

I - transferência especial; ou

II - transferência com finalidade definida.

§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo não integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente federado, vedada, em qualquer caso, a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo no pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e

II - encargos referentes ao serviço da dívida.

§ 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo, os recursos:

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere;

II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira; e

III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado, observado o disposto no § 5º deste artigo. § 3º O ente federado beneficiado da transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da execução orçamentária na aplicação dos recursos.

§ 4º Na transferência com finalidade definida a que se refere o inciso II do caput deste artigo, os recursos serão:

I - vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar; e II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União. Vanessa Brito Arns

Aula 03

(25)

§ 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências especiais de que trata o inciso I do caput deste artigo deverão ser aplicadas em despesas de capital, observada a restrição a que se refere o inciso II do § 1º deste artigo."

Art. 2º No primeiro semestre do exercício financeiro subsequente ao da publicação desta Emenda Constitucional, fica assegurada a transferência financeira em montante mínimo equivalente a 60% (sessenta por cento) dos recursos de que trata o inciso I do caput do art. 166-A da Constituição Federal.

Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor em 1º de janeiro do ano subsequente ao de sua publicação.

Brasília, em 12 de dezembro de 2019

Segundo o Professor Marcus Abraham, as chamadas transferências obrigatórias “decorrem de

determinação constitucional ou legal, e se caracterizam por serem automáticas, incondicionadas (aplicação a nenhum fim específico, sendo o ente receptor livre para deliberar sobre a destinação dos recursos) e sem contrapartida (o ente receptor não é obrigado a complementar os recursos recebidos). “

Já as transferências de ordem constitucional são aquelas transferências de parcela do produto da arrecadação de tributos em favor de outro ente, diretamente ou por meio de fundos, dispostas essencialmente nos arts. 157 a 161 da Constituição, intituladas de Repartição de Receitas Tributárias.

As transferências de ordem legal decorrem de previsão em lei específica para tal fim e destinam-se, em geral, à implementação de programas sociais e de saúde. Incluem-se nesta categoria as transferências “fundo a fundo”, caracterizadas pelo repasse de recursos diretamente de fundos da esfera federal para fundos da esfera estadual, municipal e do Distrito Federal, dispensando a celebração de convênios.

Para as transferências obrigatórias não se pode estabelecer qualquer condicionamento, restrição

ou retenção dos recursos, exceto se houver débitos entre os entes, inclusive de suas autarquias, ou em caso de condicionamento à aplicação de recursos mínimos ao financiamento da saúde pública (parágrafo único do art. 160, CF). Eventual retenção injustificada pode dar ensejo a intervenção federal nos Estados e Distrito Federal, na forma como estabelece o art. 34, inciso V, b, da Constituição Federal.

Vanessa Brito Arns Aula 03

(26)

Já as transferências voluntárias são de natureza discricionária e derivam de um acordo de vontade entre os entes, materializando-se por meio de convênios, contratos de repasse, acordos ou ajustes, efetivados a título de cooperação ou auxílio financeiro (art. 25, LRF).

Estas transferências podem ser condicionadas ou revogadas a critério do ente concedente, bem como podem ser suspensas em caso de não cumprimento de obrigações previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal.

São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:

I – existência de dotação específica;

II – observância da vedação para destiná-la ao pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista;

III – comprovação, por parte do beneficiário de:

a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;

b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

c) observância dos limites das dívidas consolidadas e mobiliárias, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;

d) previsão orçamentária de contrapartida. É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada.

4.

I

NGRESSOS

T

EMPORÁRIOS

Os ingressos temporários são também fonte importante de receita pública, os quais se materializam

por meio de empréstimos públicos, operações de crédito por antecipação de receita, do uso de

recursos relativos aos depósitos em caução, fianças etc.

As operações de empréstimo público se concretizam mediante contratos, sejam eles específicos e diretos entre o credor e o devedor, sejam eles operacionalizados por intermédio da emissão pulverizada de títulos públicos (p. ex., Bônus do Tesouro Nacional, Obrigações do Tesouro Nacional, Letra Financeira do Tesouro Nacional, Nota do Banco Central e Letra do Tesouro Nacional).

Temos, ainda, a operação de crédito por antecipação de receita, que se trata de uma autorização para que o tesouro público possa contrair uma dívida de curto prazo, a ser liquidada quando da entrada do numerário referente a uma receita pública futura a ela vinculada, destinando-se a atender a insuficiência momentânea de caixa. Por sua vez, as operações que envolvem as cauções,

Vanessa Brito Arns Aula 03

(27)

as fianças, os depósitos em garantia, as consignações em folha de pagamento, retenções na fonte, em que o Estado figura como mero depositário de tais valores, podendo, todavia, utilizá-los temporariamente na sua movimentação financeira.

Importante esclarecer que a doutrina clássica estabelece uma distinção entre as receitas públicas e os ingressos públicos, não considerando estes últimos como uma receita pública propriamente dita, já que são entradas temporárias ou meramente transitórias, com obrigação de posterior devolução. Segundo este entendimento, caracterizam-se como receitas públicas apenas as entradas definitivas nos cofres públicos.

Parte da doutrina, como o Professor Marcus Abraham, no entanto discorda:

“Não concordamos com essa posição, que para nós é ultrapassada. Primeiro, porque, a nosso ver, não há diferença se os recursos ingressam de maneira temporária ou definitiva, já que, em ambos os casos, a sua finalidade será a de financiar as despesas públicas em geral. Em segundo lugar, o Estado não existe para acumular riqueza, razão pela qual o conceito de receita pública não pode estar atrelado à ideia de definitividade financeira, mas sim ao conceito de funcionalidade (para fazer frente às despesas públicas). E, finalmente, porque a doutrina tradicional se constituiu a partir da classificação contida na Lei nº 4.320/1964, que pouco tratou do crédito público, tão somente reconhecendo as operações de crédito e classificando-as como receita de capital, o que se explica pelo fato de que, em 1964, quando da sua edição, o mercado e o sistema financeiro brasileiro eram incipientes. “

5.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

O

RDINÁRIAS E

E

XTRAORDINÁRIAS

As receitas públicas podem ser classificadas como sendo ordinárias ou extraordinárias, conforme a periodicidade do seu ingresso.

Segundo a doutrina, se houver regularidade e constância, estaremos falando de receitas públicas

ordinárias, como é o caso dos tributos pertencentes ao sistema tributário nacional, cuja arrecadação

será sempre previsível diante da sua frequência. Vanessa Brito Arns

Aula 03

(28)

Por outro lado, se o ingresso for eventual e circunstancial, estaremos diante das receitas públicas

extraordinárias, como no caso dos empréstimos compulsórios, dos impostos extraordinários ou das

doações, que ocorrem em momentos ocasionais, sem serem dotados de perenidade no sistema financeiro estatal.

Segundo Marcus Abraham, “a importância dessa distinção ganha relevo na elaboração do

orçamento público, pois, para que o Estado possa elaborar o seu orçamento e determinar os investimentos a serem realizados, as despesas públicas e os demais gastos em um determinado período, é necessário dispor de mecanismos de previsibilidade das receitas. Assim, para buscar atender à regra do equilíbrio fiscal, nem sempre será possível levar em consideração as receitas extraordinárias no cálculo orçamentário, diante da sua eventualidade e imprevisibilidade.

Essa previsibilidade financeira que decorre das receitas ordinárias está expressamente disposta na Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que encontramos no seu texto a seguinte determinação:

“Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação” (art. 11).

Ao mesmo tempo que não se podem vincular despesas constantes a receitas eventuais, sob pena de gerar um desequilíbrio nas contas públicas e o consequente déficit fiscal orçamentário, não é recomendável que se tenha um excedente de receitas públicas sem a respectiva despesa, implicando um acúmulo de recursos financeiros sem uma efetiva aplicação nas necessidades coletivas.

Trata-se de um equilíbrio complexo e necessário no Estado Fiscal moderno que o administrador público deve constantemente buscar.

6.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

F

ISCAIS E

E

XTRAFISCAIS

A doutrina também classifica as receitas públicas conforme a finalidade dos recursos obtidos. Se estes se destinarem exclusivamente à arrecadação, para suprir as necessidades financeiras do Estado a fim de fazer frente às despesas públicas, dizemos tratar-se de receitas públicas fiscais, ao passo que, se os valores arrecadados tiverem como função primária a regulatória, ou seja, destinada a fomentar ou desestimular determinadas condutas da sociedade, estaremos diante de receitas

públicas extrafiscais. A finalidade precípua da maior parte das receitas públicas é a arrecadatória.

Vanessa Brito Arns Aula 03

(29)

Na arrecadação fiscal encontramos o destino da maior parte dos tributos, dos empréstimos públicos, das rendas das empresas públicas etc.

No caso das receitas extrafiscais, são outros os interesses envolvidos. Segundo Marcus Abraham , busca-se, através da extrafiscalidade, reequilibrar desigualdades econômicas, estimular determinadas atividades ou mesmo coibir certas condutas.

Podemos identificar alguns dos objetivos das receitas extrafiscais: a. redistribuir riquezas;

b. proteger a indústria ou o mercado interno;

c. desencorajar o consumo de supérfluos e produtos nocivos à saúde (álcool ou cigarros); d. facilitar o desenvolvimento regional;

e. estimular a utilização da propriedade no âmbito de sua função social; f. combater a inflação.

7.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

O

RIGINÁRIAS E

D

ERIVADAS

A classificação mais tradicional na doutrina é a que distingue as receitas públicas originárias das

derivadas. A diferença se encontra na forma de percepção dos recursos.

❑ Enquanto as receitas originárias provêm essencialmente da exploração dos bens e rendas do Estado como se particular fosse, as receitas derivadas originam-se do patrimônio da coletividade a partir do exercício do poder coativo de cobrança de que o Estado é dotado ❑ No primeiro caso prevalece a voluntariedade, enquanto no segundo temos a

obrigatoriedade no pagamento.

❑ Conforme vimos temos, também, outra fonte de receitas derivadas, que são as multas e as

penalidades pecuniárias impostas pelo Estado em face do cidadão pelo descumprimento da legislação. Podem ser aplicadas por autoridade do Poder Executivo, por magistrado na

esfera processual ou por decisão de natureza penal

9.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

O

RÇAMENTÁRIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS

Outra importante distinção é entre receitas públicas orçamentárias ou extraorçamentárias. Ela acontece com base na sua previsão ou não em lei orçamentária e na necessidade ou não de

Vanessa Brito Arns Aula 03

(30)

❑ As receitas orçamentárias são aquelas incluídas na lei orçamentária, prevendo um ingresso financeiro – temporário ou definitivo – a ser aplicado nas atividades estatais.

❑ Já as receitas extraorçamentárias decorrem de duas situações cumulativas: a sua não previsão no orçamento e a necessidade de devolução de certos recursos que ingressaram temporariamente.

Ou seja, não basta não estar prevista no orçamento para ser denominada de receita extraorçamentária, pois existem receitas públicas que não são previstas no orçamento, mas que detêm natureza de receita orçamentária, como é o caso do excesso de arrecadação.

Por outro lado, um recurso financeiro não previsto no orçamento poderá vir a ser convertido em receita orçamentária, como no caso de uma caução dada em garantia em juízo, que será convertida em renda estatal quando do fim da demanda judicial com decisão transitada em julgado a favor do Estado. Essa classificação decorre dos termos dos arts. 3º e 57, ambos da Lei nº 4.320/1964, segundo os quais serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.

10.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

E

FETIVAS E NÃO EFETIVAS

Consideram-se receitas públicas efetivas aquelas em que a entrada de disponibilidade não gera obrigações correspondentes, alterando, portanto, a situação líquida patrimonial do respectivo ente público. São os acréscimos patrimoniais que não se originaram de uma diminuição do ativo ou de um aumento do passivo em contrapartida. Nesses casos temos, por exemplo, as receitas tributárias. Já as receitas públicas não efetivas são aquelas cujo ingresso não alterará a situação patrimonial líquida do ente público, pois gerará a denominada “mutação patrimonial”, seja por diminuir o ativo, seja por aumentar o passivo. Assim, nesses casos, simultaneamente à entrada de recursos, haverá uma diminuição de um bem ou direito, ou a assunção de uma obrigação correspondente. São as operações de crédito, a alienação de bens ou direitos ou o recebimento de créditos já contabilizados, como no caso do recebimento de um crédito inscrito em Dívida Ativa.

Vanessa Brito Arns Aula 03

(31)

11.

R

ECEITAS DOS

P

REÇOS

P

ÚBLICOS

Existem atividades estatais que são remuneradas por receitas públicas específicas a elas

diretamente destinadas, como uma contrapartida do seu oferecimento. Dependendo da natureza

dessas atividades, de quem as oferece e do regime jurídico a que se submetem, teremos formas distintas para a sua remuneração e, por consequência, haverá diferentes destinos ao produto da sua arrecadação.

Em alguns casos estaremos diante de típicas receitas públicas, sejam elas originárias ou derivadas. Noutros casos, entretanto, ocorrerá mera remuneração a empresas privadas, sem que haja qualquer ingresso efetivo aos cofres públicos.

Segundo Abraham, algumas atividades somente podem ser oferecidas pelo Estado, seja por sua natureza, importância ou por determinação constitucional. Outras, ainda que dotadas de interesse público, podem ter sua execução delegada a terceiros, mantendo o Estado apenas o dever de fiscalizar e regular seu oferecimento. Existem, ainda, outros serviços que são totalmente desprovidos de interesse público, mas mesmo assim são executados pelo Estado, como se particular fosse.

A partir da análise dessas variáveis, encontramos o debate sobre as espécies de receitas públicas que remuneram determinados serviços. São elas as taxas, os preços públicos ou tarifas e os preços

quase privados.

12.

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS NA LEI

4.320/64:

R

ECEITAS

C

ORRENTES E

R

ECEITAS DE

C

APITAL

.

Não obstante todas as classificações anteriormente apresentadas, afigura-se relevante analisar a

classificação formal oferecida pela Lei nº 4.320/1964,91 responsável por estabelecer as normas

gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. De todas as classificações, talvez esta seja a mais relevante, não para efeito de estudo didático da matéria, mas sim para a aplicação prática do tema “receitas públicas”, já que essa lei foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988 como a norma geral financeira.

Essa lei, no seu Capítulo II, trata exclusivamente da “Receita” (arts. 9º ao 11), sem fazer distinção entre receitas e ingressos públicos, como boa parte da doutrina o faz. Inicia conceituando a principal

Vanessa Brito Arns Aula 03

(32)

e mais importante fonte de receitas públicas, que é a tributária, reconhecendo até mesmo a classificação entre receitas originárias e as derivadas.

Afirma a norma que tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e as contribuições, nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades.

Classifica as receitas em duas categorias: receitas correntes e receitas de capital (art. 11). Prevê que são Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária,

industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

Estabelece que as Receitas de Capital são as provenientes da realização de recursos financeiros

oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

Pode-se dizer que o fator caracterizador das receitas correntes é a sua estabilidade como fonte de recursos, ou seja, considera-se que essas receitas fazem parte da arrecadação estatal de forma ordinária e não eventual.

Assim, as receitas correntes são consideradas continuamente pelo Estado na elaboração do seu orçamento, já que estas possuem um caráter estável e definitivo no sistema financeiro, como no caso dos tributos. Já as receitas de capital são de natureza eventual, pois para existirem dependem de atos específicos e circunstâncias próprias, como no caso das receitas originárias dos empréstimos na emissão de títulos da dívida pública.

Em qualquer dos casos, tanto na receita corrente como na receita de capital, existe, segundo a própria lei, uma correlação entre estas e as respectivas despesas. Ou seja, para financiar as despesas correntes, como as de custeio, serão utilizadas as receitas correntes. Já para financiar as despesas de capital, como os investimentos, serão utilizadas as receitas de capital.

Vanessa Brito Arns Aula 03

(33)

12.

P

ROCESSAMENTO DAS

R

ECEITAS

P

ÚBLICAS

(F

ASES OU

E

STÁGIOS

)

A doutrina traz, também, o processamento das receitas públicas que reúne atividades que são classificadas em estágios ou fases, divididas em previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento.

a) Previsão

A previsão implica planejar e estimar a arrecadação das receitas orçamentárias que constarão na proposta orçamentária.

b) Lançamento

É a individualização e o relacionamento dos contribuintes, discriminando a espécie, o valor e o vencimento do tributo de cada um. Realizado para os casos de impostos diretos (os que recaem sobre a propriedade e a renda) e outras receitas que também dependem de lançamento prévio (aluguéis, arrendamentos, foros, etc.). É de se observar que não são todas as receitas que passam por esta fase.

c) Arrecadação

É o momento onde os contribuintes comparecem perante os agentes arrecadadores a fim de liquidarem suas obrigações para com o Estado.

d) Recolhimento

É o ato pelo qual os agentes arrecadadores entregam diariamente o produto da arrecadação ao Tesouro Público.

É importante observar que nenhum agente arrecadador pode utilizar o produto da arrecadação para realizar pagamentos. Os pagamentos devem ser feitos com recursos específicos para este fim.

L

EGISLAÇÃO E

J

URISPRUDÊNCIA

D

ESTACADAS

Para essa aula de classificação majoritariamente doutrinária, destacamos principalmente as duas Emendas Constitucionais do final de 2019 que permeiam o tema, bem como a classificação da Lei 4.320/64:

Vanessa Brito Arns Aula 03

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É importante relembrar que foi publica a no final de 2019 a EC 105/2019, que acrescenta o art. 166-A ao Texto Constitucional e trata de espécies novas de transferências governamentais:

Emendas individuais de Deputados Federais e Senadores ao orçamento da União

O art. 166-A trata das emendas que Deputados Federais e Senadores poderão apresentar à lei orçamentária anual transferindo recursos do orçamento da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios.

O novo artigo prevê que as emendas individuais impositivas poderão repassar esses recursos por meio de duas espécies diferentes de transferências:

1) Transferência especial; (pertence ao ente federado no ato da efetiva transferência) 2) Transferência com finalidade definida. (programação estabelecida em emenda

parlamentar)

IMPORTANTE. Os Estados, DF e Municípios não poderão aplicar os recursos recebidos para o pagamento de:

a) despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e

b) encargos referentes ao serviço da dívida.

De acordo com a nova emenda constitucional, esses recursos não integram a receita do Estado, DF

e Municípios

Os recursos transferidos na forma do art. 166-A não integrarão a receita do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da Vanessa Brito Arns

Aula 03

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despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente federado.

Vejamos o que diz o § 16º do art. 166:

§ 16. Quando a transferência obrigatória da União para a execução da programação prevista nos §§ 11 e 12 deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169. Como funciona a TRANSFERÊNCIA ESPECIAL?

Na transferência especial, os recursos:

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado (Estado, DF ou Município), independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere.

Obs: antes da EC 105/2019, era necessária a celebração do convênio ou outro instrumento, o que tornava mais burocrática essa transferência. Com a dispensa do convênio, os entes terão maior liberdade para definir o destino dessas verbas;

II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira; e

III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado.

Obs: pelo menos 70% das transferências especiais deverão ser aplicadas em despesas de capital

(§ 5º).

Despesas de capital são os gastos realizados pela Administração Pública com: • investimentos;

• inversões financeiras e

• transferências de capital (art. 12 da Lei nº 4.320/64). Vanessa Brito Arns

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Segundo o § 3º, o ente federado beneficiado da transferência especial poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da execução orçamentária na aplicação dos recursos.

Essa hipótese será mais comum no caso de pequenos Municípios.

Percentual mínimo de 60% das transferências especiais relativas ao ano de 2020 deverão ser executadas no 1º semestre

O art. 2º da EC 105/2019 prevê o seguinte:

Art. 2º No primeiro semestre do exercício financeiro subsequente ao da publicação desta Emenda Constitucional, fica assegurada a transferência financeira em montante mínimo equivalente a 60% (sessenta por cento) dos recursos de que trata o inciso I do caput do art. 166-A da Constituição Federal.

Segundo os parlamentares, o objetivo dessa previsão é “evitar que, num ano eleitoral, haja contingenciamento de tais recursos como forma de pressão político-partidária”.

Como funciona essa TRANSFERÊNCIA COM FINALIDADE DEFINIDA? Na transferência com finalidade definida, os recursos serão:

I - vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar; e II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União.

Vigência

A EC 105/2019 entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2020. Segue a Emenda Constitucional em sua integralidade, por sua novidade ela provavelmente começará a aparecer muito nos concursos públicos:

Subchefia para Assuntos Jurídicos Vanessa Brito Arns

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